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81 2.3.3 As sexualidades e seus reflexos corporais nas várias fases da vida humana: algumas

2.1 O CONCEITO DE SEXUALIDADES HUMANAS E SUA RELAÇÃO COM A SISTEMÁTICA JURÍDICA

2.2.2 A sexualidade na Antiguidade

A chamada Antiguidade ocidental, segundo conhecimento notório, foi de domínio grego e romano. No entanto, inúmeros povos, como os chineses, egípcios e indianos, tiveram vida pulsante com riquezas culturais, até os dias atuais, pouco referenciadas na literatura científica do ocidente.40

As elucubrações filosóficas e o poderio militar dominaram os outros povos e exerceram influência poderosa no modo de agir de inúmeras civilizações ao redor do planeta. Muitas idéias utilizadas ao longo do tempo histórico com intencionalidades variegadas tiveram origem na chamada Antiguidade ocidental - Grécia e Roma. Neste sentido, Paulo Ceccarelli (2000, p. 04), no artigo Sexualidade e preconceito, assim assevera:

Pitágoras recomendava que as relações sexuais ocorressem de preferência no inverno, embora o fazer sexo fosse prejudicial em todas as estações do ano. Hipócrates considerava que reter o sêmen proporcionava ao corpo a máxima energia; a sua perda, a morte. Segundo Sarano de Éfaso, médico pessoal do Imperador Adriano, o ato sexual só se justificava para a procriação.

As idéias acima esposadas - na atualidade científica, plenamente injustificadas - tiveram coro durante milhares de anos - quiçá, algumas delas, ainda são vigentes na Pós-modernidade da sexualidade. O fundamento filosófico para a crença dos gregos na utilização do sexo - e da

(in)eficácia do estado na implementação das medidas protetivas previstas na lei maria da penha, enquanto políticas públicas de efetivação dos direitos de cidadania,versa da seguinte maneira: ―Ao visualizarmos o casamento como um contrato temos que homens e mulheres tem direitos e deveres um para com o outro, e nessa seara quando se fala em violência praticada por um dos cônjuges contra o outro resta evidente que tal contrato fora desrespeitado gravemente.‖

39 Neste sentido, R. Navarro (2006, p. 02), no texto A Evolução dos Materiais, versando a respeito da temática, afirma:

―Tornaram-se, então, cada vez menos nômades e assumiram uma postura sedentária, para os padrões de então, ao desenvolverem a agricultura e a criação de animais. Essa nova postura não só criou a necessidade de desenvolvimento de um outro tipo de ferramentas como também o estabelecimento de outro tipo de moradia: os hominídeos

abandonaram as cavernas e passaram a construir suas primeiras habitações.‖

40 Segundo William Naphy (2006, p. 15), na obra Born to be gay: ―[…] os historiadores ocidentais (amadores e

profissionais) acham perfeitamente natural ignorar quase por completo a história das sociedades e culturas não ocidentais.‖

sexualidade humana - somente com finalidade procriativa é o chamado estoicismo.41

O estoicismo42 é aporte filosófico no qual se busca a retidão de tudo o que se faz. Segundo Ana Isabel Martins (2010, p. 01), no texto A “Adaptação” nas intermitências da imitação e da inovação, o conceito de estoicismo é o seguinte: ―Conceptualmente, o estoicismo é mais do que uma doutrina filosófica, assume-se como um código oportuno de conduta e converte-se num padrão virtuoso de vida.‖

Dessa forma, acreditava-se que os homens, naturalmente, por serem mais fortes que as mulheres deviam comandar as relações familiares. A Roma dos pater familias43 que satelitizavam todos os circundantes e tinham poderes de vida e morte para todos os membros da família é o mote dos vínculos relacionais, tendo exceções quando os homens iam às guerras e eram as mulheres que tinham de fazer as decisões a respeito da lida diária do convívio social. No entanto, quando os homens voltavam das guerras tomavam as rédeas do comando.

Os povos neste longo período faziam suas casas com materiais encontrados na natureza, como pedras e madeiras. Mas, também, efetuavam obras com materiais diversos, como o adobe - argila e palha seca. As chamadas famílias já se reúnem em um mesmo local para viver uma vida em comum e, neste momento, já há uma diferençação entre o Estado - representado por um mandante - e o corpo familiar.

O período é marcado pela característica do Estado e da Religião exercendo mesmos papéis de controle social através da força e coerção. O controle da sexualidade é utilizado, tanto pelo Estado quanto pela Religião, para que as famílias não se dispersem e haja proteção, arquitetonicamente referenciadas através de muralhas e grandes prédios. Há, dessa maneira, uma identificação topológica com as pessoas vizinhas, unindo-as em identidades comuns.

41 Neste sentido, Ana Isabel Martins (2010, p. 02), no texto A “Adaptação” nas intermitências da imitação e da inovação, elucida o conceito da doutrina filosófica da seguinte maneira: ―O Estoicismo é passível de ser dividido em três períodos e classificado da seguinte forma: o antigo – principia nos finais do século IV ao III a.C- onde foram acolhidas várias preocupações lógicas - a partir da escola helénica de filosofia cínica - promovendo e

incentivando o desapego dos bens materiais; o médio – que vigorou do século II ao I a.C – caracterizado pela abertura a outras escolas, vincado pelo universalismo de interesses culturais, empenhado na reflexão dos problemas humanos, fundamentalmente no domínio da ética; o novo ou imperial – vigente desde o século I ao século II d.C –com incidência para uma índole moral, que conquistou o mundo político-intelectual romano e afirmou-se como norma de acção.‖

42 Marilena Chauí (2000, p. 284), na obra Convite à filosofia, assim afirma a respeito do conceito de estoicismo: ―Os

estóicos afirmavam a existência de uma Razão Universal ou Inteligência Universal, que produz e governa toda a realidade, de acordo com um plano racional necessário, a que davam o nome de Providência. O homem, embora impulsionado por instintos como os animais, participa da Razão Universal porque possui razão e vontade.‖

43 Keith Silva e Fernando Miranda (2011, p. 03), no texto Núcleo familiar assim expressam a respeito do homem na

sociedade romana: ―O homem era considerado em Roma o chefe político, religioso e juiz; era o ‗pater famílias‘ que exercia o chamado ‗ius vitae ac necis‘, direito de vida e morte sobre todos os membros de seu grupo, impondo penalidades e tratando-os como coisas pertencentes ao seu patrimônio. (MARKY, 2008, p. 155).‖ Renato Silveira (2008, p. 77), no livro Crimes sexuais, assim ensina a respeito da possibilidade do homem romano praticar atos homossexuais: ―Ao paterfamilias, senhor absoluto, com poderes ilimitados sobre tudo e todos que lhe pertencessem, era, pois, permitido tal grau de relação.‖

Apesar de já existirem casas nas quais as pessoas se escondiam, ainda não existe a noção de mundo privado da atualidade, desvinculado do poder político da Igreja e dos Reis. A sexualidade e as atividades sexuais são veículos de controle dos quais os corpos eclesiásticos nascentes e os poderosos não permitiam quaisquer doses de relativização. Além do legado genético refletido na exterioridade corporal, pois as características fenotípicas diferiam as pessoas com bastante nitidez – cabelos pretos ou amarelos, pele branca ou mais escura - , o contato com as doenças44 foram preocupantes para fundamentar a necessidade do controle sexual-social pelos mandantes.

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