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Problematizando o corpo no contexto da saúde coletiva.

6. CAPITULO IV: O CORPO EM CONFECÇÃO NA ENGREMAGEM ENTRE SAÚDE E MÍDIA.

5.3 Problematizando o corpo no contexto da saúde coletiva.

Os cuidados prestados ao corpo cada vez mais se proliferam em nome da saúde. Seja para justificar a epidemia de obesidade ou os casos fatais de doenças associadas ao excesso de peso, é sempre em nome da saúde que a mudança é encorajada. Compreendemos esses procedimentos no nível da governamentabilidade dos corpos, no controle das doenças e na busca por minimizar os custos com as patologias. Essa visão, com questões muito atuais, não deixa de ser a mesma de outros tempos, mudando a roupagem.

Da Antiguidade greco-romana à contemporaneidade, o desejo de governar o corpo é expresso através de diferentes discursos e interesses e revelam rupturas e continuidades. A busca por uma verdade guiada por uma estética da existência cede espaço para uma postura normativa guiada por modelos determinísticos (MENDES, 2009, p. 132).

Assim, percebemos que o desejo de governar, controlar, cuidar, tratar e produzir verdades sobre o corpo e acerca da busca pela saúde percorre longos tempos e promovem discursos sobre o que é ter um corpo saudável.

A medicina hipocrática vê o corpo de modo integral, correlacionando componentes que o constitui. A medicina antiga já trabalhava com a prevenção, relacionando a ordem do cosmo com o organismo para o equilíbrio. Cabia aos médicos o trabalho de deixar a natureza seguir seu rumo, ajudar a natureza com o regime ou intervir para a recuperação do equilíbrio perdido, reconhecendo o homem como parte integrante da natureza, mas também possuidor de uma natureza individual, com a capacidade de restabelecimento da saúde. Assim, saúde regulada pelo exterior, pelos acontecimentos da vida e referia-se ao ponto de harmonia entre o cosmo e o organismo. Os homens tinham a missão de buscar e manter essa harmonia.

Para os gregos, a medicina não era concebida apenas como técnica de uso de remédios e operações, mas com seus saberes e regras acabava por orientar e definir a maneira de viver, refletindo as relações na polis, com o corpo, com a comida e muitas outras atividades da vida diária. De acordo com Foucault (1984), a proposta da medicina, sob a forma de um regime, dava-se numa estrutura de conduta. Isso significava dizer que não era a figura do médico o mais importante, muito menos o mais desejado. Tratava-se da busca pelo corpus de saberes e regras, numa relação refletida com o corpo. O cuidado de si era o bom regime da vida.

A vida, a existência equilibrada não deve prescindir de “prática de saúde”, a segurança cotidiana. Tudo era objeto de problematização, desde o meio que circunda o corpo, passando pela arquitetura das residências, os momentos do tempo, das estações, das idades. Num dos modelos propostos para enfrentar o inverno,

se vestirá roupas grossas, “respirar-se-á colocando diante da boca uma parte da roupa”. Quanto à alimentação, será escolhida aquela que “pode esquentar as partes do corpo e dissolver os líquidos condensados e espessos pelo frio. As bebidas consistirão em hidromel, em vinho meloso, em vinho branco, velho e aromático, em geral em substâncias capazes de atrair qualquer humidade; (...). Serão escolhidas, em matéria de hortaliças, repolho, aspargo, alho-poró, cebola tenra cozida e rabanete cozido; em matéria de peixes, os de rocha, que se distribuem facilmente no corpo (...). Serão abordados os exercícios suficientemente violentos, a retenção da respiração, as fricções bem vigorosas e sobretudo as que são feitas em si mesmo perto do fogo.” (FOUCAULT, p. 108).

Percebemos aí a detalhada dietética do corpo e dos cuidados com a saúde que prescinde da figura do médico sem abrir mão de um saber sobre a vida. Nos detalhes das atividades diárias, há o ajuste estrito da vida com marcas de atenção a si e ao corpo. Indicando uma relação de autonomia com relação ao personagem do médico, o exercício do corpo é um exercício da saúde, ou pelo menos da busca pela saúde, com possibilidades de elaborar a existência. O cuidado com o corpo para a busca ou manutenção da saúde ressalta o cuidado com as vivências, com os outros e implica em aprender a fazer.

Falar dos corpos e de seu funcionamento hoje em dia implica diretamente recorrer ao vocabulário médico, pois os aspectos que envolvem uma natureza do corpo estão demasiadamente proliferados e ressoam nas designações e localizações das doenças e das condutas para a recuperação da saúde através da terminologia de influência médica, orientando nossas representações e experiências com o corpo.

O fenômeno contemporâneo da tensão pré-menstrual, por exemplo, se edita nas determinações clínicas, nos encaminhamentos a serem dados e nas atitudes pessoais e familiares. As explicações estão no plano hormonal, como já apontamos. Lendo o corpo como organismo, orienta-se que alguns medicamentos possam aliviar os sintomas e por fim, aos que convivem, é boa conduta compreender a paciente e ter uma atitude de acolhimento e ajuste afetivo para que as relações familiares não se tornem depressivas ou estressantes. Consideramos, com Faure (2008), que ao se transformar num guia de interpretação do corpo e da doença a ciência médica se elabora mesmo no seio social, respondendo ao que se lhe impõe como demanda, não num espaço alheio à história e aos contornos desta.

O peso, por exemplo, mais do que nunca, é declarado sinal de saúde já que de acordo com Vigarello (2008), os gordos já eram colocados em posição de desprestígio na medida em que os índices de mortalidade se ligavam numa relação direta e necessária, com os riscos de doenças. Historicamente há uma virada do significante obesidade da margem da patologia para a centralidade da gravidade, da total intolerância.

Varias categorias passam a ser levadas em conta pelas seguradoras de saúde americanas desde o inicio do século XX e esse modelo tem sido o mesmo desde então: o aumento do custo do usuário à medida do distanciamento da norma. Especialmente o corpo feminino começa mais intensamente a ser alvo dos olhares e começa a se converter em imagem. Os defeitos do encorpar-se passam a ser citados e explicitados

pelas imagens, desde as marcas de gordura ao redor dos olhos, o aumento do queixo duplo, os pneuzinhos dos quadris, as pernas roliças, o aumento das nádegas, dentre outros traços explícitos e constatados a olho nu.

As práticas discursivas pertencem a certos regimes de verdade e a constituição dos sujeitos gera circulação de discursos sobre o corpo saudável (DANTAS, 2009). Os sistemas de poder produzem algumas verdades e acabam por garantir sua veiculação no meio social – através da imprensa, por exemplo – e causando um efeito cascata, na medida em que gera efeitos de poder nos espaços de acolhimento.

Luz (2007), no VI Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, refletiu sobre os valores sociais, éticos e as práticas de saúde na sociedade urbana, aprofundou as relações entre saberes, cultura e práticas sociais em saúde. Destacou que os valores relativos ao corpo se aproximam dos temas de estética e saúde. Tais considerações nos são muito caras à medida que corroboram com nossas suposições. Por um lado, a ideia de harmonia e equilíbrio corpo-espírito convive com um conjunto de atividades corporais que visam modelar e aperfeiçoar o corpo. O valor das elaborações da autora está em perceber que mesmo com diversidade de sentidos presentes nas práticas de cuidados com o corpo e com a saúde,

tanto agentes institucionais como grupos sociais tendem a afirmar que o fundamental é adquirir, ter, conservar, promover a “saúde”, ou pelo menos evitar os “riscos” (à saúde). Por sua vez as pessoas, vistas individualmente, ou coletivamente, buscam cada vez mais conservar a sua “saúde” ou “mantê- la em forma. (LUZ, p.90)

Há um forte movimento de caça à saúde, atuando como um mandamento para os cidadãos independente da classe social, da idade, do gênero ou mesmo da ocupação. Assim, a ideia de saúde preconizada pelas práticas, pelas atividades físicas, pela alimentação equilibrada, pela disciplina, podemos pensar, não passa de uma utopia, de um engano. Como professora do curso de medicina, percebemos os alunos nas unidades básicas de saúde trabalhando com sujeitos hipertensos e com problemas associados. Na abordagem médica ainda é prevalente o olhar e a atenção exclusiva aos sinais e sintomas, com as terapêuticas medicamentosas e imposições que se baseiam em redução do sal e da gordura à mesa. O discurso dos sujeitos e seus sofrimentos, suas histórias de vida e seus desejos, isso tudo não está incluído como critério de diagnóstico e muito menos na terapêutica.

Há um amplo espectro de práticas e representações que abarca o modelo de saúde vigente onde todos devem procurar pela saúde, práticas saudáveis, manter a saúde em forma, na linha, de modo responsável. É por todo esse arcabouço que vem se justificando e se intensificando estratégias dominantes – que cremos serem eminentemente médicas ou em nome da ciência médica – de valorização estética que congregam representações e imagens do corpo que indica juventude, vitalidade, beleza, energia e principalmente saúde.

As imagens ideais do corpo, do comer, da comida, da beleza, da saúde hoje cumprem a função de autoridade no espaço urbano. Os cuidados com o corpo se fixam cada vez mais em cuidados estéticos, entre a medicina e a pedagogia. Visto como organismo que precisa de regularidade funcional, é pela via da disciplina e da funcionalidade orgânica que se encerram os cuidados. É pelo corpo que se forma a personalidade.

Vale uma pergunta: quando o corpo passou a ser desejado em sua dimensão mais compacta, mais esguia, mais enxuta, na relação com a saúde? Sabemos bem que no universo simbólico contemporâneo há um grupo de representações que se vinculam aos valores dominantes, aceitos, desejados: o individualismo, a competitividade, o consumismo, mas os cuidados com o corpo também se inserem aí nesse contexto, indicando status, poder, dinheiro, virilidade, vitalidade, beleza, etc.

Passeando pelo período em que se demarca o culto ao corpo feminino tendo como referência a estética da esbelteza, Vigarello (2006) nos permite compreender que um solo fértil foi se formando para a hoje denominada cultura da magreza, busca pelo corpo com baixo índice de gordura e torneado com músculos que ressaltem a definição. Ainda nos anos 1910 e 1920, as formas se alongam e os corpos parecem ganhar mais autonomia, acompanhando as transformações sociais. O mercado de trabalho impõe posições mais ativas e as novas profissões viabilizam cuidados corporais tanto durante quanto antes e após as atividades laborais. As revistas da época já eram importantes veículos de informação e reforçadores de modelos de consumo e de vida.

É sobre uma mudança de silhueta que se inaugura a beleza do século XX, “metamorfose” iniciada doas anos 1910 aos anos 1920: linhas estendidas, gestos aligeirados. As pernas se exibem, os penteados se elevam, a altura se impõe. As imagens de Vogue ou de Femina, em 1920, não tem relação com as de 1900: “todas as mulheres dão a impressão de terem crescido”. Sua aparência desliza da imagem da flor à da haste, da letra “S” à letra “I”. Extensão “desmedida” em relação à aparência, já sensível, do começo do século XX. (VIGARELLO, p. 143).

As linhas femininas, com seus novos e mais finos traçados, não são apenas jogos de imagens da moda ou de palavras dos editoriais e das falas alheias, mas com um forte sentido e apelo especialmente no entre guerras. Os editoriais das revistas de beleza já nos anos 1930 destacam o valor do corpo esbelto, esportivo, com membros alongados e músculos sem gordura. O vigor e a magreza são apontados por Vigarello nas passagens das revistas femininas dos anos 1930. Revistas como Votre Beauté de outubro de 1934, Votre Bonheur, de fevereiro de 1938, destacam o que faz a beleza é um corpo magro e musculoso, que se movimenta com agilidade e leveza.

Leitoras interessadas em consultorias sobre seus corpos e vestimentas apropriadas passam a escrever em busca de ajuda para diminuir as cifras corporais. Há aconselhamentos de todo tipo, inclusive com relação ao peso. Se em janeiro de 1929 se sugeriria que uma mulher de 1,60m pesasse 60 quilos, dez anos depois, para a mesma altura se sugere 51,5 na revista Votre Beauté.

Os concursos de moda, de beleza, que levam em conta as medidas e as curvas do corpo também têm um crescimento importante, especialmente no período das duas guerras mundiais. As modelos ganham importância e passam a ser exibidas, medidas, divulgadas confirmando também uma magreza progressiva. O índice de massa corporal - IMC até já popularizado e propagado para além do saber especializado é tornado parâmetro de medida da relação entre peso e altura reduz-se na referida época. Em 1921, a Miss America tem 21,2 e em 1940 o mesmo titulo é dado para uma jovem com índice 19,5. (Vigarello, 2006).

A vitória do corpo magro sobre o corpo gordo se deu “ao longo do século XX, principalmente a partir dos anos 1920, quando surgem as primeiras dietas como forma de perder peso e de autocontrolar a saúde”. (FIGUEIREDO, 2008, p.175), Essa ascensão vem também respaldada pelo desenvolvimento da indústria de alimentos, disponibilizando produtos cada vez mais específicos, além da moda, dos cosméticos, da publicidade, do cinema, sedimentando a magreza como ideal.

A indústria cosmética, com seus interesses econômicos associados ao saber científico e as construções morais, foram se modificando ao longo do processo histórica sobre a beleza e os cuidados com o corpo. No inicio do século passado pouco se falava em cosméticos para o cuidado com o corpo, especialmente o feminino. Tanto as revistas daquela época como os jornais traziam em suas publicidades o destaque dos remédios

para a beleza, desde rugas, cicatrizes, manchas corporais, um mesmo produto valia e era utilizado por sua eficácia.

O lugar que o médico ocupa, no inicio do século XX, por volta dos anos de 1930, segue no sentido de combater os defeitos de aparência. Pomadas para afinar a cintura, pastas para retirar pelos e escurecer cabelos brancos ainda tinham o apelo medicamentoso. A expressão cosmético era rara e quase nunca usada. Nesse contexto

a falta da beleza, traduzida em termos de doença, merece o exame médico e o tratamento com remédios.(...). Submissos aos conselhos médicos e às proposições farmacêuticas, os produtos e métodos de beleza daqueles tempos não tem a autonomia e a complexidade que atualmente lhe são atribuídas. (SANT’ANNA, 2005, p. 123).

Embelezar-se era uma prática restrita à elite em ascensão nas grandes cidades. Sem enfatizar os prazeres com o uso dos produtos, a sensação de bem estar e de satisfação que o traz, ressaltava-se a eficácia no uso dos produtos para curar os males, como os “azedumes, os gazes fétidos, constipações, os catarros do útero, o peito caído, o estômago sujo”. Os problemas de beleza se submetem aos de saúde e acreditamos que agora essa dobradinha esta cada vez mais forte, com um e outro se retroalimentando, pois ter saúde e apresentar boa aparência revelam-se sinônimos.

Com o domínio da cosmetologia, mais recentemente, a medicina também se articula e produz novos modos de intervenção, novos produtos, serviços e áreas de atuação, gerando uma abrangência social muito mais heterogênea e não apenas restrita a uma pequena elite, como fora nos tempos aos quais autora se refere.

Com a vida moderna, a tradição perde espaço para os novos e plurais sentidos da estética que destaca o valor do uso pela sua função. Com as novas necessidades de vida, um corpo funcional e ágil é solicitado, num movimento onde a ciência renova a estética, trazendo qualitativos para o mundo da saúde. Diante dos nossos questionamentos iniciais, ganha relevo as proposições de que tanto a mídia impressa voltada para a linguagem feminina quanto o saber médico-estético se articulam para dar forma ao corpo veiculado pelas revistas de beleza e cuidados femininos.

Detendo-nos no acento dado às diversas práticas de práticas corporais tais como os exercícios físicos (caminhada, fortalecimento muscular para prevenir osteoporose); alimentação saudável com baixo teor de sódio e gordura, rica em vitaminas e minerais; de cuidados ampliados para melhorar o desempenho e manter as

condições de saúde, também estéticas – por tabela, por ser uma consequência – o modelo preventivo dos cuidados reforça, corrobora, retifica, amparado pela política oficial de promoção da saúde e pela organização mundial de saúde.

Em 2004, a Organização Mundial de Saúde (OMS), lançou a Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, como um instrumento de promoção geral da saúde para as populações e indivíduos e de prevenção do crescimento das doenças crônicas não transmissíveis em todo o mundo. Uma das suas recomendações é que os indivíduos se envolvam em níveis adequados de atividade física e que esse comportamento seja mantido regularmente na maioria dos ciclos de vida. (MORETTI, 2009, p.349).

Ora, mais do que uma política, sabemos bem que se trata de importante e assertiva estratégia de controle das populações. Trata-se de buscar promover qualidade de vida17– certamente que se promove, ainda que com um conceito e uma prática mais generalista que respeitosa das diferenças - e de reduzir as vulnerabilidades e os riscos à saúde, relacionadas aos determinantes e condicionantes. Assim, o sistema ou a rede de cuidados volta-se para as necessidades de uma vida saudável.

Estamos nós aqui mais uma vez com essa expressão que carrega inúmeras questões! Afinal, o que é ser saudável? De modo geral, ser saudável ou ter saúde é criar espaços para um mundo saudável, é fazer com que cada um dos micro-sistemas – casa, escola, instituições, trabalho, comunidade – interagindo com os micropoderes – entendendo aqui que seja a imprensa, o rádio, a televisão – organizem a saúde, a promoção.

atividade física e/ou aquisição de determinantes relacionados à aptidão física, como força e flexibilidade. Deve estar focado no comprometimento de todos os atores envolvidos para a “mobilização dos educandos em direção ao “ser mais”, tentando superar as limitações e opressões da sua vida” (p.353). Levando em conta o papel da mídia na construção do corpo saudável e magro, dentro das políticas de saúde, os conceitos de equilíbrio humano e qualidade de vida, são cotidianamente propagados por num grande jornal paulista, gerando interesses coletivos, construindo mais e mais interesse a partir das matérias publicadas. (ANDRADE, WIIK, VASCONCELOS, 2004). Um dos mais importantes jornais do país na condição de veiculo de informação de massa e de formação de opinião, espelha

17Evitamos, ao longo do trabalho, usar as expressões qualidade de vida ou estilos de vida porque compreendemos que não incluídos num discurso hegemônico, dado e aceito sem muitos questionamentos, ao mesmo tempo em que são discurso que homogeneízam as demandas, apagando o sujeito a quem se endereçam as praticas de saúde.

interesses convertidos em coletivos. Entendendo que os corpos são regulados por critérios de normalidade definidos por regras baseados na medicina, na visão de peritos, na cultura, nos padrões regionais e nos exemplares de consumo, o olhar e o discurso da imprensa voltados para a saúde, geram demandas. O referido suplemento jornalístico possibilitou chegar a duas categorias de análise: corpo e saúde e corpo e cultura.

Na categoria corpo e saúde, os temas são limpeza nas artérias, moléstia nas moléculas, cortar o mal pelo estômago – bem ilustrativa de como o alimento revela a subjetividade e o caráter. As matérias são: boca nos eixos, onde viver depois dos 60, dentre outros. As mensagens referem-se a formas e fórmulas para uma vida melhor, para estar bem e sentir-se bem.

Outrora espaço impuro e de prazeres fugidios e pecaminosos, a luta era, segundo Goldenberg (2007), para “convencer as pessoas de que não tinham um corpo” (p.33). Hoje a insistência é em convencê-las de são a partir de seus corpos. Ora, o jornal, assim como as revistas, usa do discurso especializado para fundamentar e ratificar suas matérias.

Nesse contexto, podemos entender a Folha Equilíbrio como um guia do leitor, um mapa para o autoconhecimento corporal um caminho informativo do nascimento à morte, fornecendo diretrizes de bem viver, de domínio do corpo através da aquisição de estratégias formuladas segundo parâmetros das sociedades complexas e em contextos citadinos. Essas estratégias vão desde recursos a serem buscados na medicina – a tradicional e a moderna – ás orientações alimentares, incluindo as técnicas corporais (como ginástica,

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