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A organização e a efetivação do ensino (metodologia, atividades, avaliação) nos ambientes virtuais de aprendizagem

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A MEDIAÇÃO DOCENTE REALIZADA NOS PROCESSOS DE ENSINO APRENDIZAGEM EM CURSOS TÉCNICOS A DISTÂNCIA DA REDE E-TEC

3. Apresentação e análise dos dados coletados

3.3 Categoria 3: A mediação docente desenvolvida nos cursos técnicos a distância

3.3.2 A organização e a efetivação do ensino (metodologia, atividades, avaliação) nos ambientes virtuais de aprendizagem

A sala de aula online é delimitada pelo ambiente virtual de ensino-aprendizagem (AVEA), a título de oferecer um local fixo, como identidade do curso, para interações, compartilhamento de documentos e controle de acessos. O AVEA disponibiliza ferramentas para o professor organizar tarefas online, enviar vídeos e arquivos, em geral, marcar conversas, dentre outras ferramentas que possibilitam organizar atividades de aprendizagem individuais, coletivas, síncronas, assíncronas e ferramentas de registro e avaliação, como controle de notas e relatórios de frequência, de participação, de tarefas, etc. Observamos, por meio das entrevistas, que o acesso a essas ferramentas não é homogêneo porque as equipes de coordenação da Rede e-Tec propuseram diferentes organizações, conforme seu contexto socioinstitucional:

Aqui o professor não tem acesso ao Moodle para fazer alterações na sua aula. Somente os tutores a distância têm permissão para postar e tirar postagens conforme o combinado com o professor. Mas também o professor não pode querer fazer isso [mudar a estratégia de toda a disciplina] a qualquer hora. Três meses antes da disciplina começar, ele deve planejar tudo e entregar quinze dias antes para gente postar. A Designer Instrucional e a coordenadora adjunta orientam o professor a como preencher e desenvolver o material. O professor corrige as atividades e responde aos fóruns. Nós mesmos [coordenação de tutoria] damos capacitação. Não temos recurso para fazer de outro jeito. Depois que a reitoria levou a coordenação geral e adjunta para lá, nós continuamos com o mesmo trabalho para três. Redistribuímos tudo. (Coord5, entrevistado em 25/9/2013)

O professor tem autonomia para complementar o material, postar mais coisas, marcar chat, videoconferência, mas a verdade é que para isso ele precisa de técnico de informática e aí não tem. Então todo mundo usa o básico, quase a mesma coisa e fica parecendo que não pode fazer outras coisas. De todo jeito isso vai mudar porque depois que criou a direção de EaD a coordenação geral e adjunta foram para a reitoria e centralizaram as decisões com eles. A nova turma que vai começar vai ser num AVEA diferente, o professor vai ter que preparar tudo antes e enviar para eles. Não vai poder ficar mudando o plano e nem querendo fazer muita atividade extra de chat e tal. (Prof6, entrevistado em 21/5/2013)

O professor tem completa autonomia, mas alguns ficam mais distantes dos alunos, combinam com o tutor. Depende do planejamento do professor, alguns preferem que os tutores respondam as dúvidas de conteúdo, outros só permitem dúvidas gerais. (Coord6, entrevistado em 15/5/2013)

Observamos que professor, na Instituiçao C, não tem autonomia para postagens a qualquer momento. Suas atividades devem ser submetidas aos tutores, para que eles postem e, ainda assim. O mesmo está acontecendo na Instituição B. É preciso observar que nessas duas

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escolas, ambas IFs, a perda da autonomia do professor está associada à equipe de trabalho reduzida e à criação da direção de EaD nessas instituições. Por um lado, essa criação foi uma ação bem avaliada pela comunidade que busca a institucionalização dos cursos a distância e vê nela possibilidades de investimento e de ações mais criteriosas articuladas com a visão do curso técnico já ofertado pela instituição. Por outro lado, implicou a centralização das decisões administrativas e pedagógicas dos cursos, e, de certa forma, a perda de pessoal. Os coordenadores geral e adjunto, antes atuantes diretamente com as coordenações de curso, tutoria e polo, são relocados para a reitoria e passam a concentrar-se na ampliação do programa em atividades político-administrativas. À equipe local não são acrescentados recursos humanos, o que acarretou novas redistribuições e desvio de funções, dentre as quais pode-se destacar o redirecionamento dos tutores para atividades estritamente técnicas de manutenção da sala de aula online e a presença do designer instrucional que não é previsto pela Resolução 18/2010, mas tem sido sustentado por bolsa de tutor.

Diante desse contexto, observamos alguns momentos online, que são chamados de aula, e suas atividades correspondentes. Os professores da Instituição A são orientados a postar seus planos de ensino juntamente com sua apresentação, no início da disciplina. Abaixo podem-se observar os materiais postados, configurando uma aula:

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Nesse curso, o professor tem autonomia para escolher a mídia que complementará o material didático escrito. Entretanto, os conteúdos e as tarefas são divididos por quinzenas, durante todo o semestre e, a cada quinzena, há uma data fixada por calendário para postagem de novos conteúdos e tarefas correspondentes. Todas as disciplinas devem seguir essa sistemática. Até mesmo na Instituição A, onde se diz que o professor tem completa autonomia, a aula online é previamente formatada com um cronograma correspondente que não pode ser alterado.

Observamos, ainda, que o conteúdo da Quinzena I foi todo postado na mesma data por meio do material da aula e das quatro videoaulas que aparecem na Figura 3 (Modelo Entidade Relacionamento até Chave Estrangeira). No dia da postagem desses conteúdos, não houve e, normalmente, não há nenhum momento de interação paralelo. A própria postagem do conteúdo em texto e videoaulas associada ao Questionário de Fixação constitui a aula. A comunicação que pode ocorrer nos catorze dias antes da próxima ‘aula’, ou seja, postagens da Quinzena 2, é sob demanda de dúvidas pelos fóruns ou indo pessoalmente aos polos.

Em outra disciplina de outro curso da mesma Instituição A, observa-se o mesmo esquema de ação (ver Figura 4): envio de conteúdos sem atividades coletivas para discussão e nem para desenvolvimento de tarefas. A professora também postou todo o material de conteúdo, na data marcada da quinzena, porém, ao invés de videoaulas, utilizou links de outros sítios para complementar o material escrito. Os links levavam a sítios em que a tecnologia predominante também era escrita, mas com muitas imagens explicativas e outros

links que poderiam interessar.

Figura 4. Tela da aula 1 referente à Quinzena 2 da disciplina Hidrologia.

Nessa disciplina, excepcionalmente, a professora não utiliza tarefas avaliativas, por quinzena, como todos os demais professores. Ela trabalha com um projeto que é elaborado ao

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longo da disciplina, apresentado uma vez na metade do semestre, para ser avaliado, continuado e entregue até o final. Não houve exercícios de fixação, nem na forma de questionário, como nas outras disciplinas, apenas o projeto.

Logo abaixo, pela Figura 5, é possível observar a mesma sistemática em outra disciplina. Apesar de serem disciplinas de cursos diferentes, a prática é comum a todos os cursos da Instituição A. A aula1 desta disciplina foi concretizada por meio da postagem de vídeos e links de sítios, não tendo postagem de capítulo de livro e nem de exercícios de fixação, apenas atividade avaliativa referente ao conteúdo:

Figura 5. Tela da aula 1 referente à quinzena 1 da disciplina Química Ambiental.

Na Instituição A, a forma de pontuação é fixa para todos os cursos da seguinte forma: atividades e tarefas durante o semestre representam 40% da nota; os outros 60% são divididos igualmente em duas avaliações: a primeira é semipresencial (presencial no polo, mas resolvida online) e a segunda e última é presencial e escrita no polo. Os 40% referentes às atividades e tarefas podem ser divididos como o professor desejar.

No Curso Técnico em Açúcar e Álcool e no Curso Técnico em Informática para Internet, referentes à Instituição B e à Instituição C, respectivamente, não encontramos muitas diferenças quanto ao que se diz ser a “aula” online. As práticas nessa aula são bem parecidas

200 com as dos cursos da Instituição A, apenas com a diferença de as postagens serem semanais e de haver o fórum de dúvidas. É um padrão de esquema de trabalho do curso porque, mesmo disciplinas de naturezas diferentes seguem a mesma estrutura, conforme mostram as Figuras 6, 7, 8 e 9:

Figura 6. Tela da semana 1 da disciplina de Tecnologia de Extração e Tratamento do Caldo.

Apesar de haver o fórum de dúvidas em quase todas as disciplinas, ele quase não é utilizado. Todos os professores entrevistados não postam perguntas nos fóruns para iniciar discussões. Eles são precisamente utilizados para sanar dúvidas, operacionais ou de conteúdo, que partem dos alunos. Desse modo, encontramos muitos fóruns até o final da disciplina, sem nenhuma interação. Hrastinski (2009), explica que a participação online não se sustenta pelas condições físicas tecnológicas. É preciso que sejam suscitadas ferramentas psicológicas, por meio da linguagem e da comunicação, de modo que os alunos façam parte das atividades (Ibid, p. 80). Na quarta aula, Figura 7, assim como nas anteriores, a única mensagem fora dos arquivos de conteúdo é o aviso, dizendo que foram postados materiais de apoio e a recomendação da leitura:

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