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1. Equipamento de mergulho: Diálogo situado para (co)operar para o desenvolvimento

1.2. Do subdesenvolvimento ao pós-desenvolvimento – um trilho resiliente

1.2.3. O conceito de desenvolvimento e as agendas pós-2015

O conceito de desenvolvimento nunca teve um significado tão universal até então, porém este é cada vez mais questionável, pois “só parece fazer sentido, quando se liberta da sua dimensão universal e se substancializa na herança cultural de cada sociedade” (Milando, 2013, p. 55), um desenvolvimento relacionado com algo a ser alcançado,

28 Segundo um estudo de Alcindo Medina (2008), a NEPAD (New Partnership for Africa’s Development)

é um programa da União Africana que nasceu em setembro de 2001, logo a seguir à convenção de Cotonou (fevereiro de 2000) e os ODM (outubro de 2000), “que materializa a visão holística desenvolvida pelos líderes africanos numa moldura de parceria entre os países africanos com o objectivo de reduzir a pobreza, promover o desenvolvimento sustentável da África e promover o papel da mulher em todas as actividades” (Medina, 2008, p.102). “Com a criação da NEPAD, os países africanos pretendem afirmar que detêm a chave do seu próprio desenvolvimento e que assumem em suas mãos a responsabilidade, o poder de decisão e de escolha do rumo para a África. Esta parceria é também uma forma de abertura e o estreitar de relações com a comunidade internacional no sentido de em conjunto promover a paz, estabilidade, democracia, a nova gestão económica e o desenvolvimento sustentável centrado nos factores endógenos do continente africano” (Medina, 2008, p.104), no entanto, não têm conseguido concretizar nenhum dos objetivos a que se propõe, as relações com a comunidade internacional em particular a EU deterioraram-se, os conflitos armados prevalecem e a democracia e a boa governação não fazem parte das prioridades de muitos dos governantes do continente. Com a conferência de Argel sobre a NEPAD, em 2003, que se espera agora uma nova parceria forte para implementação do plano de ação sobre a iniciativa fundada numa visão partilhada.

espontaneamente, no decurso da vida diária e da interação do quotidiano das pessoas. O que importa é que cada sociedade possa optar por mudanças sociais e económicas a si mais adequadas e em função dos seus próprios valores. Isto porque, não poderemos falar de um continente africano como um todo homogéneo, uma vez que este “é constituído por um conjunto complexo e heterogéneo de povos, culturas, línguas, experiências histórias, ambientes naturais e geográficos e atualmente é composto por 53 países em fases diferentes de desenvolvimento demográfico, político, infraestrutural e socioeconómico” (Roque, 2007, p.175) e cada caso é um caso.

Com a chegada do séc. XXI um novo desafio se coloca com o nascimento de “um novo ciclo de esperança, [que] é criar modelos próprios de desenvolvimento, apostando talvez no diálogo com experiências de povos e culturas durante tanto tempo rejeitadas” (Peixoto, 2007, p.45). Este novo desafio é proposto a uma

nova geração de líderes africanos constituída por políticos e tecnocratas que estão disponíveis para assumir a responsabilidade que lhes cabe pelos erros do passado e lhes pertence na busca de soluções no caminho da democratização política, social e económica. Já no passado recente esta visão baseada no orgulho e na capacidade dos africanos de alcançar um futuro mais digno, mais livre, mais próspero e com mais justiça foi proposta por vários líderes, nomeadamente, Amílcar Cabral, Kwame Nkrumah, Julius Nyerere, Leopold Senghor, Nelson Mandela e Samora Machel, entre outros (Roque, 2007, p.176)

Cabe aos líderes políticos, às pessoas de responsabilidade, aos jovens, ao simples cidadão almejar essa realidade, uma realidade democrática adaptada (Género, 2012), uma realidade democrática africanizada (Kajibanga, 2009) um processo de reapropriação do debate e dos valores da democracia pelos africanos, um processo de desenvolvimento social, cultural e sustentável, isto porque “é utópico projetar o desenvolvimento sem participação ativa das comunidades de base – a família e a aldeia ou o bairro (…). São eles os verdadeiros sujeitos da democracia económica e política” (Kajibanga, 2009, p.70). Portanto, a UA e os seus dirigentes devem encontrar-se com o Povo, adequando as suas ideias de desenvolvimento à sociedade civil, procurando a harmonia entre os discursos (teóricos) e as práticas (de desenvolvimento) (Género, 2012). É neste contexto que os países em desenvolvimento tomam conhecimento das políticas desenvolvimento globais baseadas atualmente nos ODM.

Em dois mil com aprovação da declaração do Milénio (ODM) 29 pela assembleia geral da

Organização das Nações Unidas (ONU) assistiu-se a um momento de viragem. Nesta

29 Os ODM foram: 1 - Erradicar a pobreza extrema e a fome; 2 -Alcançar o ensino primário universal; 3 -

declaração procurava-se estabelecer os princípios de um programa de intervenção global, um programa que era limitado no tempo, com definições e objetivos concretos, mensurados e medidos de ano a ano. Estes objetivos passaram a delimitar as ações de ajuda ao desenvolvimento e a intervenção dos diferentes atores que decidissem estruturar projetos de desenvolvimento ou de investimento em políticas públicas. Passados treze anos, os resultados eram animadores e as Nações Unidas no seu relatório sobre os ODM (2013) afirmaram ter alcançado progressos

significativos e substanciais no cumprimento de muitas das metas – inclusive na redução para metade do número de pessoas que vivem em condições de pobreza extrema e da percentagem de pessoas sem acesso sustentável a fontes melhoradas de água (…). Verificaram-se melhorias evidentes em todas as áreas da saúde, bem como a nível da educação primária (ONU, 2013, p.3) No entanto, é também este relatório de 2013 que revela que “a consecução dos ODM foi desigual entre países e num mesmo país, desigual entre regiões”, isto porque, os países mais dependentes da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) ou que se encontram em situações mais frágeis deram mais importância aos ODM, do que os países de rendimento médio (PRM’s), onde os ODM tiveram menos relevância e as metas foram bastante desadequadas.

A União Europeia no seu relatório sobre o desenvolvimento intitulado Pós-2015: acção global para um futuro inclusivo e sustentável (2013), admitiu que o novo quadro global para o desenvolvimento terá de enfrentar um mundo em rápida mutação ao qual terá de se adaptar e avança com algumas previsões, tais como:

- até 2050 espera-se que a população mundial atinja os 9,3 mil milhões de pessoas, das quais 80% residirão na Ásia e África;

- a pobreza está a cair, mas provavelmente continuará alta na África Subsariana, cada vez mais concentrada nos países frágeis. Por exemplo, o impacto dos padrões de consumo de uma classe média global em crescimento sobre as tendências ambientais deverá ser particularmente grave nos países mais pobres. Posto isto, será necessário urgentemente uma ação global coordenada e eficaz para enfrentar os três aspetos do desenvolvimento sustentável: económico, social e ambiental.

- o contexto político internacional também está a mudar. “O poder global está a deslocar-se e novos participantes estatais e não estatais ganham relevância e uma

Melhorar a saúde materna; 6 - Combater o HIV/SIDA, malária e outras doenças; 7 - Assegurar a sustentabilidade ambiental; 8 - Promover uma parceria mundial para o desenvolvimento.

maior capacidade de apoiar o desenvolvimento internacional, enquanto os países da OCDE vivem dificuldades económicas” (EU, 2013, p.8).

Neste sentido, qualquer que seja o novo quadro de desenvolvimento, deverá contribuir para minimizar a complexidade da pobreza e do bem-estar das populações. Por exemplo, à medida que os países se tornam mais ricos e que uma maior proporção da população pobre vive em países de rendimento médio, como atualmente Angola pretende ser30, as

desigualdades persistentes tornam-se uma questão cada vez mais urgente, devendo-se procurar políticas públicas inclusivas e soluções sustentáveis.

Configura-se, assim uma questão: o século XXI será uma encruzilhada para a humanidade? O relatório Now for the Long Term (2013) 31 diz que sim e acrescenta que

este poderá vir a ser o melhor ou o pior século da história. A resposta depende em larga escala, da nossa capacidade para perceber e aproveitar as oportunidades que temos ao nosso dispor e simultaneamente, saber gerir as incertezas e riscos sem precedentes que enfrentamos.

Neste relatório, identificam-se cinco grandes áreas de intervenção (social, recursos, saúde, geopolítica e governança). Estas áreas são identificadas em forma de questão que automaticamente instiga a ação. Por exemplo, no âmbito social, questiona-se a forma como o crescimento e desenvolvimento poderão ser mais sustentáveis e inclusivos; no âmbito geopolítico, questiona-se a forma como as transições do poder poderão originar novas formas de colaboração e entre outras, no que refere à governação - de que forma podem as empresas, as instituições e os governos contribuir para um crescimento/desenvolvimento mais inclusivo e simultaneamente sustentável? Estas são questões que alertam para o que temos agora e que se for bem interpretado e articulado

30 Angola tem vindo a tentar reunir todas as condições necessárias para ser considerado um país de

renda média. O relatório de Angola ao primeiro Exame de Política Comercial da Organização Mundial do

Comércio foi apresentado em 2006 pelo Dr. Aguinaldo Jaime. O segundo e último até então, foi em Genebra em setembro do presente ano (2015) defendido pela Dra. Rosa Pacavira. Os resultados conseguidos foram positivos, na medida em que Angola foi um país que tem condições favoráveis para elevar os índices de crescimento e passar a economia de rendimento médio.

31O relatório Now for the Long Term (2013) realizado pela Oxford Martin Scholl é composto por três

partes: (1) futuros possíveis onde são identificados os principais e os desafios que se esperam que dominem motores de mudança, (2) futuros responsáveis a necessidade de envolver a sociedade nos progressos necessários e (3) futuros práticos: onde apresentam os princípios de ação e recomendações de como é possível construir um futuro sustentável, inclusivo e resiliente para todos.

com criatividade poder-se-á alcançar resultados significativos para um desenvolvimento eficaz.

O presente caracteriza-se pela imprevisibilidade32, o mundo, a sociedade, o Homem

encontra-se numa altura de viragem em que muito do que era uma certeza ontem, hoje deixou de o ser. A título de exemplo, como evidencia o relatório Global Trends 2030:

Alternative Worlds (2012)33, a era do poder hegemónico parece estar a dissipar-se ou,

talvez esteja a ser superada por outros poderes/economias emergentes que se reorganizam em forma de redes e em coligações do dominado mundo multipolar. Seria este um documento trivial que apenas relata previsões, no entanto, o facto de ele mesmo admitir o fim do poder hegemónico e simultaneamente, ser editado por um órgão consultivo do próprio governo americano, até aqui o grande poder globalizante, justifica a consciencialização da mudança efetiva.

Tal mudança é também perspetivada pelo relatório 2020 development futures (2011)34

numa das suas oito incertezas críticas para o desenvolvimento. Estes dois últimos relatórios cruzam suas previsões críticas para o desenvolvimento em temas apresentados como megatendências que nos mostram como a realidade estará em mutação e que poderá influenciar o futuro. As megatendências são: um empowerment individual o que levará um aumento da classe média o que implicará mutação no acesso aos recursos básicos, aos serviços e entre outros, ao emprego; o aumento do peso demográfico o que implicará um

32 O conceito de imprevisibilidade, a que nos referimos nesta pesquisa, pode ser explorado através do livro

“O cisne negro: o impacto altamente improvável” de Nassim Nicholas Taleb (libanês e americano). Este livro refere que o Cisne Negro é um (1) acontecimento imprevisível, (2) produz um enorme impacto e após a sua ocorrência, é (3) arquitetada uma explicação que o faz parecer menos aleatório e mais previsível do que aquilo que é na realidade. Exemplos de acontecimento/cisnes negros são: a queda do muro de Berlim, o 11 de setembro ou, entre outros, a Primavera Árabe. Por que razão não temos consciência do fenómeno dos cisnes negros antes da sua ocorrência?

33 Global Trends 2030: Alternative Worlds (2012) publicado pelo National Intelligence Council, um

órgão consultivo do governo norte-americano para questões estratégicas. Trata-se de um relatório com previsões e seu objetivo é o de auxiliar os líderes mundiais a perceber alterações mais significativas a nível mundial.

34 2020 development futures escrito por Alex Evans foi publicado da ActionAid uma Organização Não-

Governamental Internacional que trabalha essencialmente contra a pobreza e a injustiça por todo o mundo. Neste relatório a ONG faz 10 recomendações para os próximos dez anos. Tais como: 1- Be ready (because shocks will be the key drivers of change); 2 - Talk about resilience (because the poor are in the firing line); 3 - Put your members in charge (because they can bypass you); 4 - Talk about fair shares (because limits change everything); 5- Specialise in coalitions (and not just of civil society organisations); 6 - Take on the emerging economies (including from within); 7 - Brings news from elsewhere (because innovation will come from the edges); 8 - Expect failure (and look for the silver lining); 9 - Work for poor people, not poor countries (as most of the former are outsider the latter); 10- Be a storyteller (because stories create worldviews).

aumento da esperança média de vida e todas as implicações que tal facto acarreta quer económicos quer sociais, a dispersão do poder ou o fenómeno do descentramento35

(Andrade, 2009) e um entendimento mais articulado das questões da água, energia e alimentação.

Com os olhos no futuro, como se definirá o contexto pós-2015? Dos quatro relatórios evidenciam previsões comuns, nomeadamente o (1) aumento da população a nível mundial, um (2) aumento da classe média e os efeitos a ela relacionados, assim como (3) o papel do poder global que se está a deslocar do poder hegemónico e a dispersar por novos participantes estatais e não estatais que vão ganhando relevância neste processo do desenvolvimento. Novos atores do desenvolvimento, com uma maior capacidade de o concretizar, impulsionando novas formas de colaboração entre atores do desenvolvimento e consequentemente, novas formas de governança.

O ano de 2015 acabou por ser um verdadeiro marco histórico, extremamente importante para a análise que aqui se pretende realizar no âmbito do conceito de desenvolvimento, uma vez que acontecem as novas agendas pós-2015, nomeadamente: a Agenda global 2030 e a Agenda continental africana 2063. Este foi o ano que permitiu uma análise profunda ao passado recente, nomeadamente, à conceptualização e implementação dos ODM e uma reflexão aos seus resultados. Permitiu também, após uma consulta mundial (através de processos de negociação envolvendo a sociedade civil, discussões in locu ou em redes sociais) acompanhar a conceptualização participada, que se alongou durante dois anos dos ODS36 que vieram substituir os ODM e que atualmente integram a Nova

35 O fenómeno do descentramento reflete-se, segundo Andrade (2009), em três fatores que reforçam a crise

financeira e económica que contribuirá para o acelerar do declínio do poder económico americano, o enfraquecimento da União Económica e Monetária na Europa e a ascensão dos BRICs (Brasil, Rússia, India e China).

36 Os ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - Nova Agenda 2030: 1. Acabar com a pobreza em

todas as suas formas, em todos os lugares/ 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável/ 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades/ 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos/ 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas/ 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos/ 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos/

8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e

trabalho decente para todos/ 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação/ 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles/ 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis/ 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis/ 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos/ 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável/ 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a

Agenda de Desenvolvimento 2030, este foi um dos grandes processos participativos que Nações Unidas desenvolveram.

A nível macro (âmbito internacional), foi estabelecido um painel de pessoas com mérito reconhecido para coordenar a ação global, estruturadas recomendações37, constituídas

plataformas online para recolher visões e ideias da sociedade civil de 56 países de todo o mundo. A nível meso foram responsabilizadas pessoas e entidades, foram preparadas equipas de trabalho, desenvolvidos relatórios38 não só para assumirem posições, mas

também com o objetivo de reunir informação necessária relacionada com diferentes temáticas, tais como: Desigualdades, Governança, Emprego e Crescimento, Saúde, Educação, Sustentabilidade Ambiental, Segurança Alimentar e Nutrição, Conflitos e Fragilidades e Dinâmicas Populacionais.

Cento e noventa e três Estados-membros que se responsabilizam para ação e que chegaram a acordo sobre a ambiciosa nova agenda baseada nos 17 ODS. É uma agenda que não quer deixar ninguém para traz e que permite definitivamente planificar o futuro

degradação da terra e deter a perda de biodiversidade/ 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis/ 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. Retirado de http://nacoesunidas.org/wp- content/uploads/2015/10/agenda2030-pt-br.pdf

37 Em julho de 2012 foi contratado um grupo de pessoas ao mais alto nível para estruturar recomendações

sobre a Agenda de Desenvolvimento pós-2015 explanada em: Una Nueva Alianza Mundial: erradicar la

pobreza y transformar las economías através del desarrollo sostenible – Informe del Grupo de Alto Nivel de Personas eminentes sobre la Agenda de Desarrollo Pos-2015.

38 A título de exemplo, a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) tinha vindo a

realizar relatórios de acompanhamento dos ODM (2009 em Republica de São Tomé e Príncipe e em 2011 em Lisboa) Por ocasião da Cimeira de Chefes de Estado e de governo dos países membros da CPLP em julho de 2012 em Maputo editam uma edição especial designada “Estudo sobre as metas de

desenvolvimento do milénio nos países da CPLP” com algumas conclusões, lições aprendidas e a sua

posição no que refere à nova agenda para o desenvolvimento. No caso de Angola, dois exemplos: (1) o trabalho desenvolvido por Carlos M. Lopes (2013). O impacto da migração para o desenvolvimento

desafios e oportunidades para Angola: Agenda Global de Desenvolvimento pós 2015, comissionado pela

Organização Internacional para as Migrações de Luanda e que apresenta algumas recomendações ao governo angolano, entre outros exemplos, a de como tratar a temática das migrações na formulação de políticas públicas (2) o trabalho do PNUD que contratou o Centro para o Desenvolvimento e Parcerias de Angola (CDPA) a realizar uma consulta nacional no sector das Organizações da Sociedade Civil e que resultou no 1º Draft Relatório Técnico da Consulta Nacional das OSC sobre a Agenda Pós 2015. Este documento para além das valorosas recomendações que emana à concretização dos ODM Pós-2015 e ao governo dá conta das dificuldades/constrangimentos que existem em realizar uma consulta deste tipo – LOCAL, nomeadamente, as relacionadas com a fraca organização da Sociedade Civil que trabalha determinadas temáticas (ODM), a falta de dados sobre as regiões consultadas e a “falta de conhecimento a fundo, sobre os ODMs por parte da maioria dos participantes” (s.p.)

pois esta agenda procura até 2030 erradicar a extrema pobreza, promover a prosperidade e o bem-estar das pessoas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente.

Esta é uma Agenda do Povo, um plano de ação para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões, de forma irreversível, em todos os lugares, não deixando ninguém para trás. Ela busca garantir a paz e a prosperidade e forjar uma parceria com as pessoas e o planeta em seu cerne. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável integrados, interligados e indivisíveis são os objetivos das pessoas e demonstram a escala, a universalidade e a ambição dessa nova Agenda (Ban Ki-moon, 2 agosto 2015)

Tais intentos foram conceptualizados e serão implementados através da Parceria Global, nomeadamente, uma parceria entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Por um lado, os países desenvolvidos com experiência, conhecimento reforçado e reflexão realizada, não só dos sucessos como dos não sucessos e por outro lado, os países em desenvolvimento que, embora partam de um nível distinto dos países do ocidente, têm já um percurso realizado, legítimo, com mais ou menos vontade de atuar, com sucessos e retrocessos assentes em razões políticas sociais e económicas, fruto de opções suas ou de outrem. A agenda 2030 solicita a ação de todos os países, pobres, ricos e de renda média, uma parceria global com a participação ativa de todos, incluindo governos, sociedade