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Um especialista para chamar de seu: a voz dos profissionais da boa forma.

8. CAPÍTULO VII: A CONFECÇÃO DO CORPO NAS REVISTAS: TECENDO OS FIOS DESSA COMPLEXA MALHA

8.2. As capas das revistas: Hígia e Afrodite conciliadas em Hebe.

8.2.6 Um especialista para chamar de seu: a voz dos profissionais da boa forma.

Um aspecto recorrente percebido e já apontado antes é a presença do técnico especializado nas mais diversas profissões de saúde21, voltados para o condicionamento físico, remodelagem corporal, cuidados com a pele, a alimentação e a maquiagem. O numero de procedimentos para corroborarem com a beleza e a “saúde” também mereceram nosso olhar e análise.

O interesse na divulgação dos profissionais nas revistas, muitas vezes com os nomes e locais onde prestam atendimento não nos passa despercebido e revela muito claramente a associação entre o discurso competente do especialista e a verdade sobre a saúde e a boa forma, aumentando ainda mais a colagem entre tais significantes, na retroalimentação autenticada entre ser jovem, ser saudável, ser belo e consumir determinados “saberes” disponibilizados por esse seleto grupo de experts. A ideia é mostrar que a melhor coisa a fazer para “chegar a ter o corpo e a beleza das beldades” é recorrer aos especialistas.

A presença do profissional competente nos acena para a crescente proliferação de especialistas da área da saúde voltados à estética da magreza e a imagem da perfeição. Já não é mais possível batalhar pela beleza esguia sem ter consigo a orientação do expert, validando o discurso instituído e outorgando à ciência dos padrões corporais na atualidade e inspirados na magreza e na agilidade a manter-se em voga.

“Está treinando a modalidade personal fight trainer com o professor Francisco Salgado (RJ)” (RCC01);

“Já a pele, clara e com sardas, exige cuidados que vão além de limpar e tonificar. Fernanda usa um hidratante diário com proteção 70, diz Jardiz Volpe, dermatologista da atriz ha três anos”. (RBF06);

Aos que pretendem cuidar da saúde como autodidatas, resta responsabilidade de correr o risco pelos procedimentos sem aval especializado. Assim, todos precisam emagrecer, mas não de qualquer jeito, pois se corre o risco de perder a saúde; todos devem malhar, mas não de qualquer modo, tendo em vista que os professores devem ser contratados para orientar nos movimentos e evitar possíveis lesões. Caso elas apareçam, também há todo arsenal a ser acessado para recuperação de lesões; todos devem cuidar da pele, mas os produtos precisam ser personalizados e para isso, só um médico para chamar de seu, fidelizado e recomendável aos melhores amigos!

“Para essa mudança a atriz contou novamente com a ajuda do cabeleireiro Anderson Couto (RJ)” “Sempre que vem a São Paulo, faz uma visita ao hairstylist Marco Antônio de Biaggi para tratar os fios com moroccanoil.” (RCC01);

“Religiosamente pela manhã e à noite, aplica no rosto e no corpo cremes manipulados por sua dermatologista, Kátia Volpe, ricos em ingredientes que estimulam a produção de colágeno e removem manchas”. (RBF09);

Se outrora os cuidados com o corpo representavam higiene, hoje ligam-se à autoestima, à subjetividade.

“Ela frequenta ha dois meses a clinica da médica ortomolecular Heloisa Rocha (RJ).” (RCC02);

“A atriz já fazia aula de pilates há 6 anos como professor Hélio Gomes e a 11 anos era tendida pela endocrinologista Silvia Bretz.” “O resultado do cabelo ficou a cargo de duas hairstylist cariocas.” (RCC03);

A proliferação de especialistas, sempre referendados, inclui um amplo espectro de profissionais com o título de “personal”, seja de cabelo, pele, – em todas as suas partes - pés, unhas, cílios, dentes, enfim, tudo o que pode e deve ser “melhorado”.

“Para dar conta de tudo isso, passou a fazer sessões semanais de massagem oriental Thao – Terapia holística avançada oriental – com o professor Paschoal Bagno (RJ)” (RCC04);

“Quem a orienta a mais de dez anos é a dermatologista Ligia Kogos, de São Paulo. “Prescrevo sabonete liquido com ativos que ajudam a fechar os poros e controlar a oleosidade e adstringente à base de ácido salicílico e azuleno””. (RBF01);

Interessante perceber que os discursos construídos e valorizados – tomados como valor de verdade, portanto – fazem referência à apropriação sistemática do conhecimento hegemônico localizado no campo da palavra assertiva, que proporciona modos de subjetivação diretamente ligados ao que é apropriado por cada época, de modo a gerar padrões e, portanto, estilos de viver, de conviver. Aqui estamos nos referindo às expressões próprias do campo tecnológico e cientifico: o sabonete não é apenas perfumado, ele contém “ativos” que fecham os “poros”, tem “ácido salicílico” e “azuleno”. Mesmo que o consumidor não saiba do que se trata, o fascínio pela fantasia de onipotência da ciência e tecnologia inserem em um mundo simbólico de acesso ao bem, ao bom, ao caminho para a juventude.

“Acho que tenho as linfas defeituosas mesmo, por isso, com o tempo, consigo conciliar as minhas tarefas com as massagens com a Carla Santana, fisioterapeuta” (RCC05);

As “linfas” são “defeituosas” e é por isso que é preciso lançar mão das massagens. Como comenta Reis (2002) esse universo que ela chama de “novo universo feminino” acaba por privilegiar o antipeso e o antienvelhecimento e essa febre acena para além de exercícios, regimes ou maquiagens que temporariamente disfarçam as imperfeições. Hoje é necessário “remodelar a aparência para desafiar os efeitos do tempo”. (p.81). A autora considera que a mulher, nessas condições acaba sendo um

produto com data de validade. E a idade está em vencimento cada vez mais rápido.

“O ritual se repete a 20 anos com o massoterapeuta Roberto Samico”. (RBF04);

“No dia a dia, a bela também faz uso de ácido manipulado pela dermatologista Carla Assed (RJ)” (RCC05);

“... motivou a mudança radical no jeito de comer, que conseguiu depois de consultar a nutricionista funcional Lêda Teixeira”. (RBF05);

É assim que cada um dos profissionais destacados vai estabelecendo formas de (bem) viver, de (bem) comer e de (bem) se apresentar. O impacto disso na subjetividade implica em novos modos, novas modas!

Lembremos que o discurso também interdita, duplamente, quando seleciona o que pode ser proferido e estabelece o que está fora, ao mesmo tempo em que não diz tudo e nem de qualquer modo. Há, portanto, intencionalidade aí.

Foucault (2005) nos diz que o discurso não é só o que traduz as lutas ou os modos de dominação, mas aquilo de que queremos nos apoderar. Portanto, um fim em

si mesmo. E essa gama de “peritos da aparência” presentes nas revistas produzindo discursos sobre a verdade da forma e da saúde, são pronunciadores de extrema credibilidade no meio, acumuladores de títulos com autoridade para anunciar os bálsamos da juventude, da longevidade.

“Tenta apenas obedecer às recomendações de sua dermatologista, a doutora Claudia Miki, do Rio de Janeiro”. (RBF12);

“Quem acompanhou a perda de peso de Giovanna foi a médica Heloisa Rocha, do Rio de Janeiro, especialista em medicina ortomolecular”. (RBF11);

“Tem feito um tratamento de esfoliação capilar e hidratação de aminoácidos com a cabeleireira Déia Dios (RJ).” (RCC05);

“Duas ou três vezes por ano ela visita o dermatologista Nuno Osório, em São Paulo para clarear manchas ou corrigir imperfeições. Também faz um tratamento preventivo com a nutróloga carioca Maria Amélia Bogéa, especializada em medicina estética”. (RBF03);

“Com a ajuda do Felipe Matarazzo (RJ), meu personal trainer, passei a treinar de duas a três vezes por semana.” “Mas vou ao salão uma vez por mês, que é quando o Neandro Ferreira (Rio) checa o corte e a cor.” (RCC06);

“Adriana também dá bastante atenção à pele: vai com frequência ao consultório da dermatologista Juliana Curato”. (RBF08);

“Há mais de 15 anos é cliente assídua da clinica Gisela Haddad (SP) a loira volta e meia testa um tratamento novo.” (RCC09);

“Para aparecer perfeita no vídeo, ela não abre mão do arsenal de creminhos todos usados conforme a orientação da dermatologista carioca Claudia Miki”. (RBF07);

“O Marcio Lui (seu personal trainer) sabe: nunca fico mais de uma hora na academia.” (RCC08);

“Ela malha sob a supervisão do personal Marco Valentim, que adaptou a aula”. (RBF07);

“Uso protetor solar no rosto que foi manipulado pelo dermatologista” (RCC01);

“Há cinco anos ela confia o planejamento dos treinos à professora Carlla Sucupira”. (RBF05);

Os desdobramentos dessa questão passam certamente por aumentar a popularidade da chamada “saúde”, da busca pelo “bem-estar”, da venda de alimentos

com rótulos de saudável e funcional, além de gerar demandas imensas para nutricionistas, profissionais de educação física, dermatologistas, cirurgiões plásticos, médicos do esporte e muitos outros especialistas em beleza e saúde que, não raro, têm suas agendas e clínicas lotadas, às vezes, por meses ou mesmo, anos.

A proliferação dos modelos de assistência à beleza do corpo, dos cabelos e do rosto gera modos de subjetivação pautados na referência somática como valor a ser buscado e mantido, com foco na tecnologia médico estética. Toda leitora que se preze buscará também seu “aliado competente” na luta pela juventude e beleza.

Percebemos que juntamente com a receita do especialista, seja em educação física, em nutrição ou nos cuidados com a pele e o cabelo, estão as técnicas a serem usadas22. As matérias falam do assunto de modo já muito apropriado, explicando sempre à leitora qual a utilidade do tratamento para elas. Assim, ciência, mídia e tecnologia se unem para produção e disseminação de desejos voltados aos estilos de vida e modelos de existência caudados na era das descobertas para bem estar e saúde.

“A técnica utiliza uma luz modulada emitida por aparelho Multiwaves (Blue Light)”. (RBF08);

“A cada três meses faço lazer de CO2 fracionado, no rosto, para combater a flacidez e os sinais de envelhecimento” (RCC05);

“Para prevenir as manchas, aplica todos os dias o protetor solar em cápsulas Ansolar Daily”. (RBF12);

“Ela começou sessões de estética com Velashape e Accent e prescrevi alguns suplementos.” (RBF11);

“Eu faço drenagem como um presente para o meu corpo. Além de ajudar a desinchar, pois elimina as toxinas do organismo, e auxiliar (e muito) a combater a celulite, esse é meu momento relaxante.” (RCC06);

“No dia a dia lança mão de peelings e máscaras nutritivas para garantir o viço da pele”. (RBF08);

“Ela tem feito algumas sessões de Accent no rosto e no corpo, especialmente nas coxas e no bumbum.” (RCC11);

“Especialista indicou o uso de hormônios bioidênticos para repor os que estão deficientes”. (RBF03);

“A cada 15 dias faz esfoliação e drenagem linfática”. (RBF04);

Em defesa da saúde, os discursos dos profissionais, já disseminados para o público que consome as ofertas disponíveis no concorrente mercado da beleza e do fitness, vêm ocupando as lacunas dos discursos hegemônicos outrora: religiosos, filosóficos e morais do mundo contemporâneo. Assim, como nos adverte Kehl (2004), trata-se de um saber orientador da variadíssima indústria do corpo.

“Experimentou e aprovou o tratamento que combateu um dos males que mais incomoda as mulheres: a celulite. O tratamento consegue eliminar até 70% dos furinhos.” (RCC09);

“Duas vezes por semana alterna massagem modeladora e drenagem linfática para desinchar e relaxar”. (RBF01);

“Faz duas sessões semanais de radiofrequência no abdome e no bumbum para garantir firmeza à pele e também um tratamento facial à base de oxigênio com ácido hialurônico a 20% para combater acne, desestressar, hidratar e estimular o colágeno da pele.” (RCC09);

“Como sofre muito com os inchaços durante a TPM, ela recorre massagem modeladora e drenagem linfática de duas a três vezes por semana.” (RCC01);

“Ela também realiza sessões de sonoforese tripolar ou radiofrequência, técnicas que facilitam a eliminação de gordura e combatem a flacidez.” (RBF01);

“Na área dos olhos e na testa, mais marcadas por rugas de expressão, é empregado Freeze, aparelho de radiofrequência, com ondas que atingem a derme profunda e também algumas fibras musculares”. (RBF09);

Lefevre e Lefevre (2009) consideram que o corpo hoje não é mais um patrimônio, um bem que se vem ao mundo, ou seja, um destino que nos determina. O corpo se presta a toda possibilidade de “melhoramentos”, pois pode ser lapidado, esculpido ininterruptamente, confeccionado a cada nova intervenção tecnológica, a cada novo produto lançado. A ideia é a de que o que já é bom pode ficar ainda melhor, mais bem cuidado. Os autores posicionam os corpos na prateleira extensa dos muitos objetos de troca e reforma, como um carro ou uma casa. Certamente que essa condição objetalizante do corpo não pode apagar sua dimensão de excesso, de precipitado, que é a energia, garantia da movimentação da engrenagem do desejo de sempre poder mais, querer mais, corrigir os detalhes, fazer mais uma aplicação do produto novo, da nova massagem revigorante. Certamente que esse é o grande jogo que mídia e dispositivo médico-estético convidam e dão as cartas: a produção de demandas – vistas como as mais recentes necessidades – a serem imediatamente satisfeitas.

O corpo, ao invés de ser trocado precisa ser aprimorado, melhorado, turbinado, potencializado. As tecnologias médicas – seja o mais moderno creme antirrugas ou a descoberta das propriedade funcionais de um alimento – atuam também a serviço desse fim, de mãos dadas com os treinamentos físicos. Assim, o corpo é a verdadeira vestimenta e, conforme nos esclarece Kehl (2004), é tudo o que sobrou do ser, é a mais originária condição para que se seja feliz.

No conjunto de recursos disponíveis para acessar saúde e boa forma, a tecnologia esquadrinha os corpos a partir de suas marcas. Seja através da prevenção, nos casos de mulheres mais jovens, ou da tecnologia reparatória, para as mulheres consideradas mais velhas, o lema tem sido a juventude a todo custo.

Percebemos que as matérias dão dois tons discursivos quando o tema é a passagem do tempo: um que se volta à ênfase na prevenção de sinais do envelhecimento, quando a capa estampa mulheres entre vinte e trinta anos. O segundo ressalta a corrida tecnológica contra marcas já apontadas e também as futuras, possíveis de retardar. O propósito é evidenciar a corrida contra o tempo, seja pelo que pode ser evitado – sol, alimentos gordurosos, sedentarismo – ou pelo que tem que ser introduzido a partir dos trinta anos de idade – diversos cremes com alta tecnologia, procedimentos e outros serviços à disposição da mulher. Assim, nas mulheres entre os vinte e trinta anos os destaques são predominantes na proteção conta o envelhecimento da pele:

“Se tem um aspecto da beleza que se preocupa, este é o protetor solar”. (RCC07);

“A atriz enumera os produtos que não podem faltar no boxe do banheiro dela e nem na mala de viagem: redermic, o produto age não só combate a rugas e à flacidez da pele como previne o envelhecimento, já que cotem FPS15EPPD1”. (RCC06);

“Dona de uma pele clarinha, preocupa-se em evitar o aparecimento de manchas. Por isso mesmo, a atriz é disciplinada com o uso de protetor solar”. (RBF08);

“Se antes, quando enfiava o pé na jaca, bastava um dia para que o corpo respondesse dizendo que estava em ordem novamente, agora ele precisa de uns três dias.” (RCC08), explica a atriz sobre o funcionamento do corpo aos 30 anos.

“A loira volta e meia testa um tratamento novo. O último que experimentou e aprovou combateu um dos males que mais incomodam as mulheres: a celulite”. (RCC09). Testar novos procedimentos em busca de manter a beleza e correr contra o

tempo é uma constante. Aqui, vemos também a promessa do produto, abolir um “mal” que é a celulite.

“Para cuidar das sardas já existentes, ela faz um tratamento com luz pulsada.” (RBF08);

As famosas com idades que passam dos trinta anos são apresentadas correndo em busca do tempo perdido para recuperar o que se perdeu, com mais disciplina e “responsabilidade” com o corpo, usando a tecnologia para minimizar os possíveis danos. Reconhecem as mudanças que foram sendo produzidas, mas procuram mostra que tem buscado ajuda:

“Antes eu comprava vários cremes e acabava dando tudo para as amigas, pois tinha preguiça de usá-los. Agora, faço questão de passar pelo menos no contorno dos olhos e dos lábios e no dorso das mãos”. (RBF11);

“Nosso objetivo é retardar o envelhecimento o máximo possível”. “Conheça algumas substâncias: zinco, magnésio, cromo, acido alfalipólico, vitamina do grupo B, boro, tribulus, maca, pygeum, piridoxina”. (RBF09).

As substâncias são apresentadas e explicadas por seus efeitos pelo ortopedista- traumatologista da apresentadora e visam minimizar os efeitos do tempo.

“Prefere um produto com ação anti-idade, formulado com antioxidantes poderosos”. (RBF07);

“A pele deixa qualquer mulher de queixo caído. É firme, lisa e sem manchas. Na hora do creme, faz questão de usar produtos de excelente qualidade”. (RBF04).

A referida atriz, com 54 anos de idade, foi claramente modificada por recursos de imagem, mas a matéria focaliza na beleza que ela tem, melhorada com produtos usados. As marcas dos produtos estão em evidência e seus usos vão da “hidratação, proteção, efeito lifting” até o efeito “antirruga”. Transformada em outra imagem, inclusive perceptivelmente alterada por fotoshop, o que vemos é uma “miragem”, posto que a imagem não representa mais a modelo, mas o que se quer ver dessa imagem (DEL PRIORI, 2000).

Percebo que para manter o corpo que tinha aos 20 e poucos anos, preciso suar bem mais. Também tenho que cuidar melhor da pele para garantir o aspecto mais jovem”. (RBF01);

“Eu faria lá pelos meus 55 anos um lifting ou mini-lifting no rosto para dar aquele up e deixar os olhos menos caídos”. (RCC11). Aqui a ex-modelo e

nunca fez nenhuma intervenção cirúrgica. É interessante perceber que ao mesmo tempo em que as mais jovens antecipam os problemas de beleza que terão, se prevenindo, as mais velhas são apresentadas pelo negativo da idade, ou seja, mesmo com o tempo, a beleza está presente. O que conduz os discursos num mesmo horizonte é o avanço tecnológico a favor da forma, da beleza e da “saúde”. A ditadura é permanente. Diríamos que é proibido “deixar a peteca cair”, expressão muito pertinente para entendermos o movimento constante de cuidados com o visual.

“O metabolismo não responde mais como aos 27 anos. Ele ficou mais lento”. (RCC05);

“Aos 36 anos a atriz ganhou disciplina. “Imagine que já cheguei a dormir de cílios postiços e maquiagem! Hoje não faço mais isso”. (RBF11);

“E também está ainda mais cuidadosa com o que põe no prato. “Pretendo retardar o envelhecimento para ter uma vida longa, mas com qualidade””. (RBF09);

“Tomei uma sábia decisão pela saúde e não tomo mais sol”. “A cada três meses faço laser de CO2 para combater a flacidez e os sinais do envelhecimento”. (RCC05);

As significações estabelecidas pelo discurso da saúde – especialmente aqui aos cuidados com a pele não deixam de trazer consigo a incorporação de produtos e serviços a serem consumidos para atingir o ideal “saudável”. Ausência de sol e uso de laser mostram como a colagem entre saúde e consumo de tecnologia estão intimamente associados de modo que ser saudável e jovem está definitivamente naturalizado. É assim que as ciência biomédicas defendendo a (suposta) saúde, preenchem o espaço vazio dos discursos religioso, filosófico e moral (KEHL, 2004).

“Por outro lado, tem coisas que Luciana sabe, não adianta apenas malhar, pois com o tempo a flacidez aparece, não tem escapatória. Por isso ela tem feito sessões de Accent no rosto e no corpo especialmente nas coxas e no bumbum”. (RCC11).

As possibilidades tecnológicas são muitas, os produtos são os mais variados e com inúmeras promessas de solução para os “problemas” advindos pela ação do tempo, do sol, da desidratação. Diríamos aqui, da vida!

Após esse percurso de análise das matérias das capas, passaremos a explorar os textos de cada seção das revistas separadamente. Reiteramos que optamos por essa escolha durante o percurso, guardando possíveis especificidades entre cada uma das revistas, evitando que fossem tomadas como indistintas.

Passaremos agora a analisar as seções das edições da revista Corpo a Corpo. Nomearemos os tópicos com as mesmas expressões que definem cada uma das seções, de modo que teremos então: Corpo em Forma e Magra e saudável.

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