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Anexo IV – Paradigmas de comportamento vocal – Valores totais de intensidade relativa dos parciais

Em 4.2, estes processos serão objecto de uma análise mais aprofundada, quando nos detivermos nos aspectos químicos da transmissão de informações através do sistema nervoso.

5. Expressões somáticas da emoção – Introdução

5.1. Sinais faciais

Uma emoção é o resultado de um processo biológico complexo, involuntário e individual, experimentado apenas pelo sujeito. Neste processo, há alguns aspectos transmitidos para o exterior, como as alterações faciais e vocais. Por motivos sociais, culturais e de personalidade de quem experimenta a emoção, essas alterações podem ser mais ou menos controladas, e assumir formas específicas, mas há sinais que são considerados universais por um vasto conjunto de investigadores. Estes sinais podem ser simulados, mas a imitação da aparência exterior de uma situação emocional é, geralmente, detectada como falsa. É impossível reproduzir rigorosamente a expressão facial de determinadas emoções, porque estas são determinadas por impulsos provenientes de zonas distintas do cérebro. Por exemplo, a tentativa de imitar um sorriso resulta numa expressão forçada, inteiramente distinta da resultante de um sorriso involuntário, e facilmente detectável como circunstancial. Isto resulta do facto de que, no processo de imitação, ao tentarmos movimentar voluntariamente os músculos que são accionados durante o sorriso, utilizamos o córtex motor e o seu feixe piramidal, ou seja, o conjunto de axónios que tem origem no córtex motor primário, a área 4 de Brodmann, e transporta os impulsos nervosos aos núcleos do tronco cerebral e da espinal medula que controlam o movimento voluntário através dos nervos periféricos. A expressão genuína da emoção é activada através do cíngulo anterior. (Damásio, 1994). Uma das razões para que seja praticamente impossível simular a expressão facial de uma emoção real, ou, pelo contrário, apagar por completo os seus sinais, quando ocorre, tem a ver com a conectividade da amígdala com os núcleos do tronco cerebral que controlam a musculatura facial (LEDOUX, 1994).

Darwin já tinha colocado esta questão, em The Expression of the Emotions in Man and

Animals (DARWIN, 1872), onde refere que o sorriso verdadeiro implica a contracção involuntária e

conjugada de dois músculos, o grande zigomático e o orbicularis oculi, tendo demonstrado que este só podia ser activado de modo involuntário, sendo impossível reproduzir a expressão resultante da sua contracção de modo propositado. A nível neurológico, o que se passa é que o controlo motor de uma sequência de movimentos devidos a uma experiência emocional é desencadeado numa zona do cérebro distinta da devida ao de um acto voluntário, embora compartilhem a zona onde ocorrem, a face e os seus músculos. Este facto pode ser verificado através das limitações da expressão facial em casos de doentes neurológicos. No caso de uma paralisia facial direita devida a um acidente vascular cerebral que destruiu o córtex motor no hemisfério esquerdo do cérebro, os músculos não funcionam e a boca tende a ser puxada para o lado que se move. Se o doente abrir a boca e mostrar os dentes voluntariamente, isso apenas aumentará a assimetria. No entanto, quando o doente ri espontaneamente, ambos os lados do rosto se movem correctamente e a expressão é natural, como

um sorriso normal numa pessoa sem afecção neurológica. No caso da afecção se situar no hemisfério esquerdo, ao nível do cíngulo anterior, sucede o contrário. O rosto apresenta uma assimetria em repouso ou quando exprime emoção, devido a menor mobilidade do lado direito da face do que do lado esquerdo. Se for pedido ao doente para contrair intencionalmente os músculos faciais, os movimentos são normais e a face retoma a simetria. Isto sucede porque os movimentos faciais relacionados com a emoção são controlados a partir da região do cíngulo anterior, de outros córtices límbicos e dos gânglios basais (DAMÁSIO, 1994).

Vários estudos com crianças dos 4 aos 12 meses demonstraram que se verifica um aumento da especificidade da expressão facial em resposta a alguns estímulos. No caso das expressões de alegria, como o sorriso, a criança vai gradualmente passando de um sorriso indiscriminado a qualquer estímulo agradável a uma maior selectividade às solicitações exteriores. Outros estímulos, como os que provocam uma resposta de aversão, como a exposição a um sabor amargo, por exemplo, vão aumentando com a idade, o que demonstra que a aprendizagem tem um papel importante na sua aquisição. O mesmo sucede com as expressões de ira, isolada ou em combinação, no caso, a resposta a uma restrição do uso dos braços, que é muito maior no caso de crianças com 12 meses do que com 5. O contrário se passa com as expressões de surpresa e suas combinações, particularmente com as manifestações de interesse (BENNETT, BENDERSKY, & LEWIS, 2005). A capacidade para isolar componentes de expressões faciais vai aumentando, passando de pouco frequente a comum durante o segundo ano de vida, o que parece indicar o desenvolvimento de uma resposta emocional mais controlada do que a expressão total da face (IZARD & ABE, 2004).

A expressão facial dos estados emocionais vai-se desenvolvendo por várias fases. Alguns investigadores defendem a existência de dois estados básicos à nascença, um estado positivo e um negativo, que seriam o ponto de partida para o desenvolvimento de outros estados emocionais diferenciados (CAMRAS, 1992; MATIAS & COHN, 1993; OSTER, HEGLEY, & NAGEL, 1992; apud BENNETT, BENDERSKY, & LEWIS, 2005). Segundo este modelo, um espectro vasto de estímulos provocará inicialmente comportamentos semelhantes, que, com o tempo, se vão tornando mais específicos, devido ao amadurecimento dos sistemas neurológicos inibitórios, desenvolvimento cognitivo e socialização.

Embora a expressão de repulsa esteja presente desde o nascimento (IZARD & MALATESTA, 1987), a maior parte das expressões faciais surge a partir dos 4 meses de idade. Isto sucede com a alegria, interesse, ira e tristeza, que parecem ser as primeiras a definir os seus traços distintivos (IZARD, HEMBREE, & HUEBNER, 1987; IZARD & MALATESTA, 1987; LANGSDORF, IZARD, RAYIAS, & HEMBREE, 1983; LEWIS, ALESSANDRI, & SULLIVAN, 1990; apud BENNETT, BENDERSKY, & LEWIS, 2005). A expressão de surpresa desenvolve-se um pouco mais tarde, aos 6 meses de idade

(LEWIS, SULLIVAN, & MICHALSON, 1984; REISSLAND, SHEPHERD, & COWIE, 2002; apud BENNETT, BENDERSKY, & LEWIS, 2005), tal como a do medo (ACKERMAN, ABE, & IZARD, 1998; SROUFE, 1996; apud BENNETT, BENDERSKY, & LEWIS, 2005), embora tenham sido observadas expressões desse tipo mais cedo (SULLIVAN & LEWIS, 1989; apud BENNETT, BENDERSKY, & LEWIS, 2005).

O processamento emocional envolve preferencialmente o hemisfério direito, como têm vindo a sustentar estudos experimentais e clínicos (BLONDER, BOWERS & HEILMAN, 1991; BOROD

ET AL., 1992; BOWERS ET AL., 1991; ROSS, 1985; SILBERMANN & WEINGARTNER, 1986; VAN

STRIEN & MORPURGO, 1992; apud ADOLPHS ET AL., 1993). Na sequência de lesões nos córtices parietal e temporal direitos foi observada diminuição de várias capacidades, como as relacionadas com a experiência emocional, capacidade de criação e processamento de imagens relevantes para o processo emotivo (BLONDERS, BOWERS & HEILMAN, 1991; BOWERS ET AL., 1991; apud ADOLPHS ET AL., 1993). Mais evidência de estudos clínicos mostrou que, na sequência de lesões na zona temporal parietal direita, pode ocorrer incapacidade de reconhecimento de expressões faciais, sem que a capacidade de identificação seja afectada (BOWERS ET AL., 1985; apud ADOLPHS ET AL., 1993). Foi referenciada anomia específica para as expressões faciais emocionais na sequência de lesões no gyrus temporal mediano (RAPCSAK, KASZNIAC, & RUBENS, 1989; apud ADOLPHS ET AL., 1993). Exames através de PET (tomografia por emissão de positrões) permitiram recolher dados que corroboram o envolvimento do córtex temporal parietal no processamento das expressões faciais emocionais (GUR, SKOLNICK, & GUR, 1994; OJEMANN, OJEMANN, & LETTICH, 1992; apud ADOLPHS ET AL., 1993).

A face apresenta três tipos de sinais portadores de informação, segundo Ekman. Em primeiro lugar, os sinais estáticos, resultantes dos aspectos mais ou menos permanentes, como a forma genérica da face, a estrutura óssea, quantidade e localização de depósitos de gordura, tamanho, forma e localização das feições do rosto, como os olhos, as sobrancelhas, o nariz, a boca, ou aspectos como a pigmentação. Estes sinais não são directamente dependentes de qualquer acção do sujeito, o que se pode dizer, pelo menos em parte, dos sinais lentos, que incluem alterações na aparência que se vão desenvolvendo com o tempo. Este tipo de sinais já não depende apenas da predisposição genética, mas inclui aspectos que podem ser moldados por situações que dependem do sujeito e da sua relação com o meio, como hábitos alimentares, comportamentos sociais, ou variáveis de natureza psicossomática. Os sinais que mais facilmente exprimem reacções emocionais a um determinado estímulo são os rápidos, que ocorrem durante pequenos períodos de tempo, desde fracções de segundo a poucos segundos. Estes sinais são produzidos pelos movimentos dos músculos da face, e resultam em alterações temporárias da aparência facial, mudanças de posição ou forma das feições, ou rugas temporárias (EKMAN, 2003).

Este sistema de sinais de vários tipos, estáticos, lentos e rápidos, permite o envio de mensagens da mesma natureza temporal. Informação sobre a idade, a raça ou o sexo, por exemplo, podem ser lidas apenas na face. O mesmo acontece com outras questões relevantes para a relação com os outros, como o carácter, o temperamento, ou a inteligência, ou a estados mais ou menos passageiros, como atracção, estados de espírito ou reacções emocionais. No entanto, são apenas os sinais rápidos que veiculam a informação emocional, embora os lentos e estáticos possam afectar ou influenciar o modo como estes são compreendidos. Os sinais faciais rápidos também enviam mensagens de significado muito específico, equivalentes não verbais de uma palavra ou de uma frase, que Ekman classifica como emblemáticas. Estes sinais têm sempre um sentido fácil de distinguir, com um significado compreensível por todos numa cultura ou subcultura.

Os sinais emocionais transmitidos pela expressão facial estão relacionados com uma das seis emoções consideradas básicas por Ekman: felicidade, tristeza, surpresa, medo, ira e aversão, ou repulsa. Estas podem aparecer combinadas entre si, dando lugar a emoções mais complexas. Uma questão que se coloca logo de início é a de saber se a leitura dessa informação é consistente com a sua expressão pelo sujeito. Para isso é necessário que ambos compartilhem o mesmo código, o que coloca a questão de saber se as expressões faciais são o resultado directo de uma experiência emocional, ou se estamos apenas em presença de estereótipos comportamentais. Já Darwin defendeu a universalidade das expressões faciais da emoção, por serem biologicamente determinadas e resultantes da adaptação evolucionária. Em vários estudos independentes entre si, levados a cabo por Ekman e Friesen, Izard e outros, com recurso a estudantes de diversas origens e com características sociais e culturais muito diferenciadas, que incluíam norte-americanos, sul-americanos (do Chile, Argentina e Brasil) e japoneses, chegou-se à mesma conclusão. Estudos realizados entre povos sem qualquer acesso a meios de comunicação ocidentais, cinema ou televisão vieram comprovar a universalidade das expressões faciais da emoção (EIBERFELDT, 1970; HEIDER, 1970, 1991). No entanto, a demonstração pública dessas manifestações e o seu modo de expressão depende de aspectos culturais e sociais, pois há culturas em que qualquer expressão social de emotividade é reprimida, e mesmo dentro de uma determinada cultura há diferenças entre grupos, mas esta questão tem a ver com aspectos antropológicos e não com a expressão emocional em si.

Partindo dos estudos científicos anteriores, com especial destaque para as contribuições de Darwin e do anatomista Duchenne, que Darwin cita profusamente, Ekman propôs-se definir um Atlas da expressão facial. Cruzando as suas conclusões com as de outros investigadores, como Tomkins (TOMKINS, 1962, 1963), Huber (HUBER, 1931), ou Plutchik (PLUTCHIK, 1962), verificou a consistência dos seus dados com os do investigador sueco Hjortsjö (HJORTSJÖ, 1970).

A face apresenta sinais distintivos em três zonas, a superior (a testa e as sobrancelhas), a média (olhos, pálpebras, zigomas e base do nariz) e a inferior (boca, lábios e queixo). A expressão de algumas emoções apresenta um envolvimento mais acentuado de uma ou duas dessas regiões.

A surpresa é a emoção de génese e duração mais breve. A sua aparência é definida pela elevação da curvatura das sobrancelhas, com a consequente exposição de maior superfície da pele situada abaixo. Algumas pessoas podem apresentar rugas horizontais ao longo da testa. Os olhos abrem-se, havendo elevação das pálpebras superiores e relaxamento das inferiores. Este movimento provoca uma das características distintivas da surpresa, uma maior visibilidade da esclerótica, a parte branca do olho, acima da íris. Caso haja também abaixamento do queixo, a parte da esclerótica abaixo da íris pode também tornar-se mais visível. Neste caso, os lábios e os dentes afastam-se, mas a abertura da boca durante a surpresa deve-se a relaxamento dos músculos que a mantém fechada, não havendo sinais de tensão. Este movimento é devido ao abandono momentâneo do controlo postural da mandíbula, controlada pelo sistema nervoso central através dos neurónios motores do trigémeo. Podemos ver esta expressão característica na figura 1.

Figura 5 – expressão de surpresa

A aparência distintiva dos olhos durante a surpresa é geralmente acompanhada do movimento das sobrancelhas ou da boca, ou de ambos, mas pode ocorrer sem qualquer deles. Os vários graus de surpresa reflectem-se na face, mas a medida de intensidade tem o seu indicador mais seguro na parte inferior. Uma pequena surpresa pode ser acompanhada de uma ligeira queda do queixo, que é substancialmente maior no caso de uma surpresa moderada. Este grau de abertura da boca através da descida da mandíbula pode chegar até à surpresa extrema, que pode ser acompanhada de uma exclamação característica.

O medo, que pode variar em grau, desde um pequeno receio até ao terror, é uma emoção particularmente intensa, pois está relacionada com a sobrevivência individual. Embora em certas civilizações a sua expressão se confunda com a da surpresa, como ficou demonstrado pelos estudos realizados em tribos isoladas da Papua, a sua causa pode ser um perigo real ou imaginário, e pode coincidir no tempo com experiências de dor. Há, no entanto, três grandes diferenças entre a surpresa e o medo. A surpresa pode ser agradável ou desagradável, o que não sucede com o medo. Este, quando de intensidade elevada, ou terror, é uma experiência terrível e traumática, sendo

provavelmente a mais tóxica de todas as emoções, e é acompanhado, mesmo nas formas menos intensas, de grandes alterações corporais, a nível de cor da pele, sudação, tremor, aumento do ritmo respiratório e cardíaco, entre outras. Pode ter-se medo de algo que nos é familiar, e que já sabemos que irá acontecer. A surpresa é de duração breve, o medo não (EKMAN, 2003). O medo provoca uma configuração distintiva: as sobrancelhas levantam-se e aproximam-se, os olhos estão abertos; os lábios estão puxados para trás, e o lábio inferior está tenso (figura 2).

Figura 6 – expressão de medo

A ira é considerada por Ekman como a mais perigosa das emoções, pois abre o caminho para um dano potencial provocado voluntariamente, devido a várias causas possíveis, todas relacionadas com a frustração de um objectivo essencial para o sujeito. Esta provocação pode constituir num dano físico, psicológico, de natureza comportamental, ou uma violação grave de princípios éticos ou morais. Numa ordem talvez menos intensa, pode resultar de uma incapacidade de alguém estar à altura de uma expectativa. A intensidade da ira pode variar de uma pequena irritação até à raiva ou fúria. Verifica-se um aumento substancial da pressão do sangue, que aflui à face, tornando-a vermelha. As veias da testa e do pescoço ficam mais visíveis. A respiração altera-se, o corpo fica mais erecto, com os músculos tensos. As alterações ao nível da face são bastante distintas do medo, e, compreensivelmente, enviam sinais opostos: as sobrancelhas são puxadas para baixo e aproximam-se, não havendo formação de rugas na testa – se existirem, são as rugas permanentes da face. As pálpebras estão contraídas e os olhos parecem dirigir-se para fora. A pálpebra inferior está tensa e pode estar mais ou menos subida, consoante a intensidade e o tipo de ira. Em todos os casos, a pálpebra superior desce. Ao nível da boca, Ekman considera dois tipos de boca de ira: a boca fechada, com os lábios exercendo pressão entre si, ou a boca aberta, tomando uma forma rectangular. Esta diferença é devida à situação específica, se há verbalização ou não, entre outros factores de comportamento. O grau de intensidade da ira corresponde ao grau de contracção dos músculos faciais envolvidos na sua expressão – quanto maior for a tensão nas sobrancelhas, quanto mais projectados para fora estiverem os olhos, quanto mais apertados estiverem os lábios, maior é a intensidade emocional expressa (figura 3).

Figura 7 – expressão de ira

No caso da expressão de felicidade, interessa apenas analisar a aparência facial quando não acompanhada de riso, porque este é um indicador seguro que dispensa os outros sinais. A parte superior da face não apresenta sinais especiais, já que a testa e as sobrancelhas não estão envolvidas nesta expressão. As pálpebras, no entanto, apresentam uma expressão distintiva, tal como a parte inferior da face. Os cantos dos lábios estão ligeiramente puxados para trás e para cima, podendo estar juntos num sorriso, ou separados, apenas com os dentes e o maxilar juntos. O sorriso pode ser mais amplo, apresentando-se nesse caso a boca mais aberta e os dentes afastados. O grau de visibilidade dos dentes é variável. O movimento resultante do puxar os cantos dos lábios para trás e para cima provoca, muitas vezes, linhas de enrugamento desde o nariz até à área situada abaixo dos cantos da boca. Estas “dobras naso-labiais” são um sinal característico da expressão de felicidade. As maçãs do rosto elevam-se quando há um sorriso pronunciado, tornando as dobras naso-labiais mais intensas. Nos cantos exteriores dos olhos, formam-se os chamados “pés de galinha”. A pele abaixo das pálpebras inferiores está puxada para cima, provocando a formação de linhas abaixo dos olhos. O grau de intensidade destes sinais pode ser um indicador seguro da intensidade emocional sentida (figura 4).

Figura 8 – expressão de felicidade

A tristeza é uma emoção que traduz um sentimento passivo de sofrimento. De certo modo, a sua aparência é a inversa da felicidade. Na zona superior da face, a nível dos olhos, os cantos internos das sobrancelhas estão levantados e podem aproximar-se. Este movimento difere do que se verifica ao mesmo nível no medo, em que se verifica a aproximação e elevação de toda a sobrancelha, enquanto na tristeza apenas os cantos interiores se aproximam. Os cantos internos das

pálpebras superiores estão levantados e as pálpebras inferiores podem parecer ligeiramente subidas. A nível da boca, os lábios parecem tremer, e os cantos estão puxados para baixo (figura 5).

Figura 9 – expressão de tristeza

O caso da repulsa, ou repugnância, é talvez o que apresenta uma maior relação funcional entre os movimentos que provocam a sua aparência facial e a função biológica subjacente. O seu objectivo é libertar-se de um objecto, um odor, um sabor, ou uma sensação táctil, ou evitar a sua aproximação. Há uma relação directa com o vómito e a náusea, mas ambas as situações podem ocorrer independentemente, isto é, pode haver náusea ou vómito sem repulsa, e esta ocorre geralmente sem aquelas reacções fisiológicas. A repulsa não é causada apenas pela exposição a um objecto; muitas vezes, a sua origem é uma acção, um conceito, um princípio ético ou moral. A aparência de certas pessoas pode provocar repulsa, ou a visão de certas situações traumáticas. O grau de repulsa é variável, e vai de um pequeno incómodo a uma repugnância total (figura 6).

Figura 10 – expressão de repugnância

Muito próximo da repulsa encontramos outra emoção, o desprezo, que com ela partilha alguns elementos. Trata-se de uma situação provocada apenas por pessoas, ou, mais especificamente, por acções ou comportamentos de certas pessoas. Neste caso, que pode ser apenas desdém, em casos de pequena importância, ou chegar a formas mais activas, como a troça, o sentimento subjacente é o de superioridade moral. Nos casos menos intensos, pode sentir-se condescendência, nos mais graves, pode chegar-se ao rebaixamento pessoal do objecto de desprezo (figura 7).

Figura 11 – expressão de desprezo

Os vários tipos de sinais de expressão podem aparecer combinados, tal como as várias situações emocionais que os originam. A combinação de sinais expressivos mostra a variação de intensidade de cada uma das situações emocionais que estão a ser experimentadas pelo sujeito. A emoção dominante numa combinação de expressões emocionais é a que corresponde ao maior número de áreas da face envolvidas. No entanto, pode ocorrer maior intensidade expressiva numa determinada área da face e menor noutra. Neste caso, a intensidade dos sinais específicos é

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