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Termo inicial do prazo para cumprimento espontâneo

No documento Vitor Jose de Mello Monteiro (páginas 155-171)

Parte II – Parte Especial

1. Termo inicial do prazo para cumprimento espontâneo

i. Momento em que a decisão se torna exequível

Um dos critérios que tem sido considerado para definição do dies a

quo do prazo para o cumprimento espontâneo da decisão judicial que tem

por objeto a condenação ao cumprimento de obrigação pecuniária é o momento em que a decisão se torna exeqüível.256

Reunidas as condições necessárias para dar início à execução, ainda que provisória, da decisão judicial, passa-se a contar, também, o prazo de 15 dias para que o devedor dê cumprimento ao comando ali imposto, sob pena de incidência da multa de 10% prevista no art. 475-J, do CPC. O início do prazo, portanto, independe, para esta corrente, de qualquer intimação do devedor para dar cumprimento ao decisum, bem como de qualquer requerimento do credor neste sentido.257

256 Neste sentido: ATHOS GUSMÃO CARNEIRO (Do “cumprimento da sentença”, conforme a Lei n.

11.232/2005. Parcial retorno ao medievalismo? Por que não?, p. 23). ARAKEN DE ASSIS (Cumprimento...

cit., p. 212).HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (As novas reformas... cit., p. 144). LUIS ALBERTO REICHELT,

Considerações sobre o prazo de quinze dias para o cumprimento voluntário da sentença (art. 475-J do

CPC), pp. 149-154. Justificando sua adesão a esta corrente, JOSÉ ROBERTO DOS SANTOS BEDAQUE afirma

que “a idéia do legislador pare ser esta: a multa incide a partir do momento em que o réu saiba qual o valor devido (liquidez do crédito), independentemente do trânsito em julgado, desde que eficaz a decisão. Assim, se a sentença condena em quantia certa, a multa incide imediatamente após a intimação, se o recurso cabível não tiver efeito suspensivo. Caso contrário, como a atribuição desse efeito implica suspensão da eficácia da sentença, a fixação da multa também permanece ineficaz. Julgado o recurso e mantida a decisão, a quantia será exigível de plano, sendo desnecessária intimação para esse fim específico (art. 475-B). O não cumprimento em quinze dias importa aplicação da multa” (Algumas considerações sobre o cumprimento da sentença condenatória, p. 73).

257 De acordo com este entendimento: “Execução de Sentença. Aplicação da multa prevista no artigo 475-

Visa-se, desta forma, atribuir ao instituto em análise uma celeridade e uma suposta efetividade que implicaria, se prevalecer, em desconsiderar diversas garantias constitucionais e legais dos jurisdicionados em geral, situação essa que, a bem da verdade, acaba por minar estas almejadas celeridade e efetividade.

Determinar o momento em que a decisão se torna exeqüível pode ser extremamente difícil até mesmo para alguns estudiosos do Direito Processual Civil. Não são raras as situações em que é extremamente difícil saber se a decisão já se encontra em condições de produzir efeitos, especialmente se ela está sujeita a recurso dotado de efeito suspensivo ou que a ele venha a ser atribuído, excepcionalmente, tal efeito.

O critério do momento em que a decisão judicial se torna exigível, portanto, para fins de determinação do início do prazo de 15 dias para o seu cumprimento espontâneo pelo devedor, sob pena de incidência da multa do art. 475-J, do CPC, implicaria em exigir da parte um conhecimento da lei processual que até mesmo alguns operadores do direito não tem, o que não se afigura nem um pouco razoável.258

pessoal do devedor. O prazo de quinze tem início a partir da data em que a sentença se toma exeqüível.

Tutela recursal indeferida.” (TJSP, AI 1.247.023-0/0, rel. Des. MAURO CONTI MACHADO, 36ª Câmara de

Direito Privado, j. 29.01.09)

258 Por isso é que o STJ já decidiu que “o réu não é obrigado a ter conhecimento dos prazos processuais

que contra si correm. Por isso mesmo é que o art. 225 se preocupou em determinar que do mandado conste o “prazo para defesa”, entendido este, por óbvio, como a designação quantitativa do número de dias que tem o citando para apresentar a defesa. E a menção expressa ao prazo se justifica exatamente para que o destinatário da citação fique ciente do período de tempo de que dispõe para tomar as providências que lhe incumbem” (STJ, Resp 214.287/SP, rel. Min. SÁLVIO DE FIGUEIREIDO TEIXEIRA,

Ademais, não fica esclarecida, também, como se resolve a situação da decisão que se torna exeqüível quando os autos ainda estão no tribunal. Neste caso, fica ainda mais difícil para a parte identificar o momento preciso a partir do qual a decisão se torna exeqüível, não só pela já apontada complexidade técnica da matéria, que se amplifica na hipótese, mas também pela distância física que os tribunais podem ter em relação às comarcas de origem, o que dificulta o acompanhamento dos atos processuais praticados naquela instância, especialmente se ela for daquelas consideradas de caráter excepcional, como o STF e o STJ, por exemplo.259

Pode-se concluir, portanto, que, em que pesem as autorizadas vozes em contrário, o critério do momento a partir do qual a decisão se torna exigível não é o mais adequado para fins de determinação do termo inicial do prazo de 15 dias para cumprimento espontâneo do comando pelo devedor que foi condenado ao pagamento de quantia certa.

259 Criticando a um só tempo, os critérios do momento em que a decisão se torna exigível e o do trânsito

em julgado, exposto neste mais abaixo no subitem iii, EDUARDO JOSÉ DA FONSECA COSTA esclarece que

“a ameaça de uma pena processual pecuniária não pode prescindir da fixação inequívoca do termo inicial do prazo de que deve dispor o devedor para adimplir. Noutros termos: deve-se saber a partir de quando o devedor estará interpelado e, por conseguinte, em que termos ele haverá de ser constituído em mora processual. Enfim, se a lei fixa um prazo perempetório e improrrogável para pagamento, sob pena de multa, o termo inicial desse prazo deve ser sublinhado por um ato processual que cientifique contundentemente o executado de que dilações e protelações não mais serão admitidas. Só assim se estará interpretando o polêmico art. 475-J à luz da segurança jurídica (a qual incide sobre o âmbito do processo civil tanto como um princípio constitucional autônomo quanto como um corolário do devido processo legal). Daí por que o termo inicial nunca pode ser a data do trânsito em julgado, ou a data em que a sentença se torna exeqüível: essas datas nem sempre são facilmente identificáveis pelo devedor” (A posição do STJ quanto à multa do art. 475-J (desnecessidade de intimação pessoal do devedor para cumprimento da sentença) está em consonância com o “modelo constitucional do processo civil”?, p. 206).

ii. Prolação de decisão que determina o cumprimento do acórdão

Já se consagrou na prática forense, embora não haja qualquer previsão legal neste sentido, a prolação da decisão que determina o cumprimento do acórdão quando os autos baixam da instância superior para o órgão jurisdicional ordinariamente competente para processar e julgar a demanda.

Identificando esta prática já consolidada, criou-se o entendimento de que o termo inicial do prazo de 15 dias para cumprimento espontâneo da decisão seria a intimação dessa decisão que determina o cumprimento do acórdão quando ele condena ao pagamento de quantia certa.260 Realmente, baixados os autos da instância hierarquicamente superior, há a necessidade de se dar cumprimento ao que foi lá decidido, especialmente porque tal decisão substitui a decisão proferida pelo órgão jurisdicional de primeiro grau.261

Ocorre que nem sempre será interposto recurso contra a decisão de primeiro grau que condena ao pagamento por quantia certa, o que torna

260 Cf. CÁSSIO SCARPINELLA BUENO (A Nova Etapa da Reforma do Código de Processo Civil, p. 78).

Para o referido autor, a decisão que determina o cumprimento do acórdão é uma clara determinação de observância do comando judicial ali expedido, razão pela qual esta força vinculante é suficiente para sujeitar aquele que não a cumprir ao pagamento da multa prevista no art. 475-J. Posteriormente, contudo, o referido passou a sustentar que “o prazo de 15 dias, que pressupõe que a decisão jurisdicional a ser ‘cumprida’ reúna eficácia suficiente, mesmo que de forma parcial (art. 475-I, § 2º), depende de ciência prévia e inequívoca do devedor em cada caso concreto”, desta forma, “a intimação a que se referem os parágrafos anteriores deve ser feita ao advogado do devedor” (Novas Variações Sobre a Multa do Art. 475-J do CPC, fls. 68-69).

vazio de sentido o critério acima apontado. Ademais, mesmo quando o recurso é interposto, a ausência de norma legal a impor a prolação da decisão de cumprimento do acórdão é outro motivo que impede a adoção deste critério, já que tal prolação fica ao alvedrio do órgão jurisdicional.

iii. Transito em julgado da decisão

Atrelando-se à necessidade de absoluta segurança do julgamento proferido para o fim de se poder falar na possibilidade de aplicação da multa do cumprimento de sentença para pagamento de quantia certa, criou- se a tese de que o prazo de 15 dias para o cumprimento espontâneo da decisão teria início com o trânsito em julgado da decisão que condena o devedor ao pagamento de quantia certa.262

Este critério ganhou notoriedade, pois foi o que acabou sendo acolhido pelo Superior Tribunal de Justiça no primeiro julgamento colegiado sobre o tema,263 e acabou sendo seguido pelas decisões posteriores que foram proferidas naquela Corte.264265

262Neste sentido:ERNANE FIDÉLIS DOS SANTOS (As reformas de 2005 do Código de Processo Civil, p. 56)

e RONALDO FRIGINI, Considerações sobre o art. 475-J do CPC, p. 516.

263 “LEI 11.232/2005. ARTIGO 475-J, CPC. CUMPRIMENTO DA SENTENÇA. MULTA. TERMO

INICIAL. INTIMAÇÃO DA PARTE VENCIDA. DESNECESSIDADE. 1. A intimação da sentença que condena ao pagamento de quantia certa consuma-se mediante publicação, pelos meios ordinários, a fim de que tenha início o prazo recursal. Desnecessária a intimação pessoal do devedor. 2. Transitada em julgado a sentença condenatória, não é necessário que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja intimada para cumpri-la. 3. Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigação, em quinze dias, sob pena de ver sua dívida automaticamente acrescida de 10%.” (STJ, 3ª Turma, REsp

954.859/RS, rel. Min. HUMBERTO GOMES DE BARROS, v.u. 16.8.2007, DJ 27.8.2007, p. 252).

264 “AGRAVO REGIMENTAL - EXCESSO DE EXECUÇÃO - REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-

Para os que entendem desta forma, portanto, o simples trânsito em julgado da decisão que condena ao pagamento de quantia certa é suficiente para deflagrar o prazo de 15 dias para cumprimento pelo devedor. Não é necessária, nessa senda, qualquer intimação específica da parte ou de seu advogado para dar cumprimento ao comando judicial.

Sendo o advogado o profissional legalmente habilitado para representar a parte em juízo, ficaria com a incumbência de controlar o início da fluência deste prazo e comunicar o seu cliente para que este proceda tempestivamente ao pagamento.

Não obstante os argumentos expostos a favor da tese, bem como a autoridade daqueles que expõem tais argumentos, o critério do trânsito em julgado não parece ser o mais adequado para determinar o dies a quo do prazo de 15 dias para o cumprimento da decisão no caso das obrigações de pagar quantia certa.

INEXISTÊNCIA - ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA - MATÉRIA DE FATO - SÚMULA 7 - DECISÃO AGRAVADA MANTIDA - IMPROVIMENTO. I. A convicção a que chegou o Acórdão recorrido decorreu da análise do conjunto fático-probatório, e o acolhimento da pretensão recursal demandaria o reexame do mencionado suporte, obstando a admissibilidade do especial à luz da Súmula 7 desta Corte. II. No que tange à alegada ofensa ao art. 475-J do mesmo diploma, melhor sorte não socorre a ora recorrente, porquanto o entendimento proclamado por esta Corte é no sentido da desnecessidade de intimação pessoal do devedor para o cumprimento da sentença. III. No tocante à revogação da multa imposta em face da condenação por prática de ato atentatório à dignidade da justiça, o pleito não merece prosperar. É pacífica a orientação da Corte no sentido de que tal providência judicial demanda a incursão no conjunto fático-probatório dos autos, o que não se admite por força da Súmula 7 desta Corte. IV. A agravante não trouxe qualquer argumento capaz de modificar a conclusão alvitrada, a qual se mantém por seus próprios fundamentos. Agravo improvido.” (STJ, AgRg no Ag 1001107/RS, rel. Min. SIDNEI BENETI, Terceira Turma, j. 21/08/2008, DJe 11/09/2008).

265 O TJSP também já decidiu neste sentido: “PROCESSO CIVIL - CUMPRIMENTO DE SENTENÇA -

ARTIGO 475-J, "CAPUT", DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL - INTIMAÇÃO DO ADVOGADO - DESNECESSIDADE - CÔMPUTO DO PRAZO A PARTIR DO TRÂNSITO EM JULGADO DA SENTENÇA - RECURSO IMPROVIDO. Transitada em julgado a sentença condenatória, não é necessário que a parte vencida, pessoalmente ou por seu advogado, seja intimada para cumpri-la Cabe ao vencido cumprir espontaneamente a obrigação, em quinze dias, sob pena de ver sua dívida automaticamente acrescida de 10%, nos termos do disposto no art. 475-J do CPC .” (TJSP, AI 1191681- 0/2, Rel. Des. CLÓVIS CASTELO, 35ª Câmara de Direito Privado, j. 01.09.08).

Ficam desamparadas, caso se adote tal critério, as hipóteses de efetivação da tutela antecipada e de execução provisória que, por serem medidas de cunho satisfativo, também merecem célere e efetiva tutela jurisdicional, até porque representam uma precipitação no tempo daquilo que, muito provavelmente, virá a ser definido quando do julgamento final.266

Outro ponto que também fica sem solução, de acordo com este critério,267 é o que diz respeito aos casos em que o trânsito em julgado se dá nas instâncias superiores, especialmente quando se tem em vista que o cumprimento da decisão, assim como sua execução forçada, devem ser realizados perante o órgão com jurisdição ordinária para processar e julgar a causa. 268

266 Tratar-se-á mais profundamente sobre a necessidade de incidência da multa do art. 475-J na

antecipação de tutela e na execução provisória em momento mais adequado deste estudo (Cap. XII, itens 3 e 4, infra).

267 A crítica vale tanto para o critério do momento a partir do qual a decisão se torna exeqüível quanto

para o do trânsito em julgado da decisão, para fins de fixação do termo inicial do tempus iudicati.

268 Tanto é assim que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo baixou o seguinte provimento:

“Provimento nº 1158/2006: o Conselho Superior da Magistratura, no uso de suas atribuições legais e regimentais, Considerando o advento da Lei Federal n. 11.232/05, que acrescentou o artigo 475-J ao Código de Processo Civil, impondo multa de dez por cento àquele que, condenado ao pagamento de quantia certa ou já estabelecida em liquidação, não o efetue no prazo de quinze dias; Considerando a possibilidade de fluência desse prazo quando os autos se encontrem no Tribunal; Considerando a competência do juízo de 1.º grau para os atos de cumprimento da sentença, salvo quando o processo se origine no Tribunal (artigo 475-P, incisos I e II, do Código de Processo Civil); Considerando que o devedor pode encontrar dificuldades na tentativa de pagar diretamente ao credor, restando-lhe então o depósito judicial, como forma de liberar-se da obrigação; Considerando, por fim, que a falta de regulamentação pode acarretar o direcionamento de petições ao 2.º grau, gerando atos desnecessários e comprometedores da celeridade processual, Resolve: Art. 1.º A parte que deseje promover depósito em conta judicial, para não responder pela multa a que alude o artigo 475-J, caput, do Código de Processo Civil, deverá fazê-lo no juízo de 1.º grau, ainda que os autos se encontrem no Tribunal. Parágrafo único. Em se tratando de processo da competência originária do Tribunal de Justiça, o depósito será feito em 2.º grau. Art. 2.º A realização do depósito será imediatamente comunicada, por petição, ao juízo de 1.º grau ou ao relator do processo, conforme se trate das hipóteses do caput ou do parágrafo único do artigo anterior. Art. 3.º A pretensão liberatória e a ordem de levantamento em favor do credor sujeitam-se a exclusivo critério jurisdicional, inclusive quanto à apresentação de cópias para tanto necessárias, quando

Ademais, não se pode impor celeridade ao processo transferindo ao advogado o ônus da administração da função jurisdicional que incumbe ao Estado. Pagamento é, indiscutivelmente, ato da parte, e não de seu advogado, razão pela qual não tem sentido impor a ele o dever de proceder à “intimação” de seu cliente para que dê cumprimento à decisão judicial.

Argumentos como o de que este seria o “espírito” da lei não podem ser utilizados para sobrepujar a garantia constitucional que os jurisdicionados têm de serem intimados para dar cumprimento a atos que só por eles podem ser praticados. O aviltamento ao princípio do devido processo legal, nesse caso, é flagrante.

É preciso aplicar o instituto e integrar eventuais lacunas existentes na lei em relação à regulamentação da multa do art. 475-J, do CPC, de acordo com os princípios constitucionais que regem o processo civil e não apenas buscando imprimir à prestação da tutela jurisdicional uma celeridade desenfreada impondo a outros profissionais que atuam no processo ônus e deveres que não lhe foram, nem poderiam, ter sido atribuídos pela lei.

feito o depósito em 1.º grau. Art. 4.º Este Provimento entrará em vigor no dia 24 de junho de 2006.” São Paulo, 21 de junho de 2006. (DOE de 26.06.2006, Caderno 1, Parte I, p. 3).

iv. Intimação do devedor na pessoa de seu advogado para cumprimento da decisão

A intimação na pessoa do advogado para o cumprimento voluntário da sentença também tem sido apontada como critério para fixação do termo inicial do prazo previsto no art. 475-J.269 Não obstante o entendimento adotado no âmbito do STJ, a vivência forense demonstra que este é procedimento que vem sendo adotado em boa parte dos casos pelos órgãos jurisdicionais de primeiro grau de jurisdição, além de contar com a aceitação de boa parte da jurisprudência dos tribunais locais.270

Realmente, a lei n.° 11.232/2005 privilegia a intimação na pessoa do advogado para a prática de diversos atos processuais (arts. 475-A, § 1.°, e 475-J, § 1.°). Dessa forma, defende-se que, estando a parte devidamente assistida por advogado, não haveria razão para ela ser pessoalmente

269 Neste sentido: NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA DE ANDRADE NERY (Código de Processo Civil

comentado e legislação extravagante, p. 641, n. 4); DANIEL AMORIM ASSUMPÇÃO NEVES (et alii, Reforma do CPC: Leis 11.187/2005, 11.232/2005, 11.276/2006, 11.277/2006 e 11.280/2006, p. 217); CÁSSIO SCAPINELLA BUENO, Novas Variações Sobre a Multa do Art. 475-J do CPC, fls. 68-69; GILBERTO

GOMES BRUSCHI, O Termo Inicial do Prazo do art. 475-J, caput, do CPC (a Multa pelo Não-pagamento

Espontâneo por Parte do Devedor, pp. 50-54; ROGÉRIO LICASTRO TORRES DE MELLO, O início do prazo

para cumprimento de sentença, p. 46.

270 Neste sentido: “"SENTENÇA - Cumprimento - Prazo de quinze dias, sob pena de multa de 10%,

conforme Lei Federal n. 11232/05, que introduziu o artigo 475-J no Código de Processo Civil - Requerimento do credor - Necessidade - Intimação do devedor, por seu advogado - Obrigatoriedade para pagamento do montante indicado em memória de cálculo - Inadmissibilidade da incidência da multa antes de tais procedimentos – Recurso parcialmente provido." (TJSP - AI n.° 1.108.354-0/2 - Jacareí - 28a

Câmara de Direito Privado – rel. Des. CELSO PIMENTEL – j. 03.07.07-v.u.- voto n. 14168); "SENTENÇA

- Cumprimento - Prazo de 15 dias para pagamento previsto no artigo 475-J do Código de Processo Civil – Termo inicial - Apresentação da memória de cálculo pelo credor - Intimação do devedor na pessoa de seu advogado - Necessidade - Em suma, o cumprimento da sentença deve ter início por provocação do credor, que por meio da apresentação da memória de calculo requererá a intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, para que efetive o pagamento em quinze dias, sob pena da incidência da multa de 10%- Recurso provido." (TJSP - AI n.° 1.081.610-0/1 - São Paulo - 28a Câmara de Direito Privado - rel. Des. NEVES AMORIM – j. 12.12.06 - v.u. – voto n.4.805)

intimada, especialmente porque não há norma legal a impor a realização desta intimação.271

Chega-se mesmo a afirmar que a exigência de intimação pessoal da parte seria um contra-senso, na medida em que tornaria inócua a inovação processual, tendo em vista a manutenção de uma sistemática bastante parecida com aquela existente no regime revogado, no qual se exigia a citação do executado para pagar. 272

Volta-se a afirmar, todavia, que o pagamento é ato que deve ser realizado pela parte e não por seu advogado. Intimado o advogado e não a parte, incumbirá àquele localizar o seu cliente o que, ao contrário do que se poderia imaginar, pode não ser nada fácil. Realmente, não incomum as relações entre os advogados e seus clientes acabarem se desgastando em razão do tempo que o Poder Judiciário demora a solucionar definitivamente as questões que lhes são submetidas, fazendo com que a parte culpe o seu patrono pela demora ou perca o interesse no andamento da demanda. Em

271 Esta é a opinião, por exemplo, de GILBERTO GOMES BRUSCHI para que, “após receber a citação, o réu

constitui advogado para oferecer resposta. De todos os atos posteriores não mais será intimado

No documento Vitor Jose de Mello Monteiro (páginas 155-171)