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Mais um dia amanhece e o céu do planeta como a lona encurvada de um circo espera pela decisão de um alucinado. Tem ele nas mãos a decisão de optar pelo sim ou pelo não.

Que culpa tem um povo de ter um péssimo presidente? Teriam se enganado ao escolhê-lo ou foi depois de elegê-lo que ficara doente?

Diz ele, há muito tempo ter tido uma visão, e que, quando jovem ao acordar de uma bebedeira, com as faces manchadas de vômito e poeira, prostrado com os joelhos ao chão, teria recebido esta missão.

Uma missão de dominar outras nações, saquear delas todas as riquezas, para ser conhecido como “Sua Alteza”. Este rapaz nunca gostou da paz.

Qual é o crime do povo iraquiano? Foi ter nascido sobre um oceano de combustível que move as economias. Há um estudo bem profundo demonstrando que no Iraque está a segunda maior reserva de petróleo do mundo.

O que isto significa? É que, se todos os países pararem de explorar esta matéria rica, os motores do mundo podem funcionar por cinqüenta anos, e ainda petróleo no Iraque fica.

O argumento para fazer a guerra é de que, no Iraque existem armas que ameaçam toda a terra. Por isso é preciso que se faça, a invasão, para confiscar as armas de destruição em massa.

De fato elas um perigo representam, e os caubóis da guerra americanos sabem, pois são eles que as inventam. Ou não foram eles que ensinaram Sadam a produzir as mesmas armas para fazer a guerra contra o Irã?

Mas armas verdadeiras de destruição em massa não são inventadas pela biologia, mas por outra ciência que se chama economia. Esta é uma bomba de efeito retardado que vai aniquilando as nações e seus estados.

Destruição em massa é, se quisermos um sinônimo, o que se faz com o Iraque e contra Cuba através dos bloqueios econômicos. É espalhar pelo mundo a fome como bactérias e condenar dois bilhões de pessoas viverem e morrerem na miséria.

Destruição em massa, vemos por aqui cada vez que chega uma missão do FMI. Bombardeia nossas vidas com suas exigências e condena 54 milhões de brasileiros a viverem na indigência.

De que vale termos um governo novo se este não tem o direito de salvar seu próprio povo? Porque o mundo está interligado, dolarizado e pelos mesmos bandidos ameaçado.

Por isso não devemos acreditar que a guerra está distante, se aproxima de nós na linha do horizonte. A estratégia usada demonstra a insensatez, que é massacrar com armas um país de cada vez.

Há pouco tempo foi o Afeganistão, agora é o Iraque e se der pegam o Irã. Depois vem a Coréia, a Líbia e a Colômbia tornando-nos colônia; e apossar-se das riquezas da Amazônia.

Por tudo isto se levanta a humanidade, nesta grande corrente de solidariedade. É o mundo contra George Bush e sua ganância, demonstrando que a ética pode vencer a técnica e a intolerância.

Cartas de Amor Nº 48

À INDIGNAÇÃO

Parece que de nada estão ajudando os protestos; serão mesmo os Estados Unidos e a Inglaterra contra o “resto”.

Mas, de onde vem esta fúria intempestiva com seus malditos planos? Poucos sabem mas a guerra contra o Iraque já dura mais de dez anos.

A mídia esconde tal hipocrisia; desde 91 o Iraque é bombardeado quase todos os dias. Não destroem grandes cidades, mas é ainda maior a crueldade. Bombardeiam os campos e as fontes com urânio empobrecido e por isto contaminam o ambiente em todos os sentidos. Aumentaram as doenças tornando-se epidemias. Onze vezes a mais representam os casos de asma, câncer e leucemia.

O embargo econômico se mostrava ineficiente, então inventaram a morte das sementes e aí bombardearam as plantações; mas não foram com balas de canhões! Despejaram sobre as roças ratos e camundongos; tudo foi devorado. Larvas de bernes para matar o gado. Infestaram com vírus as tamareiras; elas se parecem com nossos coqueiros e palmeiras, que produzem um fruto adocicado, e seu preço subiu em 25 vezes no mercado.

Sempre, em qualquer lugar quando há falta de alimento, o governo é obrigado a fazer racionamento. Por isso vejam vocês, o que pode comer um iraquiano durante um mês: nove quilos de farinha, três quilos de arroz e um quarto de quilo de feijão. Um quilo de açúcar, um quarto de quilo de folhas para o chá, uma xícara de óleo, não há carne, nem ovos nem frutas onde comprar.

Nos hospitais faltam remédios e até anestesia. Um milhão e meio de pessoas já morreu por causa desta covardia.

Mas os protestos mundiais pelo menos têm sua força profética; sinal que a humanidade ainda preza pela vida e pela ética. A solidariedade, não o petróleo, é na verdade a principal força energética.

O medo do império, senhoras e senhores, de deixar de controlar o petróleo, é condenar a mandar ao ferro velho todos os seus motores. Assim disse aquele presidente vagabundo: “A nossa economia é a locomotiva do mundo, por isso é necessário que a guerra se faça; não esperem que nossas máquinas deixem de fazer fumaça”.

É espantoso observar seu despreparo. Devíamos perguntar-lhe sobre este investimento raro: por que gastar tanto dinheiro se matará os passageiros que deveriam comprar os carros?

O que está em jogo na verdade, é que, o capital prepara-se para atender apenas um terço da humanidade. O restante, mesmo sendo a maioria, estará condenada a asfixia. Para estes não haverá investimentos produtivos, ganharão de presente epidemias, guerras, e do mercado se tornarão cativos.

É tempo de indignação, de protesto e mobilização. O sangue inocente vale mais que a ganância prepotente deste urubu que ronda o mundo inteiro. Façamo-lo voltar ao seu poleiro a grasnar com as duas asas quebradas. O mundo não pode ser vítima de uma besta alucinada.

Acreditamos na força da esperança e no ditado popular que assim procede; dizendo que: “Quem tudo quer; tudo perde”. Assim deverá ser no dia em que a humanidade descobrir que pode atacar para se defender.

Cartas de Amor Nº 49