2. O SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA SBDC
3.1. O PODER ECONÔMICO NO MERCADO
3.1.1 O processo de formação de preços no mercado
154 NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 6.ed.rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 120.
155 NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 6.ed.rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 120.
156 NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 6.ed.rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 122.
157 OLIVEIRA, Gesner; RODAS, João Grandino. Direito e economia da concorrência. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p.29.
158RODRIGUES, Bruno Leal. Direito da concorrência, concentração de empresas e eficiência econômica, a aprovação de atos de concentração horizontal por eficiências compensatórias. 2006. 323f. Dissertação (Pós- Graduação Stricto Sensu em Direito) – Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. p.31.
O melhor entendimento acerca do fenômeno do poder de mercado exige a compreensão dos seus mecanismos, em particular do processo de formação de preços no seu âmbito. A formação do preço no mercado envolve, principalmente, duas forças: oferta e demanda.
A procura ou demanda designa o montante de certo produto consumido, a certo preço e em certo tempo. Essa conceituação é feita com base em duas variáveis as quais mantém uma relação de dependência: quantidade e preço. Considerando um mercado de competição perfeita, admite-se que quantidade procurada variar em razão preço. Matematicamente, dir-se-ia que a quantidade seria uma função do preço, isso quer dizer que este é a variável independente e aquela, a variável dependente. Os compradores adaptarão sua vontade de adquirir algum produto ao preço vigente no mercado159.
Muitos fatores afetam as decisões de adquirir um bem, porém se todas as variáveis relacionadas às aspirações dos compradores em desfrutar certo produto se mantiverem estáveis, é possível concluir que o montante demandado pelos consumidores de determinado produto crescerá na medida em que o preço do bem diminuir.
Um conceito muito importe para análise dos atos de concentração é o de elasticidade da demanda, que atende à preocupação em verificar como e o quanto a quantidade é alterada em razão dos preços, objetivando-se mensurar a sensibilidade da procura pela mudança do valor do produto. A elasticidade vem a ser a condição que liga o acréscimo percentual de quantidade ao decréscimo percentual de preços, isto é, constitui uma mensuração da sensibilidade da quantidade aos preços. Elasticidades baixas, geralmente, indicam elevado grau de essencialidade do bem. Elasticidades altas são próprias, em regra, dos produtos dispensáveis160.
A oferta representa a quantidade de um produto o qual um grupo de produtores disponibiliza-se a proporcionar a certo preço e em determinado tempo no mercado. Em um modelo de competição perfeita, assume-se que a quantidade que os produtores estão dispostos a disponibilizar variará na proporção do preço do mercado e que a oferta cresce à medida que o preço sobe161.
159 NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 6.ed.rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 231.
160 NUSDEO, Fábio. Curso de economia: introdução ao direito econômico. 6.ed.rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010. p. 233-235.
161 RODRIGUES, Bruno Leal. Direito da concorrência, concentração de empresas e eficiência econômica, a aprovação de atos de concentração horizontal por eficiências compensatórias. 2006. 323f. Dissertação (Pós- Graduação Stricto Sensu em Direito) – Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. p. 33.
Analogamente à elasticidade da demanda, há também para a oferta uma medida de sensibilidade em relação à variação do preço. A elasticidade da oferta configura uma relação entre adição de preço e de quantidades disponibilizadas162.
A principal lei que governa o preço é a lei da demanda e da oferta, sendo que a fixação do preço de um bem em qualquer mercado corresponde à função da relação entre a quantidade de produtos disponível e o montante que os consumidores estão dispostos a adquirir163. A representação gráfica da demanda, da oferta e do preço é bastante ilustrativa:
Figura 1. Gráfico de curvas de oferta e demanda164
Considerando no eixo vertical a indicação dos preços e no eixo horizontal a representação da quantidade de produtos, o preço de equilibro e a quantidade de equilíbrio resultam da intersecção dos interesses das curvas de oferta e demanda. Quando os produtores ofertarem mais produtos acima do ponto P, a oferta excedente diminuirá os preços, porque os bens em excesso apenas serão comprados por consumidores dispostos a remunerar um preço abaixo do preço de equilíbrio Pe. Por outro lado, os consumidores que desejarem pagar um
162 ARAÚJO JR., Ari Francisco de; SHIKIDA, Cláudio Djissey. Microeconomia. In: TIMM, Luciano Benetti (org.). Direito e economia no Brasil. São Paulo: Atlas, 2012. p. 62.
163 HOVENKAMP, Herbert. Federal antitrust policy: the law of competition and its Practice. St.Paul: West Publishing Co., 1994. p. 3.
164 RODRIGUES, Bruno Leal. Direito da concorrência, concentração de empresas e eficiência econômica, a aprovação de atos de concentração horizontal por eficiências compensatórias. 2006. 323f. Dissertação (Pós- Graduação Stricto Sensu em Direito) – Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. p. 34.
preço menor do que o preço Pe não encontrarão produtores dispostos a lhes fornecer o produto por esse preço.
Inúmeros fatores influenciarão o processo decisório de consumo e de produção em um sistema de mercado. Em alguns casos as variáveis que definem as decisões econômicas são afetadas e até mesmo impostas pela conduta de determinados market players. Um agente detentor de poder econômico em condições de usá-lo angariará lucros superiores aos que obteria em condições de um mercado competitivo e, possivelmente, provando distorções no processo de formação de preço que possibilitaria a melhor alocação dos recursos de uma sociedade165.