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Participar do trabalho em equipe

CAPÍTULO IV: Análise e Discussão dos Resultados

4.1 Regras da formação de tutores a distância

4.1.1.1 Participar do trabalho em equipe

Observemos a mensagem 1, trocada entre formadora e alunos-tutores do grupo de Lógica e Matemática discreta:

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[1] Daniela.V.C[18:16]: segunda, 28 janeiro 2008

Olá Tutores de Lógica e Matemática Discreta,

Eu, Daniela, serei a tutora a distância de vocês na disciplina de Fundamentos Didáticos e Pedagógicos da Tutoria. Muitos assuntos já foram discutidos em nosso encontro presencial, esperamos aqui consolidar alguns conceitos e discutir em conjunto para melhorarmos nosso trabalho enquanto tutores..

que ele possui um status dado a alguém externo ao curso para que possa apenas visualizar estrutura, dinâmica do curso, conteúdo, questionários, postagens de mensagens nos fóruns e opiniões nas enquetes. É impedido de postar mensagens, opiniões em enquetes e de ter registro de sua participação nas atividades. Não consta nessa definição, por exemplo, que esse participante também não possui acesso ao gerenciamento dessas tarefas, como relatórios de participação e de mensagens enviadas por e-mails particulares dos participantes. Nessa condição, não foi possível ter acesso a todas as interações dos alunos-tutores com seus formadores.

Além do material utilizado para as aulas, disponibilizamos vários artigos em nossa Biblioteca Virtual.

Bom trabalho! Sucesso! E qualquer dúvida entrem em contato comigo. Abraços,

Daniela.

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É possível observar que a formadora se apresenta e, implicitamente, expõe regras de participação no curso. A primeira delas: 'esperamos aqui consolidar alguns conceitos', se refere a um convite à discussão dos assuntos expostos, uma vez que a escolha lexicogramatical indicativa do agente da ação é o pronome nós. A formadora parte do princípio que seus alunos-tutores já conhecem conceitos que serão discutidos ao longo do curso, e os convida à retomada desses conceitos. O foco recai sobre um trabalho a ser desenvolvido em grupo – e por isso o convite para 'discutir em conjunto' apresentado pela formadora. Ela especifica que os conceitos

serão revistos, deixando subentendido o propósito da atividade de formação, ou seja, discussões em grupo por meio da interação entre os participantes, com base nos instrumentos que serão utilizados e nos conteúdos das aulas. A maneira como o curso será conduzido surge como uma regra explícita, ou seja, apontando a necessidade de discussões coletivas e com um objetivo claro: ‘melhorarmos nosso

trabalho enquanto tutores’, expresso pela formadora de modo a mostrar que o

trabalho será realizado em conjunto e não individualmente.

Conforme Neto et al. (2009, p.46), “a ação é o componente básico da

atividade, é o meio de realizá-la e, consequentemente de satisfazer o motivo”. Dessa

maneira, o meio para se chegar à consolidação dos conceitos estudados nessa disciplina é a discussão coletiva, da qual todos participam, satisfazendo, assim, o motivo das ações ali geradas, que é formar tutores a distância.

Depreende-se ainda dessa mensagem outra regra implícita, relacionada ao fato de a formadora mencionar os vários artigos disponibilizados para leitura. Essa menção se refere às ações desejadas para os tutores durante o curso. Implicitamente, no enunciado “disponibilizamos vários artigos em nossa Biblioteca Virtual” está presente a regra “textos disponibilizados devem ser lidos pelos alunos“. A formadora não faz uso de escolha linguística que indique obrigação dos alunos em acessar os materiais disponíveis, ler e discutir ao longo do curso, mas sugere implicitamente. Essa, pode-se depreender, é uma regra implícita que se refere a acessar o conteúdo disponibilizado pela equipe multidisciplinar, para expandir o

conhecimento dos alunos-tutores, propiciando a discussão sobre os assuntos pertinentes ao curso.

Observemos a mensagem a seguir, também de apresentação de uma formadora.

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[2] Vandessa.B.N. [23:48]: segunda, 28 abril 2008

Prezados alunos,

Serei a tutora a distância de vocês nesta capacitação de Moodle para tutores.

Desculpem-me a demora na apresentação, mas eu estava participando de um congresso no RS e apenas agora retornei.

Estou à disposição para auxiliá-los. Atenciosamente,

Vandessa.B.N.

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Ao apresentar-se, a ação comunicativa da formadora se resume em justificar o atraso. Nota-se que não elabora uma proposta de trabalho ou de interação entre ela e os alunos-tutores. Percebe-se a falta de uma regra explicita sobre o que ela espera que aconteça no decorrer da disciplina, em relação à participação dos alunos-tutores. Parece faltar incentivo e orientação sobre uma possível ação dos alunos-tutores a respeito do que eles irão fazer. O que fica explícito é a disposição da formadora para atender seus alunos, regra discutida mais adiante.

A diferença entre as apresentações das duas formadoras (nas mensagens 1 e 2) é que neste caso, possivelmente sua ação pouco colabora para o desenvolvimento do alunos-tutores no sentido da formação, no sentido de propostas e meios de trabalho, como visto na mensagem anterior, em que a formadora visa à aprendizagem dos alunos-tutores em relação aos conceitos e material da disciplina em questão, e também em relação à forma como deve trabalhar ao longo do curso.

Em relação à segunda formadora, é possível perceber em sua ação, entretanto, que algo pode ser considerado como uma regra explícita, não voltada para aprendizagem dos tutores, mas à sua responsabilidade ao exercer a função de tutor: a formadora justifica seu atraso ao se apresentar aos alunos no curso. Os alunos-tutores podem ver tal manifestação como adequada em caso de acontecer algum tipo de problema pessoal quando estiverem atuando como tutores a distância, ou seja, quando forem, de fato, formadores. A regra implícita, nesse caso, seria, por exemplo: apresentar justificativas ao aluno quando algo provocar interrupção ou mudança na maneira como as ações do curso foram planejadas.