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81 2.3.3 As sexualidades e seus reflexos corporais nas várias fases da vida humana: algumas

2.3 O SEXO PERANTE O DIREITO

2.3.1 O sexo biológico dos seres humanos

A atualidade dos estudos a respeito das sexualidades ainda divide a humanidade em dois

específico sistema normativo-constitucional, ao passo que ‗direitos do homem‘ ou ‗direitos humanos‘ são terminologias recorrentemente empregadas nos tratados e convenções internacionais.‖

105 Ana Canguçu-Campinho, Ana Bastos e Isabel Lima (2009, p. 1.152), no artigo O discurso biomédico e o da construção social na pesquisa sobre intersexualidade, assim definem: ―A palavra ‗hermafrodita‘, segundo Fausto- Sterling (2000), surgiu na Grécia, relacionada a um mito que descreve a vida de hermaphroditos. Hermes (o filho de Zeus) e Afrodite (deusa da beleza e do amor sexual) tiveram um filho muito belo e uma ninfa apaixonou-se por ele, mas não sendo correspondida pediu aos deuses para que eles se tornassem um só, e assim foi feito, tornaram-se um só corpo.‖ Geóvana Novaes (1999, p. 126), no livro Glossário de termos biológicos, define: ―Indivíduo animal ou vegetal, que contém em si órgãos reprodutores dos dois sexos. Certos animais que possuem gônadas, tanto de tecido ovariano quanto de tecido testicular.‖

sexos, quais sejam, a fêmea106 – na espécie humana chamada de mulher - e o macho - na espécie humana chamado de homem - , tendo, em estudos mais contemporâneos, havido a inclusão da pessoa intersexual como um terceiro sexo, em alguns países da Terra. O macho teria características físicas diferentes da fêmea, tendo o intersexual107 características físicas de ambos os ditos sexos – havendo dúvidas de qual sexo pertence a pessoa. Dessa forma, estes seriam, no entorno do sexo biológico, as subcategorias a serem trabalhadas na presente seção – homens, mulheres e intersexuais.

O conceito de sexo biológico é impresso em uma camada corporal patente. Dessa forma, o chamado sexo dos seres humanos - restrito à Biologia - , diferentemente das complexidades inerentes ao conceito de gênero - a ser discutido futuramente - , juridicamente, circunscreve-se à corporeidade humana. No entanto, não se tem uma norma exata indicativa de qual aspecto corporal – especificamente - é fundamental na taxionomia da escolha dos sexos. Por isso, conforme se verá em tempo propício, já se admite a impregnação da cultura na definição de sexo biológico.108

Desde eras imemoriais, pequenas diferenças corporais formaram os fundamentos de grandes cismas entre as pessoas. A cor da pele – que na atualidade já se sabe ser uma questão de quantidade de pigmentos – foi – e ainda é – motivo para a criação de normas jurídicas segregadoras dos seres humanos. Textura dos cabelos, cor dos cabelos, largura dos narizes, formação dos pavilhões auriculares também foram utilizados como fatores de isolamento de grupos.

Nos tempos primevos, as diferenças entre homens e mulheres eram calcadas, somente, no corpo físico exterior – e na funcionalidade do corpo em relação aos aspectos sociais. Dessa forma, claramente, quem possuía pênis era homem e quem tinha vagina era mulher. Quem tinha barba era homem e quem menstruava era mulher. Quem fecundava era homem. Quem paria era mulher. O chamado intersexual tinha de se adaptar a um dos modelos pois se dizia que um dos moldes predominaria.

No entanto, ao longo do tempo histórico da humanidade, a intensa presença de pessoas intersexuadas trouxe luz dubidativa às propostas físicas já aduzidas ensejando mudanças nevrálgicas nas concepções existentes. Houve, assim, tentativas de adaptar o discurso fundado na

106 A partir dessa parte da tese se assumirá a nomenclatura homem como sinônimo de macho – biologicamente fincados

– e mulher como palavra equivalente à fêmea.

107 O intersexual também pode ser entendido como a pessoa humana cujo sexo é indefinido pelas instâncias de controle

– sistema jurídico-médico. Por essa conceituação, o modelo de origem está calcado nos dois sexos possíveis - homem e mulher - e o intersexual sobra na definição por razão da impossibilidade de ajuste entre os sexos ditos naturais. Assim, ao se encontrar uma pessoa não classificável, ao revés de mudar a classificação, impõe-se, forçosamente, o pertencimento a um dos lados taxinômicos gerando uma situação de extrema vulnerabilidade social por ausência de documentos, normas e instrumentos de defesa da própria situação física do indivíduo.

108 Edgar Morin (2011, p. 40), na obra A cabeça bem feita, concorda com o quanto afirmado da seguinte maneira: ―O

que há de mais biológico – o sexo, o nascimento, a morte – é, também, o que há de mais impregnado de cultura.‖ (Grifos nossos)

imposição do modelo binário, sem levar em consideração as realidades contraditórias dos seres humanos. Dessa forma, a exterioridade corporal não correspondia à taxionomia antiga melifluamente e, portanto, novas maneiras de classificar foram desenvolvidas.

Isto porque, importante frisar, esperava-se que o corpo físico correspondesse ao gênero – também chamado sexo social, ou seja, ao ajuste do ambiente do que se convencionou como masculino ou feminino e identidade individual diante das normatizações sociais - , o que não acontecia com regularidade causando dúvida atroz no acerto de ter dito, em tempos passados, através de o poder religioso ou médico, que determinada pessoa era um homem ou uma mulher, quando bebê, e deveria ter se ajustado aos modelos propostos/impostos pela sociedade.

Em priscas eras, a indicação do sexo tinha uma importância destinal, fixa, imaculada, dogmática, canônica. No entanto, na contemporaneidade da sociedade ocidental, os seres humanos podem escolher, em tom melífluo, as próprias relações com as sexualidades – apesar das dificuldades plantadas em todas as partes. Portanto, importante decantar quais são os sensos da palavra sexo encontrado na sistemática jurídica e como os sentidos podem se relacionar com as perspectivas jurígenas proposta na presente tese.

Dessa forma, até o início do século XX, uma pessoa, nascida sob os auspícios do sexo tido como homem/masculino, quedava-se inerte diante da opção do destino biológico - a transgressão ao sexo nascido era tida como pecado, inversão, disforia, patologia, doença - , período do pecado seguido da fase de patologização das diferenças no concernente à sexualidade, conforme se notará em seção posterior da presente tese.

Dessa maneira, houve uma cisão importante entre os conceitos de sexo – aqui definido como correspondente ao aspecto biológico – e o gênero – sexo social, cultural, psicológico - , conforme se verá em tempo propício. Para o Direito, apesar da aceitação no presente trabalho da teoria queer e dos escritos construtivistas das sexualidades, importante considerar a possibilidade da existência das nomenclaturas utilizadas a respeito do sexo correspondente ao corpo no afã de proteger aos vulnerados.

Assim, no desejo de um continuum protetivo da sistemática jurídica, não se prega o fim – jurídico – das nomenclaturas a respeito do sexo biológico enquanto a sociedade mundial não fizer fenecer diferenças de trato entre as pessoas. Portanto, havendo existência-no-mundo de intersexuais e mulheres oprimidas, por exemplo, o Direito deve diferençá-las dos opressores com medidas efetivas de proteção. Quando a vulneração for originária, justamente, da diferença sexual.

Mesmo porque, até o século XVIII, o modelo dominante109 a respeito do assunto era o sexo

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Segundo Paulo Ceccarelli (2013, p. 57), no opúsculo Transexualidades, versando a respeito do dismorfismo sexual dos seres humanos: ―Do ponto de vista da anatomia, as coisas não são menos complicadas. Até o século XVIII, o que

único o que causava injustiças e perda social para quem não fosse tido como homem, por razão do patriarcalismo reinante. Assim, o único sexo biológico existente era o homem. A mulher era um homem imperfeito, gerado por Deus com a costela torta de Adão. Jorge Leite Júnior (2014, p. 41), versando a respeito do médico da Antiguidade Galeno, no texto A interiorização do “verdadeiro” sexo e a busca pelo “verdadeiro” gênero, assim afirma: ―Para este médico, o desenvolvimento perfeito dentro do útero levava à formação de alguém do sexo masculino, sendo a mulher apenas um homem organicamente imaturo. (LAQUEUR, 2001).‖

Apesar da pseudo clareza das proposições, fincadas historicamente, algumas perguntas precisam ser refeitas no ensejo de discutir novas perspectivas de respostas, com a lente dos estudos queer. Dessa forma, pode-se dividir a tentativa de definição do sexo biológico dos seres humanos em determinações da própria externalidade do corpo físico e internas à corporeidade.

2.3.1.1 O sexo biológico morfológico dos seres humanos

Segundo o Novo dicionário da língua portuguesa, de Aurélio Ferreira (1996, p. 1.160) morfologia significa: ―Tratado das formas que a matéria pode tomar.‖ Assim, a morfologia está calcada na parte externa do corpo. Os seres humanos, na ânsia de dividir os grupos, alçaram características externas corporais como fundamentais e dividiram as pessoas humanas em homens e mulheres, sendo as intersexuais caracterizadas como equívocas, das quais havia necessidade de inclusão em uma das vertentes.

A presença de seios volumosos110 e vagina e a ausência de seios entumecidos e presença de pênis sempre foram historicamente os desenhos corporais fundamentais na classificação de qual ser humano é homem e de qual pessoa é mulher, realizadas pela família ou alguma autoridade local - religiosa ou médica. Esclareça-se que, quando ainda em tenra idade, apenas as presenças do pênis e da vagina já determinavam, cabalmente, a qual lado o ser humano pertencia.

Assim, antigamente, os cabelos longos e uso de unhas longas, em muitos países, seriam uma característica da mulher. No entanto, na atualidade, os homens também usam cabelos longos e

inclui a Renascença, o modelo-dominante era o do sexo único.‖ (Grifos nossos) Gabrielle Houbre (2003, p. 104), no texto O corpo e a sexualidade das mulheres, informa que o século XIX não aceita mais a definição da identidade feminina como um homem mal acabado. Assim, o modelo do sexo único foi substituído pelo dismorfismo sexual: ―Eles rejeitam o modelo até então dominante, do sexo único que considerava o corpo feminino como uma variante minimizada do corpo masculino, para privilegiar, doravante, a diferenciação sexual, não apenas a partir do exame dos sistemas genitais, como era costume da Antiguidade ao século XVII, mas a partir de uma comparação minuciosa de cada elemento corporal.‖ Joan Scott (1989, p. 18), no artigo Gênero: uma categoria útil para análise histórica, já asseverava a necessidade de quebrar a fixidez da oposição do binarismo sexual: ―Precisamos rejeitar o caráter fixo e permanente da oposição binária, precisamos de uma historicização e de uma desconstrução autêntica dos termos da diferença sexual.‖

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Seios volumosos na chamada mulher adulta porque, quando criança, até a puberdade, antes dos hormônios sexuais estarem amadurecidos, não há a característica citada.

unhas longas, se quiserem. Dessa forma, há possibilidade de haver – por que toda classificação sexual biológica dos seres humanos finda por ser arbitrária – um homem envaginado e com seios volumosos e uma mulher com falo, barba e bigode, sem nenhuma celeuma maior que o espanto das pessoas perante a quebra e violação das heranças e tradições postas a respeito das sexualidades.

Ou seja, tenta-se definir se uma pessoa é homem ou mulher com base em características físicas externas – morfologia - ou internas ao corpo. No entanto, percebe-se que as chamadas características são arbitrariamente estipuladas pois caracteres físicos podem, na atualidade, ser manipulados, modificados e transformados com maestria. A hodiernidade não acata, com paciência, formações corporais por um período longo da vida das pessoas. Há ampla possibilidade, através da medicina e ciências correlatas, de modificar a morfologia corporal ao talante dos quereres mais diversos.

Isto porque, o século XX, conforme Tiago Duque, (2011, p. 34), na obra Montagens e desmontagens, após a sua segunda metade, sepultou a sexualidade como um fenômeno somente biológico, natural e de única vertente. Na atualidade, percepciona-se haver inúmeras maneiras de contextualizar a palavra sexo perante os seres humanos – múltiplas sexualidades. No entanto, a mais simples e direta é entender o sexo como o definidor padrão das pessoas em dois grupos distintos – criando-se o binarismo sexual. Assim, quando um ser humano nasce há uma classificação imediata de um porvir. O sexo, chamado de biológico,111 é definido e classificado – surgindo, quando o responsável vai ao cartório com a documentação cabível o chamado sexo registral, sexo jurídico ou status sexual - , do qual o sistema jurídico tem a manipulação.

O corpo das pessoas humanas, até por ser a parte material e tangível, é usado, pela sistemática jurídica, como um sinal inequívoco de uma realidade patente. No entanto, é de se notar que o corpo112 modifica-se ao longo da existência humana. Em cada fase da vida - e do viver - os

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O chamado sexo biológico pode ser explicado da seguinte forma, segundo Isabel Lima, Maria Toralles e Roberta Fraser (2010, p. 212), no texto Intersexo e direito da criança à informação na família: ―O sexo biológico envolve o sexo genético, o sexo endócrino e o sexo morfológico.‖ Para o Direito, conforme demonstram as visualizações empíricas, o sexo morfológico é nevrálgico na escolha do ser humano como homem ou mulher. Não se leva em consideração, ad exemplum, casos de indefinição genital, quando há uma intervenção médica para que não haja maior sofrimento familiar. Por conta disso, esclarecendo a temática, Isabel Lima, Maria Toralles e Roberta Fraser (2010, p. 214), no texto Intersexo e direito da criança à informação na família falam: ―Alguns médicos, tendo em vista a morosidade da justiça, uma vez constatada a ambiguidade genital, recomendam que a família não registre seu filho até que se tenha definido o sexo que, às vezes, pode demorar alguns anos (DAMIANI, 2004).‖ Gabrielle Houbre (2009, p 29), no texto Um sexo impensável: A identificação dos hermafroditas na França do século XIX, falando da Paris do século XIX, assim afirma: ―Os médicos são, aliás, conscientes da dificuldade que podem ter, na ocasião, em determinar se o sexo de um recém-nascido é masculino ou feminino e, diante da probabilidade de reencontrar as conformações genitais incertas, alguns julgam preferível declarar o estado civil da criança como ‗sexo neutro‘ ou como ‗sexo duvidoso‘.‖

112 Versando a respeito das possibilidades de entendimento do conceito de corpo, especificamente da dualidade entre os

entendimentos do corpo como natureza ou cultura, materialidade ou essência e físico ou psicológico, Michele Petry (2013, p. 49), no livro O corpo nas expressões gráficas de humor, assim assevera: ―Transitando entre esses pares, o corpo se configura como cultural, organismo biológico e ao mesmo tempo plenamente simbólico, o que implica uma

seres humanos são instados, também através do Direito, ao comportamento compatível com o corpo que possuem. Dessa forma, o corpo é levado a responsável por uma modificação do status jurídico das pessoas a medida de suas modificações ao longo do tempo e o que se chama de sexo biológico participa, ativamente, das classificações corporais.

O Direito, em uma tentativa regulatória, indica qual é o status sexual das pessoas humanas logo ao nascimento,113 na primeira visualização, levando em consideração, tão só, a parte externa do corpo – morfologia - presença de pênis ou vagina. A determinação sexual efetuada pelo Direito serve, em muito, às regulamentações diversas - como a antiga normativa de possibilidade de casamento, por exemplo – e também como uma forma de assegurar ao Estado – e suas instâncias de controle – a possibilidade de encontrar114 a pessoa, caso seja necessário, através das características físicas, sendo os documentos e registros pessoais das instâncias de controle social formal exemplos patentes.

No entanto, a presente tese indica, como o objetivo primordial da manutenção do dismorfismo sexual jurídico, a possibilidade de proteção aos vulnerados da sociedade por razão de aspectos circunstanciais das sexualidades. Assim sendo, a indicação de uma pessoa como mulher deve sobressaltar as instâncias formais de controle no estímulo à proteção daquele ser humano nascido. Por outro lado, o Direito deve propor uma formação normativa abrangedora da pessoa tida como intersexual para protegê-la de intervenções cirúrgicas das quais não poderá retornar à situação física anterior com tranquilidade.

Por outro lado, as caracterizações internas estão elencadas nos chamados sexos endócrino e genético dos indivíduos. Porém, essas ditas características não podem ser acessadas, a não ser por exames minuciosos, por isso, quando o ser humano nasce - ou mesmo antes desse momento - busca-se saber a respeito do pênis e da vagina como símbolos da nomeação, sem imaginar o porvir daquele ser em relação à própria vida identitária diante das sexualidades.

No entanto, pode acontecer da morfologia dos genitais externos da pessoa, ao nascer, não ser idêntica às características esperadas pelas instâncias de controle. Ao revés de percepcionar tal acontecimento como uma demostração da possibilidade de existir um chamado terceiro sexo – a intersexualidade – que não seria nem homem nem tampouco mulher – o controle social insiste em

identidade construída culturalmente.‖

113 O chamado sexo do bebê é sabido antes do nascimento, na atualidade do avanço da ciência médica. Não carece sair

da barriga da mãe para que a família teça os preparativos sociais nas boas vindas do ser humano nascente. O quarto da criança, as roupinhas e brinquedos são escolhidos - pelos pais e família, principalmente - por conta de um suposto sexo demostrado pelo sistema biológico do nascituro.

114 Para tanto, efetua documentos e registros vários, tais como certidões de nascimento, casamento e morte, a Carteira de

Identidade (CI), passaporte, Carteira Nacional de Habilitação (CNH), para dirigir veículos automotores, Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), carteira de trabalho, carteira da previdência social e assim por diante. Cada país elege a documentação cabível no desejo controlador e regulamentador da sociedade.

ajustar o ser humano intersexual em umas das matrizes já existentes causando angústia, dor, sofrimento e vulnerabilidade.

2.3.1.2 O sexo biológico endócrino dos seres humanos

Diante de uma dúvida visual a respeito do qual sexo a pessoa deveria se ajustar, as instâncias de controle buscaram outras características corporais – agora internas – capazes de efetuar com maestria a diferençação entre homens e mulheres. Isto porque as formações corporais externas geravam dúvidas inexoráveis. Portanto, buscaram-se formações do corpo internas – órgãos, glândulas, substâncias - nas quais se pudesse, peremptoriamente, caracterizar pessoas como partícipes de um dos lados do binarismo existente nos estudos científicos do ocidente.

Dessa forma, a endocrinologia, foi utilizada para diferenciar homens e mulheres. Segundo Leandro Arthur Diehl (p. 01), no texto O que é a Endocrinologia?, a ciência citada pode ser definida da seguinte maneira: ―O nome (Endocrinologia) é derivado do grego, endo = interno, e krino = separar, secretar, ou seja, ‗secreção interna‘, referindo-se aos hormônios. A Endocrinologia é o ramo da Medicina que cuida dos transtornos das glândulas endócrinas.‖

Assim, determinados órgãos seriam próprios das mulheres e outros dos homens, algumas glândulas115 seriam caraterísticas das mulheres ou dos homens e hormônios teriam, em si mesmos, sexualidade – pertenceriam a homens ou mulheres. Dessa forma, o útero seria próprio das mulheres e os testículos dos homens. A progesterona seria um hormônio feminino e a testosterona116 um hormônio masculino.

Ocorre, no entanto, há todo momento, a complexidade de vivência de seres humanos

115

Não é intento de a presente tese tecer considerações pormenorizadas a respeito da nomenclatura médica. No entanto, somente em desejo explicativo tem-se como necessário ventilar alguns conceitos. Neste pormenor, Leandro Arthur Diehl (p. 01), no texto O que é a Endocrinologia?, assim define: ―Glândulas são órgãos que produzem substâncias as mais diversas, que vão auxiliar em várias funções do organismo. O organismo possui dois tipos de glândulas, as endócrinas (que secretam substâncias no sangue, substâncias essas conhecidas como hormônios) e as exócrinas (que secretam substâncias em cavidades internas ou no exterior do corpo). Hormônios são as substâncias que, secretadas no sangue, regulam o funcionamento de um ou mais órgãos do corpo, geralmente à distância da glândula que os produziu. Os hormônios controlam a reprodução, o metabolismo (‗queima‘ dos alimentos e eliminação de resíduos), o crescimento e o desenvolvimento. Os hormônios também controlam a maneira pela qual você responde ao meio ambiente, e ajudam a regular a quantidade exata de energia e nutrientes que o seu corpo precisa para funcionar.‖ Geóvana Novaes (1999, p. 132), no livro Glossário de termos biológicos, assim define o conceito de hormônio: ―Substância química formada em uma glândula endócrina ou por um tecido e transportada pelo sangue para outro órgão ou outra parte. Exerce ação fisiológica específica, modificando, às vezes, a estrutura de apenas um órgão ou diversos deles.‖

116 Fátima Lima (2014, p. 112), no texto O dispositivo “testo”, explicita: ―As descobertas da presença de estrogênio nas

glândulas sexuais masculinas e de hormônios masculinos (testosterona) nas glândulas femininas foi um elemento importante nas explicações mais plausíveis para compreensão da intersexualidade e da transexualidade.‖ Seguindo Geóvana Novaes (1999, p. 253), no opúsculo Glossário de termos biológicos, a palavra tem o seguinte significado: ―O principal hormônio masculino. Mantém o crescimento e o desenvolvimento dos órgãos reprodutores, sendo

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