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4 METODOLOGIA

4.4 Os sujeitos da pesquisa

Os sujeitos da pesquisa foram uma coordenadora pedagógica e quatro professoras da creche “Cuidando e Pensando no Futuro” que aceitarem participar do estudo.

Inicialmente, alguns critérios foram eleitos para a escolha desses sujeitos, tais como os que são delineados, com explicações, na sequência:

1) Formação inicial em Pedagogia ou especialização em Educação Infantil.

Embora a legislação educacional vigente defina que a formação dos profissionais para atuar na gestão pedagógica ou administrativa (os especialistas em educação) da Educação Básica pode ser realizada em cursos de graduação em Pedagogia ou no plano de

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pós-graduação, a critério da instituição de ensino (BRASIL, 1996), optou-se por realizar a pesquisa com uma coordenadora pedagógica formada em Pedagogia ou com especialização em Educação Infantil.

Do mesmo modo, apesar da formação de professores para atuar na Educação Básica ser em curso de licenciatura, de graduação plena, admitindo, para docência na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental, a formação em nível médio, na modalidade Normal (BRASIL, 1996), preferiu-se realizar a pesquisa com professoras com formação inicial em Pedagogia ou com especialização em Educação Infantil.

A preferência pela formação inicial em Pedagogia é consequência do fato de, historicamente, o curso de Pedagogia ter-se constituído no espaço de formação inicial, tanto dos gestores pedagógicos e administrativos (os especialistas em educação) como de professores (ASSOCIAÇÃO NACIONAL PELA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO, 1986; BRZEZINSKI, 2004). A definição pela pós-graduação em Educação Infantil decorre de este curso contemplar a especificidade do trabalho na primeira etapa da educação.

Assim, apesar da obrigatoriedade de as disciplinas específicas sobre a primeira etapa da Educação Básica ser recente nos cursos de Pedagogia e, como já referido na seção 2.1, seja reconhecida e defendida a necessidade da inclusão de disciplinas específicas sobre gestão e coordenação pedagógica na Educação Infantil no currículo desses cursos59, a história revela que a formação em Pedagogia parece ser a que mais contempla, de forma geral, conhecimentos necessários para o trabalho da coordenadora pedagógica e das professoras. (BRASIL, 2005b).

2) Vínculo empregatício efetivo, da coordenadora pedagógica e das professoras com o magistério público do Município.

O contato com instituições de Educação Infantil diversas evidencia que a estabilidade na função é relevante, porque confere mais autonomia à coordenadora pedagógica e às professoras em seus trabalhos, tanto na forma de se posicionar sobre seu próprio trabalho como sobre aquele desenvolvido por outros profissionais da instituição.

Vale ressaltar, como referido na introdução desta dissertação, que o ingresso no cargo seja de coordenadora pedagógica ou de professora, por indicação, compromete a autonomia da coordenadora na gestão pedagógica da instituição e das professoras de se

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posicionarem criticamente acerca de questões políticas, por exemplo, que se relacionam com suas práticas pedagógicas. Este relação este aspecto, Kramer (2001) aponta que indicações, sobretudo políticas, causam muitas interferências na gestão e na continuidade do trabalho.

No contexto pesquisado, esse critério teve que ser flexibilizado em decorrência de limitações impostas pelas características da realidade local: o vínculo efetivo só foi contemplado em relação a três das quatro professoras, considerando que uma professora que se disponibilizou a participar da pesquisa tinha contrato temporário. Além disso, as coordenadoras pedagógicas desse Município ingressavam no cargo por indicação política, portanto não pertenciam ao quadro de profissionais do magistério público do Município com vinculo empregatício efetivo.

3) Tempo mínimo de dois anos de atuação da coordenadora pedagógica e das professoras na mesma instituição.

A adoção desse critério é relevante por se considerar que as experiências vividas cotidianamente em instituições de Educação Infantil servem tanto para criar como para reforçar concepções, mas, para isso, é preciso um tempo que possibilite pensar sobre o vivido.

O período de dois anos parece um tempo mínimo necessário para que a coordenadora pedagógica tenha elementos suficientes para refletir sobre seu trabalho e a relação deste com aquele que é desenvolvido pelas professoras, podendo dar continuidade a alguns aspectos e redimensionar outros. Considera-se, também, que esse tempo seja importante para que as professoras percebam, no cotidiano, a relação do trabalho da coordenação pedagógica com suas práticas pedagógicas.

Como será explicado a seguir, uma das professoras incluídas na pesquisa não atendeu a esse critério.

4) Aceitar participar da pesquisa – coordenadora pedagógica e professoras.

Apenas três professoras efetivas da creche “Cuidando e Pensando no Futuro” aceitaram participar da pesquisa. Inicialmente, quatro professoras efetivas, e com mais de dois anos de trabalho na instituição, haviam aceitado participar da pesquisa, mas, no segundo dia de observação, a coordenadora pedagógica comunicou que a professora do Infantil III tinha desistido de participar da pesquisa, sobretudo, porque ficava nervosa devido ao fato de que a sua entrevista seria gravada. Em razão dessa notícia, conversou-se novamente com a professora e se lhe explicou que a gravação somente ocorreria se ela permitisse, mas, mesmo assim, ela manteve sua decisão.

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Nesse contexto, consultou-se, então, outras professoras efetivas sobre o interesse em participar da pesquisa e todas recusaram. Assim, conversou-se com uma professora temporária acerca da possibilidade e interesse em participar da pesquisa e ela aceitou. Esta professora trabalhava na creche há seis meses e atendeu somente aos critérios: “formação inicial em Pedagogia” e “aceitar participar da pesquisar.”