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O Centro de Atenção Psicossocial sob a ótica dos usuários.

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Academic year: 2017

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O CENTRO DE ATENÇÃO PSI COSSOCI AL SOB A ÓTI CA DOS USUÁRI OS

1

Sandr a Regina Rosolen Soar es2 Toy ok o Saek i3

O pr esent e est udo t em por obj et ivo descr ever o funcionam ent o de um cent r o de at enção psicossocial e apr eender com o os usuár ios at endidos por esse ser v iço per cebem o pr ocesso t er apêut ico ofer ecido. For am

r ealizadas en t r ev ist as sem i- est r u t u r adas, com on ze u su ár ios de u m Cen t r o de At en ção Psicossocial ( CAPS) , localizado n o in t er ior pau list a. Os dados f or am su bm et idos à An álise Tem át ica, segu n do Min ay o. Os t em as

em er gidos, a par t ir da análise dos dados, possibilit ar am a configur ação de t r ês t em as. No pr im eir o deles, o

usuár io per cebe o t r at am ent o, sob um enfoque or ganicist a do cuidado, r elat ado por m eio da v alor ização do profissional m édico, na abordagem m edicam ent osa e o cont role dos sint om as. O segundo t em a t raz a percepção

do espaço do CAPS, enquant o cenário propiciador de t rocas sociais. E o t erceiro t em a diz respeit o ao processo t er apêu t ico est ar v olt ado à v ida cot idian a dos u su ár ios. Com base n esses dados, pôde- se r ef let ir sobr e os

r um os dos nov os disposit iv os em saúde m ent al, os CAPS.

DESCRI TORES: saúde m ent al; ser v iços com unit ár ios de saúde m ent al; desinst it ucionalização

THE PSYCHOSOCI AL CARE CENTER ON THE USERS POI NT OF VI EW

Th e pr esen t st u dy h as as it s aim t o descr ibe t h e daily w or k of a psy ch osocial car e cen t er an d t o

apr eh en d h ow t h e u ser s car ed by su ch ser v ice ex per ien ce t h e offer ed t h er apeu t ic pr ocess. Sem i- st r u ct u r ed int er v iew s w er e car r ied out w it h elev en user s of t he Psy chosocial Car e Cent er , locat ed in t he count r y side of

São Paulo st at e. The dat a w ere subm it t ed t o Them e Analysis, based on Minayo. The t hem es w hich cam e from t he dat a analysis, allowed t he configurat ion of t hree t opics. I n t he first one, t he user experiences t he t reat m ent

on an organicist focus of t he care, assessed by t he m edical professional value, in t he m edicine- based approach and t he sym pt om cont rol. The second t opic brings t he percept ion of t he space in CAPS as a helping scenario of

social ex changes. And t he t hir d t opic is about t he t her apeut ic pr ocess as being t ow ar ds t he daily life of t he users. Based in t hese dat a, we could reflect on t he direct ions of t he new facilit ies in m ent al healt h, t he CAPS.

DESCRI PTORS: m ent al healt h; com m unit y m ent al healt h ser v ices; deinst it ut ionalizat ion

EL CENTRO DE ATENCI ÓN PSI COSOCI AL SOBRE LA ÓPTI CA DE LOS USUARI OS

El present e est udio t iene por obj et ivo describir el funcionam ient o de un cent ro de at ención psicosocial y apr en der com o los u su ar ios at en didos por est e ser v icio per ciben el pr oceso t er apéu t ico of r ecido. Fu er on

r ealizadas ent r evist as sem i- est r uct ur adas, con once usuar ios de un Cent r o de At ención Psicosocial, ubicado en el in t er ior pau list a. Los dat os fu er on som et idos a An álisis Tem át ica, segú n Min ay o. Los t em as em er gidos a

par t ir del análisis de los dat os, posibilit ar on la configur ación de t r es t em as. En el pr im er o de ellos, el usuar io per cibe el t r at am ien t o sobr e u n en f oqu e or gan icist a del cu idado, r elat ado por m edio de la v alor ización del

p r of esion al m éd ico, en el ab or d aj e m ed icam en t oso y el con t r ol d e los sín t om as. El seg u n d o t em a t r ae la

per cepción del espacio del “ CAPS” , m ient r as el panor am a pr opiciador de cam bios sociales. Y el t er cer t em a se r ef ier e al pr oceso t er apéu t ico est ar dir igido a la v ida cot idian a de los u su ar ios. Con base en est os dat os,

podem os ponder ar sobr e los r um bos de los nuev os disposit iv os en salud m ent al, los “ CAPS” .

DESCRI PTORES: salud m ent al; ser v icios com unit ar ios de salud m ent al; desinst it ucionalización

1 Trabalho extraído da Dissertação de Mestrado; ? 2 Enferm eira, Mest randa, e- m ail: san.soares@uol.com .br; 3 Enferm eira, Orientador, Professor Doutor,

(2)

I NTRODUÇÃO

A

pós o golpe m ilitar de 1964, a política oficial na área da saúde m ental, baseava- se no investim ento do aum ent o dos leit os psiquiát ricos, m ult iplicando a r ed e p r iv ad a con t r at ad a, n o m om en t o em q u e o m undo inteiro se m ovia em direção à desospitalização. Dessa form a, a int ernação psiquiát rica consolidou- se com o, prat icam ent e, a única alt ernat iva de at enção e m sa ú d e m e n t a l n o p a ís, r e cu r so d e sa ú d e a d m i n i st r a d o , m a j o r i t a r i a m e n t e , p e l a i n i ci a t i v a privada, sem nenhum t ipo de cont role societ ário( 1).

No f in al d a d écad a d e 1 9 7 0 , a socied ad e b u scav a al t er n at i v as m ai s ad eq u ad as, t écn i ca e polit icam ent e, para o t rat am ent o do doent e m ent al, pautadas pelo princípio da desinst it ucionalização* , em qu e os segm en t os or gan izados da sociedade civ il, i n co r p o r a r a m o m o v i m e n t o i n i ci a d o n a I t á l i a , conhecido com o Rede de Alt er nat iv as à Psiquiat r ia, buscando for m as de confr ont ar o m odelo inst it uído no país. Em 1979 ocorreu a visita do psiquiatra italiano Fr a n co Ba sa g l i a e o I En co n t r o Na ci o n a l d e Tr abalhador es em Saúde Ment al, r ealizado em São Paulo, que foram dois m arcos históricos na discussão das Polít icas de Saúde Ment al no Brasil.

É nesse cenário que surge o Movim ent o da Re f o r m a Psi q u i á t r i ca * * q u e , b a se a n d o - se n o p r ocesso d e r ed em ocr at ização d o p aís, f or m u lou cr ít icas ao saber e às in st it u ições psiqu iát r icas e, t am bém , ao aparat o m anicom ial.

Em con t r apar t ida, o Est ado, in cor por an do e ssa s cr ít i ca s a o se u a p a r e l h o , o r g a n i zo u a I Conferência Nacional de Saúde Ment al, em j unho de 1 9 8 7 , co m o d e sd o b r a m e n t o d a 8 ª Co n f e r ê n ci a Nacional de Saúde. Nesse m esm o ano, em Bauru ( SP) , acont eceu o I I Encont r o Nacional de Tr abalhador es em Sa ú d e Men t a l , r a t i f i ca n d o a s m u d a n ça s d o s princípios ét ico- t eóricos da assist ência psiquiát rica e criando o Movim ent o da Lut a Ant im anicom ial sob o lem a Por um a sociedade sem m anicôm ios.

A p a r t i r d a í, o Mo v i m e n t o d e Lu t a Ant im anicom ial form ado, por vários at ores sociais os usuários, fam iliares, t rabalhadores e int elect uais -sinalizou a necessidade de estratégia política de ação m ais am pla, est abelecendo diálogo com a população

sobr e a loucur a e seus aspect os, com o int uit o de reconstruir as relações entre os loucos e a sociedade. I nfluenciado pelo m odelo de t r ansfor m ação italiano, o Movim ento de Luta Antim anicom ial apontou a desinst it ucionalização com o prem issa fundam ent al na reorganização dos serviços e nas práticas de saúde m en t al . Assi m , a q u est ão n o r t ead o r a n ão er a a m od er n ização d as in st it u ições, m as a cr iação d e novos espaços, com out ras abordagens.

No ca m p o l e g i sl a t i v o , a m o b i l i za çã o d a sociedade civil, aliada à sociedade política, fez tram itar no Congresso Nacional o Proj et o de Lei nº 3.657/ 89, d o d ep u t ad o f ed er al Pau lo Delg ad o, q u e d iscor r e sobre a ext inção progressiva dos m anicôm ios e sua su b st i t u i çã o p o r o u t r o s r e cu r so s a ssi st e n ci a i s ( Ho sp i t a i s- D i a , Nú cl e o s e Ce n t r o s d e At e n çã o Psicossocial - NAPS e CAPS, Lares Prot egidos) . Esse p r oj et o, san cion ad o e t or n ad o Lei sob o n u m er o 1 0 . 2 1 6 , e m a b r i l d e 2 0 0 1 , a m p a r a d o n u m a co m p r een sã o p r o g r essi st a d e a ssi st ên ci a , é u m disposit iv o u t ilizado pela sociedade or gan izada n a busca da reform a da legislação psiquiátrica e consolida o processo de discussão sobre a doença m ent al e as inst it uições psiquiát ricas.

Em 1992, realiza- se a I I Conferência Nacional de Saúde Ment al, cont ando com a par t icipação de usuár ios, t r abalhador es e pr est ador es de ser v iços, discut ir am - se quest ões com o a m unicipalização da a ssi st ên ci a e a ci d a d a n i a d o s d o en t es m en t a i s, r at ificando a cr ít ica ao m odelo hospit alocênt r ico no enfoque ét ico, t écnico e polít ico.

A Lei de n ° 1 0 . 2 1 6 / 0 1 , de abr il de 2 0 0 1 , relaciona os direitos dos portadores de doença m ental, r e f o r ça n d o a i n cl u sã o so ci a l d o su j e i t o e r eg u lam en t an d o u m a n ov a p olít ica d e assist ên cia psiquiát rica no país.

Em d e ze m b r o d e 2 0 0 1 , a co n t e ce u a I I I Conferência Nacional de Saúde Ment al que, em seu Re l a t ó r i o Fi n a l , r e a f i r m o u a s co n q u i st a s d a s con f er ên cias an t er ior es, d a ap r ov ação d a Lei n ° 10.216/ 01 e das portarias do Ministério da Saúde que r egulam a assist ência em saúde m ent al no Br asil. Assi m , co n so l i d o u a e st r a t é g i a d e se r v i ço s com unit ários ( CAPS) com o equipam ent os priorit ários de organização da at enção em saúde m ent al.

* Ent endido com o um processo crít ico- prát ico que reorient a inst it uições, saberes, est rat égias em direção à exist ência- sofrim ento ou, ainda, considerado t am bém com o const rução, invenção de nova realidade(2).

(3)

No se n t i d o d e r e g u l a m e n t a çã o e reorganização institucional de novas práticas, tam bém foi publicada a Port aria de n° 336/ GM, de fevereiro de 2002, que est abelece a dist inção ent re os CAPS, cl a ssi f i ca n d o - o s se g u n d o su a co m p l e x i d a d e e ab r an g ên cia. Assim , os CAPS são d ef in id os com o ser v iços est r at ég icos d e su b st it u ição ao h osp it al psiquiát r ico.

Dessa m aneira, os serviços abert os surgiram em cont rapont o às inst it uições fechadas, t endo com o ob j et iv os “ r om p er com a t en d ên cia car cer ár ia d a ideologia m anicom ial; m ant er os usuár ios o m enor t e m p o p o ssív e l n a i n st i t u i çã o ; e st i m u l a r a perm anência dos usuários no núcleo fam iliar e social; e v iabilizar um pr oj et o de v ida com pat ív el com as pot encialidades de cada indivíduo”( 4).

No d e co r r e r d e ssa t r a j e t ó r i a d e d e si n st i t u ci o n a l i za çã o , e n t r e t a n t o , f r e n t e à i m p o r t â n ci a d e se u s a co n t e ci m e n t o s e d e su a s inov ações, apr esent am - se os nov os pr oblem as. Um deles propõe que o fat o de um serviço ser ext erno o u a b er t o n ã o g a r a n t e a su a ca r a ct er íst i ca n ã o m anicom ial, cabendo pesquisar sobre a estrutura dos se r v i ço s, a s a çõ e s d o s p r o f i ssi o n a i s f r e n t e à a ssi st ê n ci a a o d o e n t e m e n t a l p a r a d i a g n o st i ca r resquícios, ou não, m anicom iais( 5).

Nessa p er sp ect iv a, cab e d est acar o CAPS Prof. Luiz da Rocha Cerqueira, na cidade de São Paulo, e o Núcleo de Atenção Psicossocial, em Santos, com o precursores dessa m odalidade de at enção em saúde m ent al.

Já est á em funcionam ent o, at ualm ent e, um a r ede am pla de ofer t as t er apêut icas, obj et iv ando a subst it uição do m odelo hospit alocênt r ico, t ais com o cent r os de at enção psicossocial, leit os psiquiát r icos e m h o sp i t a i s g e r a i s, ce n t r o s d e co n v i v ê n ci a , cooper at iv as de t r abalho, r esidências t er apêut icas, entre outros. De m aneira geral, esses novos serviços se caracterizam pela utilização de um conj unto am plo e com plex o de t ecnologias t er apêut icas e pr át icas p si co sso ci a i s d i r i g i d a s a m a n t e r a p e sso a n a com u n idade.

O co m p r o m i sso é t i co e m g a r a n t i r a o s por t ador es de t r anst or nos m ent ais um a assist ência d e q u al i d ad e, b asead a em p r essu p ost os com o a sin gu lar idade, o dir eit o à saú de e v ida dign a t em im pulsionado proj et os inovadores, rom pendo com o m odelo de reclusão. Entre esses proj etos, encontram -se o s Ce n t r o s d e At e n çã o Psi co sso ci a l ( CAPS) experiências em const rução, at ualm ent e espalhadas

por todo o país e que devem se constituir em serviços inovadores, garant indo um “ espaço de produção de nov as pr át icas sociais par a lidar com a loucur a, o sofr im ent o psíquico, a ex per iência div er sa; par a a const rução de novos conceit os, de novas form as de vida, de invenção de vida e saúde”( 6).

Nesse cont ext o hist órico, insere- se, t am bém , o Cen t r o de At en ção Psicossocial ( CAPS) “ Espaço Vivo” de Botucatu, funcionando desde 2000. O serviço t em com o um a de suas finalidades im plem ent ar os pr incípios da r efor m a psiquiát r ica, alicer çando suas prát icas no respeit o às singularidades e à defesa da v id a. Focaliza, n os p r essu p ost os d a Reab ilit ação Psicossocial, o eix o inst it ucional nor t eador de suas int er v enções não ent endido com o um conj unt o de t écnicas, m as com o um a ex igência ét ica( 7).

Assi m , e st e e st u d o t e m co m o o b j e t i v o apr een der com o o pr ocesso t er apêu t ico of er ecido pelo CAPS “ Espaço Vivo” é percebido pelos usuários at endidos no serviço.

PERCURSO METODOLÓGI CO

Para a realização dest a pesquisa, o m ét odo de investigação utilizado foi o estudo de caso, pois o m esm o pode pr opor cion ar v isão m ais det alh ada e focalizada do contexto estudado e por ser abordagem d e p e sq u i sa q u e t e m co m o o b j e t i v o a n a l i sa r profundam ent e um a unidade( 8).

Est a pesquisa buscou a aproxim ação ent re a vivência dos usuários em sofrim ento psíquico e o seu ent endim ent o sobr e o t r at am ent o ofer ecido em um ser v iço de saúde m ent al, no caso, o CAPS “ Espaço Vivo”. Assim , pr ocura- se conhecer em pr ofundidade o ob j et o est u d ad o, n ão d escon h ecen d o q u e essa ap r ox i m ação f az- se d e f or m a i n com p l et a e su as conclusões são pr ov isór ias.

O estudo de caso favorecendo o conhecim ento de um a realidade delim itada, entretanto, perm ite que, a part ir de seus result ados, possam ser form uladas h i p ó t e se s p a r a o e n ca m i n h a m e n t o d e o u t r a s pesquisas( 8).

(4)

co n se n t i m e n t o , t a n t o d o u su á r i o co m o d e se u r esponsáv el, confor m e pr econizado pela Resolução 199/ 96.

Est a pesquisa obt ev e par ecer fav or áv el do Com it ê de Ét ica da Faculdade de Medicina - Unesp.

As e n t r e v i st a s se m i - e st r u t u r a d a s f o r a m elab or ad as a p ar t ir d e r ot eir o com as p r in cip ais q u e st õ e s a se r e m l e v a n t a d a s. Ag e n d o u - se previam ent e com os usuários e as ent revist as foram r ealizadas, indiv idualm ent e, pela pesquisador a, no ser v iço. Os n om es dos u su ár ios f or am om it idos e subst it uídos pelos nom es dos principais personagens de um a peça t eat ral realizada pelo CAPS.

Após a coleta de dados, o m aterial obtido foi su b m et id o à An álise Tem át ica, q u e “ con sist e em descobrir os núcleos de sent ido que com põem um a com unicação cuj a presença ou freqüência signifiquem algum a coisa para o obj et ivo analít ico visado”( 9).

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

Os result ados foram agrupados por m eio de t rês grandes t em as em ergidos dos depoim ent os dos suj eit os da pesquisa: a in flu ê n cia or ga n icist a n o c u i d a d o p r e s t a d o p e l o s e r v i ç o ; o CA P S e n q u a n t o c e n á r i o f a v o r e c e d o r d a r e d e d e

r e l a ç õ e s s o c i a i s e , p o r f i m , o t r a b a l h o

t erapêut ico volt ado à vida cot idiana do usuário.

No prim eiro t em a surgiram cat egorias com o a v alor ização do pr of ission al m édico, a ên f ase n a t e r a p ê u t i ca m e d i ca m e n t o sa e a i m p o r t â n ci a d a a b o r d a g e m t e r a p ê u t i ca so b r e o s si n t o m a s apr esent ados pelos usuár ios.

Essas quest ões nos rem et em à discussão do cam inho percorrido pela psiquiatria. A traj etória desse sa b e r f o i m a r ca d a p o r i n f l u ê n ci a s co n ce i t u a i s, alicer çadas em um a v isão or ganicist a da et iologia, no m anej o dos sinais e sint om as e no pr ognóst ico das doenças m entais, pontuando assim as suas ações. Esses con cei t os f or am t r azi d os à p r át i ca psiqu iát r ica, a par t ir do sécu lo XX, u m a v ez qu e, durant e o século ant erior, o corpo hum ano, em seus d et alh es, er a p r at icam en t e d escon h ecid o. Com o a v a n ço d a m e d i ci n a ci e n t íf i ca , f o i p o ssív e l com p r een d er os p r ocessos f isiológ icos, at en t an d o assim par a par t es cada v ez m en or es da m áqu in a hum ana( 10).

No f i n a l d a d é ca d a d e 1 9 5 0 , h o u v e a int rodução de diversos psicofárm acos na t erapêut ica

psiquiát rica com o os ant idepressivos t ricíclicos, e os benzodiazepínicos, que foram “ responsáveis indiret os pela in t egr ação da psiqu iat r ia den t r o da m edicin a int erna”( 11).

Esse s co n ce i t o s, m a r ca d o s p o r p r á t i ca s t radicionais, ainda influenciam as ações profissionais nos novos equipam ent os de saúde m ent al com o, por exem plo, os CAPS( 12).

E a d o en ça m en t al , v i st a so b o en f o q u e organicista, provém da concepção de que “ é algo que ocor r e ‘dent r o’ do espaço cor por al. A subj et iv idade do indivíduo é descart ada, operando- se um a redução que o t ransform a em obj et o danificado”( 13).

O r elat o, a seguir, ex em plifica a noção da organicidade do sofrim ento psíquico, indo ao encontro dos achados na lit erat ura.

Ent ão, o t rat am ent o m edicam ent oso é assim , é lógico

que a gent e t em problem a psíquico, m as que vêm de diferent es

m ot ivos, que é o próprio cérebro da pessoa, falt a um líquido do

cérebro. Eu não sei explicar direit o, m as esses rem édios com bat em

essa deficiência que você t em , essa doença [ ...] . O m edicam ent o

aj uda com o que a pessoa, a subst it uir a deficiência que a pessoa

t em , no nível do cérebro, né, assim orgânica ( Nero) .

A fala acim a dem onstra a elaboração que um usuário t ece a respeit o de seu adoecim ent o. Pode- se p e r ce b e r p o r e sse r e l a t o , a i n f l u ê n ci a d a v i sã o organicista, foi aqui colocada com o carência cerebral. No ca so , e ssa d i sf u n çã o é a p o n t a d a e n q u a n t o causador a dos pr oblem as psíquicos.

Conseqüent em ent e, a opção pela abordagem m edicam en t osa é a m ais in dicada n essa sit u ação, e sp e r a n d o q u e , co m e l a , o s p r o b l e m a s se j a m solucionados e a deficiência equacionada. Ou sej a, p a r a e l e , a d o e n ça m e n t a l é p e r ce b i d a co m o deficiência, incapacidade e perda. E, para t al, cabem aos pr ofissionais e inst it uições pr ov er em m eios de com bat er essas seqüelas.

Assim , o relato traduz a im agem de que estar d o e n t e é e m e ssê n ci a u m a p e r d a : é p e r d e r capacidades, é perder laços afet iv os; é perder. I sso dem onst r a que a doença im plica em um est ado de in capacidade est abelecido pelo per der e pela n ão v alor ização d as r elações e in t er - r elações en t r e o indivíduo e a sociedade.

(5)

Sendo assim , a doença m ent al, aloj ando- se n o cé r e b r o d a n i f i ca d o , p r e v ê q u e o t r a t a m e n t o oferecido deva se paut ar nesse enfoque, o orgânico. Seguindo essa per spect iv a, associam o t r at am ent o ao pr ofissional que consider am m ais adequados às ações t er ap êu t icas esp er ad as, b u scan d o solu ções para a doença m ent al.

Nesse caso, os m édicos foram os profissionais m ais valorizados para o m anej o da t erapêut ica e na abordagem m edicam ent osa e, sob t al enfoque, para o t rat am ent o oferecido pelo CAPS.

Assi m , so b a a b o r d a g e m o r g â n i ca , o s profissionais são valorizados pois “ som ent e o m édico sabe o que é im portante para a saúde do indivíduo, e só ele pode fazer qualquer coisa a r espeit o disso, p o r q u e t o d o o co n h eci m en t o acer ca d a saú d e é r acional, cient ífico, baseado na obser vação obj et iva de dados clínicos”( 14).

Outro usuário ilustra essa situação, ao relatar.

[ ...] E t am bém t em o psiquiat ra que a gent e conversa

no CAPS e a cabeça da gent e vai volt ando no lugar, né ( Mário) .

Tam bém aqui pôde- se verificar que cham a a atenção a ênfase na organicidade do cuidado, estando m uito presente nos discursos dos usuários. Entretanto, essa questão precisa ser m elhor problem atizada, um a vez que esse tipo de terapêutica deve fazer parte do pr ocesso t er apêut ico ofer ecido pelos equipam ent os de saúde m ent al. Todav ia, para os usuár ios dest a p esq u isa, a ab or d ag em , aq u i d escr it a, ap r esen t a caráter de m aior im portância, rem etendo a um a visão m ais t radicional da psiquiat ria.

A segunda cat egor ia - ‘o CAPS e n q u a n t o c e n á r i o f a v o r e c e d o r d a r e d e d e r e l a ç õ e s

sociais’ - foi estruturada a partir de com o os usuários

t êm per cebido e se ut ilizado do espaço do CAPS e co m o e sse l o ca l t e m se co n f o r m a d o à s a çõ e s t erapêut icas, nas relações usuário/ serviço e usuário/ profissional, bem com o na form ação do vínculo.

Os serviços abert os em saúde m ent al, nesse caso os CAPS, foram originados a part ir de proj et os in ov ador es qu e bu scav am , n a pr át ica cot idian a, a rupt ura com o m odelo asilar. Dent re esses proj et os, surgidos no final de 1980, dest acam - se o Cent ro de At en ção Psicossocial ( CAPS) Pr of. Lu iz d a Roch a Cer queir a, na cidade de São Paulo, os Núcleos de At enção Psicossocial ( NAPS) em Sant os, SP, e CAPS “ Nossa Casa” em São Lourenço do Sul, RS.

Dessa m aneira, o t rabalho desenvolvido em i n st i t u i çõ e s, co m o o s CAPS, p r e ssu p õ e m a i s com pet ência, disponibilidade e criat ividade da equipe

que o realizado pelo m odelo de psiquiatria tradicional, em que as ações t er apêut icas são pr edet er m inadas e crist alizadas. E, o serviço de at enção psicossocial d ev e ser “ esp aço d e p r od u ção d e n ov as p r át icas sociais para lidar com a loucura, o sofrim ento psíquico, a ex per iência div er sa; par a a const r ução de nov os conceit os, de novas form as de vida, de invenção de vida e saúde”( 6).

O CAPS “ Espaço Vivo” t am bém é cenário de cont r adições, conflit os, incer t ezas e negociações de usuár ios e equipe. Est ão pr esent es cot idianam ent e reflexões e debat es sobre o fazer e o com o- fazer.

O r elat o d e Ca m a r g o, a seg u ir, m ost r a a discussão, ainda at ual, em t orno da psiquiat ria, seu papel na or ganização social e, sobr et udo, sobr e as inst it uições relacionadas na assist ência psiquiát rica. Acr edit o qu e o discu r so do u su ár io do CAPS pode tam bém ser com partilhado por m uitos outros usuários, fam iliares e trabalhadores, atores de um processo em m ovim ent o. Sob essa perspect iva, para Cam ar go.

O CAPS é um a propost a de desospit alização, né. Fora da

sociedade ninguém sobrevive porque o ser hum ano, ele precisa

das out ras pessoas pra sobreviver. Ent ão o CAPS seria legal se

t ivesse aqui o CAPS I I I t am bém , se fosse suprim ida as vagas,

se fosse fechado o hospit al psiquiát rico, né. Porque o hospit al

psiquiát rico t eve um a ut ilidade em out ras épocas, em regim es de

governo que t inham out ra m ent alidade, m as nessa m ent alidade

dem ocrát ica seria necessário que t ivesse m ais um CAPS para

at ender a dem anda, né ( Cam argo) .

Ainda, segundo o r elat o, o CAPS coloca- se em cont r apont o ao hospit al, ser v iço funcionando à desospit alização. Na v er dade, os CAPS or iginar am -se en q u an t o -ser v i ço s i n t er m ed i ár i o s o u , m el h o r d i ze n d o , co m o i n st i t u i çõ e s cu j a co m p l e x i d a d e i n t e r m e d i a v a o s Ho sp i t a i s Psi q u i á t r i co s e a com unidade, at endendo pacient es no m om ent o da alt a hospit alar, para a passagem à vida com unit ária ou evitando a internação. O proj eto CAPS aceita, ainda que de form a provisória, o hospit al psiquiát rico.

Com relação à at uação dos profissionais, os e n t r e v i st a d o s p e r ce b e m n o s t r a b a l h a d o r e s u m a post ura de escut a e acolhim ent o do sofrim ent o. Esse papel é valorizado enquanto instrum ento no processo t er apêut ico. Nas ent r evist as, foi possível apr eender vários relat os nesse sent ido.

Que eu precisava, às vezes, desabafar e não conseguia,

né. Apesar de m e desabafar m uit o com out ras pessoas, m as não

era a m esm a coisa de um profissional, né ( Adelaide) .

Vocês dando apoio pra m im na hora que eu m ais precisei

(6)

Aj udou na at enção que eles dá pra m im , t udo dá pra

m im [ ...] . Ah, na at enção, que eu ‘se’ sent ia sozinha [ ...] . Eu t ava

precisando ficar j unt o com algum as pessoas, por não t á ainda

com a m inha irm ã ( Michele) .

Os usuár ios r elat am sent ir em - se apoiados, at endidos e escut ados e ut ilizam os encont r os com os profissionais com o espaços para o desabafo, para o alívio.

Michele credita a sua m elhora no suporte que o serviço m ant eve, enquant o a sua rede social não est av a f or t alecida. Na época, sen t ia- se sozin h a e u t i l i zo u o CAPS co m o u m esp aço d e en co n t r o e con v iv ên cia.

Nas falas, os ent revist ados não definem em q u a i s a t i v i d a d e s o u ‘ l u g a r e s’ a co n t e ce m e sse s ‘ e n co n t r o s’, o n d e a s t r o ca s e a s r e d e s sã o est abelecidas. Sendo assim , pode- se pensar que os espaços t êm sido perm eáveis e oferecem suport e às necessidades dos usuár ios.

Os depoim en t os t r azidos m ost r am qu e os usuários t êm ut ilizado o serviço com o um a prim eira apr ox im ação, a r elação est abelecida per m anece na in st ân cia d a at en ção, d o ap oio. En t r et an t o, essa a p r o x i m a çã o t e m si d o f e i t a , g r a d u a l m e n t e . No decor r er da pesquisa, foi possível encont r ar r elat os que dem onst ravam que o processo t erapêut ico t em ca m i n h a d o p a r a a t e n d e r à s n e ce ssi d a d e s d o s usuár ios.

En f i m , o esp a ço d o CAPS, co n f o r m a em opor t unidade par a agir novam ent e no m undo. Par a os usuários, ret irados dos processos produt ivos e na dim inuição ou, at é m esm o, na ausência de vínculos sociais, a participação no serviço e a entrada em um a rede de solidariedade e apoio possibilit a a ret om ada dos laços sociais em situação na qual esses laços são ainda m ais necessár ios.

Na últim a categoria - ‘t rabalho t erapêut ico

v o l t a d o à v i d a co t i d i a n a d o u su á r i o ’ - f or am

abordadas as dificuldades e facilidades dos usuários em enfrentar os desafios da vida cotidiana e com o as prát icas t erapêut icas oferecidas pelo serviço t êm se co n f o r m ad o n essa d i r eção . Assi m , “ Li d ar co m o cot idiano é sem pr e int er v enção que ex ige um lidar com a concr et ude do hom em , esse m ov im ent o de m últ iplas relações. O cot idiano não é rot ina, não é a sim ples r epet ição m ecânica de ações que lev am a u m fazer por fazer. O co t id ia n o é o lu g a r o n d e b u s c a m o s e x e r c e r n o s s a a t i v i d a d e p r á t i c a t r a n sf o r m a d o r a , é o so ci a l ; é o co n t e x t o e m

q u e v iv e m os”( 1 5 ) ( g r if o n osso) .

A par t ir do cont ext o- cot idiano em er gem no cu idado as sit u ações con f lit u osas, os t em or es, as dificuldades, as habilidades, as sit uações concr et as da vida. E, por m eio delas, é que vão sendo costurados os f ios do pr ocesso t er apêu t ico. Assim , u su ár io e se r v i ço t r a b a l h a m j u n t o s n a b u sca d a s r e a i s necessidades e desej os, no sent ido do t rat am ent o.

Nas falas dos usuários do CAPS “ Espaço Vivo”, foi possív el apr een der sit u ações e acon t ecim en t os v iv idos e enfr ent ados que cont ar am com o supor t e do serviço. Por m eio das entrevistas, surgiram relatos q u e ap on t am p ar a p r át icas t er ap êu t icas q u e t êm ap oiad o o u su ár io a en f r en t ar as d if icu ld ad es n o cot idiano.

Os d ois d ep oim en t os, a seg u ir, t r azem a im por t ância dessa t em át ica, enquant o supor t e par a a m elhora, na apropriação de si, no gerenciam ent o de sua vida.

[ ...] Desde as coisas m ais sim ples, varrer, no fazer as

coisas do dia-a-dia, até negócios. Obrigação, com prom isso, horário,

aj uda m uito. Porque eu tava tendo dificuldades assim , em horários,

eu t inha t rocado o dia pela noit e, eu não conseguia fazer o que eu

faço aqui e j á de dez m eses pra cá, eu j á t ô conseguindo j á. Não é

de um dia pro out ro. Mas eu j á t ô conseguindo aj udar a livrar a

m inha filha de um peso, um a responsabilidade m uit o fort e pra ela

( Adelaide) .

Hoj e eu consigo ir lá na cidade, com prar o que eu quero,

eu... se t em um a cont a, eu vou lá e pago a cont a [ ...] . Agora lá em

casa se t em um a cozinha, eu j á vou arrum ar a cozinha, j á aj udo

m ais a m inha filha, né, lim par um a casa, assim ... o que eu posso

eu t ô fazendo. Eu acho que isso j á m e aj udou m uit o ( Dem ent ina) .

Por m eio das falas, pode- se perceber que o t r abalho t er apêut ico se inicia sobr e as dificuldades i n st a l a d a s e r e l a ci o n a d a s a o d e se m p e n h o d e at iv idades diár ias. Nos r elat os, é possív el t am bém apreender que o processo t erapêut ico - que com eça nos aspectos do cuidado com o corpo - passa, a seguir, a a u m e n t a r a co m p l e x i d a d e d a s i n t e r v e n çõ e s, en f ocan d o at iv id ad es d o cot id ian o, ain d a em u m espaço prot egido, no caso o CAPS. Mais t arde, essas a t i v i d a d e s sã o t r a n sp o st a s p a r a o s r e sp e ct i v o s espaços reais, no cont ext o- cot idiano de cada um .

(7)

Já, Dem entina percebe que sua m elhora foi no sentido de dividir com a filha os encargos dom ésticos. O t r abalho t er apêut ico enfocado em ações no cot idiano do usuário é t am bém valorizado com o um a das ferram ent as da reabilit ação psicossocial. A cent ralidade nessa quest ão faz do serviço im port ant e disposit ivo inovador no cuidado em saúde m ent al e “ as práticas da vida cotidiana são consideradas, nesse co n t e x t o , co m o co m p o n e n t e s e sse n ci a i s p a r a a reabilitação psicossocial dos usuários. E, através dela, a conseqüente obtenção de cidadania. A diferenciação entre tratar pessoas com suas necessidades próprias, su a su b j e t i v i d a d e a p a r e ce co m o u m d i f e r e n ci a l im port ant e em relação à cent ralização no t rat am ent o da doença”( 16).

An a l i sa n d o e sse s a ch a d o s, p ô d e - se apreender que o serviço tem enfocado no seu trabalho as pr át icas cot idianas. O pr ocesso t er apêut ico est á baseado em um cuidado responsável, valorizando as h a b i l i d a d e s e d i f i cu l d a d e s d o s su j e i t o s e su a s necessidades. O result ado do cont rat o t erapêut ico é p e r ce b i d o , p e l o s u su á r i o s, co m o a m e l h o r a n a qualidade de vida e na autonom ia. À m edida que são valorizadas e t rabalhadas essas quest ões, o serviço a p r o x i m a - se d e p r e ssu p o st o s d a r e a b i l i t a çã o . En t r e t a n t o , a i n d a e st ã o p r e se n t e s, e m ce n a , ab or d ag en s or g an icist as, com o as j á an alisad as, anteriorm ente. A contradição aqui presente, pode ser inerent e ao processo da const rução diária de novos se r v i ço s, o n d e , co t i d i a n a m e n t e , h á d i l e m a s e enfrent am ent os no lidar com o sofrim ent o psíquico.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

Est e t rabalho t eve com o obj et ivo ident ificar e an al i sar o t r at am en t o o f er eci d o n o Cen t r o d e At enção Psicossocial “ Espaço Vivo”, sob a ót ica dos usuários at endidos pelo serviço. Para o delineam ent o dest a invest igação, foi realizada pesquisa qualit at iva. A par t ir dos dados colhidos foi possív el apr eender qu e o cu idado en fat izado sob a v isão or gan icist a,

ap r esen t a- se com o p on t o m ais f or t e n o p r ocesso t er ap êu t i co d o ser v i ço . So b essa p er sp ect i v a, o m é d i co o cu p a l u g a r p r i v i l e g i a d o n o se r v i ço , det erm inado pelo saber psiquiát rico. Assim , para os u su á r i o s e n t r e v i st a d o s, sã o p e r ce b i d o s o s in st r u m en t os n ecessár ios p ar a a ex ecu ção d esse t rabalho: a ut ilização de psicofárm acos para o alívio dos sint om as e a consult a m édica.

O CAPS, ent ret ant o, t am bém t em oferecido abordagens caract erizadas no leque do “ t erapêut ico”, o u se j a , g u i a d a s p e l a si n g u l a r i d a d e , e scu t a e acolhim ent o. Nas falas dos ent r ev ist ados apar ece, com fr eqüência, a post ur a acolhedor a e de escut a presentes nos trabalhadores do serviço. Característica iden t if icada com o u m est ilo de t r abalh o e pr át ica cor r en t e do ser v iço: o r elacion am en t o h u m an o, o acolhim ent o, o respeit o, o afet o e o apoio com que sã o t r a t a d o s o s u su á r i o s a t e n d i d o s. Esse s pressupostos que dão suporte às ações da instituição encont ram eco na Reform a Psiquiát rica.

Os u su á r i o s p e r ce b e m q u e , f a l a r e se r e scu t a d o , t r a z a l ív i o a o se u so f r i m e n t o , e o est abelecim ent o dessa relação se const it ui em um a form a de aj uda.

Ou t r o aspect o im por t an t e n as r elações do usuário com o serviço foi a construção do vínculo. Os en t r ev i st ad o s ap o n t am q u e o s p r o f i ssi o n ai s t êm buscado “ olhar” para o contexto de vida das pessoas at endidas, est abelecida m esm o na descont inuidade do t r at am ent o. Já, a fr eqüência e cont inuidade do tratam ento tam bém são consideradas com o m aneiras de est abelecer o vínculo, for t alecendo a r elação de confiança e aj uda.

Acr edit a- se que a r ealização das at ividades d e v i d a d i á r i a d e v a se r i n se r i d a co m o u m d o s prim eiros obj etivos a serem alcançados nos contratos de cu idados e, m ais am plam en t e, em pr oj et os de r eabilit ação psicossocial.

Tr an spost as essas pr im eiras n ecessidades, entretanto, é preciso que o enfoque am plie- se para a com plex idade do su j eit o qu e sofr e, qu e alcan ce a concret ude de sua vida, de suas relações.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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(8)

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Referências

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