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Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasil (2012c)

No documento MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL SÃO PAULO 2014 (páginas 150-157)

OS PERCURSOS DA PESQUISA

volume 2 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Brasil (2012c)

Gestão do Trabalho no âmbito do

SUAS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

Muniz (2011) Teixeira (2011) No conjunto de documentos de autorregulação profissional, selecionamos produções do Sistema Conselhos de Psicologia que abordam o trabalho de psicólogas(os) no SUAS, especialmente aqueles assumindo explicitamente a

intenção de fornecer orientações para o trabalho a ser realizado. A maior parte destes documentos foi produzida pelo Centro de Referência em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP).

Quadro 02. Documentos de autorregulação profissional selecionados para a pesquisa

A estes acrescentamos um terceiro grupo de documentos, formado pela produção acadêmica sobre o tema, que, se não tem especifica e explicitamente o objetivo prescritivo, representa um momento intermediário em que se busca

Documento Autoria Referências

Parâmetro para atuação de assistentes sociais e psicólogos(as) na Política de

Assistência Social

Conselho Federal de Psicologia e Conselho Federal de Serviço

Social

CFP e CFESS (2007)

Referência técnica para atuação

do(a) psicólogo(a) no CRAS/SUAS Conselho Federal de Psicologia CFP (2007)

Revista Diálogos nº 7 Conselho Federal de Psicologia

CFP (2010b), Andrade (2010),

Akerman e Borgianni (2010),

Porto (2010)

Vale Cidadania: a psicologia e sua interface com a assistência social

Conselho Regional de Psicologia

de São Paulo CRP-SP (2010)

Como os psicólogos e as psicólogas podem contribuir para

avançar o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) - informações para gestoras e

gestores

Conselho Federal de Psicologia CFP (2011)

A psicologia e o trabalho no CRAS Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais CRP-MG (2011)

Referências técnicas para atuação do(a) psicólogo(a) no Centro de

Referência Especializado de Assistência Social - CREAS

Conselho Federal de Psicologia CFP (2012b)

EntreLinhas, ano XII, n. 57 Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

Dias (2012), Diello (2012), Giugliani

(2012), Motta e Scarparo (2012)

Psicologia e políticas públicas: as práticas profissionais no Rio

Grande do Sul. Relatórios regionais das pesquisas do

CREPOP

Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul

Reis e Pasini (2013)

legitimar certas significações sobre a atividade como elementos genéricos desta. Sendo estes documentos uma das possibilidades pelas quais se produz o gênero da atividade, sua análise permite a análise do gênero em produção. A peculiaridade trazida por este tipo de registro quando comparado àquele proporcionado pelos documentos explicitamente prescritivos é que ele expressa as disputas de sentidos, evidenciando mais claramente as contradições que são suprimidas ou silenciadas na forma final da prescrição (afinal esta representa aquele conjunto de significações e operações que, ora incorporando a experiência social da atividade ora se defendendo dela, lograram se tornar dominantes). A definição da inclusão deste conjunto de documentos enquanto possibilidade de análise do gênero da atividade se inspira na discussão feita por Bourdieu (1983) sobre o campo científico como campo de luta concorrencial em que está em jogo "o monopólio da autoridade científica definida, de maneira inseparável, como capacidade técnica e poder social; ou, se quisermos, o monopólio da competência científica, compreendida enquanto capacidade de falar e de agir legitimamente" (p. 122 - 123). Não se trata, portanto, de revisão de literatura, mas de assumir esta parcela da literatura científica como informante da pesquisa, como documentos que expressam o campo de conflitos e disputas em torno dos sentidos da atividade.

O levantamento destes documentos foi realizado com o recurso da Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia Brasil (BVS-Psi Brasil), usando como termos para a busca combinações de ―psicologia‖, ―assistência social‖ e ―pobreza‖. Com isso, levantamos um total de 29 artigos, assim distribuídos:

 Por ano de publicação: 2007 (n=1), 2009 (n=6), 2010 (n=6), 2011 (n=3), 2012 (n=7) e 2013 (n=6)

 Por periódico: Psicologia & Sociedade (n=10), Psicologia Ciência e Profissão (n=5), Psicologia Argumento (n=3), Fractal (n=2) e Barbarói, Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, Pesquisas e práticas psicossociais, Psico (PUCRS), Psicologia em Estudo, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Revista da SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo, Revista de Administração Pública e Revista de Psicologia da UNESP (n=1 cada)  Caracterização da discussão: Proposta teórico-metodológica (n=16),

 Aborda direta e explicitamente a psicologia no SUAS: Sim (n=21), Não (n=8)

 Pobreza como tema: Sim (n=3), Não (n=26) Quadro 03. Artigos científicos selecionados para a pesquisa

Artigo Periódico Caracterização da discussão

Aborda direta e explicitamente a psicologia no SUAS? Pobreza como tema? Afonso et al.

(2012) Pesquisas e práticas psicossociais teórico-metodológica Proposta Sim Não

Afonso et al.

(2013) Psicologia & Sociedade teórico-metodológica Proposta Sim Não

Andrade e Romagnoli

(2010)

Psicologia Ciência e

Profissão Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Ansara e Dantas

(2010) Psicologia & Sociedade teórico-metodológica Proposta Não Não

Cidade, Moura Jr

e Ximenes (2012) Psicologia Argumento teórico-metodológica Proposta Não Sim

Costa e Cardoso (2010) Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia Análise de experiência

ou relato de pesquisa Sim Não

Dantas, Oliveira e Yamamoto

(2010) Psicologia & Sociedade

Proposta

teórico-metodológica Não Sim

Ferrari (2009) Revista da SPAGESP - Sociedade de Psicoterapias Analíticas Grupais do Estado de São Paulo Análise de experiência

ou relato de pesquisa Não Não

Grana e Bastos

(2010) Psicologia Ciência e Profissão Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Macedo e Dimenstein

(2009) Psicologia & Sociedade

Proposta

teórico-metodológica Sim Não

Macedo et al.

(2011) Psicologia em Estudo Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Moreira et al.

(2012) Administração Pública Revista de Análise de experiência ou relato de pesquisa Não Não

Moreira, Muller e

Cruz (2012) Barbarói Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Mota e Goto

(2009) Fractal Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Motta e Scarparo

(2013) Psicologia & Sociedade Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Carvalho (2009) da UNESP ou relato de pesquisa

Oliveira e

Amorim (2012) Psicologia Argumento teórico-metodológica Proposta Sim Sim

Oliveira e

Heckert (2013) Fractal teórico-metodológica Proposta Sim Não

Oliveira et al.

(2011) Psicologia & Sociedade Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Santos, Mota e

Silva (2013) Psicologia Ciência e Profissão teórico-metodológica Proposta Não Não

Sawaia (2009) Psicologia & Sociedade teórico-metodológica Proposta Não Não

Seixas e Yamamoto

(2012) Psicologia Argumento

Análise de experiência

ou relato de pesquisa Sim Não

Senra e Guzzo

(2012) Psicologia & Sociedade teórico-metodológica Proposta Sim Não

Silva e Corgozinho

(2011) Psicologia & Sociedade

Proposta

teórico-metodológica Sim Não

Sobral e Lima

(2013) Psicologia Ciência e Profissão Análise de experiência ou relato de pesquisa Sim Não

Trein, Tittoni e

Prudente (2013) Psico (PUCRS) teórico-metodológica Proposta Sim Não

Ximenes, Paula

e Barros (2009) Psicologia Ciência e Profissão teórico-metodológica Proposta Sim Não

Yamamoto

(2007) Psicologia & Sociedade teórico-metodológica Proposta Não Não

Yamamoto e

Oliveira (2010) Psicologia: Teoria e Pesquisa teórico-metodológica Proposta Sim Não

A estes acrescentamos duas coletâneas sobre o trabalho de psicólogas(os) na política de assistência social: “Políticas públicas e assistência social: diálogo com as práticas psicológicas” e “O psicólogo e as políticas públicas de assistência social”, selecionando aqueles capítulos que tratavam de alguma forma do tema pesquisado (CRUZ; GUARESCHI, 2012a, 2012b; HILLESHEIM; CRUZ, 2012; LASTA; GUARESCHI; CRUZ, 2012; OLIVEIRA, 2012; REIS; GIUGLIANI; PASINI, 2012; SCARPARO; POLI, 2012; SOARES; SUSIN; WARPECHOWSKI, 2012; TOROSSIAN; RIVERO, 2012). Incluímos também quatro dissertações de mestrado (ARAÚJO, 2010; BARBOSA, 2013; DANTAS, 2007; FONTENELE, 2008) e três teses de doutorado (BOTARELLI, 2008; CURADO, 2012; SOUZA, R., 2011).

Por fim, buscamos fontes que permitissem captar aquelas zonas mais instáveis de sentidos sobre a atividade, que Clot (2007, 2010) denomina real na atividade não-realizada – as atividades suspensas, contrariadas, impedidas, subtraídas, ocultadas, recuadas, as contra-atividades – que participam do drama da atividade enquanto continuidade e ruptura. Clot propõe a autoconfrontação como técnica para pesquisar esta dimensão: que o trabalhador seja confrontado com um registro audiovisual de sua atividade, individualmente (autoconfrontação simples) e em conjunto com outro trabalhador que compartilhe com ele a mesma especialidade (autoconfrontação cruzada), com a proposta de que descreva, analise e construa alternativas para a ação registrada. Descartamos a possibilidade de fazer o registro audiovisual e a autoconfrontação nos moldes propostos por Clot, considerando que a atividade analisada envolve operações muito heterogêneas e que não é definida principalmente por sua dimensão técnico-operativa. Mas, foi esta proposta que nos orientou na realização do grupo com os técnicos no CRAS, na qual expusemos os registros da observação participante e solicitamos que estes explicassem e propusessem alternativas ao trabalho cotidiano.

De forma complementar, incorporamos outros dois registros que nos permitiram acessar, mais ou menos diretamente, debates entre psicólogas(os) sobre o trabalho na assistência social, em que os sentidos da atividade são compartilhados e confrontados. O primeiro foi um grupo virtual que funciona como fórum para o debate sobre a inserção da psicologia na assistência social. Selecionamos para a pesquisa os tópicos com um mínimo de cinco mensagens trocadas (para assegurar que tivesse existido minimamente algum debate) ao longo dos anos de 2012 e 2013, com um total de 44 tópicos. Após leitura dos tópicos selecionados, descartamos aqueles que não tratavam de nenhum dos temas abordados na pesquisa, restando com isso um total de 14 tópicos, que contaram, em algum momento, com a participação de 36 diferentes pessoas. As citações posteriores a este material serão identificadas como ―Grupo virtual‖ e os participantes, para assegurar seu sigilo, serão identificados pela letra ―P‖ e um número entre 1 e 36 (P1 a P36). O segundo registro complementar que utilizamos foi um conjunto de relatos de eventos realizados pelo Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul (CRP-RS) com o tema ―Conversando sobre a Psicologia e o SUAS‖. Na página eletrônica do Conselho,

recuperamos um total de 16 relatos destas atividades, realizadas entre 2010 e 2013 (CRPRS, 2010a, 2010b, 2011a, 2011b, 2011c, 2011d, 2012a, 2012b, 2012c, 2013a, 2013b, 2013c, 2013d, 2013e, 2013f, 2013g).

3.2.1 Procedimentos de análise do material documental

Ainda que cada grupo de documentos tenha sido levantado porque registram distintos momentos da relação gênero/estilo da atividade, estes foram analisados em conjunto. A decisão de analisar o material documental como um único conjunto de registros se sustenta no pressuposto metodológico de que os gêneros e os estilos, assim como os significados e os sentidos, existem como unidade de contrários. Ambas as dimensões da atividade – a genérica e a singular – são momentos de um mesmo processo em que, na práxis, o gênero se estiliza e os estilos se consolidam em gêneros, em que um momento é pressuposto do outro, sendo o gênero uma das mediações particulares entre a ação singular e a síntese das ações singulares na objetividade sócio-histórica.

Para a análise desta dimensão genérica da atividade, que compõe as dimensões subjetivas da realidade, partimos da proposta dos Núcleos de Significação como instrumento para a apreensão dos sentidos, conforme discutem Aguiar e Ozella (2006, 2013)22, à luz da discussão metodológica realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trabalho e Ação Social (NUTAS) da PUC-SP23 e, sobretudo, das peculiaridades do material do qual

dispúnhamos para a análise.

22 Aguiar e Ozella propõem uma metodologia de análise discursiva em cinco etapas. Na primeira etapa, de diversas leituras do material a ser analisado são levantados os temas ou conteúdos que se destacam, expressos/revelados em ―palavras articuladas que compõem um significado‖ (2013, p. 309). São destacados os conteúdos com maior frequência (por repetição ou reiteração), aqueles cuja importância é enfatizada pelo sujeito, os de maior carga emocional, que apresentam ambivalências ou contradições, que realizam insinuações não concretizadas. Estes conteúdos são denominados pré-indicadores. Na segunda etapa, os pré-indicadores são aglutinados para dar origem aos indicadores. Os critérios para essa aglutinação são a similaridade, a complementaridade e a contraposição. Na terceira etapa, os indicadores semelhantes, complementares ou contraditórios são articulados em núcleos de significação. A partir disso, se realiza a análise intranúcleo (quarta etapa) e, por fim, a análise internúcleos (quinta etapa).

23 A análise por núcleos de significação aborda a relação dialética entre significados e sentidos para apreender a dimensão singular dos sentidos. Para analisar o que denominamos dimensão subjetiva da realidade, trabalhamos com esta mesma relação, mas privilegiando a dimensão particular dos significados. Algumas das pesquisas realizadas no NUTAS, com as de Lima

O primeiro procedimento adotado, visando organizar o vasto material disponível, foi o de destacar trechos que indicassem algum conteúdo relacionado aos objetivos estabelecidos para a análise. Para organizar a leitura do material, definimos um conjunto de sete temas. A cada ocorrência de um deles durante as repetidas leituras realizadas, atribuíamos a um trecho suficiente para expressar aquele conteúdo um ―marcador‖ relacionado ao tema em questão.

Para a análise do gênero da atividade, definimos cinco marcadores

No documento MESTRADO EM PSICOLOGIA SOCIAL SÃO PAULO 2014 (páginas 150-157)