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Atenção senhoras e senhores, continuam os enfrentamentos com as cores. Como se fossem espadas, cada força tem as suas, bem afiadas.

É claro que a cor não é culpada, tanto assim que pode ser utilizada em qualquer ocasião. É na luta que ela adquire outra conotação. Cada uma é imbuída de simbologia, por isso, cada cor ganha uma ideologia.

Cada povo tem suas cores preferidas. Alguns até exageram, usam várias, bem sortidas. Os governantes se colocam como guardiões das bandeiras das nações.

A bandeira traz em si a representação daquilo que as pessoas têm em seu coração. Façamos então a análise por inteiro, da Bandeira brasileira. Da forma como se apresenta vejamos o que e ela representa.

Ouro, matas, o céu e a paz. Responda agora se você for capaz: onde estão as pessoas e os animais, as lutas, o vigor e a resistência? Será que estas cores não representam apenas a submissão e a obediência? E, se quiser prova maior deste retrocesso, basta prestar atenção no lema: Ordem e Progresso.

Ou mais ainda, o roubo, o saque e a penhora? Sim, porque, estamos vendo a toda hora o ouro e a madeira indo embora. Parece então que, a nos restará troféu, de conservar a paz para ganhar o céu.

E o que faz o governante guardião? Assina a autorização! Dizendo: podem levar à vontade que esta pátria é fã da caridade e desta causa nobre: dá aos ricos e nega aos pobres.

Esta é a imagem refletida em frente o espelho. Mas porque a burguesia reagiu ao “Abril Vermelho?” Temeram desta vez, que em apenas um mês, se puxasse a linha do novelo e se desmanchasse o modelo.

O que nos preocupa desta reação, é que ao contrário do que fazia a ditadura, que achava o comunismo uma loucura e criminalizava a quem ele defendesse. Agora, o “crime” é bem menor, basta contrariar os interesses.

Já o primeiro de Maio passou “em branco” sob o céu de anil. Será que maio está ficando menos perigoso do que Abril? Ou será que há parte do vermelho saindo de moda? Simplesmente porque, antes quem era intransigente, hoje já não incomoda!

O vermelho, por ser uma cor viva, sempre é provocativo. Representa a força, o sangue e o vigor, por isso pertence ao trabalhador. Os fazendeiros falam em “maio verde” de repente; é porque (isto é o pior), ao seu redor, há mais propriedades do que gente.

O vermelho nas bandeiras tem a mesma função que nas fogueiras; aquecer o coração e a utopia. Animar a quem já não pertencia a seu próprio país. Por isso a cor se entranhou pela raiz deste nosso Movimento, e o fez vermelho tanto fora quanto dentro.

Mas voltemos ao que eu dizia: o problema não está na cor, mas na simbologia. Ela é a força que amedronta e afronta até vencer; pois não aceita, principalmente se alguns trabalhadores estiverem no poder, a continuar viver, num país de faz-de-conta.

Ruim não é ver as cores se enfrentando. Por trás destas se estruturam comandos que dão vigor a cada uma delas. Ruim é perceber que, embora tendo a força do poder, o governo só amarela.

Cartas de Amor Nº 94

AO RESPEITO

Depois que inventaram a roda, respeitar nunca saiu de moda. Por isso protesta-se contra qualquer coisa que nos faça mal; principalmente quando afeta a ética e a moral.

Embora muitas vezes tenha se visto algo parecido, mas é preciso protestar contra o desrespeito dos Estados Unidos; por fazerem da tortura uma brincadeira e manterem presos, os iraquianos com coleiras.

Empilham lá seres humanos algemados como se fossem caixotes à espera de serem transportados. E o pior do que ver esta imagem que arrepia é ouvir que estão lá para instaurar a democracia.

Para esconder estes atentados, criaram um fato inusitado: acusaram o nosso Presidente de governar embriagado. É verdade que as leis já determinam, que “ álcool e direção não combinam”. Pode estar com a razão quem isto diz, mas aqui não se trata de um carro, mas da dignidade de um País!

É verdade que o nosso governo segue como um carro rebocado, com os dois pneus dianteiros levantados, embora dentro vá o motorista, acenando, sem enxergar a pista.

Voltando ao desrespeito e ao protesto, ninguém pode dizer que o Presidente é desonesto! Pode ser muito obediente! Aí é diferente! Por isso, quando toma uma atitude, um pouco rude, até os seus colegas o desmentem.

Ou não foi assim com o jornalista norte-americano? Quase que o Presidente, em sua atitude irreverente, entra pelo cano!

Agora, bem pensado, quem bebia não era o Presidente do outro Estado? Que um dia até o encontraram com a cara mergulhada numa poça de uma vomitada?

Mas aqui até a direita considerou ofensa. Disse que a expulsão do jornalista feria “a liberdade de imprensa!” É bom que sintam na pele os beliscões, não são eles que cobram em convulsões, de se aplicar a lei sobre as ocupações?

Por que só os que lutam devem ter limites em seus feitos, por acaso os jornalistas e os capitalistas nunca ferem a “Ordem de Direito”? Depois, é bom lembrar, que esta lei da expulsão ainda foi feita, com a participação desta mesma direita, no tempo da ditadura militar.

Pensando bem, o nosso Presidente, que foi profundamente ferido em seus brios, deveria aproveitar e encarar outros desafios: cancelar o visto de permanecer aqui, primeiro, o FMI, depois, as multinacionais, que levam a madeira, a biodiversidade e as variedades minerais; não geram renda para o povo, nem emprego e tiram o nosso sossego.

Em sã consciência podemos dizer que o nosso Presidente não bebe e foi desrespeitado, porque o sintoma de quem ingere álcool, é ficar mais arrojado, e não é o caso de nosso estadista, pois a cada dia fica mais pacifista.

No fundo este é um bom recado ao núcleo central do governo atual; para que percebam o inconveniente, mas parece que nenhum daqueles componentes, nota. É hora que enxerguem de uma vez, que pobre no meio de burguês, só serve de chacota.

Carta de Amor Nº 95

À MILITÂNCIA

Em tempos de inconstâncias, quem mais sofre é a militância. Sofre por não ver conquistas e não poder ser com o povo realista.

É grave no momento a situação; há que se ter responsabilidade e atenção, para não generalizar a frustração. O povo ainda acredita, esta talvez seja a parte mais bonita.

No coração das massas sempre há utopia; é a força que move os passos nessa longa travessia. Basta então que as lideranças não deixem morrer a esperança; fortaleçam o ânimo mantendo a expectativa, que, mesmo na permanência, crescerá o vigor da consciência e esta continuará ativa.

Há momentos em que são maiores os sofrimentos. Principalmente, quando de repente, de cada barraca a fumaça sai fraca. Ela emite o sinal, que de comida estamos mal.

Outras vezes nasce a sensação de uma canseira, quando as lonas se enchem de poeira feito um casaco pendurado, dizendo-nos que o tempo está ficando prolongado e logo chegarão os rasgos em cada lona ressecada; é como se o grande esforço não tivesse servido para nada.

Há dias em que surgem epidemias, de doenças e fofocas, que, como animais amedrontados, dá vontade de esconder-se pelas tocas e, só reaparecer, quando cada coisa por si só se resolver.

Mas não tem jeito, militante é para ser sujeito, estar de frente, das massas ou dos inimigos. Assim é que se enfrentam os perigos.

Não há líder sem povo, nem povo sem liderança; o que ocorre é de vez em quando, sentir que a voz do comando, já as consciências não alcança. Então é a hora da multiplicação. Militante é diferente de patrão, de prefeito ou deputado que só pode ter um em cada espaço regulado.

Já foi dito que o militante é como uma semente, que se torna sempre mais atraente, principalmente quando a terra instiga, pois cada uma quer forjar a própria espiga. Morre para deixar nascer centenas de continuadoras, que, com a mesma identidade, cheias de responsabilidade, fecundarão lavouras.

Neste caso, morrer não é perder a vida, é transformar-se para virar comida como a palha da planta desmanchada, que só pelas raízes das novas gerações poderá ser encontrada. Por isso é que, a semente não pode ser egoísta nem centralizadora, se teimar em não se multiplicar, nunca se tornará lavoura.

É desta forma então que em tempos de recessos, na multiplicação é que se faz progressos. Fazer semente o conhecimento, é assim que o militante se tornará alimento e centenas de pessoas saberão o que um só sabia, é desta forma que se amplia a rebeldia.

Cada vez mais fica evidente que é preciso fazer lutas permanentes. As vitórias serão mais demoradas, e nossas forças cada vez mais testadas.

Ser militante é estar sempre confiante, mesmo que a vitória nem sempre apareça, porque, além da força bruta, um militante tem ética em sua conduta e as idéias que leva na cabeça.

Dar tempo ao tempo não é ficar parado. Mesmo estando em espaços limitados, é preciso investir em crescimento. Inventar frentes de ações, multiplicar em centenas as razões, e aproveitar para crescer por dentro.

Cartas de Amor Nº 96

À EDUCAÇÃO

Educar, para iniciar o pensamento, vem do latim, “educere”, que é tirar de dentro. Isto parece então perfeito, mas resta ainda achar o jeito, para perceber todos os lados. Sem usar de maldade ou de cinismo, a verdade é que no capitalismo, cada um já nasce destinado a ser “mal- educado”.

Veja só ou no cochicho; nesta sociedade de consumo já nascemos produzindo lixo. Isto é imperdoável! Devido à fome do mercado, cometem um atentado ou uma desonestidade, e nos metem no primeiro dia de idade, uma fralda descartável.

Parece insignificante, mas para a educação é importante. Os povos mais desenvolvidos que julgam deter toda a sabedoria, produz ali cada indivíduo, dois quilos de lixo a cada dia. Isso mal observado parece quase nada, mas se alguém viver cinqüenta anos produzirá quase quarenta toneladas.

Então o cerne da questão nos vem agora, se educar é “tirar de dentro”; a matéria e os elementos para a educação nos vêm todos de fora.

Qual é então a razão para esta insistência? É que as coisas que estão fora quando entram, se transformam em consciência, e, para sermos mais concretos, quando saem, se transformam em ações e objetos.

Por isso é que educação rima com ação. Se as coisas que entram em nós saírem apenas pela voz, nunca haverá transformação.

Então, “tirar” é um gesto ilustrativo. Tira-se com as mãos com ternura e paciência, de dentro das consciências, primeiro os objetivos. Ou seja, é preciso demonstrar o que queremos alcançar.

Desta forma, estudar não é apenas se ilustrar ou então passar de ano; é limpar a consciência como se passa pano. Por isso é que a educação tem uma função válida para toda a vida, que é despertar as razões adormecidas.

Tirar de dentro de nossa juventude, ações de rebeldia e inquietude para que não se acomode e passe a acreditar que só o império pode. Das crianças, cantigas de alegria e esperança. Das senhoras e dos senhores, a experiência, os exemplos e os valores.

Educar é cultivar o ser humano, seja rural ou urbano. É despertar desejos sentimentos e vontades, para tirar de dentro gestos de solidariedade.

Educar é também desmanchar mitos, é enfrentar os hábitos malditos que poluem e destroem a natureza. É perceber que, quanto mais a técnica avança, mais perdemos a imagem e a semelhança, com aquilo que fazemos, sem destreza, já sem delicadeza.

Por tudo isto, educar não é um conceito, é um processo de forjar sujeitos, descobrindo as múltiplas dimensões. Desta forma, é uma jornada que nunca terá fim, pois jamais pode cessar o cuidado dos jardins, que cultivamos em nossos corações.

Este cultivo é o que nos interessa. Precisamos agir com certa pressa, antes que os males destruam nossos valores. Devemos compreender que, educar, é simples a dinâmica; basta buscar fora de nós a boa matéria orgânica, para tirar de dentro perfumosas flores.

Cartas de Amor Nº 97