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7.3.3.1.4 TOTAL DE DESPESAS NÃO CONSIDERADAS COMO ASPS

No documento Processo TCE-RJ Nº /22 (páginas 195-200)

A tabela a seguir evidencia as despesas consideradas incompatíveis com o conceito de Ações e Serviços Públicos de Saúde para efeitos do cumprimento de limite mínimo de 12%.

Somam-se às glosas apuradas nos tópicos anteriores as despesas realizadas com outras fontes de recursos (212, 223, 225 e 230), totalizando R$1,65 bilhão de despesas liquidadas, que não serão computadas para o cálculo do limite legal.

Tabela 91 - Total de despesas glosadas pelo TCE-RJ

R$1

Objeto da Glosa Valor glosado

Despesas cujos Sub-Item não estão com consonância com a LC 141/12 (a) 14.889.576

Transferências de recursos aos municípios não repassadas (b) 3.000.000

Despesas de Exercícios anteriores (c) 47.310.245

RPP inscritos sem disponibilidade de caixa (d) 302.495.191

Total Glosado – Fontes 100, 107 e 122 (e) = (a) + (b) + (c) +(d) 367.695.012

Despesas executadas em outras fontes (212, 223, 225 e 230) (f) 1.645.734.268

Despesas Custeadas com Recursos Vinculados à Parcela do Percentual Mínimo que não foi

Aplicada em ASPS em Exercícios Anteriores (g) 620.150.395

Total glosado da função Saúde (h) = (e) + (f) + (g) 2.633.579.675

Fonte: Siafe-Rio.

Nota: A análise de despesas incompatíveis apresenta divergência quanto ao valor glosado pelo órgão central de contabilidade do Estado, pois foram consideradas na presente análise a despesa “Pessoal requisitado – intra Dec. 42.791/11 (Subitens 05 e 07)”, no valor de R$ 555.754 e “339008 - natureza auxílios com RGPS e RPPS”, no valor de R$ 7.406.382, além do Empenho 2021NE00035, no valor de R$ 6.341, que devem ser glosadas para o cômputo do limite mínimo. Foi glosado ainda o valor de R$ 3.000.000 de transferências não repassadas aos municípios.

Conforme demonstrado na tabela acima, o valor de R$ 2,63 bilhões será desconsiderado quando da apuração do mínimo legal em ASPS.

196

II.7.3.4 APURAÇÃO DO LIMITE MÍNIMO LEGAL

No tocante à metodologia de aferição do cumprimento das despesas obrigatórias com Ações e Serviços Públicos de Saúde, o Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro fixou, por maioria, no âmbito da consulta que deu origem ao Processo TCE-RJ 113.617-7/18, que devem ser consideradas no cômputo as despesas liquidadas e efetivamente pagas no exercício, bem como os restos a pagar processados e não processados até o limite de caixa do respectivo fundo no exercício.

Originalmente a consulta consignou que a nova metodologia seria aplicável a partir das Contas de Governo do exercício de 2019, que seriam apresentadas em 2020. Posteriormente, por meio do Processo TCE-RJ 106.738-5/19 foi ampliado o prazo para aplicação do novo entendimento, que passou a valer para as contas de 2020, apresentadas em 2021.

No exercício de 2021 verifica-se que o valor empenhado nas fontes 100, 107 e 122 é igual ao valor liquidado, de modo que não há restos a pagar não processados nos cálculos do presente tópico. O Anexo 5 do Relatório de Gestão Fiscal referente ao 3ª quadrimestre de 2021 apresenta disponibilidade de caixa bruta de recursos vinculados com a saúde referentes a impostos e transferências de impostos, no montante de R$ 456.232.787. Por sua vez, o valor inscrito em restos a pagar processados do exercício de 2021, para o cálculo do mínimo, registrou o valor de R$543.058.702, conforme apuração do Corpo Instrutivo.

As disponibilidades de caixa bruta apuradas em ASPS resultam no montante de R$ 456,23 milhões123.

Conforme análise da evolução dos estoques de restos a pagar há um montante de R$5.299.459.471 referente aos exercícios de 2014 a 2021 que onerariam a disponibilidade de caixa bruta. Entretanto, não se revela razoável impor ao atual gestor o ônus de repor todo o estoque não repassado por administrações anteriores, tendo em vista a situação financeira do Estado do Rio de Janeiro e risco de onerar, demasiadamente, a atual e as futuras administrações.

Assim, a exemplo do ocorrido na Prestação de Contas de Governo precedente, revela-se razoável abater da disponibilidade de caixa bruta apenas os Restos a Pagar em Saúde referentes aos exercícios de 2019 e 2020, que são da gestão atual e correspondem R$ 96.231.935.

123 Obtidas das contas de controle 8.9.9.3.1.01.01 - CAIXA/BANCOS CONTA MOVIMENTO (R$ 456.220.329) e 8.9.9.3.1.01.03 - DEPOSITOS DE DIV. ORIGENS/ CRED. ENT. E AGE (R$ 12.458).

197 A tabela a seguir demonstra a disponibilidade de caixa referente ao Fundo Estadual de Saúde.

Tabela 92 - Disponibilidade de caixa vinculada à saúde

R$1

Descrição Saldo

Disponibilidade de Caixa Bruta (a) 1 456.232.787

Restos a pagar saúde 2019 e 2020 (b) 96.231.935

Disponibilidade liquida (c): a – b 360.000.852

Demais obrigações 2021 (d) 123.496.486

Disponibilidade antes da inscrição de RP’s 2021 (e) = (c) - (d) 236.504.366

Restos a pagar saúde 2021 (f) 543.058.702

RP’s de despesas não enquadradas como ASPS (g) 4.059.145

Saldo de disponibilidade no FES após inscrição de RPs: (e) – (f) +(g) -302.495.191

Fonte: Siafe-Rio.

Nota: Houve inscrição do montante de R$ 302.495.191 em restos a pagar processados, sem a devida disponibilidade de caixa, depois de deduzidas as outras obrigações e desconsiderando os RP’s de despesas que já foram objeto de glosa por não se enquadrarem como ASPS.

Dessa forma, não foi considerado este montante como despesas em saúde para fins do limite, por estar em desacordo com o inciso II, artigo 24, da Lei Complementar n.º 141/12.

Nesse sentido e considerando que não houve a comprovação de disponibilidade de caixa suficiente para cobertura da totalidade dos restos a pagar inscritos ao final do exercício, serão consideradas, para fins de aferição do limite mínimo de 12%, somente as despesas liquidadas mais os restos a pagar processados até o limite da disponibilidade de caixa consolidada do Fundo Estadual de Saúde ao final do exercício de 2021.

É demonstrada a seguir a avaliação do cumprimento do limite mínimo de 12%

estabelecido no art. 6º da Lei Complementar Federal n° 141/12:

Tabela 93 - Percentual de aplicação em Ações e Serviços Públicos de Saúde

R$1

Descrição Despesas do exercício liquidadas

Total das Despesas com a função Saúde (I) [1] 9.034.332.973

Total das despesas com função Saúde que não devem ser computadas (Tabela 130) (II)

[2] 2.633.579.675

Total das despesas com Ações e Serviços Públicos de Saúde (III) = (I - II) 6.400.753.298 Total das receitas para apuração da aplicação em Ações e Serviços Públicos de Saúde

(IV) [3] 52.517.065.342

Percentual de aplicação em Ações e Serviços Públicos de Saúde sobre a receita de

impostos líquida e transferências constitucionais e legais (V) = (III/IV x 100) 12,19%

Valor referente à diferença entre o valor executado e o limite mínimo constitucional

[(12 x IV/100) – III] 98.705.457

Fonte: Siafe-Rio.

Tabela completa em anexo: Doc.SubContas_calculo-minimo-saude.

198

Nota 1: As despesas inscritas em restos a pagar foram computadas até o limite da disponibilidade de caixa consolidado do Fundo Estadual de Saúde.

Nota 2: O montante de R$ 1.645.734.268 não foi computado em razão de não pertencer às fontes 100, 107 e 122; o valor de R$ 14.889.576 não entrou no cálculo em razão da análise em seção anterior deste tópico; o total referente à inscrição de restos a pagar processados sem disponibilidade de caixa foi glosado conforme análise deste tópico; o montante de R$ 47.310.245 de despesas de exercícios anteriores foi glosado conforme análise deste tópico; e o montante de R$ 3.000.000 relativo a transferências de recursos a municípios que não foram efetivamente repassadas foi glosado conforme análise deste tópico, totalizando as glosas em R$ 2.633.579.675.

Nota 3: Demonstrativo de apuração em tópico próprio.

Nota 4: Embora não tenha impactado na apuração, foi identificada a ocorrência de erro material na Instrução produzida pela Instância Técnica, que apresentou o montante total de despesas com a função saúde zerado.

Constata-se que o Governo do Estado, no exercício de 2021, aplicou 12,19% das receitas de impostos e transferências de impostos em Ações e Serviços Públicos de Saúde, em cumprimento ao limite mínimo de 12% estabelecido no art. 6º da Lei Complementar Federal n°

141/12, conforme o disposto no inciso II, §2º do art. 198 da Constituição Federal.

Não foi encaminhado o parecer do Conselho Estadual de Saúde de que trata o art. 33 da Lei 8.080/90, c/c art. 36, § 1º, da Lei Complementar n.º 141/12. Também não foram enviados pelo gestor os Relatórios Anuais de Gestão – RAG, referentes aos exercícios de 2018, 2019 e 2020.

Quanto ao tema, o Relatório do órgão Central do Controle Interno do Poder Executivo124 informa que houve a disponibilização dos Relatórios Anuais de Gestão de 2018, 2019 e 2020 no site institucional da Secretaria de Estado de Saúde, mas que os relativos aos exercícios de 2018 e 2019 foram reprovados e que não foi disponibilizada a análise quanto ao de 2020 por parte do Conselho Estadual de Saúde. Também salienta que no painel digital do Ministério da Saúde não consta o encaminhamento dos RAGs de 2018, 2019 e 2020 por parte do Conselho Estadual de Saúde ao Ministério.

Tais fatos serão objeto da ressalva nº 24 e culminarão na determinação nº 45.

II.7.4 APLICAÇÃO DO PERCENTUAL NÃO CUMPRIDO EM EXERCÍCIOS ANTERIORES

Nos exercícios de 2017, 2018 e 2019 o Estado não atingiu o percentual mínimo em Ações e Serviços Públicos de Saúde e deixaram de ser aplicados os montantes de R$2.010.405.353, R$2.274.530.766 e R$225.753.087, respectivamente, o que totaliza R$4.510.689.206. Com relação

do, quando das decidi

já havia esta Corte

, 2017 e 2018 aos valores referentes aos exercícios de

124 Peça 5, fls. 323/327.

199 glosados na modalidade 40, de modo a quitar o montante que deixou de ser aplicado em 2019 e parte dos valores não aplicados nos exercícios de 2017 e 2018, resultando um saldo não aplicado no valor de R$ 4.091.237.198.

Em 2021, houve a transferência de recursos referentes a valores que foram glosados na modalidade 40 (transferência a municípios), no montante de R$ 109.531.147, relativos ao exercício de 2020. Tal valor será considerado como aplicado em 2021 referente a exercícios anteriores.

Dessa maneira, tais valores serão abatidos do montante de percentual não cumprido em exercícios anteriores. A tabela a seguir demonstra o controle da apuração do montante a ser aplicado até o final do presente mandato, conforme determinações veiculadas nas Prestação de Contas de Governo dos exercícios de 2019 e 2020, referente aos saldos de ASPS não aplicados em 2017 e 2018.

Tabela 94 - Controle de aplicação em ASPS referente ao percentual mínimo não cumprido em 2017 e 2018 conforme art. 25 da LC 141/12

R$1

4.091.237.198 67.336.956 54.885.371 5.461 130.533.012 208.236.604 3.630.239.794 Nota: Na coluna saldo aplicado em 2021 referente a anos anteriores, foi considerado o montante de R$ 109.531.147 além do valor aplicado acima do limite em 2021 no valor de R$ 98.705.457, conforme tópico anterior.

Nesse aspecto, o Ministério Público de Contas discorda das determinações exaradas no sentido de que o saldo não aplicado deve ser empregado até o final do mandato do atual Governo e propõe comunicação ao Ministério da Saúde para adoção da medida preliminar de condicionamento das transferências constitucionais (art. 26, §1º, da Lei Complementar Federal nº 141/12) e recomendação à Secretaria-Geral de Controle Externo para proceder, no módulo de controle externo do SIOPS, ao registro das informações sobre a aplicação dos recursos em ações e serviços públicos de saúde referentes ao valor não aplicado nos exercícios de 2017 e 2018.

200 Tal sugestão já foi apresentada por ocasião do exame das Contas de Governo relativas ao exercício de 2020 e foi afastada. Do mesmo modo e considerando que o Governo do Estado cumpriu o limite mínimo de 12% estabelecido no art. 6º da Lei Complementar Federal n° 141/12, não será acolhida a proposta do Ministério Público de Contas.

Com isso, nos moldes sugeridos pelo Corpo Instrutivo, o montante de R$3,63 bilhões, correspondente ao saldo restante referente aos exercícios de 2017 e 2018, na forma prevista nos artigos 25 e 26 da Lei Complementar Federal n° 141/12, deverá ser aplicado até o final do mandato do atual Governo Estadual, conforme determinação do Plenário desta Corte quando da apreciação das Contas do Governo referentes ao exercício de 2019, que será reiterada por meio da determinação nº 59.

II.7.5 EVOLUÇÃO DO ESTOQUE DE RESTOS A PAGAR

A tabela a seguir apresenta o histórico de Restos a Pagar da Função 10 – Saúde e demonstra no final de 2021 o saldo total de R$5,49 bilhões.

Tabela 95 - Histórico de restos a pagar na Função Saúde (Função 10)

R$1

Descrição Ano Saldo Atual

Rps Não Processados 2016 a 2020 1.208.710

Rps Não Processados 2021 48.193.529

Total RPs Não Processados 49.402.238

Rps Processados 2014 a 2020 4.774.302.011

Rps Processados 2021 665.613.374

Total RPs Processados 5.439.915.385

Total Geral RPs (Processados + Não Processados) 5.489.317.623

Fonte: Siafe-Rio.

Nota: A Tabela detalhada com a discriminação dos RP’s por exercício de 2014 a 2020 encontra-se anexada no DOC.SubContas_Hist RP Saude_Discriminado.

Do total de restos a pagar inscritos na função Saúde (R$ 5.489.317.623), que abrange todas as fontes, foi constatado que 96,54% (R$ 5.299.459.471) do total se referem a restos a pagar relacionados com ações e serviços públicos de saúde oriundos das fontes utilizadas para o cálculo do mínimo legal, conforme demonstrado a seguir:

Tabela 96 - Histórico de restos a pagar com ASPS no Estado

R$1

Ano Fonte de Recursos

100 102 107 108 122 Total

2014 596.613 0 0 0 0 596.613

2015 964.157 0 0 0 2.054.196 3.018.352

No documento Processo TCE-RJ Nº /22 (páginas 195-200)