V EVENTO INSTITUCIONAL DO PIBID

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V EVENTO INSTITUCIONAL DO PIBID

“Em defesa do PIBID e da valorização docente”

07-11-2017 – campus Jacarezinho - PR

A APRENDIZAGEM DOS CONTEÚDOS DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA A PARTIR DA MATRIZ 3X3: UMA ANÁLISE DE DIÁRIOS DE CAMPOS DE

BOLSISTAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA

Lilian Roseane Pires¹, Debora Regina da Silva Rissi², Mayara Maria Morais³, Priscila Frazato⁴, Jamille Mariana de Oliveira Marques⁵, Harley Lucas dos Santos⁶, Lindalva Pereira7, Lucken Bueno Lucas8, Rodrigo de Souza Poletto9. 1,3,4,5,6_{Bolsistas de Iniciação à Docência (PIBID/UENP),}2_{Voluntária de Iniciação}

à Docência (PIBID/UENP), 7,8,9_{Coordenadores de Área (PIBID/UENP).}

Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Cornélio Procópio/ Centro de Ciências Humanas e da Educação

Ensino: Subprojeto de Ciências/Biologia – UENP Campus Cornélio Procópio.

Palavras-chave: aprendizagem, matriz 3x3, ensino de Ciências e Biologia.

Introdução

O Processo da aprendizagem é uma dimensão abordada durante a formação de professores, porém, disposta em poucas disciplinas se comparado aos domais componentes curriculares das licenciaturas. É muito comum vermos os professores elaborarem seus planos de aula pensando em como irão ensinar determinado conteúdo (seu desempenho docente), com uma preocupação menos evidente sobre a aprendizagem desse conteúdo por parte de seus alunos.

Para Portella (2008), na aprendizagem escolar há três elementos centrais: o aluno, o professor e a situação de aprendizagem. Sabemos da importância de que os professores conheçam como se dá o processo de aprendizagem dos alunos. Para isso, é necessário que eles busquem e usufruam de diversos aportes teóricos e materiais específicos.

Moreira (2000) defende que o estudo deve ser centrado no estudante, ficando o professor responsável por buscar estratégias para promover a aprendizagem de forma efetiva. Falcão (1999) relata que “[...] aprendizagem é um tema central na atividade do professor”.

Em relação à função do professor, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n⁰ 9394/96 esclarece que os mesmos devem:

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profissional e colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996, art.13).

Assim, reconhecendo a importância da aprendizagem tanto no âmbito de formação inicial de professores, objetivamos, neste trabalho, apresentar uma análise dos diários de campo de dois bolsistas (iniciação à docência) do subprojeto PIBID Ciências/Biologia da Universidade Estadual do norte do Paraná, campus Cornélio Procópio, utilizando o referencial teórico-metodológico da Matriz 3x3 de Arruda, Lima e Passos (2011).

O subprojeto PIBID Ciências/Biologia da Universidade Estadual do Norte do Paraná, campus de Cornélio Procópio, entrou em vigor em 2014 a partir do edital Nº 061/2013 (CAPES) e tem por objetivo estabelecer relações entre os professores do Ensino Superior, os professores da Educação Básica e estudantes de licenciatura, a fim de propiciar intercâmbio de conhecimentos e experiências vivenciadas no âmbito escolar e promover as licenciaturas.

O quadro de integrantes do subprojeto Ciências/Biologia é composto por três coordenadores de área (professores do Ensino Superior), seis supervisores (professores da Educação Básica) e quarenta e um bolsistas de iniciação à docência, (graduandos de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, também conhecidos como pibidianos).

Semanalmente todos os integrantes do subprojeto se reúnem na universidade para reuniões formativas. Nessas reuniões são realizados estudos e discussões de referenciais teóricos que auxiliam no entendimento de como se dá a prática docente, como é importante conhecer os processos de ensino e de aprendizagem e os pibidianos ainda fazem leituras de seus diários contendo relatos experiência vivenciadas nas aulas de Ciências e Biologia, juntamente com os professores supervisores.

Essas anotações (nos diários) são feitas de acordo com um roteiro prévio já estabelecido, baseado nos condicionantes da ação docente propostos por Gauthier et. al., (2006), Tardif (2012) e Arruda, Lima e Passos (2011), que são: gestão de conteúdo, gestão de classe e gestão da própria aprendizagem da docência.

Materiais e Métodos

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1 – Gestão do segmento P-S: está relacionado à gestão das relações do professor com o conteúdo; 2 – Gestão de segmento P-E: sendo a gestão das relações do professor com o ensino; 3 – Gestão de segmento E-S: relacionado à gestão das relações do professor com a aprendizagem.

Quanto às relações dos saberes, foram dividas em epistemológicas,

pessoal e social. Optamos por utilizar apenas a terceira coluna da “Matriz 3x3”,

que está associada à aprendizagem. Também acrescentamos uma coluna com os excertos dos diários para exemplificar a categorização realizada.

Resultados e discussões

Utilizamos como categoria efetiva apenas o Segmento E-S (relação com a

aprendizagem), que “diz respeito à gestão das relações do professor com a

aprendizagem” (Arruda, Lima, & Passos, 2011, p.148), conforme Quadro 1.

Novas tarefas do professor

Relações com o saber

3 Segmento E-S

(Relação com a aprendizagem)

Excertos do diário preenchido pelos pibidianos

A. Epistêmica [compreensão]

Setor 3ª

Diz respeito à aprendizagem

enquanto atividade a ser

compreendida pelo professor.

Excerto 1: “Os alunos interagiram durante a revisão com o professor, demonstrando que lembravam do conteúdo trabalhado.” E2

Excerto 2: “A professora questionou os alunos sobre a realização rápida da prova e de os mesmos não responderem as questões dissertativas. Porém os alunos não se mostraram preocupados..” E2

Excerto 3: “O interesse dos alunos aumentou muito com o esquema da aula. A animação mostrada chamou a atenção da turma, despertando várias dúvidas”. E1

Excerto 4: “É notável também, como em todas as turmas, o desinteresse de grande parte dos alunos, e por ser um conteúdo complexo, eles se mostram menos interessados”. E1

B. Pessoal [sentido]

Setor 3B

enquanto atividade pessoal

Excerto 5: “ Noto que ao dispensar os que acabaram a prova, o restante resolve a prova com mais pressa para saírem mais cedo da classe. Isso com certeza dificulta o desenvolvimento dos alunos com a matéria.” E1

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estudo. Desta forma, na maioria das vezes os objetivos dos professores não são alcançados.” E2

Excerto 7: “ Hoje pude aprender que aulas que propõem aos alunos confecções e exposições de materiais tendem a chamar mais atenção dos alunos e contribuem mais para o aprendizado.” E2

Excerto 8: “Hoje pude aprender que aulas organizadas e bem estruturadas colaboram de mais com o aprendizado do aluno, possibilitando mesclar o conhecimento teórico com a prática. Além do mais, aulas em que o professor consegue fazer um feedback do que já foi trabalhado anteriormente possibilitam com que aluno e professor relembre o que foi estudado e se situem no assunto trabalhado.” E2

C. Social [valor]

Setor 3C

enquanto atividade social

Excerto 9: “A turma se interessou pela aula e o conteúdo foi absorvido pelos alunos. Algum deles conseguiam explicar o conteúdo perfeitamente.” E1

Excerto 10: “Os alunos se comportaram durante a visita participando e questionando a funcionária sempre que tinha dúvidas. Todos os alunos gostaram da visita, aparentemente aprenderam bastante, vendo como funciona o tratamento de água na prática...” E2

Quadro 1– Matriz 3x3 com excertos (ARRUDA; LIMA; PASSOS, 2001, p. 147– adaptado).

O excerto 1 mostra que os alunos participaram ativamente da revisão proposta pelo professor e lembraram dos conteúdos trabalhados anteriormente. Revisões de conteúdos proporcionam ao professor identificar se de fato boa parcela dos alunos compreenderam o conteúdo, ou ainda, identificar possíveis defasagens.

O excerto 2 nos revela um desinteresse por parte dos alunos em resolver questões propostas na avaliação. Como relatado no diário por E2, esse fato se deu porque antes das avaliações haviam sido entregues notas parciais aos alunos. Muitos deles, constatando boas notas, passaram a não mais se interessar pela atividade proposta no momento.

Já no excerto 3, E1 cita que a animação utilizada na aula contribuiu para ampliar o interesse dos alunos sobre o conteúdo, pois os mesmos tiveram duvidas à solucionar. Animações, simulações e esquemas podem contribuir na aprendizagem, principalmente no que tange a fenômenos não observáveis a olho nu, que geralmente são conteúdos de difícil compreensão pelos alunos.

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causa desinteresse por parte dos alunos. Neste contexto, seria interessante lançar mão de modelos didáticos e abordagens diferenciadas para atrair a atenção dos alunos.

No que diz respeito o excerto 5, a decisão do professor(a) em questão desencadeou uma resposta no comportamento dos alunos. Ao liberar os alunos que haviam finalizado a prova precocemente, os demais também entregaram suas avaliações rapidamente para também serem liberados.

O excerto 6 demonstra a opinião de que nem sempre aulas ofertadas fora de sala de aula são produtivas. Para que aulas extraclasses atinjam os objetivos desejados é necessário que seja feito um planejamento antecipado, e esta seja coerente com o assunto a ser estudado.

O excerto 7 evidencia que o fato de os alunos confeccionarem e manusearem objetos relacionados ao tema em estudo, é responsável por atrair a atenção dos alunos. Deste modo, age diretamente no rendimento e aprendizagem dos mesmos.

O excerto 8 indica dois pontos distintos importantes da aprendizagem na visão do E2. O primeiro diz respeito a aulas que incluam a abordagem metodológica prática em conjunto com a abordagem teórica do conteúdo. Mas para que uma aula com tal característica atinja seus objetivos, E2 indica ser necessário haver extrema organização, e a abordagem prática tem que estar conectada e estruturada à abordagem teórica. O segundo ponto indicado por E2 no excerto 8 consiste no feedback feito pelo professor acerca dos assuntos trabalhados em aulas anteriores, mas que são importantes para compreender o assunto proposto na aula atual em questão.

No excerto 9 é notável o relato de interesse dos alunos pela aula. Muitos deles, segundo os registros de diários analisados, conseguiram explicar corretamente o conteúdo. Um dos pré-requisitos para aprender consiste em estar disposto a aprender, ou seja, desejar entender o conteúdo. Quando a aula é interessante e bem preparada, isso contribui para estimular a aprendizagem dos alunos, tornando as aulas mais produtivas.

Por fim, no excerto 10, o relato do E2 no diário descreve que a visita dos alunos com o professor(a) até a estação de tratamento de água (ETA –

Sanepar) foi proveitosa. A visita tinha por objetivo mostrar a realidade do funcionamento do processo do tratamento de água, além de reforçar o conteúdo trabalhado em sala. Desse modo, foram observados o entusiasmo geral dos alunos com a visita, com indícios de aprendizagem dos conteúdos abordados.

Conclusões

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Constatamos que fatores como organização, planejamento e diversidade de estratégias didáticas se fazem tão importantes quanto o domínio de conteúdo por parte do professor, e todos estes fatores refletem diretamente na aprendizagem dos alunos.

Agradecimentos

À CAPES que nos concedeu as bolsas de iniciação à docência e a Universidade Estadual do Norte do Paraná e seus professores que nos possibilitaram participar do Subprojeto Ciências/Biologia-CCP.

Referências

ARRUDA, Sérgio de Mello; LIMA, João Paulo Camargo de; PASSOS, Marinez Meneghello. Um novo instrumento para a análise da ação do professor em sala de aula. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, v. 11, n. 2, p. 139-160, 2011.

BRASIL, Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n⁰ 9394/96. Congresso Nacional, Brasília, DF, 1996.

GAUTHIER, C.; MARTINEAU, S.; DESBIENS, J. F.; MALO, A.; SIMARD, D. Por uma teoria da pedagogia: pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí: Unijuí, 2006.

MORAES, Roque; GALIAZZI, Maria do Carmo. Análise textual discursiva: processo reconstrutivo de múltiplas faces. Ciência & Educação, Bauru, SP, v. 12, n. 1, p. 117-128, 2006.

MOREIRA, Marco Antonio. Aprendizagem significativa crítica. Lisboa: Atas do III Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa, 2000.

STAUB, Ana Lúcia Portela. Teorias de aprendizagem. Porto Alegre: 2008.