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Ao abordarmos o trabalho de psicólogas(os) na política pública de assistência social, recortando nesta especificamente o enfrentamento da pobreza, falamos do encontro de diferentes trajetórias.

Por um lado, tratamos da trajetória da sociedade brasileira e das políticas sociais públicas, que coloca contemporaneamente a pobreza em uma posição central. A presença intensa e constante – no discurso governamental, nos meios de comunicação, na produção científica – de temas como a erradicação da miséria e a ascensão da chamada (não sem polêmica) ―nova classe média‖ aponta para o lugar de destaque ocupado, na agenda pública brasileira, pela questão do enfrentamento da pobreza. Como discute A. Singer (2012), o enfrentamento da pobreza, especialmente em suas expressões mais agudas, é o elemento central que organiza, hoje e de forma potencialmente duradoura, a agenda política nacional.

Não por acaso, portanto, a superação da pobreza extrema tem sido apresentada como objetivo central para o Estado brasileiro, a partir da diretriz governamental de ―erradicar a pobreza absoluta e prosseguir reduzindo as desigualdades.‖3 Uma destacada expressão simbólica desta centralidade, ao

menos no plano discursivo, se encontra no slogan adotado pelo governo de Dilma Rousseff, de que ―País rico é país sem pobreza‖. Neste contexto, a mais recente expressão desta política é aquela desenvolvida a partir do Plano Nacional para a Erradicação da Extrema Pobreza (o Plano Brasil sem Miséria), lançado em 2011 com o objetivo de tornar residual o percentual dos que vivem em condição de miséria no país. Neste âmbito, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) tem sido convocado a ocupar um lugar destacado na execução do Plano Brasil sem Miséria, como poderemos aprofundar adiante ao discutirmos o desenvolvimento histórico das políticas sociais brasileiras.

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Informação disponível na seção ―Diretrizes de Governo‖ do site da Presidência da República, em <http://www2.planalto.gov.br/presidenta/diretrizes-de-governo>, conforme acesso realizado em 27 nov. 2012.

A despeito desta centralidade, é preciso considerar, contudo, que se trata de uma política em construção e por esta razão precisa ser problematizada. Em uma trajetória histórica marcada por sua negação enquanto política pública, na qual foi relegada ao âmbito da caridade, da benemerência e da ação voluntária, a institucionalização da assistência social como política pública de garantia de direitos é ainda relativamente recente, sendo seu sistema único, organizado de forma descentralizada e participativa, uma experiência que ainda não completou sua primeira década. Contudo, apesar deste caráter recente de sua institucionalização, o SUAS apresenta um vigoroso crescimento, sendo muito significativos os números da cobertura alcançada por seus equipamentos. De acordo com o Censo SUAS 2013, a rede de atendimento, presente em quase todos os municípios brasileiros, tinha atingido significativa capilaridade com 7.883 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS, unidades públicas responsáveis pela prestação do que é classificado como proteção social básica), 2.249 Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS, unidades públicas responsáveis pela prestação do que é classificado como proteção social especial), 131 Centros Pop (especializados em população em situação de rua), 4.423 unidades de acolhimento. A estas unidades públicas se somam as 10.193 entidades privadas referenciadas (em números de 2012). Considerando apenas os CRAS, que são a via de acesso ao sistema, o sistema demonstra ainda uma elevada capacidade de atendimento: foram realizados, em 2012 (ano para o qual encontramos os dados mais recentes disponibilizados), aproximadamente 14,3 milhões de atendimentos que geraram, por sua vez, quase 1,9 milhões de acompanhamentos familiares. Da mesma forma, destaca-se o vigoroso crescimento do Programa Bolsa Família, um dos elementos centrais da política de enfrentamento da pobreza. Em setembro de 2013, prestes a completar uma década de existência, por volta de 13,8 milhões de famílias eram beneficiárias do programa.4

Por outro lado, falamos também da trajetória da inserção de psicólogas(os) nas políticas sociais públicas e, especificamente, na política de assistência social. Historicamente, a atuação em políticas públicas não foi

4 Estes dados foram obtidos em consultas, realizadas em 03 out. 2013, em aplicativos disponíveis na página eletrônica da SAGI/MDS: Censo SUAS 2012, Censo SUAS 2013, Boletim SAGI, Relatório de Informações Sociais e Data Social.

significativa nem reivindicada nas primeiras décadas após a regulamentação desta profissão, período em que se consolidou um modelo de exercício profissional liberal, de atuação clínica em consultório particular. Levantamento realizado pelo Conselho Federal de Psicologia, em 1988, apontava que a atuação no setor público era a realidade de aproximadamente 26% dos profissionais de psicologia. A partir da década de 1990, a inserção se amplia, mas, como apontam Yamamoto e Oliveira (2010), isso se deu mais por questões circunstanciais do que políticas, representando um espaço de empregabilidade em um momento de enxugamento do mercado e de precarização do trabalho. Contudo, esta inserção também tem sido reivindicada pelas entidades que organizam a profissão como uma estratégia central para reposicionar socialmente a profissão e disputar o rumo do próprio Estado brasileiro, sendo apontada como espaço privilegiado para a construção do projeto político do ―compromisso social da Psicologia‖ (GONÇALVES, M. G., 2010). Dados recentes sobre as condições de trabalho da categoria profissional, como os trazidos por Macêdo, Heloani e Cassiolato (2010), apontam se tratar de uma inserção em franca expansão: o setor público é atualmente o maior empregador para a categoria, no qual se inserem 40,3% dos profissionais assalariados, sendo que quase 20% atuam exclusivamente neste setor.

Não obstante a maior inserção recente de psicólogos nas políticas públicas, por rigor é preciso considerar que a relação da categoria profissional com o Estado brasileiro não é propriamente uma realidade nova. Em análise histórica da institucionalização das profissões de formação universitária, particularmente no Brasil, Coelho (1999) aponta como decisiva a participação do Estado no processo de reconhecimento e organização das profissões. Sua análise histórica indica que as profissões "são, desde o início, parte integral do aparato institucional e dos recursos de governabilidade que constitui o Estado" (p. 55). Mas, também não se trata de afirmar que esta relação tenha se constituído a partir de interesses unilaterais. Coelho (1999) indica que as categorias profissionais também reivindicaram historicamente seu reconhecimento por parte do Estado como instrumento de legitimação de seus saberes e fazeres, reclamando para si a autoridade pública e a competência exclusiva sobre os temas que lhe são próprios, com a aspiração de exercer uma parcela do poder do Estado na regulação das relações sociais, assim como a de

garantir a reserva de um mercado exclusivo de atuação. Neste processo, Estado e profissão constroem demandas, referências e prescrições para o trabalho, que se expressam em suas diversas regulamentações, no aparato técnico-jurídico que as norteia, nos movimentos de articulação coletiva, nas contribuições e também na disputa do direcionamento das políticas. A relação entre Estado e profissões no contexto das políticas públicas se inscreve, portanto, em um campo de relações entre seus interesses políticos e econômicos.

É preciso esclarecer, contudo, que não se trata de uma dicotomização que coloca Estado e seus interesses de um lado e profissão e seus interesses de outro, ora convergindo ora divergindo, mas a compreensão do Estado e das políticas sociais públicas como expressão das lutas entre classes sociais, das contradições da sociabilidade capitalista – entre o público e o privado, entre o individual e o coletivo, entre o econômico e o social – que ―atualizam, especificam e particularizam a contradição capital-trabalho‖ (GONÇALVES, M. G., 2010, p. 20). A análise desta questão será aprofundada nos capítulos da Parte II, bastando neste momento apenas apontá-la com o objetivo de problematizar a inserção de psicólogas(os) nas políticas públicas como lócus contraditório.

No conjunto das políticas sociais públicas, a de assistência social se destaca por se tratar de uma das que conta atualmente com maior presença de psicólogas(os), apenas em menor número do que a de saúde e em acelerada expansão. Desde 2011, por decisão do Conselho Nacional de Assistência Social (2011), todas as unidades do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) devem contar, obrigatoriamente, com a presença de psicólogas(os). De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (2012a), este é hoje o espaço de atuação de mais de 20.000 desses profissionais, o que representa aproximadamente 10% de seu total no país. Trata-se, portanto, de uma política pública que absorveu, e continua absorvendo, em curto período, um contingente expressivo de psicólogas(os), demandando constante reflexão coletiva e análise sobre a inserção e o trabalho desenvolvido a partir dela. Além disso, é através desta política que milhares de psicólogos têm sido convocados pelo Estado brasileiro a atuar no enfrentamento da pobreza, o que justifica a necessidade de aprofundar a análise deste campo. Esta pesquisa pretende contribuir com esta discussão.

Outro motivo para problematizar esta inserção é a maneira específica pela qual esta particulariza as contradições presentes, de forma geral, na inserção da profissão em políticas públicas, nomeadamente a contradição entre a configuração do trabalho demandado de acordo com as regulações da política de assistência social e a identidade social historicamente construída pela profissão de psicóloga(o). Podemos citar como exemplos, neste sentido, a inexistência de atribuições específicas para o psicólogo no SUAS, sendo estabelecidas atribuições comuns aos técnicos de nível superior; a demanda por um enfoque interdisciplinar que supere abordagens tecnicistas e individualizadas; o veto explícito ao atendimento psicoterapêutico. De encontro com esta demanda encontramos um profissional que majoritariamente trabalha de forma individual ou em equipes unidisciplinares, como indicam Martins e Puente-Palacios (2010), e com uma formação ainda voltada fortemente ao exercício profissional liberal e sustentada em uma lógica clínica, individualista e intimista, como discute, por exemplo, Bernardes (2004). Além disso, pesquisas realizadas sobre este tema, com as de Araújo (2010) e Nery (2009), indicam a presença de tensões decorrentes do caráter processual de uma prática profissional em construção, em um cenário de ausência de modelos de trabalho pré-definidos, de consensos sobre seus princípios éticos e políticos e de discussão coletiva sobre o trabalho realizado, ainda de caráter improvisado, precário e determinado pela imediaticidade do cotidiano.

Em uma primeira formulação, ainda reconhecidamente genérica, são estas tensões e contradições que constroem este campo o que abordaremos nesta pesquisa, buscando contribuir, especificamente a partir da psicologia social, para evidenciar como neste se produz uma dimensão subjetiva que é constituída e constitutiva desta atuação. Para avançar na delimitação desta questão, é preciso, contudo, considerar mais alguns elementos.

Entre estes, a especificidade do enfrentamento da pobreza no interior da política de assistência social, escolha que fizemos por dois motivos. Um destes motivos é a maneira dúbia pela qual a pobreza é tratada na assistência social, simultaneamente afirmada e negada enquanto objeto de intervenção desta política. Como abordaremos com mais profundidade no Capítulo 5, a ofensiva neoliberal disseminou uma agenda internacional de enfrentamento da pobreza, com caráter altamente seletivo e focalizado, adequada ao objetivo de desmonte

das políticas sociais universais e às formas de administrar, pela vida assistencial, as contradições deste processo. Ao mesmo tempo, e agora especificamente na realidade brasileira, tem se investido na construção de uma política pública de assistência social de caráter universal, enquanto política de acesso e garantia de direitos, em uma perspectiva distinta daquela que caracteriza as de enfrentamento da pobreza, o que não se dá sem tensões. Neste sentido, a maneira pela qual a pobreza tem sido assumida e negada enquanto objeto de intervenção específica desta política pública a torna uma questão a ser problematizada neste campo. O segundo motivo é o fato de que existe um significativo silêncio da psicologia sobre a pobreza. Como apontam Dantas, Oliveira e Yamamoto (2010), ao analisar a produção da psicologia brasileira sobre o tema, a pobreza não aparece como um problema explícito ou como categoria central para a psicologia. Abordada de maneira marginal, tímida, a pobreza aparece como critério de definição de perfil de sujeitos de pesquisa, como critério para delinear estudos comparativos ou estudada em suas consequências na tentativa de minimizar seus efeitos, mas não articulada à estruturação e ao desenvolvimento da sociedade capitalista. Pelo contrário, a psicologia tem contribuído para a negação da pobreza como objeto privilegiado neste campo, na maneira pela qual tem sido construída a crítica (necessária, ressalte-se) aos reducionismos economicistas que permeiam majoritariamente a discussão sobre pobreza e que a definem em termos de determinados limiares de renda ou consumo. Ainda que este reducionismo, que exerce uma importante função ideológica de ocultação das reais determinações materiais da pobreza, precise ser desconstruído, o subjetivismo que se apresenta como resposta, e fortemente sustentado em contribuições psicológicas, incorre em outra forma de reducionismo que não consegue resolver a questão e também exerce função ideológica de ocultação das determinações do fenômeno. Sem aprofundar isso neste momento, o que será feito ao longo do texto, o que buscamos assinalar é que este é um tema pouco debatido pela psicologia e, quando o debate é feito, muitas vezes isto se dá apenas na forma de sua negação, o que se torna especialmente problemático se considerarmos que psicólogos têm sido convocados a ocupar um papel de destaque na política de enfrentamento da pobreza, em uma inserção que, como apontamos, representa atualmente a forma de trabalho de significativa parcela destes profissionais. Trata-se,

portanto, de uma questão de urgente relevância para a psicologia, mas também, de forma geral, para a política social brasileira na medida em que o trabalho de seus profissionais é a principal mediação na efetivação da estrutura institucional da política de assistência social (BRASIL, 2009b). Assim entendemos se justificar a importância deste debate.

Consideramos que isto coloca para a psicologia dois grandes problemas, o de produzir conhecimento sobre a dimensão subjetiva da pobreza enquanto fenômeno social e o de produzir respostas a partir do espaço institucional da política pública de assistência social, no qual a profissão se insere e local privilegiado desde o qual atua. Reconhecendo estes dois caminhos como possíveis e igualmente necessários, fomos permanentemente tensionados por estes durante a realização da pesquisa. Não sem motivo: entendemos que a resolução de um passa necessariamente pela resolução do outro; o problema é, na realidade, o da via de acesso. Mas, diante da necessidade objetiva de uma delimitação, optamos, neste trabalho, por seguir o caminho da resolução do segundo problema indicado, o das respostas produzidas a partir da inserção institucional em uma política pública desde a qual temos sido convocados a intervir nesta realidade. Neste sentido, compreender as respostas teóricas, metodológicas, técnicas, éticas e políticas que têm sido produzidas neste âmbito, desvelar nestas a dimensão subjetiva que as determina enquanto mediação entre a ação individual e a produção coletiva de significados sobre a realidade e que também é determinada por este agir no mundo, nos parece ser um caminho satisfatório para problematizar esta inserção e apontar possibilidades de atuação na direção do compromisso ético-político que norteia esta pesquisa.

Ao fazermos a opção de analisar esta inserção institucional, não estamos sozinhos: um conjunto vigoroso de pesquisas e análises que buscam responder a estes desafios tem sido produzido nos últimos anos. Alguns deles, analisados durante a pesquisa, estão citados adiante no ―Quadro 3‖, presente no terceiro capítulo. Entendemos que estes trabalhos dão conta de resolver duas tarefas fundamentais para a análise da inserção institucional de psicólogas(os) na política pública de assistência social. A primeira é a de descrever e explicitar o que tem sido realizado neste espaço, tanto no que se refere às contribuições possíveis a partir dos repertórios históricos da profissão quanto às inovações

construídas a partir das demandas que esta inserção nos coloca. Considerando que aspectos como o desconhecimento sobre a atuação no SUAS, a falta de definições e orientações sobre o trabalho, a inexistência de referências para a atuação, a ausência do tema na graduação, a falta de diálogo e troca de informações entre profissionais e as divergências na atuação estão entre os principais aspectos problematizados pelos psicólogos que atuam nesta política, como revela pesquisa do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2010), esta foi/tem sido uma tarefa fundamental e necessária para que possamos analisar as respostas que temos produzido. Identificamos que a vasta produção recente sobre o tema tem contribuído decisivamente para isso. Outra tarefa que a produção recente sobre o tema tem destacado é a de pensar e apontar respostas teórico-metodológicas e técnico-operativas para que a atuação na política pública de assistência social contribua para a realização dos objetivos desta política, superando simultaneamente tanto a herança assistencialista, privatista, autoritária e tutelar que marca este campo quanto a herança clínica e individualista que marca historicamente a profissão. Diferentes saberes e fazeres têm sido mobilizados na construção destas respostas, em uma produção também bastante vasta e potente.

Sabendo-nos devedores desta produção, é deste patamar que partimos. Inserimo-nos neste debate a partir de outras duas questões, que entendemos ser necessário elucidar e para as quais consideramos que a psicologia social pode contribuir. A primeira é como se produz a dimensão subjetiva deste campo de trabalho e como esta é determinante da atuação das(os) psicólogas(os) que se inserem nele, ou seja, como se produz o campo de significados a partir do qual psicólogas(os) enquanto trabalhadores da assistência social podem compreender os fenômenos nos quais intervêm, quem são os usuários dos serviços, quais são as possibilidades de transformação da realidade a partir de sua intervenção, etc. e como este campo de significados, ao referenciar a teleologia do trabalho realizado neste espaço, o determina. A segunda questão é a de como as intervenções realizadas no âmbito da política de assistência social podem concretamente contribuir na direção das transformações intencionadas. Nas análises que buscam produzir respostas a partir desta inserção institucional de modo que estas atinjam os objetivos definidos pela política, identificamos que

não se faz, ao menos não da maneira radical que entendemos ser necessária, a crítica destes próprios objetivos e consideramos assim que é necessário avançar nesta direção. Em um arriscado esforço de síntese destas duas questões, que será aprofundado ao longo desta dissertação, trata-se, portanto, de apreender o trabalho simultaneamente em sua dimensão objetiva e em sua dimensão subjetiva. Como buscaremos evidenciar também, não se trata, contudo, propriamente de duas questões, ao menos não isoladamente, mas de apreender a maneira pela qual a dimensão objetiva e a dimensão subjetiva da realidade se relacionam em um mesmo processo histórico a partir da práxis social. A estas questões some-se a preocupação em compreender especificamente o tema do enfrentamento da pobreza no interior da política de assistência social, pelos motivos já apresentados. O esclarecimento destas questões passa pela apreensão de como se dá, no trabalho de psicólogas(os) que atuam na política de assistência social, a relação entre teleologia e causalidade, assim como pela apreensão da produção da própria dimensão teleológica do trabalho. Estes são os problemas que esta pesquisa buscou responder. Esta é a contribuição específica que buscamos através dela fornecer.

Diante disso, nossa primeira tarefa será a de definir com precisão, embora ainda de forma bastante abstrata, como se dá a relação entre teleologia e causalidade na constituição ontológica do ser social. A esta tarefa dedicamos os capítulos da Parte I – Considerações metodológicas. No primeiro capítulo, “A dimensão subjetiva da realidade: fundamentação ontológica e decorrências metodológicas”, abordaremos, sobretudo a partir de Marx e Lukács, a fundamentação ontológica do ser social e suas decorrências metodológicas, avançando ainda para a compreensão do que denominamos de dimensão subjetiva da realidade. Desta forma, este capítulo cumpre o duplo objetivo de apresentar e fundamentar o método da pesquisa ao mesmo tempo em que apresenta as determinações mais gerais do campo analisado. Trata-se, assim, de um momento vital da discussão realizada. No segundo capítulo, “A dimensão teleológica da práxis: a relação entre consciência e atividade”, apresentaremos algumas mediações para aproximar esta discussão mais abstrata sobre