• Nenhum resultado encontrado

Formação gerontológica do técnico em enfermagem: uma abordagem cultural.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Formação gerontológica do técnico em enfermagem: uma abordagem cultural."

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

FORMAÇÃO GERONTOLÓGI CA DO TÉCNI CO EM ENFERMAGEM:

UMA ABORDAGEM CULTURAL

Edilom ar Leonar t1 Mar ia Manuela Rino Mendes2

Leonart E, Mendes MMR. Form ação geront ológica do t écnico em enferm agem : um a abordagem cult ural. Rev Lat ino- am Enferm agem 2005 j ulho- agost o; 13( 4) : 538- 46.

A enfer m agem br asileir a t em pr ocur ado discut ir as quest ões do cont ex t o sociopolít ico, que int er fer em nos set ores da saúde e educação, t ant o no nível superior com o no nível t écnico. Um dos desafios im post os pela at ualidade é o env elhecim ent o populacional, que ocor r e de for m a aceler ada e ex ige r edefinições de papéis e ações par a at ender a população idosa. O est udo t ev e com o obj et iv o com pr eender a for m ação ger ont ológica do Técnico em Enfer m agem a par t ir da abor dagem cult ur al, t endo com o per cur so m et odológico o Est udo de Caso com ab or d agem q u alit at iv a. Os r esu lt ad os ob t id os p er m it ir am v er if icar a d ef iciên cia d a f or m ação d e pr ofissionais t écnicos em enfer m agem com pet ent es e habilit ados ao cuidado da população idosa. Ressalt ou-se, t am b ém , a com p r een são d o p r óp r io ser h u m an o em u t ilizar sím b olos e sig n if icad os d as ex p er iên cias v iv idas com o m ar co r efer encial par a a pr om oção de iniciat iv as t r ansfor m ador as condizent es com a r ealidade social.

DESCRI TORES: en f er m agem ; edu cação; ger iat r ia; en v elh ecim en t o

GERONTOLOGI CAL TRAI NI NG OF NURSI NG TECHNI CI ANS:

A CULTURAL APPROACH

Brazilian nursing has been t rying t o discuss social- polit ical quest ions t hat int erfere in healt h and higher as well as t echnical educat ion. One of t he challenges posed nowadays is t he populat ion’s aging, which occurs at an acceler at ed r at e and dem ands r edefinit ions of r oles and act ions t o at t end t o t he elder ly populat ion. This case st udy aim ed t o under st and t he ger ont ological t r aining of nur sing t echnicians fr om a cult ur al appr oach, using a qualit at ive m et hodology. Result s revealed deficiencies in t he form at ion of com pet ent nursing t echnicians who are t rained in elderly care. Hum an beings’ use of sym bols and m eanings of past experiences was seen as a r efer ence point for t he pr om ot ion of t r ansfor m ing init iat iv es t hat cor r espond t o social r ealit y .

DESCRI PTORS: nur sing; educat ion; ger iat r ics; aging

FORMACI ÓN GERONTOLÓGI CA DEL TÉCNI CO EN ENFERMERÍ A:

UNA APROXI MACI ÓN CULTURAL

La enfer m er ía br asileña ha int ent ado discut ir las cuest iones del cont ex t o socio- polít ico que int er fier en en los sect ores de la salud y de la educación en los niveles superior y t écnico. Uno de los desafíos im puest os por la act ualidad es el envej ecim ient o de la población, que ocurre de form a acelerada y exige redefiniciones de papeles y acciones par a la at ención a los ancianos. La finalidad de est e est udio de caso fue com pr ender la form ación geront ológica del t écnico en enferm ería a part ir de una aproxim ación cult ural, m ediant e la m et odología cu alit at iv a. Los r esu lt ad os ob t en id os d em u est r an la d ef icien cia d e la f or m ación d e t écn icos d e en f er m er ía com pet ent es y habilit ados par a cuidar de la población anciana. Tam bién se dest aca la com pr ensión del pr opio ser h u m an o en u t ilizar sím bolos y sign if icados de las ex per ien cias v iv idas com o m ar co r ef er en cial par a la for m ación de iniciat iv as t r ansfor m ador as cor r espondient es con la r ealidad social.

DESCRI PTORES: en f er m er ía; edu cación ; ger iat r ía; en v ej ecim ien t o

1 Mestranda em Enferm agem pela Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Docent e da Escola Técnica da Universidade

Federal do Paraná, e- m ail: edilom ar@terra.com .br; 2 Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro

(2)

I NTRODUÇÃO

A

en f er m ag em b r asileir a, em su a am p la dim ensão t eórico- prát ica, t em procurado discut ir as questões do contexto sociopolítico que interferem nos set ores da saúde e educação, quer no nível superior, quer no nível técnico. Um dos desafios im postos pela a t u a l i d a d e é o p r o ce sso d e e n v e l h e ci m e n t o populacional que ocorre de form a acelerada e suscita r e d e f i n i çõ e s d e p a p é i s e a çõ e s p a r a a t e n d e r a população idosa.

Segundo os censos de 1980 e 2000 do I BGE, a p r o p o r çã o d e p e sso a s co m 6 0 a n o s e m a i s aum ent ou de 6,1% ( 7204517 habit ant es) em 1980, p a r a 8 , 6 % ( 1 4 5 3 6 0 2 9 h a b i t a n t e s) e m 2 0 0 0 , co r r esp o n d en d o a u m a u m en t o a b so l u t o d e 7 , 3 m ilhões de indivíduos.

As caract eríst icas especiais e peculiares dos idosos colocam o Brasil frente ao desafio de form ular novas concepções e m odelos de assist ência para que o s se r v i ço s p o ssa m r e sp o n d e r a s d e m a n d a s em ergent es desse novo perfil dem ográfico, vist o que a a b o r d a g e m g e r i á t r i ca , p o r su a ca r a ct e r íst i ca i n t e r d i sci p l i n a r, a p r e se n t a r e su l t a d o s significat ivam ent e m elhores que o m odelo t radicional de at enção à saúde( 1).

A f o r m ação i n t eg r ad a co m as at i v i d ad es a ssi st e n ci a i s r e p r e se n t a u m a e st r a t é g i a p a r a a f o r m a çã o d e p r o f i ssi o n a i s d e e n f e r m a g e m m a i s com prom etidos e sensibilizados com o contexto social e as necessidades do indivíduo idoso( 2).

Os inst rum ent os de t rabalho da enferm agem g er o n t o l ó g i ca sã o o s co n h eci m en t o s esp ecíf i co s a ce r ca d o se r h u m a n o i d o so e d o p r o ce sso d e envelhecim ento. Para que esses conhecim entos sej am ut ilizados adequadam ent e, t or na- se necessár io que a s i n st i t u i çõ e s f o r m a d o r a s d e p r o f i ssi o n a i s d e e n f e r m a g e m i n t r o d u za m e m su a s e st r u t u r a s curriculares cont eúdos volt ados ao cuidado hum ano do idoso( 3).

O t écnico, profissional que int egra a equipe d e en f er m ag em , r esp on sáv el p ela assist ên cia ao indivíduo nas diferent es fases do ciclo vit al, t am bém est á inserido no cont ext o at ual da sociedade em que o envelhecim ent o populacional e as t r ansfor m ações decor r en t es desse f en ôm en o são per cept ív eis n os serviços de saúde.

Assi m , o o b j e t i v o d e st e e st u d o f o i com pr eender a for m ação ger ont ológica do Técnico em Enferm agem a partir de estudo j unto a um curso

de edu cação pr ofission al, pois, en t en de- se qu e, a p a r t i r d a a b o r d a g e m cu l t u r a l co m o s su j e i t o s en v o l v i d o s n o p r o cesso en si n o - a p r en d i za g em , é possív el apr esen t ar elem en t os qu e con t r ibu am n a r ef lex ão e t om ad a d e d ecisões. Ações essas q u e perm it em incluir na form ação profissional a evident e t ransform ação da realidade, com o o envelhecim ent o hum ano, quer no m undo quer no país.

Est e ar t igo r ef er e- se à pesqu isa r ealizada par a obt en ção do t ít u lo de m est r ado e t em com o finalidade apresentar alguns dados obtidos e fortalecer o e x e r cíci o d a i n t e r p r e t a çã o d a cu l t u r a , co m o em b asam en t o p ar a a com p r een são d o ob j et o d e est udo.

PRESSUPOSTOS TEÓRI COS

A caract erização do referencial t eórico deve-se à n ecessid ad e d e f or m ar con ceit os q u e d êem sust ent ação à análise dos dados sobr e a r ealidade que se pret ende est udar, a form ação profissional do t é cn i co d e e n f e r m a g e m , r e co n h e ce n d o o e n v e l h e ci m e n t o co m o q u e st ã o e m e r g e n t e p a r a subsidiar a at enção à saúde da população idosa em crescim ent o. Para t ant o, os pressupost os t eóricos do const rut ivism o, geriat ria, geront ologia e ant ropologia int er pr et at iv a for am definidos com o em basam ent o para a discussão dos dados obt idos na pesquisa.

Con st r u t iv ism o

A v i sã o co n st r u t i v i st a n a d i sci p l i n a d e educação t eve com o precursor Jean Piaget , a part ir da epist em ologia genét ica que est uda a gênese e o desenvolvim ento das estruturas lógicas do suj eito que, em interação com o obj eto, possibilitam a const rução dos conhecim ent os. Post eriorm ent e, a epist em ologia r ecebeu enr iquecedor as cont r ibuições de psicólogos eur opeus com o Vygot sk i, Wallon e out r os. Fir m ado num a estrutura única na qual não há separação entre suj eit o e obj et o do conhecim ent o, o “ const rut ivism o” p r o m o v e a a p r e n d i za g e m , e m u m a m b i e n t e d e int eração, aut onom ia e reciprocidade social, em que perm eiam as relações de dialogicidade( 4).

(3)

se d e se n v o l v e , d i f e r e n ci a d a d o e m p i r i sm o e o r acionalism o( 4).

Essa abordagem at ribui ao indivíduo o papel ativo e reconhece a influência do m eio na construção do conhecim ent o. Ou sej a, baseia- se no princípio de que o desenvolvim ent o da int eligência é det erm inado pelas ações m útuas entre o indivíduo e o m eio, sendo que o hom em não nasce int eligent e, m as, t am bém , n ão é passiv o e r espon de aos est ím u los ex t er n os agindo sobr e eles par a const r uir e or ganizar o seu p r ó p r i o co n h e ci m e n t o d e f o r m a ca d a v e z m a i s elabor ada( 5).

Nesse cont ext o de idéias, Phillip Perrenoud, e n t r e o u t r o s e st u d i o so s d a a b o r d a g e m cr ít i ca , q u est i o n a a f i n al i d ad e d a esco l a o r i en t ad a p ar a e x p l o r a r a a q u i si çã o d e co n h e ci m e n t o s o u o d esen v olv im en t o d e com p et ên cias en t en d en d o- as com o “ ( ...) capacidade de agir eficazm ent e em um d e t e r m i n a d o t i p o d e si t u a çã o , a p o i a d a e m conhecim ent os, m as sem lim it ar- se a eles”( 6).

A com pet ência env olv e div er sos esquem as de per cepção, pen sam en t o, av aliação e ação, qu e d ã o su p o r t e a i n f e r ê n ci a s, a n t e ci p a çõ e s, g en er al i zaçõ es, est ab el eci m en t o d e d i ag n ó st i co , form ação de decisão ent re out ros. Ela orquest ra um conj unt o de esquem as m ent ais e ações hum anas( 6). A focalização das com petências nas diretrizes curriculares para a educação t écnica, busca afirm ar o p a p e l ce n t r a l d a s m e sm a s n a f o r m a çã o d e p r o f i ssi o n a i s cr i a t i v o s e co m p r o m i ssa d o s co m a t ransform ação da realidade social.

Geriat ria e geront ologia

As ár eas do conhecim ent o que focalizam o envelhecim ent o est ão denom inadas desde o início do sécu l o XX com o g er on t ol og i a e g er i at r i a. Fa z- se relevant e, pois, dest acar esses dois conceit os- chave qu e con st it u em a base par a sit u ar a En fer m agem orient ada à at enção da saúde da população idosa.

Ger on t olog ia é o r am o d a ciên cia q u e se propõe a est udar o processo de envelhecim ent o e os m últ iplos pr oblem as que env olv em a pessoa idosa. O t erm o geront ologia foi ut ilizado pela prim eira vez em 1901, por Nasher, apesar da lit erat ura do século XVI I I e XI X j á f a zer em a l u sã o a est u d o s so b r e envelhecim ent o e quest ões que envolvem idosos( 7).

É um a ciência j ovem que explora o fenôm eno do envelhecim ent o sob diversos enfoques, a saber: o en v el h eci m en t o f ísi co e p er d a p r o g r essi v a d a

capacidade do corpo de se renovar; o envelhecim ento psicológico através das transform ações dos processos sen so r i ai s, p er cep t u ai s, co g n i t i v o s e af et i v o s; o e n v e l h e ci m e n t o co m p o r t a m e n t a l f o ca l i za a s e x p e ct a t i v a s, m o t i v a çõ e s, a u t o - i m a g e m , p a p é i s sociais, per sonalidade e adapt ação e, por últ im o, o cont ex t o social do env elhecim ent o que consider a a influência que o indivíduo e a sociedade exercem um sobre o out ro( 8).

O ob j et iv o in icial e f in al d e g er iat r ia é a ident ificação de t oda a problem át ica que envolve os i d o so s, p r i n ci p a l m e n t e , n a q u e l e s q u e e st ã o e m sit uação de risco, sej a m édica, funcional, psíquica ou social, com a finalidade de r ealizar ações dir igidas p ar t icu lar m en t e aos id osos su scep t ív eis. Tam b ém d e v e h a v e r r e co n h e ci m e n t o d e f a t o r e s q u e predispõem a enferm idades, incapacidades e m ort e, a f i m d e q u e p o ssa t o m a r m ed i d a s p r ev en t i v a s necessár ias( 7).

A geriatria tem sido referida com o um “ ram o d a m e d i ci n a q u e t r a t a d o s a sp e ct o s m é d i co s, p si co l ó g i co s e so ci a i s d a sa ú d e e d o e n ça n o s idosos”( 8).

A avaliação geriát rica im plica num processo d e d i a g n ó st i co m u l t i d i m e n si o n a l , e m q u e sã o consider adas dim ensões com o o am bient e em que est á o idoso, a r elação m pacient e e m édico-fam ília, a hist ória clínica do idoso ( aspect os m édicos, p síq u icos, f u n cion ais e sociais) e o ex am e f ísico com plet o.

Assim , par a a enfer m agem ger ont ológica o t rabalho est á volt ado para a avaliação do est ado de sa ú d e e f u n ci o n a l d o i d o so co m b a se p a r a o diagnóst ico, o planej am ent o e a im plem ent ação do cuidado de saúde, bem com o dos serviços destinados a atender as necessidades identificadas e da avaliação de eficácia desse cuidado( 9).

Ant r opologia int er pr et at iv a

(4)

A h e r m e n ê u t i ca é a m e t o d o l o g i a d a int erpret ação, pois se report a a com preender form as e conteúdos da com unicação hum ana, em toda a sua sim plicidade e com plexidade. O int érpret e é alguém d o t a d o d e b a g a g e m p r é v i a , p o r q u e n i n g u é m co n se g u e e n t e n d e r a co m u n i ca çã o se m d e t e r, ant eriorm ent e, algum cont ext o que sej a relat ivo ao at o de com unicar( 11).

Clifford Geert z, dent ro da ant ropologia, é o responsável pela análise int erpret at iva com bases na h er m en êu t i ca. O r ef er i d o est u d i o so d ef en d e u m conceito de cultura essencialm ente sem iótico. Acredita que ...“ o hom em é um anim al am arrado em teias de significados que ele m esm o teceu e assum e a cultura com o sen d o essas t eias”. En t en d e, ain d a, q u e a an t r op olog ia n ão é u m a ciên cia ex p er im en t al em busca de leis, m as, sim , um a ciência int er pr et at iva em busca de significados. Est udar cult ura é est udar um código de sím bolos part ilhados por m em bros de um a m esm a sociedade, visando as int erpret ações( 12). A cu l t u r a é t r a t a d a co m o u m si st e m a sim bólico em que há o isolam ent o dos elem ent os, a especificação das r elações int er nas ent r e eles e de t o d o si st e m a d e f o r m a g e r a l . É, t a m b é m , com preendida com o a totalidade de padrões culturais, qu e se r ef er e a con j u n t os or den ados de sím bolos sign ificat iv os qu e dão sen t ido aos acon t ecim en t os v iv en ciados pelo h om em e, por t an t o, con sist e n o est udo de m ecanism os que os indivíduos em pregam para se orientarem num m undo que de outra m aneira seria obscuro( 12).

Todavia, é necessár io at ent ar para o “ fluxo do com por t am en t o”, m ais pr ecisam en t e para ação social, p ois é n esse f at o q u e as f or m as cu lt u r ais e n co n t r a m a r t i cu l a çã o . O i m p o r t a n t e é q u e a int er pr et ação ant r opológica const r ói um a leit ur a do q u e aco n t ece, l ev an d o ao cer n e d o q u e est á se propondo a int erpret ar( 12).

No estudo da cultura, é im portante ter clareza d a r e l a çã o d i a l ó g i ca q u e d e v e e x i st i r e n t r e o pesquisador e o pesquisado. Essa t raj et ória dialógica de ir e v ir é conhecida com o cír culo her m enêut ico que propõe a dialética entre as partes e o todo, num ar r an j o d e co n f i r m açõ es e n eg açõ es a q u al q u er t e m p o . Essa t r a j e t ó r i a é t ã o e sse n ci a l p a r a int erpret ações et nográficas com o para as hist óricas, lit erárias, psicanalít icas, ent re out ras. O obj et ivo da interpretação é obter conclusões m agnânim as de fatos p e q u e n o s, p o r é m , d e n sa m e n t e l i g a d o s e m q u e grandes afirm ações sobre qual é o obj etivo da cultura

na construção da vida coletiva são em pregadas com o especificações com plex as( 13).

Para int erpret ar a cult ura pode- se iniciar em qualquer lugar, em qualquer conj unt o de form as de cultura e acabar em qualquer outro lugar; bem com o perm anecer num a única, variavelm ent e delim it ada e ficar em t or no dela de m aneir a est áv el; ou ainda, m ov im ent ar por ent r e as for m as na v isibilidade de unidades m aiores ou com parar form as de diferent es cult uras com a finalidade de ident ificar o carát er de cada um a para aj uda m út ua. Cont udo, qualquer que sej a a situação em que se atua e, por m ais com plicado q u e p ar eça, a r eg r a or ien t ad or a é a m esm a: “ as sociedades, com o as v idas, con t êm su as pr ópr ias int erpret ações. É preciso apenas descobrir o acesso a elas”( 12).

METODOLOGI A

A escolha da abordagem m et odológica dest e est u d o f oi f eit a p ela m et od olog ia q u alit at iv a p or con sider ar qu e per m it e apr ox im ação do obj et o de est u d o e p ossib ilit a a com p r een são d os asp ect os singulares e específicos de certa realidade no contexto em que est á inserida.

Est e t rabalho baseou- se na com preensão da form ação geront ológica do Técnico em Enferm agem pela abordagem cult ural, ist o é, t ent ou com preender a per cepção ex pr essa pelos suj eit os env olv idos no pr ocesso ensino- apr endizagem par a a for m ação do profissional de enferm agem de nível t écnico, para o cu i d a d o d e i d o so s. O e n t e n d i m e n t o é q u e a an t r op olog ia in t er p r et at iv a é cap az d e r em et er à com p r een são d o ob j et o em q u est ão, v ist o q u e a const rução da leit ura do que acont ece perm it e levar ao cerne do que est á se propondo int erpret ar( 12).

Assim , d en t r e os v ár ios cam in h os p ar a a apreensão do obj eto em estudo, optou- se pelo estudo de caso, pois, se desenvolve num a sit uação nat ural, a qual perm it e abert ura e flexibilidade para focalizar a realidade de form a cont ext ualizada( 14).

Frent e às diversas caract eríst icas do est udo d e caso , é i m p o r t an t e r essal t ar q u e esse b u sca com pr een der u m a in st ân cia sin gu lar. O obj et o de est udo é t rat ado com o exclusivo, um a represent ação in d iv id u al d a r ealid ad e q u e é m u lt id im en sion al e hist oricam ent e posicionada( 14).

(5)

em en f er m agem da cidade de Cu r it iba – PR, qu e t ot alizaram 13 ( t reze) inst it uições, em que som ent e um a er a de per sonalidade pública e as dem ais de caráter privado e filantrópico. Os critérios de exclusão f or am a escola em q u e se in ser e a p esq u isad or a ( pública) e inex ist ência de cont eúdo/ at iv idades de ensino direcionadas ao t em a envelhecim ent o.

Para escolher a escola em que se realizou o est u d o ocor r eu , p r im eir am en t e, con su lt a p or v ia t elefônica com a dir et or ia dos cur sos pr ev iam ent e ident ificados, com vist as a averiguar se as propost as curriculares cont em plavam a t em át ica de int eresse, com o parte da form ação do técnico em enferm agem , para at uar j unt o à população idosa. O fat or decisivo para a indicação da escola, foi a inform ação obt ida com a dir et or a sobr e at iv idades de ensino j unt o a inst it uições residenciais ( asilares) de idosos.

A in st it u ição d ef in id a p ar a o est u d o é d e ca r á t e r p r i v a d o e f i l a n t r ó p i co , p e r t e n ce n t e à or g an ização d e ir m ãs d e car id ad e v icen t in as, d a província de Curit iba, sociedade civil beneficent e de educação, saúde e assist ência social.

A população est udada foi const it uída, com o suj eit os, pelos docent es de cont rat o efet ivo do curso t écn ico, n u m t ot al de 0 8 ( oit o) , sen do qu e t odos assum em m ais de um a disciplina. Tam bém , foram i n cl u íd as a coor d en ad or a e d i r et or a p ed ag óg i ca, per fazendo 10 suj eit os; bem com o os discent es do ú lt im o m ód u lo d o cu r so. Das t u r m as at iv as, n os p e r ío d o s d a m a n h ã e t a r d e , so m e n t e u m a co n t em p l av a o cr i t ér i o est ab el eci d o , sen d o essa com post a por 30 discent es e, desses, 17 aceit aram part icipar do est udo.

Co m o i n t u i t o d e b u sca r e l em e n t o s q u e perm eiam a abordagem cultural do obj eto de estudo, os suj eitos da pesquisa foram caracterizados segundo a form ação profissional, tem po de atuação na escola, idade e gênero dos docent es, assim com o a idade e g ê n e r o d o s d i sce n t e s. Co n si d e r a n d o q u e sã o elem ent os que per m it em ex pr essar peculiar idades, abert ura para novas idéias, part icipação no cont ext o em que est ão inseridos.

Para a coleta de dados foi utilizada a consulta d o cu m e n t a l , e n t r e v i st a s se m i - e st r u t u r a d a s co m docentes e discentes e observações de cam po durante o ensino t eórico ( sala de aula) e prát ica hospit alar, regist radas em diário de cam po.

An t e s d a co l e t a d e d a d o s o p r o j e t o d e pesquisa foi env iado par a apr eciação do Com it ê de Ét ica em Pesq u isa d a Escola d e En f er m ag em d e

Ribeir ão Pr et o, o qual foi apr ov ado. As ent r ev ist as for am r ealizadas nas dependências da Escola, com exceção de algum as em cam po de est ágio. Todos os ent r ev ist ados assinar am o t er m o de consent im ent o livre esclarecido e concordaram com a gravação da ent revist a em casset e.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

A ab o r d ag em cu l t u r al d o s d ad o s o b t i d o s consist e em reconhecer os sent idos at ribuídos pelos suj eit os envolvidos no processo ensino- aprendizagem d o cu r so t é cn i co e m e n f e r m a g e m e o e n f o q u e esp ecíf i co n o en v el h eci m en t o h u m an o , o s q u ai s p er m it em con st r u ir con j et u r as sob r e a f or m ação profissional em quest ão.

A i n st i t u i çã o e d u ca ci o n a l , d e sd e a su a fundação em 1956, organiza o ensino orient ado pela filosofia crist ã. Baseia- se nos conceit os da educação evangélica- libert adora, revelada por Vicent e de Paula e Luísa de Marillac, na pedagogia de Paulo Freire e t eor ias psicogenét icas de Jean Piaget , Vigost sk y e Wallon ( desenvolvim ent o biológico, cognit ivo, social e e m o ci o n a l ) , e st a b e l e ce n d o se u s p a r â m e t r o s p ed ag óg icos n a con st r u ção d o sab er a p ar t ir d a con t ex t u alização e d a in t er ação d o su j eit o, com o obj et o do conhecim ent o.

O curso t écnico em enferm agem – área da saúde, est á elabor ado de acor do com as dir et r izes curriculares do nível t écnico e legislação vigent e da Secr et ar ia de Educação do Est ado do Par aná, com car g a h or ár ia d e 1 8 0 0 h or as d ist r ib u íd as em 0 3 m ó d u l o s, d e ssa s, 6 0 0 h o r a s sã o d e e st á g i o supervisionado. A organização curricular está pautada nos referenciais curriculares da educação profissional d e n ív el t écn ico, n as q u ais est ão d elim it ad as as com pet ências e habilidades necessár ias par a a sua f or m ação.

Em r elação aos su j eit os, os docen t es t êm m édia de idade de 3 9 , 9 an os e os discen t es com p r e d o m i n â n ci a e n t r e 2 1 - 3 0 a n o s, a m b o s co m prevalência do sexo fem inino. No que diz respeit o à form ação profissional dos suj eitos docentes, a m aioria é enfer m eir o e o t em po de at uação na escola com m édia de 06 anos.

(6)

n o v a s i d é i a s, n o v o s si g n i f i ca d o s e n o v a s com pr eensões( 14), os r esult ados for am classificados em 3 cat egorias, com o se apresent am a seguir.

For m ação docent e - especificidade com a t em át ica do env elhecim ent o

A p r o m o ção e em b asam en t o p r át i co d o s edu cador es n o at u al sist em a est ão an cor ados em referenciais pedagógicos e ideologias que direcionam as pr át icas educat iv as. As im plicações pedagógicas do r ef er en cial con ceit u al da m edicin a com u n it ár ia u t ilizad o n as d écad as d e 7 0 e 8 0 , d o sécu lo XX, m ar car am o pr ocesso de for m ação pr ofissional em enfer m agem( 15).

É i n t e r e ssa n t e d e st a ca r q u e o s su j e i t o s docent es deix ar am t r anspar ecer essa car act er íst ica em su as f or m ações pr of ission ais e qu e n ão est ão p r e p a r a d o s p a r a t r a b a l h a r co m a p a r ce l a d a população que est á envelhecendo:

( ...) sobre envelhecim ent o, durant e a m inha form ação

profissional não t ive nada específico, os cont eúdos vist os foram

dent ro das disciplinas, de form a geral no cuidado do adult o ( Doc

2).

( ...) m inha experiência com idosos é m ais na quest ão

p essoal d o q u e p r of ission al. Du r an t e o cu r so t iv e p ou cos

cont eúdos sobre envelhecim ent o, buscando a m aior part e das

inform ações por int eresse próprio” ( Doc 10) .

A p a r t i r d a d é ca d a d e 9 0 i n i ci o u n a e n f e r m a g e m a d i scu ssã o o r i e n t a d a p a r a a necessidade de invest ir na educação t ransform adora, capaz de incitar reflexão e questionam ento da prática profissional, bem com o a valorização do com prom isso do enferm eiro com a sociedade.

Ne sse co n t e x t o , o cu r r ícu l o m ín i m o d e enfer m agem pont ua par a a necessidade do ensino da saú de do idoso, h av en do per spect iv as n a pós-gr aduação de cr iar disciplinas e linhas de pesquisa com abordagem geront ológica e geriát rica( 16).

A percepção do déficit de conhecim ento sobre en v el h eci m en t o h u m an o p el o s su j ei t o s d o cen t es r ev ela q u e, p ar a eles, é d if ícil t r ab alh ar com os cont eúdos em sala de aula. Cont udo, essa percepção faz com qu e eles com pr een dam a n ecessidade de buscar novos saberes e a im portância da inserção do t em a en v elh ecim en t o n a f or m ação do t écn ico em en f er m agem .

Os suj eitos docentes, por vontade própria ou p el a ex i g ên ci a p r o f i ssi o n al , p er co r r em cam i n h o s desconhecidos e, m uit as vezes, sem orient ação para

assim ilar n ov os sab er es, colocá- los em p r át ica e pr om ov er a for m ação ger ont ológica do t écnico em en f er m agem .

Esse asp ect o é i n t er essan t e, p o i s, o ser h u m an o, in d ep en d en t e d e su a f or m ação, d e su a p osição, q u an d o em sit u ações d escon h ecid as ou i n se g u r a s u t i l i za m e ca n i sm o s m e n t a i s e b u sca ex per iências v iv idas, m ar cadas por sím bolos, par a apresent ar soluções e/ ou respost as às quest ões que se apr esent am .

O pensam ent o hum ano é, basicam ent e, um at o conduzido em t erm os de m at eriais obj et ivos da cult ura. O processo m ent al do hom em quer oriundo d o r a ci o cín i o o r i e n t a d o , q u e r d a f o r m u l a çã o d e sent im ent os ou da int egração de am bos os m ot ivos o co r r em n o s d i v er so s m o m en t o s ex p er i en ci ad o s com o no j ogo de futebol, na escola, no convívio com os am igos e out ros( 12).

Ex i st e u m a p e r sp e ct i v a d o p e n sa m e n t o r eflex iv o que consist e na com binação de pr ocessos sim bólicos em oposição a est ados e pr ocessos do m undo m ais am plo, é a ausência de est ím ulos que inicia a atividade m ental e a descoberta dos estím ulos que a com plet a. O raciocínio orient ador se inicia na perplexidade e term ina com o abandono da indagação ou com a sua solução( 12).

Envelhecim ent o - percepção dos suj eit os

A com p r een são q u e ex ist e a r esp eit o d a im portância do envelhecim ento hum ano está cada vez m ais int ensa, porém , a alocução não é colocada em prática, não existe m ovim ento por parte da sociedade em fazer com que essa cont radição ent re o discurso e a prát ica sej a alt erada.

( ...) hoj e em dia o idoso não é vist o com o um t odo é

vist o com o um pacient e que veio para t rat ar da úlcera, para cuidar

da doença de base e não é vist o no cont ext o em que est á inserido

( ...) isso que est á falt ando, um pouco de hum ildade, sensibilidade

para t rat ar o doent e hum anam ent e, o respeit o é essencial! ( Doc

2).

(7)

O e n v e l h e ci m e n t o d o m u n d o e st á diret am ent e ligado ao envelhecim ent o orgânico t ant o no nível celular, m olecular e funcional, à presença de enfer m idades, bem com o ao est ilo de v ida, fat or es am bient ais e fat ores genét icos( 18).

A sociedade não v ê o idoso com o cidadão, pois em alguns m om ent os evidencia sua part icipação com o, por exem plo, na polít ica nacional do idoso e, p o r o u t r o l a d o , o e sq u e ce q u a n d o se t r a t a d e ap osen t ad or ia e ou t r as q u est ões. Essa r ealid ad e p r ov oca n os id osos sen t im en t os d e f r acasso, d e insegurança, de im pot ência, de solidão, de m edo, de indifer ença fr ent e à v ida e que podem ser fat or es decisivos para a aquisição de doenças.

Na verdade, esse cidadão idoso, reconhecido por um a hist ória que o t orna único, est á inserido no co n t e x t o so ci o e co n ô m i co e so ci o cu l t u r a l e n ã o con segu e gan h ar espaço e r espeit o. Par a t an t o é n ecessár io qu e h aj a con scien t ização por par t e da população de um m odo geral e, principalm ent e, dos p r of ission ais d e saú d e q u e são, d e cer t a f or m a, form adores de opiniões e responsáveis por condut as diferenciadas que favorecem a assist ência à saúde.

( ...) o Brasil est á envelhecendo e não se percebeu com o

t al, não quer conhecer sua realidade... sem pre falo com os alunos,

o confront o que a idade t raz, não necessariam ent e a senilidade, é

a dim inuição que se t em ent re a capacidade física e m ent al ( ...)

m as isso não quer dizer redução, quer dizer m udança, adapt ação

( Doc 5) .

Os discent es, t am bém , dem onst raram est ar conscient es sobre o envelhecim ent o populacional e/ ou caract eríst icas da pessoa idosa:

( ...) conhecer sobre o envelhecim ento é im portante para

se cuidar dos idosos, pois, a part ir do reconhecim ent o de que

algum dia envelhecerem os, perm it irá respeit ar e dar m ais at enção

ao idoso. Na verdade, os idosos são sábios que podem nos auxiliar

m uit o em nossas vidas ( Disc 12) .

É im por t an t e r eflet ir qu e, par a at in gir u m m ínim o de com preensão e atuação j unto ao processo de envelhecim ent o, se t orna necessário caract erizar o s se r e s h u m a n o s i n d i v i d u a i s. Ex i st e m m u i t a s m aneiras pelas quais os hom ens são conscient izados em relação ao tem po. Entre as m ais im portantes está o r e co n h e ci m e n t o e m si m e sm o e e m se u s co m p a n h e i r o s d o p r o ce sso d e e n v e l h e ci m e n t o b i o l ó g i co , o n a sci m e n t o , a m a t u r i d a d e e o desaparecim ent o dos indivíduos concret os( 12).

A e x p e r i ê n ci a h u m a n a ( a v i v ê n ci a r e a l at ravés de acont ecim ent os) não é sim ples sensação, é u m a se n sa çã o si g n i f i ca t i v a , i n t e r p r e t a d a e

a p r e e n d i d a . Pa r a t o d o s o s se r e s h u m a n o s, a experiência é const ruída e as form as sim bólicas que a co n st i t u e m d e t e r m i n a m su a co m p o si çã o essencial( 12).

A cult ura se m ovim ent a com o um polvo em qu e n ão h á u m a sin er gia de par t es per feit am en t e co o r d e n a d a s co m o u m t o d o , m a s p o r m e i o d e . . . “ m ov im en t os desar t icu lados dest a par t e, depois daquela, e depois ainda outra que, de algum a form a, se acu m u lam p ar a u m a m u d an ça d ir ecion al”. No en t an t o , n ão se ap r esen t a co m o u m a su p o si ção ir r acion al dizer qu e qu an do ocor r em im pu lsos em determ inada parte do sistem a que está estreitam ente i n t e r l i g a d a e so ci a l m e n t e co n se q ü e n t e , a f o r ça im pulsionadora será bast ant e elevada( 12).

I sso p er m it e r ecair n a q u est ão d e q u e a sociedade pode e dev e at ent ar par a im pulsos que apar ecem em cer t os m om en t os e são capazes de provocar m udanças. Nesse contexto, é extrem am ente viável quando se refere ao envelhecim ent o hum ano, pois, m esm o que ocorra de form a desaj eit ada, com o o m ovim ent o de um polvo, exist e a preservação da coletividade e, dessa form a, a prom oção de situações que fav or eçam a população idosa, pr ior izando suas car act er íst icas e especificidades, com o a v alor ação dessa cont ingência.

Envelhecim ent o – a abordagem ao cuidado do idoso

Os cont eúdos e as at ividades relacionados à ger iat r ia e ger on t ologia, in ser idos n o cu r r ícu lo de enferm agem , favorecem a part icipação do aluno no cuidado diret o do idoso, fam ília e com unidade.

( ...) existe um a atividade que tem com o obj etivo realizar

proj et os e visit as, para que o aluno t enha a visão dos cuidados e

assist ência de enferm agem fora do am bient e hospit alar. Dent ro

dos diversos locais em que podem ser feit as as visit as, exist em

lares de idosos.

( ...) é int eressant e salient ar que os idosos, quer com

con d ições f in an ceir as m elh or q u er com con d ições n ão t ão

agradáveis, apresent am as m esm as caract eríst icas com o solidão,

abandono, carência. Para os nossos alunos é claro perceber na

prát ica o que discut im os na t eoria ( Doc 5) .

(8)

solucionar ou m inim izar essas quest ões( 17).

O enfoque dos conteúdos trabalhados em sala de au la par ece, n u m pr im eir o m om en t o, bast an t e super ficial e sem apr ofundam ent o t eór ico. Todav ia, torna- se evidente a necessidade que os docentes têm em reflet ir sobre o t em a e t rabalhar com os alunos essa quest ão nas sit uações v iv enciadas na pr át ica pr ofissional.

Os r elat os dos suj eit os discent es per m it em essa visibilidade, m as deixam transparecer a m aneira com o cad a u m p er ceb e os con t eú d os q u e f or am repassados, t ant o na t eoria com o na prát ica.

(...) os conteúdos na teoria foram bem poucos. Na prática

pudem os desenvolver bast ant es cuidados com pacient es idosos

com o alim ent ação, at enção diferenciada nos cuidados gerais, o

com port am ent o do idoso, a orient ação do pacient e no t em po e

espaço, assim com o, a quest ão profissional e ét ica ( Disc 15) .

Mesm o co m a su p er f i ci al i d ad e ap ar en t e, o co r r e m si t u a çõ e s co m ca r a ct e r íst i ca s d e apr im or am ent o do enfoque e de elev ação do nív el da form ação do t écnico em enferm agem :

( ...) na disciplina de em ergência o foco é out ro, é o

at endim ent o na quest ão do A – B - C, é a força que se faz no t órax

do adult o diferent e da força feit a no idoso, é quant idade de volum e

que passo no idoso é diferent e da quant idade no adult o, a quest ão

ética ao reanim ar ou não, a idade; a doença de base, a fam ília com o

est á encarando a sit uação, o t em po de vida e a sat isfação com a

vida que leva, t udo isso é im port ant e! ( ...) o fat o de observarem

as diferenças, de prest arem cuidados diferenciados e conhecerem

essas diferenças, m esm o que o cont at o sej a m aior com adult os,

os alunos conseguem relacionar a t eoria com a prát ica e prest ar

um cuidado específico e com qualidade às pessoas idosas ( Doc

8).

Mu it as v ezes, o q u e p od e lev ar ao in ício d esses p r ocessos são sit u ações ex p er en ciad as e v iv enciadas pelo hom em de for m a que possam ser utilizadas com o fontes sim bólicas, as quais perm itirão encont rar sust ent ação para os seus propósit os.

I sso por qu e a cu lt u r a est á r elacion ada ao com portam ento hum ano, não com o padrões concretos ( cost um es, usos, t radições) , m as com o um conj unt o de controle ( planos, receitas, regras, instruções) para governar o com port am ent o( 12).

Os sím b olos, em q u alq u er in d iv íd u o, são d a d o s e e n co n t r a d o s j á e m u so co r r e n t e n a com unidade quando nasce e perm anecem após sua m ort e com alguns acréscim os, subt rações e adições das quais o indivíduo pode ou não participar. Enquanto v iv e u t iliza os sím b olos com a m esm a in t en ção: “ . . . par a fazer um a const r ução dos acont ecim ent os

at ravés dos quais ele vive, para aut o- orient ar- se no curso corrent e das coisas experim ent adas”( 12).

A part ir desse ent endim ent o, provavelm ent e, o hom em consiga se sit uar no cont ext o em que est á en v olv ido, bem com o ser u m agen t e at iv o e isso perm it irá a ele ut ilizar t oda a sua experiência para o d e se n v o l v i m e n t o d e a çõ e s q u e t r a d u ze m a su a singularidade na vida.

É nesse cont ext o que os suj eit os envolvidos no pr ocesso ensino- apr endizagem do cur so t écnico e m e n f e r m a g e m p o d e m b u sca r “ i l u m i n a çã o ” d e origem sim bólica, a qual favorece o aparecim ent o de ca m i n h o s q u e l e v a m a n o v a s p r á t i ca s p a r a o desenv olv im ent o desse pr ocesso.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Frente ao panoram a da educação profissional é i m p or t an t e r essal t ar q u e, al ém d as m u d an ças adm inist r at iv as e pedagógicas, t or na- se necessár io o co r r e r e m m u d a n ça s n o s p a d r õ e s cu l t u r a i s d a s inst it uições e dos suj eit os nelas inseridos. Tam bém , as t r ansfor m ações sociais acont ecem por inúm er os fatores que influenciam o com portam ento e a estrutura d essa s so ci ed a d es. Essa s a l t er a çõ es p o d em ser produt o da ut ilização de form as sim bólicas oriundas d e e x p e r i ê n ci a s v i v i d a s q u e p e r m i t e m f a ze r conj et uras com a realidade.

Os suj eit os part icipant es do est udo int egram o pr ocesso en sin o- apr en dizagem r espon sáv el pela form ação de pessoal especializado e preparado para at uar j unt o ao novo perfil populacional, assim com o est ão in ser id os n o con t ex t o ed u cacion al d o n ív el t écnico. Por t ant o, a possibilidade de pr om oção de m u d a n ça s co m p o r t a m e n t a i s p o d e m l e v a r à conscientização de que há um a dem anda diferenciada d e co n t i n g e n t e co m ca r a ct e r íst i ca s p r ó p r i a s, n e ce ssi d a d e s p e cu l i a r e s e p r e ci sa d e e sp a ço , at endim ent o diferenciado e, principalm ent e, respeit o pela exist ência com o seres hum anos.

(9)

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1. Coelho JM Filho. Modelos de ser v iços hospit alar es par a casos agudos em idosos. Rev. Saúde Pública São Paulo 2000; 3 4 ( 6 6 ) : 6 6 6 - 7 1 .

2 . Po t t er PA, Per r y AG. Fu n d am en t o s d e en f er m ag em : conceit os, pr ocesso e pr át ica. 4ª ed. Rio de Janeir o ( RJ) : Guanabar a- Koogan; 1999.

3 . Sant os RLA. Pr incípios ét icos na pr át ica ger ont ológica. I n: Papaléo M Net t o. Geront ologia. São Paulo ( SP) : At heneu; 1996. p. 470- 8.

4. Mat ui J. Const r ut iv ism o: t eor ia sócio- cr ít ica aplicada ao ensino. São Paulo ( SP) : Ed. Moderna; 1995.

5. Bueno SMV. Const rut ivism o na educação. Ribeirão Pret o ( SP) : EERP- USP; 2 0 0 3 .

6. Perrenoud P. Dez novas com pet ências para ensinar. Port o Alegre ( RS) : Art es Médicas Sul; 2000.

7. Papaléo M Net t o. Ger ont ologia. São Paulo ( SP) : Edit or a At h en eu ; 1 9 9 6 .

8. Berger L. Pessoas idosas: um a abordagem global. Lisboa: Lu sodidact a; 1 9 9 5 .

9. Lueckenot t e AG. Pocket guide t o geront ologic assessm ent . 2ª ed. St . Louis: Mosby; 1994.

10. Ricouer P. I deologia e ut opia. Rio de Janeiro ( RJ) : Edições 7 0 ; 1 9 9 0 .

11. Dem o P. Polít ica social, educação e cidadania. São Paulo ( SP) : Papir us; 1994.

12. Geer t z C. A int er pr et ação das cult ur as. Rio de Janeir o ( RJ) : LTC – Liv r os Técnicos e Cient íficos; 1989.

13. Geert z C. O saber local: novos ensaios em ant ropologia. 6ª ed. Pet rópolis ( RJ) : Vozes; 2003.

1 4 . Lü d k e M, An d r é MED A. Pe sq u i sa e m e d u ca çã o : abordagens qualit at ivas. São Paulo ( SP) : Edit ora Pedagógica e Universit ária; 1986. p. 1- 44.

15. Silva CC, Egry EY. Const it uição de com pet ências para a int ervenção no processo saúde- doença da população: desafio do educador de enferm agem . Rev Esc Enferm agem USP 2003; 3 7 ( 2 ) : 1 1 - 6 .

16. Silva EBN, Brêt as ACP. Grupos de est udo e pesquisa em ger on t ologia qu e in clu em a en f er m agem . Tex t o Con t ex t o Enfer m agem UFSC 1997 m aio- agost o; 6( 2) : 106- 17. 1 7 . Si l v a MJ, D u a r t e MJRS. O a u t o cu i d a d o d o i d o so : intervenção em enferm agem e m elhor qualidade de vida. Rev Enfer m agem UERJ 2001 set em br o/ dezem br o; 9( 3) : 248- 53. 18. Robledo LMG. A concepción holíst ica del envej ecim ient o. I n: Anzola- Perez A. La at ención de los anciones: um desafio para los años novent a. Washingt on ( DC) OMS/ OPAS; 1994.

Referências

Documentos relacionados

1 Enferm eira, Mestre em Enferm agem , Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Brasil, e-m ail: m fck@yahoo.com.. 2 Enferm

Enferm agem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvim ento da Pesquisa em Enferm agem , Brasil, e- m ail: haas@eerp.usp.br..

Ribeirão Pret o da Universidade de São Paulo, Brasil, e- m ail: cesarino@fcfrp.usp.br; 5 Professor Associado da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da.. Universidade de

em Enferm agem , Professor Adj unt o da Escola de Enferm agem da Universidade Federal da Bahia, e- m ail: lilian.enferm agem @bol.com .br; 3 Mestre em Enferm agem , Professor

da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ent o da pesquisa em enferm agem , e-m ail:

Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o desenvolvim ento da pesquisa em enferm agem ; 3 Docent e da Faculdade

1 Enferm eira; Doutor em Enferm agem , e- m ail: soniaapaiva@terra.com .br; 2 Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo,

2 Enferm eiro, Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, e- m ail: palha@eerp.usp.br; 3 Professor Doutor da Escola de Enferm agem