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Procedimentos da Investigação

No documento OUTROS TEMPOS, OUTROS ESPAÇOS (páginas 142-151)

Escrevo esta seção para apresentar ao leitor os percursos percorridos durante a realização o trabalho de investigação para que eu possa mostrar um pouco dos processos que tornaram possíveis construir as análises que apresentarei posteriormente.

O primeiro movimento que realizei foi definir as questões centrais que iriam orientar minha investigação. Segundo o que já venho anunciando, decidi focar meu trabalho nas narrativas sobre a EaD via internet, com o intuito de analisar seu entrelaçamento com os modos de viver e de pensar na Contemporaneidade, enfatizando os significados espaço- temporais, o governamento dos sujeitos e as representações do corpo. Uma vez estabelecido esse foco, necessitei definir onde eu buscaria essas narrativas. Poderia utilizar, entre outras possibilidades, entrevistas com alunos, com professores ou artigos publicados em periódicos. Todas alternativas pareciam interessantes. Optei por analisar artigos publicados em periódicos brasileiros especializados, que poderiam me mostrar o que está sendo produzido nacionalmente e legitimado como verdadeiro nesse campo, uma vez que esses textos expressam a posição de especialistas e pesquisadores. Esses sujeitos ocupam uma posição privilegiada na produção de regimes de verdade, justificada pela superioridade concedida à ciência e aos estudos acadêmicos sobre saberes que seriam ditos populares ou leigos. Ainda que eu mesma reconheça que muitas das narrativas encontradas nos artigos não encontrem correspondência nas práticas de professores e alunos em EaD, o que me importa nesse momento não é saber o que está “mesmo” acontecendo com a EaD, mas como vem sendo pensado que ela deveria ser. Importa para este trabalho analisar o que é possível ser pensado e ser dito dentro da episteme atual, constituindo um regime de verdade sobre a EaD.

Atualmente, existem diversas revistas que se dedicam a essas temáticas, muitas delas surgidas nos últimos anos. Algumas não contam com edições em papel, havendo apenas a versão on-line. Não sendo possível tomar como material de pesquisa a totalidade dessas publicações, selecionei algumas delas que passo a descrever a seguir, justificando minhas escolhas e apresentando resultados de uma triagem preliminar, executada por meio da análise dos sumários das revistas, descrevendo o número de edições, o número total de artigos e o número de artigos selecionados para análise. Os artigos foram selecionados para análise a partir dos seus títulos, sendo eliminados do material aqueles que claramente sinalizavam não estarem tratando da temática da EaD.

Um dos periódicos utilizados foi a revista Tecnologia Educacional, editada pela Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT). Sua importância consiste no fato de ser o periódico mais antigo da área, sendo a primeira edição datada de 1971. O longo período de publicação permite ver o aparecimento dos primeiros artigos sobre o tema, no ano de 1997, e sua proliferação posterior. Além das edições impressas, os artigos publicados nos números a partir de 2002 estão disponíveis, na íntegra, no site da ABT (2005). Desde o ano de 1997, quando foi encontrado o primeiro artigo tratando de educação por meio da internet, foram publicadas 23 edições da revista. Na análise preliminar dos sumários, constatei que, de um total de 253 artigos, os títulos de 83 indicavam a possibilidade de correlações com a pesquisa proposta, sendo selecionados para posterior análise.

A revista Informática na Educação: Teoria e Prática, publicada pelo Curso de Pós- Graduação de Informática na Educação, da UFRGS, também foi tomada como material de pesquisa. Esse periódico foi escolhido por ser bastante conhecido, principalmente aqui no Estado. As instituições que atualmente trabalham com EaD no Rio Grande do Sul são fortemente influenciadas pelas idéias publicadas nessa revista, que é editada desde o ano de 1998. Ela apareceu justamente no período em que na revista Tecnologia Educacional estavam surgindo os primeiros artigos sobre educação com suporte internet. Foi um momento em que o uso da informática na educação consolidou-se pelas múltiplas possibilidades de trocas de informação e de comunicação oferecidas pela internet e por uma popularização no uso do computador. Até hoje, já foram publicados 12 números, totalizando 106 artigos. A análise dos títulos permitiu-me observar que 62 artigos desta revista poderiam trazer contribuições à pesquisa. No site da revista estão os resumos dos artigos publicados a partir do ano de 2002 (PPGIE, 2005).

O material de pesquisa também foi composto pelo periódico on-line Colabor@, publicada pela Rede das Instituições Católicas de Ensino Superior (Ricesu), com artigos

tratando do uso da internet na educação. Até o momento foram publicadas nove edições, contendo 46 artigos. A análise dos títulos indicou que 39 deles poderiam apresentar enunciados relevantes para o trabalho.

Finalmente, tomei também o periódico publicado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), a Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, para compor o corpus da pesquisa. A especificidade da temática desse periódico não permite deixá-lo fora. Sua publicação é exclusivamente on-line (ABED, 2005) e vem sendo realizada desde 2002. Atualmente já foram publicados seis números, totalizando 59 artigos, sendo que a análise dos títulos indica a possibilidade de 55 estarem correlacionados com a investigação proposta.

De acordo com o que foi exposto nos parágrafos anteriores, o material de pesquisa será composto por cerca de 239 artigos publicados nos quatro periódicos escolhidos. O Quadro 8.1 apresenta esses dados de forma resumida.

Periódico Ano Inicial N. de Edições Total de Artigos Artigos a Analisar Tecnologia Educacional 1997* 23 253 83

Informática na Educação: Teoria e Prática 1998 12 106 62

Colabor@ 2001 9 46 39

Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância

2002 5 59 55

Total 239

* A revista Tecnologia Educacional é publicada desde 1976, mas será pesquisada apenas a partir de 1997, ano em que aparecem os primeiros artigos sobre uso da internet.

Quadro 8.1 — Relação dos Periódicos que Comporão o Material de Pesquisa

Embora a pesquisa não tenha caráter quantitativo, entendi ser útil realizar esse levantamento inicial para ter uma idéia do volume de material que deveria ser analisado na composição do corpus da pesquisa.

Após essa triagem inicial, tomei uma amostra de 16 artigos e elaborei uma análise preliminar, apresentada no Projeto de Tese, com o intuito de perceber o modo como poderia construir o trabalho, bem como a viabilidade de sua realização.

No momento em que fui realizar esse exercício preliminar, quando eu já tinha inventado as questões centrais da investigação e definido o material a ser utilizado para

cumprir essa tarefa, deparei-me com uma nova dificuldade. Como deveria trabalhar com o material? Era uma questão aparentemente simples, que parecia implicar apenas num modo de organizar o trabalho. Porém, acabei compreendendo que a definição de como se irá proceder já é uma parte da análise. O modo como se interage com o material já é, em si, uma imposição de significados.

Decidi durante a leitura marcar nos textos tudo que me parecesse relacionado a um dos três eixos de pesquisa, ainda sem saber muito bem como utilizar esses fragmentos. Após ter lido alguns artigos, dei-me conta de que seria bastante difícil lidar com os diversos excertos do modo como eles estavam dispersos entre as publicações. Percebi que seria necessário recortar o que eu havia marcado e reunir esses excertos para que eu pudesse compará-los e produzir sentidos sobre o conjunto. Criei uma planilha eletrônica com as seguintes colunas:

• Excerto — onde eram copiados os fragmentos de texto que eu selecionava por entender que estivessem relacionados com os eixos de pesquisa. Algumas vezes eu fazia anotações em vermelho ao lado do texto, com sinalizações a serem utilizadas na análise;

• Eixo — para indicar a que eixo o excerto estava relacionado;

• Referência — para localizar o artigo e facilitar a posterior referenciação.

Classificar os excertos conforme os eixos de pesquisa nem sempre foi fácil, pois às vezes estavam entrelaçados num mesmo enunciado referências aos significados espaço- temporais e ao governamento, por exemplo. Fui adotando classificações em função do que naquele momento parecia-me mais interessante para o trabalho, ainda que sabendo da provisoriedade e instabilidade desse processo. O uso da planilha eletrônica foi muito importante para eu organizar os excertos selecionados e meu próprio pensamento. Ao copiar cada excerto, pude criar novos sentidos para eles. À medida que eu avançava na seleção e cópia desses fragmentos de textos, parecia-me que eu andava em torno de meu objeto e o observava de diferentes ângulos. Ao término da leitura e seleção de excertos dos 16 artigos utilizados na análise preliminar, passei a tentar compreender as continuidades e descontinuidades que surgiam nessas séries.

Como os excertos já estavam classificados a partir de suas relações com os eixos temáticos, criei filtros que me permitiram visualizar somente aqueles relacionados a um determinado eixo. Ou seja, enquanto eu estivesse querendo dirigir minha atenção ao eixo espaço-tempo, isolava apenas as seleções referentes a esse eixo, ocultando aquelas referentes

aos eixos governamento e representações de corpo. A introdução de mecanismos de filtragem dos dados auxiliou muito no processo de análise.

Conforme fui observando os excertos relativos a um determinado eixo, fui procurando estabelecer conexões entre os mesmos. Li e reli aqueles pequenos textos. Por vezes esses conjuntos pareciam um daqueles jogos de ilusão de ótica, nos quais se pode perceber uma figura somente olhando para o mesmo fixamente durante um certo tempo. Eu começava a desenrolar o emaranhado dos enunciados e perceber relações. Mexendo com essas peças, fui percebendo aproximações. Dentro de cada eixo, vi que poderia agrupar enunciados a partir de entendimentos de correlações que os aglutinavam. Aos poucos, fui formando esses grupos e enunciando significados para essas aglutinações. Decidi chamar esses agrupamentos de categorias de análise, a partir de sugestões de companheiros do grupo de pesquisa76. Tomo as categorias não como uma forma de classificação dos enunciados, mas

como uma maneira de lidar com a topologia dos discursos. São recortes que imponho nas séries de enunciados, em relação a suas aproximações e modulações. As fronteiras entre as categorias não são nítidas. Elas se interpenetram mutuamente, mas são úteis como um modo de organizar o trabalho.

Desse modo, construí para cada eixo diversas categorias de análise. Ou seja, à medida que fui conhecendo o material, fui também construindo o método. Na perspectiva teórica onde me movo, o caminho se faz pelo ato de caminhar. Tanto a idéia de trabalhar com categorias, quanto as temáticas das categorias não estavam previamente definidas, não faziam parte de um método já dado, mas foram sendo criadas a partir das leituras dos artigos e seus excertos. Da análise preliminar resultaram as categorias constantes do Quadro 8.2. A adoção de categorias de análise fez com que eu introduzisse a coluna Categoria na planilha onde estavam dispostos os excertos. Cada excerto foi classificado apenas em uma categoria, ainda que muitas vezes eu tenha percebido a possibilidade de enquadrá-lo em mais do que uma.

76 Refiro-me aqui ao Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículo e Pós-Modernidade, coordenado pelo Prof.

Eixo Categorias Significados do espaço-tempo Mobilidade

Usos do espaço-tempo Pedagogias

Governamento dos Sujeitos Papel do Professor Papel do Aluno Formas de controle Representação do Corpo Ausência do Corpo Físico

Quadro 8.2 — Categorias de análise

A análise preliminar dos artigos mostrou que o material escolhido estava adequado à proposta de trabalho e que a metodologia que eu estava criando seria útil para sua realização.

Após a defesa do Projeto, passei a ler os artigos selecionados restantes, utilizando a mesma planilha para armazenar os excertos. Muitos artigos pré-selecionados a partir de seu título, acabaram por serem descartados nessa fase de leitura, pois, por diversas razões, esses textos não me pareceram articulados com minha pesquisa. Dos 239 artigos pré-selecionados, restaram 86 para análise, dos quais retirei 400 excertos para compor o corpus desta pesquisa.

À medida que a leitura avançava, fui percebendo a possibilidade de criar novas categorias. Nesse sentido, a leitura dos 239 artigos foi muito proveitosa. Em determinados momentos, recebi a sugestão de reduzir o número de artigos, pois parecia que as idéias acabariam por se repetir, tornando inútil parte do trabalho. Mesmo concordando com esse argumento, decidi manter o total. Inicialmente, optei pela leitura da totalidade dos artigos por ter dúvidas sobre quais seriam os mais representativos e, também, por entender que eu poderia encontrar em algum deles um enunciado sem similares, mas com relevância para a investigação proposta, que poderia ficar esquecido caso fosse utilizada apenas uma parte do material.

Efetivamente, algumas noções apareceram freqüentemente em um grande numero de textos. Porém, foi durante a leitura que compreendi a importância de ter lido os 239 artigos: algumas idéias que apareceram repetidamente, só começaram a ter sentido para mim após eu tê-las lido muitas vezes, escritas por diferentes autores. A percepção e a relação entre alguns recortes dos artigos se reconfiguravam com a leitura: muitas vezes voltei em busca de pontos desprezados, pois a recorrência de um determinado tipo de enunciado jogava luz em pontos que até então permaneciam na sombra.

Lia, retirava os excertos, procurava relacioná-los com categorias. Quando não encontrava nexos entre um excerto e as categorias que eu já havia criado, deixava para relacioná-lo depois. De tanto em tanto, percebia outras relações que davam origem a uma nova categoria, que às vezes era desmembrada de outras já existentes, para dar conta de uma ênfase não percebida anteriormente, às vezes era constituída por um novo grupo de enunciados. A criação de novas categorias exigiu algumas vezes que eu voltasse para trás e revisse classificações anteriores ou buscasse nos textos já lidos novos enunciados.

Finalizada a leitura dos artigos, selecionados e classificados os excertos, era hora de partir para a análise. Coloquei um filtro na planilha que possibilitava visualizar os excertos de uma categoria isoladamente, facilitando o conhecimento do material disponível para analisar a categoria em questão. Minha intenção foi relacionar os fragmentos extraídos dos artigos com o quadro teórico estabelecido, mostrando um entrelaçamento da emergência dessas narrativas com os significados, práticas e modos de pensar da sociedade contemporânea. Também procurei fazer relações entre esses recortes e outras fundamentações teóricas que circulam no campo da Educação, com o intuito de mostrar que aquilo que se anuncia como novo muitas vezes já foi pensado, ainda que as condições que sustentam o pensar sejam diferentes. Em muitos casos, percebi que muitas das “inovações” propaladas nos artigos eram antigos conceitos, revisitados, repaginados, para que dessem contas de novas problematizações.

Conforme será possível observar nos capítulos 9, 10 e 11, durante a elaboração das análises, percebi que numa mesma categoria era possível construir diversas relações, fazendo com que fossem criados novos agrupamentos de excertos. Essas relações só foram possíveis de serem compreendidas lendo e relendo os recortes de textos de uma categoria. Era como se essa leitura permitisse enxergar vários ângulos desse conjunto, fazendo surgir proximidades entre os enunciados que não podiam ser visualizadas numa primeira mirada.

Dentro de cada categoria, tomei grupos de enunciados extraídos dos artigos analisados para tramar uma rede de aproximações e descontinuidades que constituem sentidos algumas vezes novos e de estranhamentos para as narrativas sobre EaD. Para analisar os discursos, procuro estabelecer uma compreensão “pela exterioridade dos textos, sem entrar propriamente na lógica interna dos enunciados, mas procurando estabelecer as relações entre esses enunciados e aquilo que eles descrevem” (VEIGA-NETO, 1996, p.185). Ou seja, na perspectiva pós-estruturalista em que tenho trabalhado, a análise dos textos não é realizada na forma de uma hermenêutica, não tem por objetivo extrair do interior dos enunciados os sentidos verdadeiros, mas mudar o modo de olhar, jogar luz naquilo que

estava na sombra. A análise que realizo toma os discursos em sua exterioridade, naquilo que Foucault (2002) chama de uma leitura monumental. O que me importa “é o fato de que alguém disse alguma coisa em um dado momento. Não é o sentido que eu busco evidenciar, mas a função que se pode atribuir uma vez que essa coisa foi dita naquele momento” (FOUCAULT, 2003b, p.255).

Na elaboração da análise, surgiu muitas vezes a necessidade de retomar a leitura de textos que serviram para elaborar o quadro teórico que deu sustentação a essa investigação, bem como a de buscar outras leituras que tornassem possível aprofundar alguns achados nesse processo de garimpar enunciados. Como venho frisando, o tipo de abordagem que adoto não tem uma linearidade, uma seqüência de passos bem definida. O pesquisador encontra-se em permanente instabilidade, ouvidos aguçados, olhos atentos, procurando perceber oscilações mínimas que sinalizem a necessidade de corrigir a rota. Ainda que eu venha desenhando nesse texto algumas etapas de trabalho, elas nunca foram estanques. A qualquer momento podia ser necessário voltar atrás e refazer partes do percurso.

Procedi à escrita dos próximos capítulos entrelaçando blocos de excertos e sua análise. Conforme esses excertos foram sendo incorporados à Tese, marcava suas células na planilha com amarelo, de modo a poder visualizar o que já havia utilizado. Nem todos os fragmentos foram incorporados, na maioria das vezes porque uma mesma idéia era repetida demasiadamente, resultando em vários excertos muito semelhantes. Caso todos fossem introduzidos no texto, sua leitura ficaria demasiadamente enfadonha. Em geral, tomei como limite cinco excertos em cada bloco de análise.

As categorias criadas durante a leitura dos artigos sofreram novas modificações durante a análise. Alguns fragmentos foram reclassificados, algumas categorias foram reunidas numa única, outras não me pareceram ter um material consistente para permitir uma análise e foram abandonadas. Nesse tipo de abordagem, corpus e análise se constituem mutuamente. E é nesse processo de ajustes que tramei minha pesquisa, processo que não tem fim, mas que num determinado momento necessitei impor um corte, pois é preciso colocar marcos que sinalizem as paradas provisórias necessárias para que se faça valer a caminhada. Nos capítulos seguintes apresento o resultado do trabalho que acabo de descrever.

9 SIGNIFICADOS ESPAÇO-TEMPORAIS NAS NARRATIVAS SOBRE EAD Os significados e usos do espaço e do tempo constituem elementos que se atravessam no currículo, promovendo aprendizagens que não estão explicitadas nos planos de ensino, mas que muitas vezes são assimiladas de modo muito mais efetivo que qualquer conteúdo. Os quadros de horários e o ordenamento dos alunos nas escolas disciplinares são mecanismos para a produção de corpos dóceis e úteis. Conforme Rocha (2000), a forma arquitetônica de uma escola e a disposição do mobiliário estão articuladas com a orientação pedagógica que a escola deseja imprimir nos seus processos educacionais.

A concepção moderna de escola só pôde ser pensada a partir das representações modernas de espaço e tempo. As transformações dos significados espaço-temporais que estamos experimentando atualmente estão imbricadas com outros modos de pensar a educação. Neste capítulo, proponho-me a mostrar que esses novos modos de pensar, de utilizar e de organizar o espaço-tempo constituem condições de possibilidade para a emergência dos atuais discursos sobre EaD que aparecem nos periódicos analisados, procurando mostrar as conexões e entrelaçamento entre as noções concernentes a esses pontos encontradas nos artigos e os significados espaço-temporais contemporâneos, conforme discutido no capítulo 3. Também aqui problematizarei alguns pontos que vêm sendo anunciados como o novo em termos didático-pedagógicos, mostrando suas articulações com o que já havia sido pensado antes, mesmo que dentro de um outro contexto. Nesse caso, talvez o que esteja acontecendo seja o resgate de antigas soluções para os novos problemas.

Dentro desse eixo de análise, criei as seguintes categorias: • Mobilidade;

• Apagamento das Fronteiras Presencial/a Distância; • Desterritorialização;

• A Distância Aniquilada; • Educação Sem Limites; • Usos do Espaço e do Tempo; • Formações Não-lineares; • Crise;

• Pedagogias; • Empíreo.

Conforme já havia escrito antes, essas categorias são apenas algumas possibilidades de analisar os significados espaço-temporais que estão expressos nos artigos, um modo de

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