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5 PERFIL DOS DOMICÍLIOS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMILIA

PERFIL DAS FAMÍLIAS, RESULTADOS E IMPACTOS DO BOLSA FAMÍLIA

5 PERFIL DOS DOMICÍLIOS BENEFICIÁRIOS DO PROGRAMA BOLSA FAMILIA

No período analisado, predomina entre as famílias beneficiárias do PBF o domicílio localizado em área urbana (75,3%), sendo a maior parte das construções do tipo alvenaria com revestimento (62,4%), como pode ser visto na tabela 5.

Verifica-se, no entanto, a ocorrência de importantes diferenças regionais, com maior concentração de domicílios urbanos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste – ambas com 86,6% de domicílios nessa situação – e menor concentração na região Nordeste – no qual este patamar cai para 68,1%. Neste sentido, destaca-se que a participação dos domicílios rurais na região Nordeste (31,9%) é superior ao percentual nacional (24,6%), o que evi- dencia uma especificidade do perfil das famílias em situação de pobreza nesta região.

Outra importante diferença regional é verificada no tipo de construção dos domicílios. Enquanto as regiões Sudeste (76,5%), Nordeste (66,3%) e Centro-Oeste (66,5%) registram uma alta proporção de domicílios construídos em alvenaria com revestimento, a região Norte apresenta apenas 24,9% de domicílios nesta condição. Nesta região, a madeira aparelhada aparece como o primeiro tipo de material mais usado nos domicílios, com 36,6%, refletindo outra especificidade regional.

Na tabela 5, a sequência dos tipos de materiais utilizados na construção de domicílios está organizada segundo seu grau de precariedade, do menor para o maior. Assim, quanto mais abaixo na tabela, maior a precariedade do tipo de material. Em termos regionais, as maiores proporções de moradias construídas com materiais inadequados – somando-se taipa revestida e não revestida, madeira aproveitada, palha e outros materiais – estão nas regiões Norte, com 24,5%, e Nordeste, com 20,1%. Estes valores estão bem acima do percentual nacional para o PBF, que é de 15,4%, indicando que, em tais regiões, a questão das moradias e dos programas habitacionais para famílias do PBF devem merecer atenção ainda mais especial.

TABELA 5

Perfil dos domicílios das famílias beneficiárias (tipo de localidade e construção), segundo as grandes regiões (março de 2013)

(Em % de domicílios)

Tipo de localidade Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Urbanas 75,3 74,0 68,1 86,6 79,6 86,6

Rurais 24,6 26,0 31,9 13,2 20,2 13,4

Sem informação 0,1 0,0 0,0 0,2 0,1 0,0

Tipo de construção dos domicílios Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Alvenaria/tijolo com revestimento 62,4 24,9 66,3 76,5 43,0 66,5

Alvenaria/tijolo sem revestimento 11,5 10,5 10,8 13,3 9,4 15,3

Madeira aparelhada 7,8 36,6 0,4 1,3 35,5 7,5

Taipa revestida 2,6 1,6 4,5 0,4 0,1 0,3

Taipa não revestida 2,8 2,8 4,7 0,1 0,1 0,3

Madeira aproveitada 1,4 5,7 0,3 0,4 5,8 1,5

Tipo de construção dos domicílios Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Palha 0,1 0,5 0,1 0,0 0,0 0,2

Outro material 8,6 13,9 10,5 5,0 2,6 4,2

Sem informação 2,8 3,5 2,4 2,9 3,3 4,1

Fonte: CadÚnico (SENARC/MDS).

O acesso aos serviços de utilidade pública é outro importante indicativo da situação de vulnerabilidade das famílias em situação de pobreza. Embora boa parte das famílias do PBF apresente condições satisfatórias de acesso à água, iluminação ou coleta de lixo, há ainda déficits significativos de acesso, conforme ilustra a tabela 6.

Verifica-se que a maior parte desses domicílios possui água canalizada (72,4%). Do ponto de vista regional, no entanto, as disparidades são evidentes. Enquanto as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste possuem patamares de acesso à água canalizada superiores a 80,0%, as regiões Norte e Nordeste possuem proporções inferiores ao percentual nacional, sendo que a região Norte conta com pouco mais da metade dos domicílios nesta condição (54,0%).

No que diz respeito à forma de abastecimento de água, a maior parte dos domicílios do PBF acessa a rede geral de distribuição (65,6%). A segunda forma mais utilizada de abastecimento de água consiste no poço ou nascente, com percentual nacional de 21,9%. Em situação diferenciada está a região Norte, na qual o uso de poços e nascentes (40,6%) apresenta-se quase tão comum quanto o abastecimento via rede geral de distribuição (45,4%).

O acesso ao escoamento sanitário é o item mais precário no perfil das famílias benefi- ciárias do PBF: apenas 35,7% delas acessam a rede coletora de esgoto ou pluvial e 14,9% o fazem por meio de fossa séptica. Assim, cerca de metade das famílias não possui acesso ao escoamento sanitário adequado. Com exceção do Sudeste, que apresenta melhores condições, nas demais regiões, a maior parte das famílias do PBF não tem acesso ao escoamento via rede coletora ou fossa séptica. Essa proporção é ainda pior na região Norte, onde apenas 28,7% das famílias possuem acesso adequado a este serviço.

O lixo é coletado direta ou indiretamente em 64,9% dos domicílios. As regiões Norte e Nordeste são as que possuem piores indicadores neste aspecto, apresentando pouco mais da metade dos domicílios com algum tipo de coleta de lixo, enquanto, nas demais regiões, o percentual é de cerca de 80,0%.

Ao se comparar com os percentuais nacionais, tomando como referência o Censo de 2010, constata-se que, de uma maneira geral, os domicílios dos beneficiários do PBF estão em piores condições. Isto ocorre em todos os quesitos analisados: no que se refere ao abasteci- mento de água por rede pública (82,8% contra 65,6% do PBF), à rede coletora de esgoto ou fossa séptica (66,8% contra 50,6% do PBF), à coleta de lixo (87,4% contra 64,9% do PBF) e à iluminação elétrica (98,7% contra 89,8% do PBF).

TABELA 6

Perfil dos domicílios das famílias beneficiárias por tipo de utilidade pública, segundo as grandes regiões (março de 2013)

(Em %)

Água canalizada Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Há água canalizada 72,4 54,0 66,4 86,2 87,0 82,6

Não há água canalizada 24,7 42,4 31,2 10,9 9,7 13,3

Sem informação 2,8 3,5 2,4 2,9 3,3 4,1

Forma de abastecimento de água Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Rede geral de distribuição 65,6 45,4 61,5 78,3 75,6 72,9

Poço ou nascente 21,9 40,6 22,1 15,2 19,1 16,7

Cisterna 2,4 0,7 3,7 0,8 0,1 4,4

Outra forma 7,2 9,8 10,2 2,8 1,9 1,8

Sem informação 2,8 3,5 2,4 2,9 3,3 4,1

Forma de escoamento Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Rede coletora de esgoto ou pluvial 35,7 8,9 25,6 69,2 38,9 24,7

Fossa séptica 14,9 19,8 16,8 6,2 20,0 20,5

Fossa rudimentar 30,0 44,7 33,3 13,4 29,9 46,5

Vala a céu aberto 6,2 10,8 7,3 3,9 2,8 1,3

Direto para um rio, lago ou mar 0,6 0,6 0,3 1,5 0,5 0,0

Outra forma 1,2 2,8 1,2 0,7 0,7 0,5

Sem informação 11,3 12,5 15,4 5,0 7,1 6,5

Destino do lixo Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

É coletado diretamente 63,8 52,1 55,5 78,6 77,1 77,5

É coletado indiretamente 3,1 2,5 2,9 3,8 2,7 2,5

É queimado ou enterrado na propriedade 21,6 31,6 27 10,2 14,9 13,1 É jogado em terreno baldio ou logradouro

(rua, avenida etc.) 4,4 2,9 7,3 1,2 0,4 0,6

É jogado em rio ou mar 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0

Tem outro destino 4,3 7,3 4,8 3,2 1,6 2,2

Sem informação 2,8 3,5 2,4 2,9 3,3 4,1

Forma de iluminação Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Elétrica com medidor próprio 76,8 63,1 82,2 72,0 76,1 79,1

Elétrica com medidor comunitário 5,8 3,9 2,0 11,8 10,4 10,2

Elétrica sem medidor 7,2 12,3 5,8 8,8 6,4 1,9

Óleo, querosene ou gás 1,8 5,3 2,0 0,4 0,5 0,6

Vela 1,4 3,4 1,4 0,4 0,9 1,6

Outra forma 4,3 8,4 4,1 3,8 2,4 2,4

Sem informação 2,8 3,5 2,4 2,9 3,3 4,1

O acesso simultâneo aos serviços de coleta de lixo direta ou indireta, escoamento sani- tário via rede pública ou fossa séptica, iluminação elétrica e água por rede pública caracteriza condições ideais de infraestrutura domiciliar, constituindo, portanto indicativo de menor grau de vulnerabilidade.

De fato, esse é um aspecto crítico para as famílias do PBF. Verifica-se, na tabela 7, que apenas 38,1% delas possuem acesso a todos esses serviços e, mesmo na área urbana, onde tais serviços são mais presentes, apenas 48,9% das famílias beneficiárias desfruta do pacote completo de serviços. Novamente, as regiões Norte (14,9%) e Nordeste (29,2%) são as que apresentam as menores proporções de famílias com acesso simultâneo a esses quatro itens.

Em situação mais precária ainda estão as famílias do PBF que residem na área rural, as quais possuem, de antemão, maiores dificuldades de acesso. A baixa densidade demográfica, a princípio, não justifica os investimentos necessários para estender as redes públicas e conces- sões de abastecimento de água, energia elétrica, coleta de lixo e escoamento sanitário. Assim, apenas 5,2% dos domicílios da zona rural possuem acesso simultâneo a esses serviços. Na região Norte, a situação é extremamente grave: somente 1,5% das famílias do PBF residentes na zona rural acessam os quatro serviços simultaneamente.

TABELA 7

Domicílios das famílias beneficiárias do PBF com acesso simultâneo ao abastecimento de água pela rede pública, coleta de lixo, escoamento sanitário adequado e energia elétrica, segundo as grandes regiões (março de 2013)

(Em %)

Serviços básicos simultâneos Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Total 38,1 14,9 29,2 63,5 49,2 37,0

Urbanas 48,9 19,5 40,6 71,7 60,0 42,2

Rurais 5,2 1,5 4,8 10,2 6,9 3,7

Fonte: CadÚnico (SENARC/MDS).

A distribuição espacial desse indicador sintético da oferta simultânea de serviços públicos de infraestrutura domiciliar, ilustrada no mapa 2, acompanha a distribuição da população rural e da renda brasileira. O estado de São Paulo conta com acesso pri- vilegiado, tendo 77,1% dos domicílios do PBF com acesso aos quatro serviços simulta- neamente. Rondônia apresenta o pior nível de acesso simultâneo, ocorrendo em apenas 8,4% dos domicílios.

MAPA 2

Domicílios do PBF com acesso simultâneo ao abastecimento de água pela rede pública, coleta de lixo, escoamento sanitário adequado e energia elétrica, segundo Unidade da Federação (março de 2013)

(Em % de domicílios)

Fonte: CadÚnico (SENARC/MDS).

Obs.: imagem reproduzida em baixa resolução em virtude das condições técnicas dos originais disponibilizados pelos autores para publicação (nota do Editorial).

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