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4 PERFIL DAS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMILIA

PERFIL DAS FAMÍLIAS, RESULTADOS E IMPACTOS DO BOLSA FAMÍLIA

4 PERFIL DAS FAMÍLIAS BENEFICIÁRIAS DO PROGRAMA BOLSA FAMILIA

Em março de 2013, havia no PBF 13.872.243 famílias, as quais receberam, naquele mês, um benefício médio de R$ 149,71. Estas famílias eram compostas, em média, por 3,6 pessoas. Conforme o gráfico 2, a maior parte dessas famílias (50,2%) residia no Nordeste do país, seguida pela região Sudeste, com 25,4%. Assim, as duas regiões juntas são responsáveis por três quartos das famílias do PBF.

GRÁFICO 2

Distribuição das famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família do (PBF) por grandes regiões (março de 2013)

(Em %) 5,4 50,4 11,4 25,3 7,5

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

A desigualdade de renda no país está intimamente associada à desigualdade regional evidencia- da no mapa 1. A população dos estados do Nordeste tem maior proporção de famílias no Programa Bolsa Família que os estados do Sul e Sudeste. No Maranhão, 57,0% dos domicílios recebem trans- ferências do Programa enquanto apenas 7,3% dos domicílios de Santa Catarina participam do PBF.

MAPA 1

Famílias atendidas pelo Programa Bolsa Família entre o total de domicílios apurados pelo Censo 2010, segundo Unidade da Federação (março de 2013)

(Em % do total de domicílios)

Fonte: SENARC/MDS. A partir dos microdados do CadÚnico (SENARC/MDS) de fevereiro de 2013 e do Censo 2010 (IBGE).

Obs.: imagem reproduzida em baixa resolução em virtude das condições técnicas dos originais disponibilizados pelos autores para publicação (nota do Editorial).

Aprofundando a análise do perfil de renda, a tabela 1 indica que, antes de receberem o PBF, as famílias beneficiárias viviam, em sua maioria, na extrema pobreza (72,4%), ou seja, com renda familiar per capita de até R$ 70,00. Apenas 20,5% possuía renda entre R$ 70,00 e R$ 140,00 (pobreza) e 7,1% obtinha renda familiar per capita entre R$ 140,00 e R$ 339,00

(baixa renda).10 Como era de se esperar, nas regiões mais ricas do país – Sudeste, Sul e Centro-

Oeste –, a distribuição dos beneficiários é bastante distinta daquela observada no Nordeste e no Norte. Enquanto há menor participação de beneficiários extremamente pobres no Sul (54,0%), no Nordeste, 82,2% dos beneficiários é extremamente pobre.

TABELA 1

Famílias beneficiárias do PBF por faixa de renda, segundo as grandes regiões (março de 2013)

(Em %)

Faixa de renda familiar Per capita Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Extrema pobreza 72,4 78,1 82,2 59,5 54,0 56,1

Pobreza 20,5 16,8 12,9 30,8 33,9 32,3

Baixa renda 7,1 5,0 5,0 9,7 12,1 11,6

Fonte: CadÚnico (SENARC/MDS).

Quanto aos arranjos familiares dos beneficiários do PBF, verifica-se, na tabela 2, que a maior parte se constitui como monoparental feminino (42,2%), seguido por casal com filhos (37,6%). Em alguma medida esta expressividade dos arranjos monoparentais femi- ninos pode indicar estratégias de sobrevivência das famílias mais vulneráveis, mas expressa também o fenômeno de incremento na participação de mulheres com filhos e sem cônjuge entre as famílias brasileiras.

TABELA 2

Famílias beneficiárias por arranjo familiar, segundo as grandes regiões (março de 2013)

(Em %)

Arranjo familiar Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Unipessoal 4,8 1,9 5,9 4,6 4,2 3,1

Monoparental feminino 42,2 44,9 39 46,8 41,4 46,7

Monoparental masculino 1,6 2,8 1,7 1,1 1,3 1,5

Só casal 2,9 1,5 4,1 1,8 2,0 1,7

Casal com filhos 37,6 37,9 39,1 34,3 40,5 34,7

Biparental e outros parentes 2,7 2,9 2,6 2,6 3,0 2,8

Monoparental feminino e outros parentes 4,7 4,1 4,1 5,8 4,7 5,5

Monoparental masculino e outros parentes 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,2

Outros 3,3 3,8 3,4 2,9 2,8 3,9

Fonte: CadÚnico (SENARC/MDS).

As regiões Sudeste, Centro-Oeste e Norte chamam a atenção por causa da maior pro- porção de famílias monoparentais femininas (46,8%, 46,7% e 44,9%, respectivamente). Tais percentuais indicam que as famílias com este tipo de arranjo familiar – em que a mãe é 10. Apesar da linha de pobreza do Programa Bolsa Família ser de R$ 140,00, a chamada regra de permanência, estabelecida pela Portaria GM/MDS no 617, de 11 de agosto de 2010, assegura a permanência da família por um prazo mínimo de dois anos desde que sua renda se mantenha abaixo

a única provedora de recursos, conciliando trabalho externo, atividades domésticas e cuida- dos com os filhos – correspondem à maior parte das famílias do PBF e, a princípio, devem ser objeto de atenção especial do poder público.

A tabela 3 adiciona outros elementos para a análise das composições familiares e seu grau de vulnerabilidade.11

TABELA 3

Média de idade dos responsáveis familiares, por arranjo familiar, segundo as grandes regiões (março de 2013)

(Em número de anos)

Composição familiar Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Unipessoal 48,6 48,0 47,2 51,1 51,2 51,6

Monoparental feminino 35,1 34,0 35,4 35,2 35,5 34,3

Monoparental masculino 42,4 41,5 42,5 42,5 43,9 42,3

Só casal 43,2 43,9 41,7 47,3 47,3 48,8

Casal com filhos 36,6 35,6 37,0 36,5 36,4 35,3

Biparental e outros parentes 46,0 46,8 46,7 44,8 44,9 44,6

Monoparental feminino e outros parentes 43,3 43,7 44,6 41,6 42,9 41,8 Monoparental masculino e outros parentes 46,5 47,4 46,2 46,2 48,4 45,9

Outros 48,8 49,3 48,4 47,6 51,1 52,2

Fonte: CadÚnico (SENARC/MDS).

Percebe-se, na tabela 3, que a menor idade média dos responsáveis familiares ocorre nos arranjos monoparentais femininos. Nestes, a idade média é de 35,1 anos. Aqui, é possível haver mulheres em situação de imensa vulnerabilidade na medida em que não podem contar com outros adultos para a manutenção e o cuidado da família. Ao mesmo tempo, as mulheres mais jovens enfrentam duas distorções do mercado de trabalho: as conhecidas barreiras para a sua entrada colocadas aos jovens em geral e os diferenciais de rendimento frente a um homem com o mesmo nível de instrução. Neste sentido, a oferta de serviços de creche e de políticas de emprego e qualificação para estas mulheres é de especial importância para que possam buscar a promoção da renda familiar.

Constata-se, ainda, que os maiores percentuais de famílias unipessoais12 e casais sem

filhos estão na região Nordeste. A idade média dos responsáveis de famílias unipessoais ou formadas apenas por um casal é mais elevada que a idade média dos responsáveis de famílias com outros arranjos. Enquanto, nas famílias de casais com filhos, o responsável, em média com 36,6 anos, aproxima-se da média geral (37,8 anos), para as famílias unipessoais, a idade média do responsável é de 48,6 anos, e para os casais sem filhos, de 43,2 anos. Este perfil de famílias possui uma necessidade de acesso diferenciado a serviços sociais básicos, sobretudo de saúde e assistência social, do que aquelas compostas por pessoas mais jovens.

11. Para uma análise detalhada dos arranjos familiares ver análise de Bartholo e Araújo (2008), disponível em: <http://www.abep.nepo.unicamp.br/ encontro2008/docsPDF/ABEP2008_1154.pdf>.

12. Embora o termo família unipessoal seja incorreto na designação de arranjos familiares, é aqui utilizado, pois está assim definido na legislação que rege o CadÚnico. Deve ser entendido como sinônimo de domicílio unipessoal.

A análise do perfil dos responsáveis familiares do PBF complementa o perfil das famí- lias, sendo importante para apurar o seu grau de vulnerabilidade, dado seu papel central não apenas na administração dos recursos da família, como também para a potencial superação da condição de pobreza. De saída, constata-se que 93,1% dos responsáveis familiares são do sexo feminino, tal como recomenda a regulamentação do programa.

Quanto ao grau de instrução do responsável familiar, ilustrado na tabela 4, verifica-se que o nível de escolaridade é baixo. Pouco mais da metade (52,1%) declara ter ensino fundamental incompleto e 12,1% declaram-se sem instrução. Sob o ponto de vista regional, tal como ocorre no perfil das pessoas beneficiárias do PBF, destaca-se uma importante diversidade regional nos percentuais de analfabetismo que caracteriza as pessoas sem instrução. O pior indicador é o da região Nordeste, que apresenta 16,0% de responsáveis familiares sem instrução. Isto é cerca de duas vezes o encontrado nas regiões Centro-Oeste (8,6%), Sul (7,1%) e Sudeste (6,9%). A baixa escolaridade afeta fortemente a inserção dos responsáveis familiares no mercado de trabalho, restringindo suas possibilidades de acesso a postos que exigem maior qualificação e oferecem maiores rendimentos.

TABELA 4

Perfil dos responsáveis familiares (faixa etária e grau de instrução), segundo as grandes regiões (março de 2013)

(Em % do total de responsáveis familiares)

Faixa etária Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

De 16 a 17 anos 0,1 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 De 18 a 24 anos 9,1 10,9 9,1 8,4 9,4 8,8 De 25 a 34 anos 34,3 38,2 33,1 34,7 32,7 37,7 De 35 a 44 anos 30,4 28,7 29,4 32,5 31,1 32,4 De 45 a 54 anos 17,7 14,6 19,4 16,5 18,5 13,7 De 55 a 64 anos 7,1 6,2 7,8 6,4 6,9 5,7 65 anos ou mais 1,2 1,3 1,2 1,3 1,2 1,6 Sem informação 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0

Grau de instrução Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Sem instrução 12,1 11,5 16,0 6,9 7,1 8,6

Fundamental incompleto 52,1 50,9 50,8 52,8 60,4 52,0

Fundamental completo 9,5 9,3 8,2 11,3 12,1 10,4

Médio incompleto 7,7 8,4 6,9 8,8 7,5 9,2

Médio completo 12,0 11,9 12,0 13,0 8,0 13,8

Superior incompleto ou mais 0,4 0,4 0,3 0,5 0,5 0,8

Sem informação 6,1 7,6 5,8 6,7 4,5 5,1

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