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Rev. Bras. Anestesiol. vol.67 número5

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Academic year: 2018

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RevBrasAnestesiol.2017;67(5):538---540

REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

INFORMAC

¸ÃO

CLÍNICA

Hemorragia

pós-parto

e

hipertensão

induzida

pela

gravidez

durante

cesariana

de

emergência

em

segmento

uterino

inferior:

dexmedetomidina

para

nosso

resgate

Uma

Hariharan

BhagwanMahavirHospital,RajivGandhiCancerInstituteandResearchCentre,DelhiGovernmentHealthServices, NewDelhi,Índia

Recebidoem6denovembrode2014;aceitoem23dedezembrode2014 DisponívelnaInternetem20demaiode2017

PALAVRAS-CHAVE

Dexmedetomidina; Anestesiaobstétrica; Hipertensãoinduzida pelagravidez; Hemorragia pós-parto; Cesarianade emergência

Resumo Dexmedetomidinaéum␣2-agonistaaltamenteseletivoquerecentemente revoluci-onouanossapráticadeanestesiaetratamentointensivo.Umapacienteobstétricafoiadmitida paracesarianadeemergênciasobanestesiageral,compré-eclâmpsiaehemorragiapós-parto. Em casoscuidadosamente selecionadoscomhipertensão refratária ehemorragia pós-parto, dexmedetomidinapodeserusadaparamelhoraroresultadogeraldapaciente.Ofármacofoi benéficonocontroletantodapressãoarterialquantodosangramentouterinodurantecesariana emnossapaciente.

©2015SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eum artigoOpen Accesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

KEYWORDS

Dexmedetomidine; Obstetricanesthesia; Pregnancy-induced hypertension; Post-partum hemorrhage; Emergencycesarean section

Postpartumhemorrhageandpregnancyinducedhypertensionduringemergency lowersegmentcesareansection:dexmedetomidinetoourrescue

Abstract Dexmedetomidineisahighlyselective␣-2agonistwhichhasrecently

revolutioni-zedouranesthesiaandintensivecarepractice.Anobstetricpatientpresentedforemergency cesareandeliveryundergeneralanesthesia,withpre-eclampsiaandpostpartumhemorrhage. Incarefullyselectedcaseswithrefractoryhypertensionandpostpartumhemorrhage, dexme-detomidinecanbeusedforimprovingoverallpatientoutcome.Itwasbeneficialincontrolling boththebloodpressureanduterinebleedingduringcesareansectioninourpatient.

©2015SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisan openaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense( http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).

E-mail:uma1708@gmail.com

http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2015.09.001

(2)

Hemorragiapós-partoehipertensãoinduzidapelagravidez 539

Introduc

¸ão

Desde1999,quandoadexmedetomidinafoiaprovadapela

FoodandDrugAdministration(FDA)dosEstadosUnidospara usoem sereshumanos,suas indicac¸õeseramificac¸õesem

anestesiae terapia intensivatêmaumentado.Seu usoem

anestesiaobstétricafoiadiadodevidoapreocupac¸õescom

os efeitos maternos e fetais. Tendo em vista seus vários

efeitos vantajosos, dexmedetomidina tem sido usada em

cesarianas paracontrolar a respostadapressão arterial à

intubac¸ão ecomo umagenteintravenosoalternativo para

analgesiadepartoviaPCA(analgesiacontroladapelo

paci-ente).Apresentamosumcasodehipertensãoinduzidapela

gravidez(HIG)paracesarianadeemergênciasobanestesia

geral,noqualdexmedetomidinafoiusadaparacontrolara

hipertensãorefratáriaeatonicidadeuterina,estabilizara

hemodinâmica, prevenir tremorese fornecer analgesiano

pós-operatório.

Relato

de

caso

Primigesta,30anos,70kg,apresentou-seàemergência

obs-tétrica em trabalho de parto, com pressão arterial não

controladaefrequênciacardíaca fetalindicativade

sofri-mento fetal, no período gestacional de 38 semanas. A

pacientefoidiagnosticadacomohipertensãoinduzidapela

gravidez(HIG)emterapiacomalfa-metildopaefoiindicada

para cesariana de emergência devido às desacelerac¸ões

fetais persistentes. A paciente recusou qualquer tipo de

bloqueio neuraxialdevido à história pregressa de cirurgia

para hérnia de disco lombar e dor recorrente nas costas

havia dois anos. Na avaliac¸ão pré-operatória, a pressão

arterial (PA) era de 200 x 102mmHg; pulso em 120bpm,

volume normal, regular; edema podal bilateral presente,

sem evidência de insuficiência cardíaca congestiva.

Tera-pia com sulfato de magnésio por via intravenosa (IV) foi iniciadanopré-operatóriopelosobstetrasparaprevenir con-vulsão. Não havia sinais de irritac¸ão do sistema nervoso central(SNC),dedistúrbiosvisuais,decoagulopatiaoude disfunc¸ãorenal.Umalinhaarterialfoiinstituídapré-induc¸ão

para monitorar a pressão batimento a batimento. Devido

à recusa da paciente, anestesia geral padrão com

pré--oxigenac¸ão,induc¸ãodesequênciarápidaepressãocricoide foiplanejadaapósprofilaxiacontraaspirac¸ãoemonitorac¸ão

adequada. Paraminimizar arespostahipertensiva à

larin-goscopiaeintubac¸ão,cloridratodelidocaínaIV a2%(2mL) semconservanteseinfusãodeLabetolol(5mg.min−1)foram administrados.Aclassificac¸ãodeCormackeLehane modifi-cadaindicougrau2B.

Apesar de todas as medidas acima mencionadas e da

intubac¸ão laringoscópica suave em tentativa única, a PA

não foi controlada. Após a intubac¸ão, a PA erade 198 x

100mmHg e pulsoem 118min quandoo agente inalatório

isofluranoemO2/N2Ofoiiniciadoparamanutenc¸ãoda

anes-tesia.Otempodeinduc¸ãofoide4min.Imediatamenteapós opinc¸amentodocordão,umadosedeataque(70␮g.h−1em

10min) dedexmedetomidinafoiiniciada seguidapordose

demanutenc¸ãode35␮g.h−1eminfusãoIV (juntamentecom infusãodeocitocina,syntocinon).PAepulsac¸ãocomec¸aram aestabilizarenormalizar.

Opartodobebêeadequitac¸ãodaplacentaforam

segui-dosporhemorragiapós-parto(HPP).Apesardemeticulosa

atenc¸ão à hemostasia, infusão de ocitocina, reduc¸ão do agente anestésico inalatório e injec¸ão de prostaglandina

F2-alfa, o sangramento uterino não foi controlado.

Dex-medetomidinatambémtemefeitosuterotônicos,oquefoi

benéfico nocontrole daHPP. Quandoa PA foi controlada

eo útero contraiuapós ainfusão dedexmedetomidina, o

sangramentouterinotambémfoicontrolado.Osescoresde

Apgar do bebê estavam normais ao nascimento e no

pri-meiroequintominutos.Apósgarantirhemostasiaadequada,

seguida por fechamento uterino e da pele, os

preparati-vospara reversão e extubac¸ão foramfeitos. Ainfusão de

dexmedetomidinafoicontinuadaem dosedemanutenc¸ão.

Ao retorno da respirac¸ão espontânea e das respostas à

sequênciadequatroestímulosduranteamonitorac¸ão

neu-romuscular, administramos a reversão e a paciente foi

extubadaquandototalmenteacordada.

ApacientemantevebemossinaisvitaisesuaPAno pós--operatórioerade132x80mmHgepulsac¸ãode88bpm.O controledadorfoifeitocomanalgesiamultimodal(infusão intravenosade1gdeparacetamol,injec¸ãointramuscularde 75mgdediclofenacoeinfiltrac¸ãodeanestésicolocalnosítio

deincisão), juntamentecominfusãodedexmedetomidina

(30mcg.h−1).

Apaciente foi transferida para umaunidadede

cuida-dos intensivospara observac¸ão e monitorac¸ão. Após duas

horas,ainfusãodedexmedetomidinafoilentamente

dimi-nuída e terminou após uma hora. Durante esse tempo, a

PAdapaciente esteve dentrodos limites normais.Após o

término dainfusãode dexmedetomidina,a PA foi

contro-ladacomumadosebaixadelabetololIV (bolusde5mgem administrac¸ãolentapor1min)quandonecessário(labetolol foinecessárioapenasduasvezesem24h)eposteriormente

comamlodipinaoral(10mgduasvezespordiaapartirdo

diaseguinte).Orecém-nascidofoicolocadoaoaleitamento maternodentrode4hdenascimentoecuidadonoberc¸ário. Apacientefoitransferidaparaaenfermariacomsinaisvitais normaisnodiaseguinte(apósaremoc¸ãodalinhaarterial)e recebeualtaposteriormente,comterapiaanti-hipertensiva

oraleaconselhadaafazeroacompanhamentoregularcom

oobstetra.

Discussão

Cloridratodedexmedetomidinaéum␣2-agonistaaltamente

seletivo1(aproporc¸ãode

␣-1para␣-2é de1:1.600),com

várias aplicac¸ões em anestesia e terapia intensiva. É o

enantiômeroSdemedetomidina,2comafórmulaempírica

C13H16N2.

É administrado em dose de carga3 de 1

␮g.kg−1.h−1

por 10min, seguida de infusão intravenosa de

0,2-0,7␮g.kg−1.h−1 para manutenc¸ão. Produz4 sedac¸ão, sim-patólise,estabilidade cardiovascular, ansiólise, analgesia, neuroprotec¸ão eefeitos poupadores deanestesia. As van-tagensapregoadas5incluemdepressãorespiratóriamínima,

protec¸ãorenal, términorápido daac¸ãoe cardioprotec¸ão.

Os principais efeitos colaterais incluem boca seca,

náu-sea,hipotensãoebradicardia. Arelutânciadeseuusoem

(3)

540 U.Hariharan

extrac¸ão placentária é alta. Logo, a transferência para o fetoatravésdaplacentaémínima.Emexperiênciascom ani-mais,dexmedetomidinanãocausouefeitosadversosfetais.7

Dexmedetomidinatemsidousadoemobstetríciapara

con-trole daPA durante cesariana e para analgesia de parto.

Relatosdecasosisoladostêmafirmadoaseguranc¸ade

dex-medetomidina em anestesia obstétrica.8 Nosso relato de

casodestaca autilidadede dexmedetomidinanocontrole

dahipertensão refratáriaem pacientescomHIG.Também

enfatizaopapelincomparáveldedexmedetomidinana

esta-bilidade cardiovascular durante a cesariana sob anestesia

geral.Umaspectoúnico descobertonestecaso é oefeito

uterotônico9dedexmedetomidina.Osangramento uterino

sófoicontroladoapósoiníciodainfusãode dexmedetomi-dina.AHPPéumacomplicac¸ãodevastadoraduranteoparto.

Nãooptamospelousodenitroglicerinaparaocontrole da

PAdevidoaseusefeitosrelaxantesnoútero.

Osanestésicosinalatóriostambémpoderiamconfundira

HPP.Portanto,a concentrac¸ão deisofluranofoi diminuída

noiníciodainfusãodedexmedetomidina.QuandoaPAfoi

controladacomdexmedetomidina,osangramentotambém

cessou. O controle oportuno da HPP neste caso podeter

sido devido aos efeitos combinados do controle da PA e

datonicidadeuterina. Esse efeito uterotônico de

dexme-detomidina precisa ser investigado mais detalhadamente.

Atransfusãodesangueesuascomplicac¸õesconcomitantes

podemserevitadasempacientescomHPP.Aanalgesia

tam-bémfoicomplementadapelainfusãodedexmedetomidina

nointra- e pós-operatório. A hipertensão também esteve

sobcontrolenopós-operatório.Dexmedetomidinafoiusado

somenteapósopinc¸amentodocordão;portanto,aquestão

dos efeitos fetais não se aplica neste caso, como

desta-cadopelosescoresnormaisdeApgar.Amonitorac¸ãoinvasiva

arteriale neuromuscularfoiusadajuntamentecomoutros

dispositivosdemonitorac¸ãopadrãonestapaciente.A

paci-entetambémfoiobservadanopós-operatórionaunidadede

terapiaintensiva(UTI)por24he,emseguida,transferida.

Conclusão

Emborasejamuitoambiciosorecomendarousorotineirode

dexmedetomidinaemanestesiaobstétrica,seuuso

poliva-lentesemparalelonasedac¸ão,estabilidadecardiovascular, analgesiaenocontroledapressãoarterialnãopodeser igno-rado.Precisamossercautelososporqueháumapossibilidade dehipotensãoarterialmaternaebradicardiafetal.

Como a sua extrac¸ão placentária é alta, seus efeitos

fetaissãogeralmenteinsignificantes.Seuíndicederetenc¸ão

placentáriaéalto(Índice/Proporc¸ãomaterno-fetal=0,77)e

tambémpotencializadiretamenteaamplitudeea

frequên-ciadascontrac¸õesuterinas.Oefeitouterotônicoeaeficácia

dofármaco na HPPrequerem investigac¸ões adicionaisem

grandesestudosrandomizadosantesdeserpostoparauso

clínico.Emcasoscuidadosamenteselecionadoscom

hiper-tensãorefratáriaehemorragiapós-parto,dexmedetomidina

pode ser usada para melhorar o resultado geral da

paci-ente. Dexmedetomidinafoi benéfica nocontroletanto da

pressãosanguíneaquantodosangramentouterinodurante

acesariana,bemcomonaanalgesiadapaciente.Oscasosde recusadapacienteoudealgumacontraindicac¸ãopara

anes-tesiaregionalempartocirúrgicodeemergênciapodemser

umdesafioparaosanestesiologistas,especialmentequando

complicadosporHIGouHPP.

Conflitos

de

interesse

Oautordeclaranãohaverconflitosdeinteresse.

Referências

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Referências

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