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Universidade Aberta do Brasil

CAPÍTULO III: Metodologia da Pesquisa

3.2 Contexto da Pesquisa

3.2.1 Universidade Aberta do Brasil

O Ministério da Educação – MEC – estabeleceu recentemente as políticas para a universalização do acesso ao ensino superior. Muitas estratégias têm sido delineadas e executadas ao longo desses últimos anos na oferta de cursos em EaD no país e uma das políticas foi a criação do Sistema UAB, institucionalizado por decreto no ano de 2005. Esse sistema prevê a oferta de cursos na modalidade a distância, com a participação dos seguintes segmentos: MEC, Instituições Públicas de Ensino Superior e Municípios, Estados e Distrito Federal; estes últimos, por apresentarem propostas de implantação de polos municipais de apoio presencial nas cidades do interior em que serão ofertados os cursos. Já as instituições de

ensino devem apresentar propostas de cursos superiores na modalidade de educação a distância, a serem ofertados com o apoio de polos municipais.

Essa iniciativa do governo tem por principal objetivo, como consta no portal do MEC, incentivar o ensino superior com cursos a distância, para atender os alunos interioranos, que não têm acesso às universidades privadas ou públicas. As instituições credenciadas no MEC para ministrar cursos a distância no sistema UAB possuem uma equipe multidisciplinar cujos membros exercem variadas funções; os tutores são parte fundamental nessa equipe. A tutoria a distância atua a partir da instituição, mediando o processo de aprendizagem dos alunos geograficamente distantes. Sua função, de acordo com o Edital no 2/2008 de seleção e capacitação de tutores a distância do CEAD/Ifes, de interesse desta pesquisa, diz que o tutor a distância “fará a orientação e acompanhamento dos alunos observando a

participação e envolvimento destes nas atividades desenvolvidas online, observando o item 4 descrito no manual do candidato”. Por sua vez, o item 4 do manual do

candidato traz uma descrição de as atribuições do tutor a distância, que consiste em:

Recorte 1

1. Cada tutor a distância acompanhará em sua disciplina de 30 a 40 alunos; 2. Os tutores a distância contarão com acompanhamento pedagógico do

CEAD – Centro de Educação a Distância, dos professores especialistas e do suporte de tecnologia CEFETES;

3. Os tutores a distância serão responsáveis por esclarecer dúvidas dos alunos em até 24 horas, exceto sábados (a partir das 13h), domingos e feriados nacionais;

4. Os tutores a distância poderão recorrer ao professor especialista caso tenham dificuldades em solucionar dúvidas enviadas por alunos;

5. Os tutores a distância irão corrigir todas as atividades enviadas através do ambiente virtual de aprendizagem e poderão auxiliar na correção de exercícios, trabalhos e provas escritas, se assim for solicitado pelo professor especialista;

6. Os tutores a distância terão como responsabilidade acompanhar o desempenho dos alunos buscando incentivá-lo no desenvolvimento das tarefas interagindo através do ambiente virtual de aprendizagem;

7. Os tutores deverão interagir freqüentemente com o professor especialista e tutor presencial;

8. Os tutores deverão participar de reuniões previamente agendadas, presenciais ou não, com Professores Especialistas, Coordenação do

Curso e/ou Coordenação do CEAD.

A qualidade da aprendizagem na EaD está diretamente ligada à atuação do tutor a distância. Nesse sentido, as características de sua formação são fundamentais para que ele alcance um nível de atuação de acordo com os

parâmetros e com o projeto político-pedagógico da instituição mantenedora do curso a distância em que vai atuar.

Minha visão desse profissional é que ele também tem a função de formador, mesmo que não receba essa denominação, já que ele vai trabalhar com seres humanos também em formação. Nessa perspectiva, sua importância de atuação na EaD não desmerece atenção; pelo contrário, merece mais atenção do que a revelada nas poucas pesquisas a respeito de suas características. A formação desse profissional para atuar em ambientes digitais representa, na visão de Alves (2007, p.119), “uma das pedras angulares imprescindíveis em qualquer tentativa de

renovação em EaD”.

A partir das iniciativas do MEC em relação à EaD e com a evolução das tecnologias de informação e de comunicação, as instituições de ensino superior no Brasil, por meio desse sistema, finalmente iniciam uma trajetória sócio-histórica nessa modalidade, podendo, nessa nova fase, nesse novo contexto, chegar a um nível de funcionalidade similar ao dos modelos internacionais mencionados. Kipnis (2009) explica a proposta do sistema UAB, o fio condutor da implantação da EaD nas universidades e instituições brasileiras.

O sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB – não propõe a criação de uma nova instituição de ensino, mas sim, a articulação das já existentes, possibilitando levar ensino superior público de qualidade aos municípios brasileiros que não possuem cursos de formação superior ou cujos cursos ofertados não são suficientes para atender a todos os cidadãos (p.213).

O Programa UAB conta, hoje, com 88 instituições públicas entre universidades federais, universidades estaduais e Institutos Federais de Educação Profissional e Tecnológica (IFETs); já tem a participação de 557 polos de apoio presencial43 que teve suas atividades iniciadas em 2007, em 289 municípios brasileiros distribuídos em todos os estados da federação. Em nova chamada pública, no segundo edital do MEC, todos os outros municípios que ainda não faziam parte do sistema UAB foram convidados a se credenciar e a oferecer ensino superior público e gratuito à sua comunidade. Atualmente, o Ifes possui 23 polos em

43 Os polos de apoio presencial são locais com instalações físicas e infraestrutura tecnológica de

suporte e atendimento remoto aos estudantes e professores. Uma definição mais completa se encontra no EDITAL DE SELEÇÃO UAB nº. 01/2006-SEED/MEC/2006/2007, no item 3, sobre a terminologia.

todo o Espírito Santo.

No primeiro edital, as instituições federais foram convocadas a apresentar propostas de projetos de cursos superiores na modalidade EaD, incluindo recursos humanos, projeto pedagógico, indicação do número de vagas, cronograma de execução do curso e das necessidades específicas relativas ao polo de apoio presencial quanto à infraestrutura física e logística. Todas as propostas nessa chamada pública deveriam ser implantadas, prevendo a oferta dos cursos superiores a distância para o ano de 2008.

O Ifes enviou a proposta do curso “Tecnologia em Análise de Desenvolvimento de Sistemas” (TADS), um curso que já ocorria na modalidade presencial na Uned-Serra, reformulado para a modalidade a distância, e obteve a devida aprovação. O passo seguinte foi a seleção de professores por região, para participar do Programa de Capacitação em EaD, que seria oferecido pela Universidade Aberta do Brasil (UAB), realizado pela UNIFEI.

Segundo o MEC, a UAB deve contar com 600 mil alunos em 2012, um número insignificante em relação a outros países com sistema similar; no entanto, é um começo e todo começo tem suas complexidades e adaptações. Esse é um momento de adaptação e mudanças paradigmáticas, processo que demanda tempo e experiências acumuladas.