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ÀS SEMENTES HUMANAS

No documento COLETÂNEA CARTAS DE AMOR completa Junho 2006 (páginas 179-181)

Plantamos sementes porque acreditamos nas colheitas. Elas são a maneira mais perfeita de provar que haverá futuro. Chegado o tempo, o fruto já maduro, oferece novamente uma promessa; é assim que a história recomeça e segue em busca do sonho ainda mais puro.

Há sementes de vários tipos e cores; mas nem todas se originam nas flores. Calma! Não é uma heresia! É apenas um grito que anuncia, que a vida tem seus caprichos e cuidados. Por isso é que há seres floridos, outros gerados, é assim que se compõe a grande sinfonia.

As sementes de gente são as mais cobiçadas. Desde que uma criança é gerada, começam os preparativos. Como se fosse um cultivo, fazem-se exames e tratamentos; vive-se com expectativas os momentos que antecedem o nascer; é uma bela forma de dizer, que, o ser humano, por si só, é um acontecimento.

Não é por nada, nem por sermos superiores! È que simplesmente nos diferenciamos das flores, que nascem e morrem tão ligeiras. Nós, produzimos a vida inteira sementes de gente e de valores, por isto somos construtores, de costumes, jeitos e maneiras.

Há sementes de hábitos e de cultura, comuns em todas as criaturas, que convivem em um grupo social. Há uns que fazem muito mal, são sementes que produzem as polêmicas; poderíamos dizer que são transgênicas, nascidas de genes do capital.

Há sementes feitas de profissões, e passam de gerações em gerações, indo e vindo em sentido contrário. Há sementes de camponeses e operários que no momento estão sendo espezinhadas; é a maldade das técnicas inventadas, que desmancham as categorias, são as sementes da hipocrisia que o capital espalha em sua estrada.

Há países que querem ser sementes, mas usam de métodos prepotentes para impedir que nasça a independência; na verdade estão em decadência, na economia, na política e na cultura. Os Estados Unidos com sua linha dura seguem sendo o exemplo inconveniente, naquele país hoje há muito mais gente, nos presídios do que na agricultura.

São disparidades da modernidade. Sementes de desigualdades se multiplicam por todo o planeta. Como a pedra à espera da marreta, estão os povos dos paises dependentes. É certo que as lutas são ainda insuficientes, mas é preciso avançar enquanto é tempo, como Cuba se tornou um grande exemplo, deverão levantar-se os continentes.

Há sementes sociais com mofo e com gorgulho. Há sementes políticas que não nos dão orgulho; e há sementes estéticas depravadas. Mas há aquelas com esforço cultivadas desde a cozinha até o meio artístico, na militância onde cresce o espírito místico, nos movimentos e nas massas organizadas.

Se as sementes pertencem à humanidade, elas devem gerar uma nova sociedade. Cresce então o sentido da solidariedade, da entre ajuda e do bem comum. Em cada espécie não deverá ter ser algum, que seja desconsiderado. Se um dia o planeta esteve equilibrado, foi pela tolerância das sementes, que souberam conviver no ambiente, com todos os direitos preservados.

Se observarmos, veremos a história feita. Se olharmos para o futuro, imaginaremos as colheitas que no presente estamos preparando. Assim, a cada dia estaremos chegando, mais perto das emancipações; onde, as sementes em outras condições, terão a voz e a força do comando.

Cartas de Amor Nº 175

AO GÊNERO

Vamos falar do gênero com naturalidade; da sexualidade e suas diferenças. Vamos falar do gênero e das desavenças, dos desencontros e das separações; dos preconceitos e discriminações; para pôr a limpo a convivência; elevar o nível de consciência e melhorar as nossas relações.

As relações iniciam nas funções. Algumas são hábitos das velhas gerações, outras são criações contemporâneas, mas se misturam como coletâneas, nas formas de fazer e de pensar. Como um prédio que cresce devagar, fazendo curvas às vezes não previstas, são as relações capitalistas, que nos obrigam assim nos comportar.

Há quem duvide da possibilidade, de que o homem e a mulher possam ter igualdade, por serem fisicamente diferentes. Pela mulher ter que levar no ventre, os futuros herdeiros, não impede que sejamos companheiros, daquela que tem a tarefa maternal, ela é companheira por igual, na construção da geração ou de um mundo diferente.

Se o trombone imaginasse ser na orquestra, o maior, por ultrapassar a testa, do artista que o manuseia, a melodia ficaria tão feia, que ao invés de música viraria um gemido. Da mesma forma, se o homem envaidecido, desprezar a mulher na orquestra social, a harmonia não será normal e o futuro já estará perdido.

Cada pessoa, independente da sexualidade, tem uma função na sociedade. Seja ela na arte, no ensino ou na produção; nos campos, nas montanhas ou na religião; cada qual deve dar sentido à vida. Em qualquer ordem estabelecida, em qualquer pátria ou em qualquer regime, desrespeitar isto é um grande crime, que arde mais do que qualquer ferida.

Como humanos, somos seres iguais, os preconceitos nos tornam desiguais, mas onde está a origem deste mal? A prevalecer o capital, sempre haverá interesses escondidos. Enquanto houver a esposa e o marido e a família for patriarcal, prevalecerá a velha moral que manterá o destino definido.

O gênero elimina as diferenças, se o marido tem, no trabalho a força de presença e, à esposa cabe o papel de cozinheira; devemos revisar nossas maneiras e colocar as mudanças em andamento. Ir além da moral do casamento e tratar-nos por companheiros e companheiras.

Então dividiremos os afazeres. Cuidaremos das coisas e dos prazeres, com toda naturalidade. Sem este esforço não muda a sociedade, mesmo que haja uma revolução; somente quando muda o coração, acaba o preconceito, o poder individual e a autoridade.

No gênero está o modelo de democracia. O sexo que nos diferencia é a expressão diversa da beleza. Não vale a pena estragar esta grandeza, com relações que nos tornam diferentes. Ser homem ou ser mulher não é um acidente, é o equilíbrio que faz a natureza.

No gênero está o prazer de ser, cada qual com sua identidade. Isto é apenas a metade da verdade, porque a natureza humana é coletiva. O prazer é uma força ativa que se extrai também do ato erótico; mas ele pode se tornar caótico, quando apenas uma das partes é satisfeita. Sem prazer, há plantio, não há colheitas, nada germina num coração neurótico.

Nem um ser sexuado pode viver isolado; este é o destino lógico Seja no ambiente ecológico ou na vida cotidiana. As relações para serem verdadeiramente humanas, dependem de integrar a parte ao todo organizado. Assim, ser homem, é ser complementado, com a mulher a parte feminina; e ser mulher, é ter no homem à parte que combina; sem isto os seres viverão inacabados.

Cartas de Amor Nº 176

No documento COLETÂNEA CARTAS DE AMOR completa Junho 2006 (páginas 179-181)