PROGRAMA DE TREI NAMENTO SOBRE MÉTODO DE COLETA DE MATERI AL PARA
EXAME MI CROBI OLÓGI CO EM UM HOSPI TAL DE ENSI NO:
I NVESTI MENTO E AVALI AÇÃO DOS RESULTADOS
Mar li de Car v alho Jer icó1 Valér ia Cast ilho2 Már cia Galan Per r oca3
Est e est udo t eve por obj et ivo avaliar os result ados, os cust os diret os e o invest im ent o de um program a d e t r ein am en t o sob r e colet a d e m at er iais p ar a ex am e m icr ob iológ ico em u m h osp it al d e en sin o. For am consider adas com o m edida de r esult ados as colet as de ex am es que não seguir am os cr it ér ios est abelecidos ( anom alia) . O sist em a de cust eio v ar iáv el e por absor ção for am ut ilizados, r espect iv am ent e, par a cálculo dos cust os dir et os e invest im ent o. Dos 11.893 m at er iais colhidos for am evidenciadas anom alias em 59 ( 0,5% ) . O cu st o dir et o f oi de R$ 1 5 4 , 1 0 , e o in v est im en t o n o t r ein am en t o, de R$ 2 . 4 3 1 , 2 9 . Os ach ados per m it ir am concluir que o núm er o de anom alias ev idenciadas r epr esent ou um baix o per cent ual em r elação ao t ot al de m at erial colhido para exam es m icrobiológicos, não se const it uindo em pont o crít ico que j ust ificasse a cont inuidade do t r einam ent o e conseqüent e inv est im ent o.
DESCRI TORES: cust os e análise de cust o; educação; enferm agem ; m icrobiologia; t écnicas e procedim ent os de lab or at ór io
TRAI NI NG PROGRAM ON MI CROBI OLOGI CAL TEST COLLECTI ON MATERI AL METHODS AT
A TEACHI NG HOSPI TAL: I NVESTMENT AND RESULT ASSESSMENT
Th is st u dy aim ed at ev alu at in g t h e r esu lt s, dir ect cost s an d in v est m en t of a t r ain in g pr ogr am on m icrobiological t est m at erial collect ion at a t eaching hospit al. Test collect ions t hat did not follow t he est ablished crit eria ( failure) were considered as t he result m easure. Variable and absorpt ion cost ing were used t o calculat e dir ect cost s and inv est m ent s, r espect iv ely . Of t he 11, 893 collect ed m at er ials, failur es w er e ev idenced in 59 ( 0 . 5 % ) . Dir ect cost cor r espon ded t o R$ 1 5 4 . 1 0 an d R$ 2 , 4 3 1 . 2 9 w as in v est ed in t r ain in g. Th ese f in din gs r ev ealed t hat t he ev idenced num ber of anom alies ( failur es) r epr esent ed a low per cent age in r elat ion t o t he t ot al collect ed m at erial for m icrobiological exam s. Therefore, t his should not be considered a crit ical point t hat j ust ifies t he cont inuit y of t he t raining and, consequent ly, t he invest m ent .
DESCRI PTORS: cost s and cost analysis; educat ion; nursing; m icrobiology; laborat ory t echniques and procedures
PROGRAMA DE CAPACI TACI ÓN SOBRE EL MÉTODO DE COLECTA DE MATERI AL PARA
ANÁLI SI S MI CROBI OLÓGI CO EN UN HOSPI TAL-ESCUELA:
I NVERSI ÓN Y EVALUACI ÓN DE LOS RESULTADOS
Est e est udio t iene com o obj et ivo evaluar los result ados, los cost os direct os y la inversión en un program a d e cap acit ación p ar a la colect a d e m u est r as p ar a an álisis m icr ob iológ ico en u n h osp it al- escu ela. Fu er on consider adas com o m edida de r esult ados las colect as de análisis que no siguier on los cr it er ios est ablecidos ( anom alía) . Los sist em as de cost o v ar iable y por absor ción fuer on ut ilizados, r espect iv am ent e, par a calcular los cost os direct os y la inversión. De las 11,893 m uest ras recogidas, se m anifest aron anom alías en 59 ( 0,5% ) . El cost o dir ect o fu e de US $ 8 4 . 6 7 , y la in v er sión t ot al en el pr ogr am a de US $ 1 , 3 3 5 . 8 7 . Los r esu lt ados per m it ier on concluir que el núm er o de anom alías ev idenciadas significaba un baj o por cent aj e con r espect o al t ot al d e m at er ial r ecog id o p ar a an álisis m icr ob iológ ico y n o con st it u ía u n p u n t o cr ít ico q u e j u st if icase la cont inuación del capacit ación y la consecuent e inv er sión.
DESCRI PTORES: cost os y análisis de cost o; educación. enfer m er ía; m icr obiología. t écnicas y pr ocedim ient os de labor at or io
I NTRODUÇÃO
O
custo da qualidade tem sido definido com o q u al q u er d esp esa co m ser v i ço q u e u l t r ap asse a p lan ej ad a, caso a at iv id ad e t en h a sid o r ealizad a co r r et a m en t e d esd e a p r i m ei r a v ez( 1 ). Po d e ser classificado em cust o volunt ário ( cust o de prevenção e av aliação) e cust o inv olunt ár io, pr ov enient e das falhas internas e externas. As falhas internas ocorrem ant es da t ransferência do serviço ao client e e est ão a sso ci a d a s a o s g a st o s co m r e t r a b a l h o , p e r d a s evit áveis no processo e out ros( 2).Nesse est u d o , p r o cu r o u - se i d en t i f i car as falhas internas no m étodo de coleta de m aterial para e x a m e m i cr o b i o l ó g i co , a p ó s i m p l e m e n t a çã o d e pr ogr am a de t r einam ent o desenv olv ido pelo Cent r o de Educação Cont inuada ( CEC) de um a inst it uição d e cu i d a d o s d e sa ú d e . Essa s f a l h a s f o r a m denom inadas de anom alias, segundo a t erm inologia ut ilizada nos program as de qualidade t ot al. O t erm o anom alia pode ser definido com o desvios em relação às condições norm ais e esperadas de funcionam ent o de um processo padronizado( 3).
Na s o r g a n i za çõ e s h o sp i t a l a r e s, t o r n a - se i m p o r t a n t e m a n t e r p r o g r a m a s d e t r e i n a m e n t o co n t ín u o , u m a v e z q u e o p r e p a r o d o s r e cu r so s h u m a n o s é a m e l h o r m a n e i r a d e se o t i m i za r a qualidade da assist ência e de cont r olar ou r eduzir gast os hospit alares( 4). A realização de program as de t r ein am en t o qu e alcan ce o m áx im o de r esu lt ados d esej ad os com u m a d esp esa m ín im a d e r ecu r sos p assou a ser u m d esaf io p ar a os en f er m eir os d o CEC( 5 ), ou sej a, é esper ado qu e os in v est im en t os realizados t ragam algum ret orno.
Dessa f or m a, a av aliação d e p r ocessos e program as organizacionais t orna- se im prescindível( 6). Ex ist em qu at r o est ágios de av aliação: r eação dos p a r t i ci p a n t e s, a p r e n d i za d o , co m p o r t a m e n t o e r esu l t a d o s o r g a n i za ci o n a i s( 7 ). Um q u i n t o n ív el -Ret or no de I nv est im ent o ( ROI ) pode, t am bém , ser acr escen t ado( 8 ). En qu an t o algu n s pesqu isador es( 7 ) lim itam - se à identificação dos benefícios do program a, o u t r o s( 8 ) co n v e r t e m o s b e n e f íci o s e m v a l o r e s m o n e t á r i o s e o s co m p a r a m a o cu st o t o t a l d o pr ogr am a.
Na l i t e r a t u r a i n t e r n a ci o n a l , a a v a l i a çã o e co n ô m i ca d e p r o g r a m a s d e t r e i n a m e n t o e m enferm agem têm sido enfatizada por m eio de análise de custo- beneficio e custo eficácia. I nvestigação sobre t r ei n am en t o d e v en o p u n t u r a( 9 ), n o Rei n o Un i d o ,
ident ificou o cust o dos recursos alocados bem com o o im pact o dest es na r ot ina diár ia dos enfer m eir os. Em out ro est udo, realizado em inst it uição am ericana, dois m ét odos par a av aliar o cust o de t r einam ent o foram com parados( 10). Ainda, pesquisa apresent ando fórm ula de proporção para o cálculo de custo- eficácia d e p r og r am as d e d esen v olv im en t o d e p essoal f oi d e se n v o l v i d a . Essa f ó r m u l a co n si d e r a cu st o / part icipant e/ hora, cust o da aquisição do aprendizado, cust o da aplicação do aprendizado, cust o do reforço e cust os adicionais( 5).
Na á r e a d a e d u ca çã o co n t i n u a d a d e e n f e r m a g e m , o s e n f e r m e i r o s g e st o r e s e st ã o pr ogr essivam ent e abandonando a pr eocupação com o aspecto quantitativo de treinam entos e seu im pacto i m e d i a t o e d e sp e r t a n d o p a r a a n e ce ssi d a d e d e m ensur ação efet iv a dos r esult ados e av aliação dos cust os desses pr ogr am as.
Qu a n d o o e n f e r m e i r o é co l o ca d o co m o par t icipant e de um a polít ica de r edução de cust os, p o d e , p e l o co n h e ci m e n t o a d q u i r i d o , co n t r i b u i r a t i v a m e n t e p a r a u m co n t r o l e m a i s e f e t i v o d o s r ecu r sos d e su a u n id ad e d e t r ab alh o, n ão sen d o apenas depositário das inform ações da adm inistração. Co m i sso , p o d e p r o p o r m e d i d a s q u e e v i t e m o desper dício de r ecur sos e r e- t r abalho por par t e de sua equipe( 11).
OBJETI VOS
- I dent ificar a incidência de anom alias na colet a de m at erial para exam e m icrobiológico em um Hospit al de ensino;
- I n v e st i g a r o s cu st o s d i r e t o s d o s i n su m o s d e laborat ório e da m ão de obra na colet a inadequada desse m at er ial;
- Av a l i a r o i n v e st i m e n t o t o t a l n o p r o g r a m a d e t r einam ent o.
MATERI AL E MÉTODO
Durante o ano de 1999, o Centro de Educação Continuada ( CEC) de um hospital de ensino de grande port e, na cidade de São José do Rio Pret o, realizou um program a de treinam ento sobre m étodo de coleta de m at erial para exam es de m icrobiologia dest inados a t odos os m em bros da equipe de enferm agem .
técnicas de coleta de m aterial para exam e laboratorial de m icrobiologia as quais não seguiram os crit érios e st a b e l e ci d o s e o r i e n t a d o s p e l o p r o g r a m a d e t r einam ent o r ealizado pelo CEC ( anom alia) .
O l ev a n t a m en t o d o s d a d o s f o i r ea l i za d o m ediante as notificações de anom alias efetivadas pelo labor at ór io de m icr obiologia ao CEC, no per íodo de j u n h o a d ezem b r o d e 1 9 9 9 , ap ós au t or ização d o Com it ê de Ét ica e Pesquisa da I nst it uição cam po de est udo.
As anom alias invest igadas foram cult uras de ponta de cateter, escarro, secreção da ferida cirúrgica, f ezes, u r in a e h em ocu lt u r a. A d iscr im in ação d os m at eriais a serem ut ilizados em cada procedim ent o foi obt ida j unt o ao CEC e o t ot al de m at erial colhido j unt o ao Cent ro de Cust os da Microbiologia. O cust o unit ário de cada insum o foi fornecido pelo set or de com pras do hospit al.
Pa r a cá l cu l o d o cu st o d a s a n o m a l i a s f o i ut ilizado o sist em a de cust eio variável ou diret o, no qu al apr opr ia t odos os cu st os v ar iáv eis ( dir et os e indiretos) . O custo fixo indireto é tratado com o despesa do período diretam ente no resultado( 12). Esse sistem a é recom endado para a área gerencial por ident ificar os r ecur sos efet iv am ent e consum idos na pr odução do serviço m uit o út il no processo decisório.
O cu st o d a m ã o - d e - o b r a f o i a f e r i d o con sider an do- se as at iv idades desen v olv idas pelo aux iliar de enfer m agem que colet a o m at er ial e o auxiliar operacional responsável pelo t ransport e dos insum os do laborat ório at é a unidade. O cálculo foi efet uado por m eio do salário base de cada cat egoria bem com o do t em po das at ividades de colet a e de transporte, as quais foram estim adas em 15 m inutos, em m édia.
O invest im ent o no program a de t reinam ent o f oi ap u r ad o com b ase n o sist em a d e cu st eio p or ab sor ção q u e se car act er iza p ela ap r op r iação d e t odos os cust os de produção, cust os fixos, variáveis, diret os e indiret os, dist ribuídos eqüit at ivam ent e aos serviços, sendo os cust os indiret os rat eados( 13). Para a v a l i a r o i n v e st i m e n t o t o t a l d o p r o g r a m a d e t reinam ent o ut ilizou- se o som at ório do invest im ent o direto ( custo total do treinam ento) e o indireto ( horas d i sp o n i b i l i za d a s d e r e cu r so s h u m a n o s p a r a a apr endizagem no CEC, m ult iplicado pelo salár io da cat egor ia por hor a de t r abalho)( 14). Par a efeit o de cálculo ut ilizou- se a m oeda real e o valor m édio do dólar no ano de 1999 ( R$1,82) .
RESULTADOS E DI SCUSSÃO
Os r e su l t a d o s e a d i scu ssã o e st ã o apr esent ados segundo os obj et iv os pr opost os par a est e est udo, ou sej a, a incidência de anom alias, os locais on d e essas ocor r er am , o cu st o d ir et o d as am ost r as par a colet a de ex am es labor at or iais e o invest im ent o feit o no program a de t reinam ent o.
Tabela 1 - Distribuição percentual do tipo de m aterial colhidos para exames microbiológicos pelos auxiliares de enferm agem e incidência de anom alias no período de junho a dezembro de 1999. São José do Rio Preto, 1999
s ê
M MAT PC ESC HEMO FEZ URI SFC Total
n u
J C 108 322 34 49 1254 160 1927
A 8 1 1 0 0 0 10
A
% 7,4 0,3 2,9 0 0 0 10,6
l u
J C 113 430 60 42 1332 42 2112
A 4 4 2 0 0 0 10
A
% 3,5 0,9 3,3 0 0 0 7,7
o g
A C 53 423 40 38 1181 38 1930
A 2 5 0 0 1 0 8
A
% 3,8 1,2 0 0 0,1 0 5,1
t e
S C 74 269 47 33 1054 33 1574
A 7 4 0 0 0 0 11
A
% 9,4 1,5 0 0 0 0 10,9
t u
O C 68 220 54 38 996 38 1502
A 3 4 2 0 0 0 9
A
% 4,4 1,8 3,7 0 0 0 9,9
v o
N C 51 242 4 46 1036 46 1511
A 2 3 0 2 0 2 9
A
% 3,9 1,2 0 4,3 0 4,3 13,7
z e
D C 48 131 10 43 997 43 1337
A 2 0 0 0 0 0 2
A
% 4,2 0 0 0 0 0 4,2
l a t o
T 515 2037 249 289 7850 289 11893
A 28 21 5 2 1 2 59
A
% 47,5 35,5 8,5 3,4 1,7 3,4 100
MAT = Material; C = Colhido; A = Anom alia; PC = Ponta de Cateter; ESC = Escarro; FEZ = fezes; URI = Urina; SFC = Secreção da Ferida Cirúrgica; HEMO = Hem ocultura
A colet a de pont a de cat et er represent ou 28 ( 4 7 , 5 % ) d o t o t a l d e a n o m a l i a s, o co r r i d a s principalm ente no m ês de j unho, onde se verificaram 8 ( 7,4% ) casos. No m ês de setem bro, houve a m aior incidência de anom alias, com 11 ( 10,9% ) casos, em com par ação com os dem ais m eses pesquisados.
For am car act er izad as com o an om alias n a colet a de m at erial para exam e m icrobiológico: pont a de cat et er m aior qu e 5 cm de com pr im en t o e/ ou im erso em solução fisiológica; escarro em recipient e n ã o p r eco n i za d o e/ o u n ã o co l et a d o d a p r i m ei r a am ost r a e/ ou v iolação do lacr e; uso de r ecipient e inadequado par a colet a de cult ur a de fezes; ur ina em fr asco n ão est er ilizado; colet a da secr eção da f er i d a ci r ú r g i ca em q u an t i d ad e i n su f i ci en t e e/ ou acondicionam ent o inadequado.
A coleta incorreta de m aterial traz im plicações para o client e ( desconfort o, risco, m aior período de int ernação, diagnóst ico e t erapêut ica inadequadas) ;
s ê
M Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
N % A e d a d i n
U 1PC 1PC
C S E
1 2ESC 1ESC
C S E 1 Z E F
2 1PC 10 16,9 B e d a d i n
U 1PC 1 1,7
C e d a d i n
U 1PC 1 1,7
D e d a d i n
U 1PC 1PC 2 3,4
E e d a d i n
U 1ESC 1URI 1PC 3 5,0
F e d a d i n
U 2ESC 2ESC 4 6,8
G e d a d i n
U 3PC 2SFC 5 8,5
H e d a d i n
U 1HEMO 1 1,7
l a t o t -b u
S 3 4 5 6 1 7 1 27 45,7
A a c it i r c .
U 1PC
O M E H
1 1PC 1PC 4 6,8
B a c it i r c .
U 1PC 1PC 2PC 4 6,8
C a c it i r c .
U 1PC 1PC 2 3,4
D a c it i r c .
U 1PC 1PC 1PC 2PC 5 8,5
E a c it i r c .
U 1PC 1 1,7
F a c it i r c .
U 1ESC 2ESC 1PC 3PC
C S E
1 8 13,6
G a c it i r c .
U 2HEMO 1HEMO 3 5,0
H a c it i r c .
U 1ESC 1ESC
C P
1 2ESC 5 8,5
l a t o t -b u
S 7 6 3 5 8 2 1 32 54,3
l a t o
T 10 10 8 11 9 9 2 59 100
par a a equipe de enfer m agem e labor at ór io ( m aior t e m p o , r e t r a b a l h o ) e p a r a a i n st i t u i çã o ( g a st o desnecessário de m at erial e m aior cust o) . Port ant o, a ident ificação e im plem ent ação de ações corret ivas d as an om al i as d ev em se con st i t u i r em p r ocesso constante e sistem atizado( 3) tanto na prática clínica e ger en cial do en f er m eir o com o n a coor den ação de ações int egradas da equipe m ult iprofissional.
A definição de m ét odos e processos j unt o à e q u i p e d e t r a b a l h o , a sso ci a d o s à r e a l i za çã o d e t r ei n am en t o s, t êm si d o ap o n t ad as co m o f at o r es det erm inant es para a redução do núm ero de falhas hum anas ( anom alias)( 14). A uniform idade na realização de pr ocedim ent os t écnicos e a conscient ização dos p r o f i ssi o n a i s e n v o l v i d o s, so b r e co m o o s e f e i t o s i n d e se j á v e i s ( a n o m a l i a s) p o d e m i n t e r f e r i r d e sf a v o r a v e l m e n t e n a o b t e n çã o d e r e su l t a d o s fidedignos, t am bém se const it uem em m edidas de grande im port ância( 15).
Tabela 2 - Distribuição percentual das anom alias ocorridas e as respectivas unidades de internação, no período de j unho a dezem bro de 1999. São José do Rio Pret o, 1999
PC = Ponta de Cateter; ESC = Escarro; HEMO = Hem ocultura; SFC = Secreção da Ferida Cirúrgica
De acordo com a Tabela 2, pode- se observar q u e, n o p er íod o em est u d o, o m aior n ú m er o d e anom alias ocorreu na unidade A ( n = 10) seguido da
unidade crít ica F ( n = 8) e da unidade G, unidades
crít icas D e H ( n = 5) . É possível const at ar que as
u n idades de in t er n ação t ot alizar am per cen t u al de
Tabela 3 - Dist ribuição dos cust os diret os do insum o e m ão- de- obra ( MDO) utilizados na coleta de m aterial p a r a e x a m e m i cr o b i o l ó g i co ( m o e d a r e a l ) q u e ap r esen t ar am an om alias, n o p er íod o d e j u n h o a dezem bro de 1999. São José do Rio Pret o, 1999
s ê
M MDO
. c a r e p O . x u A
O D M
. m r e f n E . x u
A Insumos
l a t o T
N %
n u
J 7,00 12,00 9,20 28,20 18,30 l
u
J 7,00 12,00 5,40 24,40 15,90 o
g
A 7,00 12,00 4,40 23,40 15,20
t e
S 7,70 13,20 7,50 28,40 18,40 t
u
O 6,30 10,80 6,10 23,20 15,00 v
o
N 5,60 9,60 3,30 18,50 12,00 z
e
D 2,10 3,60 2,30 8,00 5,20
l a t o
T 42,70 73,20 38,20 154,10 154,10
% 27,70 47,50 24,80 100,00 100
s ê
M Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
N %
D
I 196,00 94,95 226,38 95,67 187,54 94,10 48,36 943,00 38,80 II 482,97 155,45 356,00 155,45 200,55 111,50 26,37 1.488,29 61,20
T T
I 678,97 250,40 582,38 251,12 388,09 205,60 74,73 2.431,29 100
Tabela 4 - Dist ribuição dos invest im ent os diret os, indiret os e t ot ais do t reinam ent o sobre m ét odo de colet a de m at erial para exam e m icrobiológico ( m oeda real) no período de j unho a dezem bro de 1999. São José do Rio Pret o, 1999
O pr ogr am a de t r einam ent o abr angeu 171 part icipant es ( m édia m ensal de 24 por t reinam ent o) . É oportuno lem brar que o obj etivo inicial do CEC era de t reinar t oda a equipe de enferm agem durant e o ano, ou sej a, um a m édia m ensal de 72 participantes. Na Tabela 4 , obser v a- se qu e o inv est im en t o t ot al ( som at ório dos invest im ent os diret os e indiret os) no treinam ento sobre m étodo de coleta de m aterial para e x a m e m i cr o b i o l ó g i co f o i d e R$ 2 . 4 3 1 , 2 9 . O investim ento direto (custo total do treinam ento) foi de R$ 943,00, e o indireto (horas disponibilizadas de recursos humanos para a aprendizagem no CEC multiplicado pelo salário da categoria por hora de trabalho), de R$ 1.488,29. O custo médio per capita foi de R$ 16,00.
Estudo desenvolvido no Reino Unido( 9), a partir d e t r ê s t r e i n a m e n t o s ( p r a t i ca e m ca n u l a çã o , v e n o p u n t u r a e a d m i n i st r a çã o d e d r o g a s endovenosas) , apresentou custo per capita de £ 915. I n v e st i g a çã o r e a l i za d a n o s Est a d o s Un i d o s( 1 0 ), com parando dois m étodos de treinam ento, identificou um custo per capita de US$7,33 ( m étodo unit- based)
e de US$5,64 ( m ét odo all- day) . Ação educat iva em h i g i en e e n u t r i ção i m p l em en t ad a j u n t o a p ai s e funcionários de creches, no Brasil, dem onst rou cust o m éd io p or f u n cion ár io d e R$ 2 4 , 5 4( 1 6 ). Con t u d o, in v est igação sobr e pr ogr am as de t r ein am en t o em i n st i t u i çã o h o sp i t a l a r b r a si l e i r a( 1 7 - 1 8 ) e n co n t r o u invest im ent o per capit a de US$ 27,41, o qual revela um investim ento 9,2 vezes m enor, quando com parado com a referência m undial de US$ 252.
A d i f i cu l d a d e n a i d e n t i f i ca çã o d a s n e ce ssi d a d e s d e t r e i n a m e n t o ( o q u e d e v e se r t reinado, para quem o t reinam ent o serve e por que se invest e nele) com o t am bém a definição de seus obj et iv os é com u m n as or gan izações. A lit er at u r a especializada t em ainda r egist r ado que o insucesso d e m u i t o s p r o g r a m a s d e t r ei n a m en t o é d ev i d o , pr incipalm ent e, à falt a de um a av aliação adequada de necessidades( 19).
Um a v ez que a av aliação de necessidades de t r ein am en t o su bsidia o plan ej am en t o, cabe ao enferm eiro gest or do CEC realizar um diagnóst ico de A Tabela 3 m ost ra que, do t ot al dos cust os
d i r e t o s d o s e x a m e s d e m i cr o b i o l o g i a q u e ap r esen t ar am an o m al i as n o p er ío d o i n v est i g ad o
( R$154,10) , a m ão- de- obra const it uiu o cust o m ais elevado, principalm ent e o cust o da m ão- de- obra do au x iliar d e en f er m ag em , r ep r esen t an d o R$ 7 3 , 2 0 ( 47,5% ) . Os insum os representaram a m enor parcela do custeio total, ou sej a, R$ 38,20 ( 24,8% ) . Os m eses d e set em b r o e j u n h o ap r esen t ar am m ai o r cu st o oper acional na colet a de m at er ial, r espect iv am ent e R$ 28,40 ( 18,4% ) e R$ 28,20 ( 18,3% ) . O m enor cust o operacional ocorreu no m ês de dezem bro - R$ 8,00 ( 5,2% ) .
Pesquisa obj et ivando avaliar ação educat iva em h ig ien e e n u t r ição ap licad a a f u n cion ár ios d e cr e ch e s e p a i s r e v e l o u d i st r i b u i çã o d o s cu st o s r elacion ad os a in su m os e m ão- d e- ob r a ( r ecu r sos hum anos) de form a diferenciada dos achados nest e est udo. O cust o dos insum os represent ou 87,5% do cust o t ot al, enquant o o relacionado à m ão- de- obra, apenas 12,5%( 16).
for m a obj et iva, baseado em colet a de dados e não so m en t e n as v er b al i zaçõ es d o s en f er m ei r o s. No est u d o em q u est ão, a f alt a d e u m lev an t am en t o anterior à im plem entação do program a de treinam ento para com paração com dados posteriores gerou dúvidas quant o à pert inência desse t reinam ent o.
Um a vez que as anom alias ocorreram m ais nas unidades de internação A ( n= 10) , unidade crítica F ( n= 8) , unidade de int ernação G ( n= 5) e unidades crít icas D e H ( n= 5) respect ivam ent e, a t om ada de decisão do gest or do CEC deveria est ar direcionada à equipe de enferm agem dessas unidades e t am bém à coleta de ponta de cateter e cultura de escarro que for am as anom alias pr edom inant es.
O núm ero de anom alias evidenciadas ( n= 59) represent ou um baixo percent ual ( 0,5% ) em relação a o t o t a l d e m a t e r i a l co l h i d o p a r a e x a m e s m icrobiológicos ( n= 11.893) , não se const it uindo em p o n t o cr ít i co q u e j u st i f i casse a co n t i n u i d ad e d o t reinam ent o e conseqüent e invest im ent o.
Análise de t reinam ent os da rede pública de ser v iços de saúde( 20) t em m ost r ado que est es t êm si d o i m p l em en t ad o s d e f o r m a cen t r al i zad a, sem e st a r e m v i n cu l a d o s a u m p l a n o e st r a t é g i co d e desen v olv im ent o e t r einam ent o de pessoal dessas inst it uições. Dest aca, t am bém , a não observação de critérios de inclusão dos participantes, o que constitui desperdício de recursos, dificult ando a t ransferência
d o co n h e ci m e n t o g e r a d o p a r a a a t i v i d a d e desenvolvida pelo t r einando.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste estudo, a identificação de anom alia foi u t i l i za d a co m o m e d i d a d e r e su l t a d o s d o s t r einam ent os. As anom alias ger am cust os ( r epar o, t e m p o , m a t e r i a l , e t c. ) e n ã o a g r e g a m v a l o r, r e p r e se n t a n d o p e r d a s p a r a a i n st i t u i çã o . A com preensão dos cust os com o ferram ent a gerencial para o enferm eiro do CEC fornece inform ações para o planej am ent o das at ividades operacionais, favorece a alocação de r ecur sos e nor t eia a per t inência do inv est im ent o.
Um a v e z q u e a s i n st i t u i çõ e s d e sa ú d e u su a l m e n t e n ã o p o ssu e m u m a p o l ít i ca d e i n v e st i m e n t o s f o r m a l i za d a , r e co m e n d a - se a o s en f er m eir os d os CECs : alin h ar os p r og r am as às necessidades est rat égicas da inst it uição; est abelecer critérios de inclusão dos participantes, fundam entados em d iag n óst ico d e n ecessid ad es d e t r ein am en t o; desenhar o conteúdo com técnicas problem atizadoras; m en su r ar os r esu lt ados obt idos, est abelecen do- se m et as d e m elh or ias n os ín d ices d e an om alias, e ag r eg ar est u d os d e cu st os n a av aliação d e seu s pr ogr am as.
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Recebido em : 2.2.2005 Aprovado em : 14.7.2006