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Deveria existir apenas uma moral para diferenciar o bem do mal, mas em geral, cada grupo social tem uma, e pelo jeito a Monsanto, por falta de respeito não tem moral alguma.

Mas o governo deveria ter, enfrentar e não ceder aos interesses descabidos, mesmo que esta empresa seja dos Estados Unidos. Moral não é coisa que se compre ou que se troque, mas o governo brasileiro corre o risco de ficar também sem ela se continuar indo a reboque.

É o que está ocorrendo no presente! O planalto com seu frágil poder já não combate, está anêmico; decidiu entregar aos fazendeiros e a algumas empresas do estrangeiro o direito a produzir transgênicos.

Que bom senso, que nada! Esta questão já vem a tempo complicada. Antes deste embaraço, houveram outros localizados no mesmo ponto geográfico. As sementes contrabandeadas foram plantadas e o governo legalizou o tráfico. E não adianta disfarçar procurando arranjar cada dia um argumento; a Monsanto ganhou a batalha ali nesse momento.

Não foi ela que infringiu a lei traficando as sementes da Argentina? Ela que indenizasse quem plantou, fosse condenada a pagar alto valor pelo desrespeito e a ameaça clandestina!

Liberando a comercialização da safra então colhida, houve a autorização, pelo Senso da Pressão, de transformar a droga em comida.

Dizia, para ser compensatória a mal fadada Medida Provisória: que, haveria multa para quem novamente cultivasse e se as empresas os tais produtos não rotulasse.

Passou o tempo ninguém rotulou nada e a nova safra já começa a ser plantada. Volta novamente o “Senso da Pressão” e o governo contorcendo-se em dores, fecha os olhos, ignora os clamores de 88% de nossa sociedade. É uma calamidade!

Agora os argumentos estão submetidos ao fato dos transgênicos estarem sendo produzidos. Desconsidera-se os estudos e todas as possibilidades de destruição, simplesmente para agradar uma empresa exclusivista, especialista em contaminação.

Ou não estudaram os nossos ministros que foram há décadas guerrilheiros, a história de nossa Pátria irmã, o Vietnã? O que esta mesma empresa fez por lá? Três décadas depois as conseqüências continuam a se revelar: 28 tipos de enfermidades é a recompensa. Morreram 500 mil pessoas e 650 mil são portadoras de vários tipos de doenças.

Portanto não se trata de intransigência daqueles que criticam! É que os quatro anos de governo vão embora mas as conseqüências ficam.

A mesma coisa não ocorre com a Medida Provisória que impede as ocupações. Por que será que não é igual? Será que o governo dá mais importância ao capital do que as nossas reivindicações?

Em nada melhora a situação da agricultura, do comércio exterior e o desenvolvimento nacional, por que então correr o risco deste mal?

Depois dos transgênicos vem a ALCA com todos os seus preceitos. Assim nosso governo vai cedendo e ficando cheio de defeitos, até o dia em que não gozará de mais nenhum respeito.

Seria bom que a este provérbio o governo desse ouvidos: “O mal depois de espalhado não pode mais ser recolhido”.

Cartas de Amor

Nº 75

À BIODIVERSIDADE

Chamamos de biodiversidade a imensa variedade de vidas dadas pela natureza, mas que, por incapacidade de defesa, estão na iminência de se tornarem propriedade de algumas poucas empresas.

É claro que ninguém quer interromper nenhuma pesquisa, mas a ética e a moral devem dizer qual delas a sociedade precisa.

Se uma empresa pela simples ganância financeira quer tornar a agricultura uma sujeira, injetando nas sementes o glifosato, paciência, mas temos o direito de dizer que não queremos colocar veneno em nossos pratos!

Nem todos os inventos são úteis para o desenvolvimento. Há os que ajudam elevar a qualidade de vida, mas a modificação das sementes, está comprovado de trás para frente que não aumentará em nada a quantidade de comida. O que aumentará são os lucros da Monsanto que pegou a nossa soja adaptada em qualquer canto e patenteou o invento da transgenia, agora ganhará 20 dólares por tonelada da soja que for exportada, este é o resultado desta hipocrisia.

Sobre este assunto as coisas não andam bem, o governo “indeciso” fica no seu vai e vem. Quando pensávamos que ele obrigaria a deixar de plantar e estenderia a moratória, apareceu com outra Medida Provisória, dizendo que: “É preciso evitar a desobediência civil” e é assim que a Monsanto ficará dona de toda a semente de soja do Brasil.

Desta vez o governo agiu mal, abriu o precedente, perdeu a autoridade de governar decentemente. Poderíamos dar um exemplo para ilustrar este tema, de um pai que proíbe os filhos a irem ao cinema. Eles reagem, pressionam e vão tendo progressos. Vendo que não pode segurar, para não se desmoralizar, o pai vai na frente e lhes compra os ingressos. É claro que para mostrar o seu poder irá dizer: meus filhos prestem atenção no que lhes peço: cuidado para não ficar no escuro, se alguém os agarrar e colocar contra o muro, gritem e ameacem com processos.

As ressalvas na Medida Provisória são um conjunto de piadas, como esta de que a partir de 2004, a soja transgênica deve ser incinerada. Ora, porque deixar plantar se a safra terá que ser queimada? A medida anterior já negou esta insensatez, pois previa que a safra passada não seria comercializada toda em 2003. Por isso afirmamos com afinco, a próxima safra entrará em 2005.

Na seqüência as ressalvas continuam insistentes: “Só poderá plantar quem tem guardado as sementes. Estas não poderão ser vendidas ou trocadas”. Elas estão em nosso solo porque foram contrabandeadas e ninguém tomou nenhuma providência, não lhes parece uma grande incoerência? Além do mais na agricultura, trocar sementes faz parte da cultura.

Diz ainda que o Ministério definirá as regiões. Deveria acrescentar: “Nas que fizerem pressões”. E que o “desobediente” arcará com todos os danos surgidos no meio ambiente, podendo processar o seu vizinho. Ora, o indivíduo vai protestar sozinho? O governo libera a droga, esta entra em cada casa com seu poder ignorante, contamina a mulher as filhas e os filhos e o pai vai processar o traficante?

Tudo isso revela uma grande verdade: se no mundo urbano “O Brasil que come tem medo do Brasil que tem fome”, na agricultura, a biodiversidade tem medo de governos que mandam pela metade.

Cartas de amor Nº 76