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Risco e consumo de “drogas”: do que se está falando?

No documento Drogas e cultura: novas perspectivas (páginas 148-156)

A noção de risco pode ser considerada uma das matrizes ideológicas do mundo contemporâneo. Do discurso acadêmico às conversas do cotidiano, ela é a todo tempo mobilizada com sentidos os mais diversos. Grandes teóricos contemporâneos apontaram para a importância progressiva que o conceito de risco gozou a partir da modernidade, mostrando como ele esteve diretamente relacionado com o desenvolvimento dos diversos campos científicos e do próprio sistema capitalista.

O termo, de origem latina, foi empregado originalmente como um sinônimo para as viagens marítimas cujo objetivo era atingir locais não cartografados e, portanto, risco designava tanto perigo como oportunidade (Giddens, 2005). É a partir dessa dicotomia entre incertezas e possibilidades que o termo será definitivamente incorporado em um mundo no qual a razão é considerada capaz de tudo explicar. A noção de risco, como bem indica Giddens, pressupõe um desejo, “uma maneira de regular o futuro, de normatizá-lo e de submetê-lo ao nosso domínio” (2005, p. 36). O mesmo autor aponta que tal domínio não pôde nunca se exercer de fato, na medida em a previsão tende a ricochetear e gerar ainda mais incertezas.

Se a análise de Giddens a respeito da noção de risco parece estar excessivamente centrada na intrínseca incerteza que a acompanha,11 há também outras maneiras de se compreender as conseqüências de seu predomínio no mundo contemporâneo. Destaco uma em particular, a antropóloga britânica Douglas (1992), para quem o risco é uma construção política através

da qual se pode imputar sobre qualquer tipo de agentes a aura da ameaça. Desde indivíduos, grupos, nações, religiões e povos até animais, deuses, comportamentos, substâncias etc. A centralidade do conceito de risco nas sociedades contemporâneas tem sempre como pressuposto a delimitação de duas imputações culturalmente construídas: perigo e culpa. Para Douglas, como discutiremos a seguir, o evento a ser medido é eleito como um perigo, sendo as variáveis que os explicam as “culpadas” pela sua ocorrência. Ou seja, na medida em que o risco passa a ser mobilizado por inúmeros campos de saberes contemporâneos, da economia à farmacologia, se torna mais urgente que se analise o que ele põe em jogo e sob que estratégias discursivas. Essa é a tarefa que esse artigo se propõe em seu trecho final: discutir como a utilização do conceito de risco no caso do consumo de “drogas” está necessariamente relacionada a determinações específicas que são, na maior parte das vezes, pouco levadas em conta no debate.

Primeiramente, cabe dizer que a noção de risco, em seu sentido mais geral de aplicação pelos saberes médicos, é, sinteticamente, uma previsão lógica ou estatística de um evento específico. Dado um contexto X, com a interferência de uma ou mais variáveis, qual a possibilidade (ou a probabilidade) de ocorrer um evento Y? Portanto, constatar a existência de um risco é afirmar a possibilidade, ainda que remota, de que um dado evento ocorra; por conseqüência, afirmar que há mais ou menos risco implica em dizer que, devido aos efeitos de uma ou mais variáveis, a probabilidade ou a chance da ocorrência diminui ou aumenta. Esse preâmbulo pode aparentar um certo didatismo óbvio, mas, ao que parece, o risco, tal como tem sido utilizado nos discursos contemporâneos, principalmente naqueles relacionados aos saberes médicos, vem se descolando dessa operação argumentativa. De alguma maneira, o debate público sobre uso de “drogas” incorporou a noção de risco como ameaça e perigo, mesmo quando esse debate seja prioritariamente medicalizado. Ainda que o noção de risco seja empregada nas pesquisas médicas de forma bem mais precisa – uma previsão lógico- dedutiva, ou um cálculo estatístico ou, enfim, uma eleição arbitrária de variáveis estabilizadas que tornam possíveis busca causas, medir efeitos e, de alguma maneira, prever eventos futuros – esse processo é obscurecido, tendo como conseqüências outros efeitos, como tentarei mostrar a seguir.

Não é por acaso que num tema como o do consumo de “drogas” a noção de risco ganhe tanto destaque e possa operar de maneira tão eficiente. Tendo como pressuposto que quando se quer falar do assunto há a necessidade de colocar um sinal de perigo, o risco se torna uma categoria útil. As diversas mídias produzem e veiculam diariamente questões a respeito do consumo de “drogas” que têm como fio condutor o risco: 1. “Qual o risco de se consumir cocaína frequentemente?”; 2. “Pessoas que vivem em bairros pobres correm mais risco de consumir drogas?”; ou, ainda, 3. “Se alguém fuma maconha está mais arriscado a fumar crack?”. Cientistas, médicos, antropólogos, psicólogos e outras agentes “especializados” no

tema – policiais, jornalistas, ex-usuários etc. – se esforçam em apresentar dados e experiências capazes de responder a contento, seja negativa ou positivamente, essas questões. Fazem isso de diversas maneiras, umas puramente “impressionistas”, outras, espetacularmente quantificadas. Na economia de um amplo campo discursivo que se constrói a respeito do tema, os embates seguem traços mais ou menos conhecidos, mas o que interessa aqui é o processo de construção lógica que faz o uso de “drogas” ser tomado prioritariamente como um risco. Dessa forma, não serão analisadas aqui as respostas possíveis a essas perguntas, não porque não sejam importantes, mas porque o intuito é discutir a lógica encadeada pelos termos através dos quais as questões são colocadas.

Retomemos as perguntas citadas há pouco: como/qual o cálculo lógico do risco? Na primeira questão, o evento a ser medido é amplo o suficiente para abarcar qualquer efeito negativo para um indivíduo que possa estar relacionado de alguma maneira ao consumo freqüente de cocaína, que é a variável a ser testada. Na segunda, tanto o evento, consumir alguma “droga” (nesse caso, geralmente há uma nítida vinculação com as substâncias ilícitas), como a variável a ser testada, uma situação de pobreza, seja lá o que isso signifique para o emissor da pergunta, são definidas de maneira bem mais precisa. Por fim, o evento da terceira questão não pode ser muito claramente separado da variável a ser testada, posto que são atos de mesma natureza (consumir alguma “droga”): o agente de determinada ação (fumar maconha), tem mais chance de vir a ter uma outra (fumar crack)?

Primeiro ponto de análise: os termos da equação, fundamentais para que se tente levar a cabo as previsões de risco não são apenas mutáveis, o que não é necessariamente contraditório, mas normalmente estão associados a um conjunto de táticas discursivas e pressupostos argumentativos específicos. No primeiro caso, o consumo freqüente de cocaína é uma variável bem definida – se ignorada a dificuldade de se conceituar “freqüente” – que se busca isolar de outros hábitos individuais. No entanto, o evento é amplo o suficiente para abarcar um leque enorme de conseqüências negativas: problemas neurológicos, cardíacos, hepáticos, mas também desajustes sociais diversos e dependência. No segundo caso, a variável cuja definição imprecisa aponta para um contexto desfavorável – a pobreza – é colocada ao lado de outro evento preciso que se pretende medir e, portanto, evitar: o consumo de “drogas”, não importando qual substância, menos ainda como e com que freqüência ela é consumida. Por fim, a terceira pergunta revela completamente os termos da equação, ambos da mesma natureza. A variável é o consumo de uma “droga” (maconha) e o evento o consumo de outra (crack): se a última é tratada como evento de risco é porque nela se localiza uma ameaça pior do que já seria, a princípio, a primeira. O quadro 1 busca sintetizar a construção dessas “equações” e as implicações lógicas que dela são derivadas:

Quadro 1 – Questões, equações e sentido do risco

Questões exemplares Evento a ser previsto Variável testada Sentido do risco

1ª. “Qual o risco de se consumir cocaína freqüentemente?”

Qualquer resultado negativo, seja ela social ou biológico

Consumo freqüente de cocaína

O ato de consumir cocaína pode trazer conseqüências sociais e biológicas

2ª. “Pessoas que vivem em bairros pobres correm mais risco de

consumir drogas?”

Consumo de alguma “droga”

Morar em bairros pobres

Consumir qualquer “droga”, não importa qual e como, é um perigo a ser evitado

3ª. “Se alguém fuma maconha está arriscado a

fumar crack?”

Fumar crack Fumar maconha

Consumir alguma “droga” pode acarretar o consumo de outra considerada mais perigosa, ainda que se pressuponha que o risco existe de qualquer forma

Fonte: Pesquisa do autor.

Dessa forma, como bem aponta Douglas, o emprego da noção de risco sem uma análise mais clara dos valores que nortearam seu cálculo escamoteia os valores que nortearam a sua determinação. Cada uma das três perguntas citadas como exemplo encadeia um leque de respostas possíveis e, portanto, determinam quais os caminhos em que o debate pode acontecer, condicionando-o. Ao mesmo tempo em que todas engendram uma previsão lógica inerente ao risco, sempre pautada na escolha arbitrária dos termos e na tentativa de “colonização do futuro”, são, entretanto, heterogêneas quanto à valoração moral ou política do fenômeno que buscam explicar. Perguntas do mesmo tipo da primeira (“Qual o risco de se consumir determinada substância com determinada frequência?”) podem, ainda que isso não seja uma regra, estar descoladas de pressupostos negativos que são imputados a priori ao consumo de “drogas”. Isso porque ao mesmo tempo em que se considera o consumo freqüente de cocaína uma variável de risco, ela deixa em aberto o conjunto de perigos que se quer evitar. Como resposta possível, alguns médicos podem apresentar pesquisas que relacionam o consumo freqüente de cocaína a uma maior incidência de problemas neurológicos, outros apontariam para a possibilidade de instalação de um quadro patológico de dependência. Assim, está aberto um campo potencial de debate capaz de suportar tanto falas que desenhem uma espécie de “rankeamento” de riscos entre diversas substâncias (cocaína encadeia mais risco de dependência do que maconha, por exemplo) quanto a contraposição de riscos envolvidos em diferentes comportamentos, como aqueles que foram apontados na passagem cotidiana no início desse artigo: o anti-tabagista mobilizando dados que comprovam as conseqüências negativas do consumo de cigarro, ao que me contraponho apontando os riscos de uma alimentação rica em gordura e açúcares.

As mesmas possibilidades não estão dadas nas demais perguntas (“Qual o risco de alguém vir a consumir alguma substância” e “qual o risco de alguém que consome uma substância vir consumir alguma outra?”). A sua construção determina necessariamente o tipo de resposta possível, modulando o debate de forma que ele mantenha apenas variações sobre o mesmo tom: o perigo do consumo de “drogas”. Afinal, a busca por variáveis “culpadas” – como a pobreza – pelo consumo de “drogas” está ancorada na idéia de que é nesse ato que está localizado o perigo. Dessa maneira, o emprego da noção de risco está diretamente relacionada ao direcionamento possível do debate e tende, nesse caso, a ser muito mais restrito e pouco plural. Esse tem sido um dos pontos de cisão no interior do próprio campo dos saberes médicos (e, mais uma vez, nunca apenas dentro dele), na medida em que especialistas ligados à Redução de Danos, por exemplo, tentam estabelecer o debate sobre o risco a partir dos sentidos de perguntas que tentam identificar e medir os danos possíveis do consumo de “drogas” (como a primeira), enquanto uma abordagem mais tradicional mobiliza a noção de risco em perguntas na qual o perigo é o próprio consumo (como as duas últimas). Evidentemente, tomadas de maneira estanque, todas podem ser vistas como tentativas de previsão e cálculo de eventos futuros que estão baseadas em critérios previamente determinados, pois esse é o procedimento que qualquer análise de risco exige. No entanto, espero ter conseguido mostrar que as diferenças sutis entre as formas de se falar sobre o risco têm efeitos diversos porque implicam necessariamente numa valoração política do fenômeno do consumo de “droga”.

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Aos dois temas levantados aqui para se discutir a abordagem do consumo de “drogas” pelos saberes médicos – prazer e risco – poderiam se somar outros de mesma importância, como as formas de classificação de consumos normais e patológicos e as possíveis determinações genéticas da dependência. Na verdade, essas discussões se sobrepõe, pois fala-se em risco genético e prazer patológico com bastante freqüência. Bem menos ambicioso, esse artigo teve por objetivo apontar, através de conceitos controversos, para alguns dos fatores que fazem do consumo de “drogas” um fenômeno complexo que exige múltiplos olhares, necessariamente plurais. Importa menos o campo de conhecimento de onde provêm os discursos – medicina, psicologia, ciências sociais ou consumidores leigos numa fila de supermercado – do que os pressupostos que os orientam, condicionando o debate. O campo de confrontos discursivos ou, para usar um termo mais preciso, o debate público que se estabelece quando se problematiza o consumo de “drogas” na sociedade contemporânea tem sido ocupado por uma série de conceitos, noções e categorias – risco, prazer, perigo etc. – que transitam velozmente por falas e textos, incitando, interditando, escondendo. No entanto, o questionamento insistente do emprego desses termos e dos seus

efeitos na conformação do debate público sobre uso de “drogas” é primordial para que se possa, para além de uma estéril confrontação dicotômica, na qual a opção é jogar por um lado, a favor do uso de “drogas”, ou por outro, contra o uso de “drogas”, discernir o que realmente se coloca em jogo.

Notas

1 A citação de trechos da obra de Foucault seria bastante imprecisa. Para uma discussão sobre saber e poder, ver, por exemplo, Foucault (1972, 2004).

2 O termo será usado entre aspas porque está relacionado ao sentido socialmente difundido e não aquele conceitualmente farmacológico que considera droga qualquer substância capaz de alterar as funções naturais de um corpo vivo (Fiore, 2007). 3 Redução de Danos é um termo controverso que está no centro dos atuais embates sobre a questão do uso de “drogas”. De maneira resumida, seria uma abordagem dos comportamentos humanos que engendram algum perigos, principalmente o consumo de “drogas”, que busca, ao invés de sua eliminação, a minimalização dos riscos que eles acarretam. No entanto, há uma grande controvérsia em torno dos seus significados (Fiore, 2007).

4 Há uma ampla bibliografia a respeito da instituição do uso de drogas enquanto problema social. Ver, entre outros, Escohotado (1998), Rodrigues (2004) e Fiore (2007).

5 Evidentemente, a percepção positiva dos efeitos de uma substância só pode ser auferida daqueles indivíduos que o fizeram alguma vez e relataram esse prazer. Há diversos relatos de experiências negativas de consumo de alguma “droga”, mas, nesse caso, interessa apenas os indivíduos que são consumidores, assíduos ou não, dessas substâncias e que, portanto, perceberam, em algum momento, um efeito prazeroso.

6 A idéia de prazer ou reforço negativo pode ser encontrada em concepções médicas e filosóficas bastante distintas, como, por exemplo, Olivenstein (1985), Sissa (1999) e Tiba (1994).

7 Fica colocada, de início, uma questão: se o prazer é um efeito bioquimicamente explicado, como analisar o “desprazer” que algumas pessoas sentem quando consomem algumas substâncias específicas?

8 Trecho extraído de uma entrevista realizada em 2002 com um dos psiquiatras especialistas em consumo de “drogas” mais conhecidos do país, cujo nome, por questões éticas, não será revelado. Para detalhes metodológicos, ver Fiore, 2007. 9 Num trabalho anterior (2007), expus as diferentes concepções médicas sobre uso de “drogas” de maneira mais detalhada e cuidadosa. A citação deve ser vista apenas como uma forma mais bem explicitada do argumento que estou analisando e não como uma espécie de comprovação da existência de discursos médicos que compartilham esse tipo de elaboração. 10 Entrevista concedida pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira (UNIFESP/UNIAD), psiquiatra especialista no tema, ao médico Dráuzio Verella na TV UNIP, 2001. Mais uma vez, o intuito da citação é apenas uma melhor formalização do argumento. 11 Beck (2003), também discute as contradições que se estabelecem entre o aumento das incertezas numa sociedade que se baseia na constante medição de riscos. Para ele, a nova etapa da modernidade é aquela em que o próprio desenvolvimento encadeia riscos, impossibilitando a execução de seu próprio projeto.

Referências

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