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Críticos são aqueles que criticam e também se modificam. Sem eles haveria um pensamento só, os erros virariam acertos, os desvios se tornariam virtudes e o desmanche dos princípios seria considerado apenas meras atitudes.

É claro que os críticos também erram, principalmente quando se precipitam e não esperam. Mas também é bom que seja assim. A virtude porém maior dos críticos é quando eles identificam que algo está chegando ao fim.

Estamos assistindo algo estranho vagando pelos corredores. Muitos críticos, intelectuais e renomados políticos, saindo do Partido dos Trabalhadores. Seria por acaso falta de prudência, ou o fim da possibilidade da convivência entre as tendências?

Podemos estar vivendo um momento diferente, onde, não quem sai, mas quem fica é inconseqüente.

Dentre todas as ideologias e crenças, o PT detinha uma diferença: tolerava a convivência entre correntes e tendências. Assim se forjou o partido com esta relação: divergência nas idéias, unidade na ação.

Parece que o que mantinha o partido unido já não tem mais sentido. As ações estão negando os conceitos e as idéias perdendo o que resta de respeito.

Mas a força das críticas proféticas centra-se sobre as diferenças éticas. Isto não era patrimônio de nenhuma corrente crítica, pois sempre foi uma referência universal para quem faz política.

Não estariam cortando, os críticos, muito raso, já que as táticas usadas estão referenciadas aqui no curto prazo? Passado este momento, se retomaria o pensamento!

A dúvida então se instala. A palavra é dona de quem fala. O costume expressa a identidade. Política sem ética é de verdade, ou é uma administração de mesma qualidade?

Deve ser isto que instiga intelectuais e lutadores. De que valeu correr tanto em longa história, se no final, os ganhadores perdem a identidade, a ética e os valores, e tiram o brilho da festa da vitória.

Não é a mera corrupção financeira que financiou campanhas a vida inteira, o fator da discordância! É que os compromissos históricos assumidos, aos poucos estão sendo diluídos e perdendo rapidamente a importância. E seus cúmplices, perdendo a postura e a elegância.

Era hora de mostrar a diferença, erguer o olhar, ver esta pátria imensa, dar a seu povo motivos pra viver. Dizer ao mundo que somos soberanos, que a dor que suportamos tantos anos, cessou, e agora é só prazer.

Fazer nossa reforma agrária, abrir nossa palma solidária, para servir os povos mais sofridos. Dizer ao imperialismo entristecido, que, aqui roubar já não se permite. Fazer a todas as nações nosso convite, para a grande festa de paz e gentileza. Onde o compromisso assumido, seria de que nenhum país poderá ser atacado e destruído e em nenhum deles imperará a pobreza.

Mas o temor de quem se põe a olhar, não é de ver a utopia morrendo devagar. Mas é sentir que a cada ato e acontecimento, estamos perdendo o momento e a oportunidade de mudar.

Cartas de Amor Nº 88

AO ÓBVIO

Parece ao afirmar, uma loucura, mas o governo virou uma prefeitura. Nada de gozação, nem de pessoal! A intervenção internacional é tão grande que, aceitando ninguém pode dar jeito, por isso é que o presidente, (bem intencionado), honestamente, funciona como um prefeito.

Os demais integrantes do governo, os ministros, por sinal, muito mal vistos, funcionam como secretários, na verdade funcionários do poder interventor. Cobrar-lhes um programa é desnecessário, no máximo o que se pode exigir de “funcionários” é um Plano Diretor.

Tipo aquele da Carta Ao Povo Brasileiro, que apascenta os banqueiros e pede tempo à sociedade, que, cheia de ansiedade, tem medo do perigo. Perigo de governar sem rumo, sem ética e sem destino. É o risco do cassino na estratégia dos gringos: Aposta na roleta e fica ouvindo o ruído da palheta, torcendo que dê certo para apostar nos bingos.

Voltando à prefeitura: que autonomia pode ter um prefeito que foi eleito com ajuda das empresas? Se investiram, é claro que exigiram: depois das eleições, não fazer alterações e receber todas as despesas. Então exigir do prefeito ruptura, é uma loucura.

E como ficam os direitos? Podem perguntar aqueles que votaram no prefeito. Estão insatisfeitos, mas precisam se acalmar. Na verdade o único direito, conquistado já no pleito, foi o de se enganar.

Eu tenho o direito a me enganar! Deveriam repetir todos os eleitores por satisfação. Na verdade é isso que acontece quando uma eleição é disputada sem aprofundar nada. Sem programa, só com palavras dadas, abstratas, soltas ao vento, rende o deslumbramento.

A mídia mostrava o funcionário e escondia o patrão. Teve até o George Soros um embuste de banqueiro, afirmando que “o povo brasileiro votava, mas não decidiria a eleição”. É claro, se o plano econômico estava feito, as reformas elaboradas de seu jeito, que tarefa caberia a quem fosse o prefeito?

Na verdade o povo ao votar não se enganou. Votou certo, porque imaginou que o vulto era a caça. Atirou, e ao baixar a fumaça, percebeu o equívoco e o mico, e está sem ação com o monstro por diante; entendeu agora que não podia matar um elefante usando a carga pra matar tico-tico. Como diria a madre diante do castigo: “Jesus, que perigo!

É isto que dá não saber diferenciar governo de poder. Há uma comparação ilustrativa e bela que se pode fazer entre o Brasil e a Venezuela. Os dois países estão no mesmo patamar, isto é importante saber; só que, enquanto aqui se pensa somente em governar, lá se vai além, luta-se também para chegar até o poder.

Sem uma ruptura, a servidão serve de ditadura. Os governos serão de conivência, alegando que não querem conquistar a liberdade com violência. Deste jeito, controlando o Estado, o império tem os governos de seu lado, e o povo em condição de seqüestrado.

Por isso, se quiserem, nos enganamos cada qual de um jeito diferente. Dizíamos: “Agora temos um Presidente!” E o que vemos é muito desrespeito, roubo de direitos, ministros em apuros, altas taxas de juros que é uma loucura. Será então que elegemos um prefeito, ou governam o país como uma prefeitura?

A verdade é que sempre há esperança, mas que nunca nos saia da lembrança o que já dizia a nossa avó. Que um processo de mudanças é feito com homens, mulheres, jovens e crianças, jamais por um homem só.

Cartas de Amor Nº 89