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Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas Psicoativas Entre Estudantes de Uma Escola

de Ensino Fundamental em Uberlândia - Brasil

Clélia C. OLIVEIRA1; Flávia O. SANTOS1; Flávia MACIEL2; Samuel C. LIMA1

1Universidade Federal de Uberlândia; 2Escola Municipal Prof. Eurico Silva

cleliacafer@estes.ufu.br

Palavras-chave: Estudantes, Comportamento do Adolescente, Alcoolismo, Consumo de produtos derivados do tabaco

Introdução

Álcool, tabaco e uso de drogas psicotrópicas é um problema de saúde mundial. Uso de substâncias legais e ilegais pode afetar significativamente a vida das pes- soas. Eles podem afetar muitos aspectos da saúde (incluindo o crescimento e desen- volvimento das crianças, estado de saúde geral, doenças como o câncer e qualidade de vida) e ter grandes consequências socioeconômicas [1].

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), se estima que 150 milhões de jovens consumem tabaco atualmente e a grande maioria adquirem esse hábito na adolescência. Outro motivo de crescente preocupação em nume- rosos países é o uso nocivo do álcool entre os jovens, que afeta o autocontrole e aumenta as condutas de risco. O consumo nocivo do álcool é considerado causa fundamental de traumatismos (em particular os causados no trânsito), violência (especialmente a violência doméstica) e mortes prematuras [2].

Os problemas relacionados ao uso do tabaco e álcool são variados e interferem em diversos aspectos da vida da pessoa. Sua repercussão no Brasil representa preo- cupação social, sendo uma questão de saúde pública.

O consumo de álcool na adolescência, além da alta prevalência, apresenta dois outros fatores: a iniciação (idade), e o padrão de consumo [3]. A iniciação no consumo de drogas psicotrópicas entre os jovens no Brasil é cada vez mais precoce. Um estudo realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), em escolas de ensino funda- mental e médio de 27 capitais brasileiras, constatou que 10,4% dos estudantes de até 10 anos já haviam experimentado substancias psicoativas, principalmente álcool [4].

A compreensão dos problemas relacionados ao consumo de tabaco e álcool en- tre adolescentes merece maior atenção, já que as fases da infância e adolescência são etapas primordiais no processo de estruturação da vida adulta.

Frente à prevalência do alcoolismo, no cenário da saúde pública brasileira e considerando a necessidade de diagnósticos precoces para a implantação de po- líticas públicas voltadas para estratégias de prevenção e promoção de saúde nas escolas de ensino fundamental foi que se realizou o presente estudo.

E2 | P O ST ERS Objetivo

Identificar o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre os estudantes do ensino fundamental da Escola Municipal Prof. Eurico Silva, em Uberlândia/MG - Brasil.

Metodologia

A Escola Municipal Prof. Eurico Silva estudantes do ensino fundamental (6 a 15 anos) nos períodos da manhã (550) e da tarde (530). À noite atende 315 estudantes de ensino fundamental na modalidade “Educação de Jovens e Adultos” (EJA), que é uma modalidade da educação básica destinada aos jovens e adultos que não tive- ram acesso ou não concluíram os estudos no ensino fundamental e do ensino médio. A idade mínima para ingresso na EJA é de 15 anos para o ensino fundamental.

Foram aplicados 716 questionários em todas as turmas da manhã e tarde, em classes de 3ª a 8ª série. Antes, foi realizado um pré-teste para verificação do ques- tionário e as dificuldades dos entrevistadores, que eram os estudantes envolvidos no Observatório da Saúde da Escola, que também ajudaram a elaborá-lo. Os dados foram coletados em agosto de 2013. Os sujeitos pesquisados não foram identificados.

As variáveis do questionário foram as seguintes: idade (1), sexo (2), você já experimentou cigarro? (3), você tem alguém na família que fuma? (4), você já ex- perimentou bebida alcoólica? (5) Você tem alguém na família que consome bebida alcoólica? (6), você tem alguém na família com problemas de alcoolismo? (7), você já experimentou outro tipo de droga? (8), você tem alguém na família que usa dro- gas? (9), você já viu alguém na escola fazendo uso de drogas? (10), você conhece alguém que vende drogas? (11).

Os dados coletados foram processados em banco de dados EPI INFO versão 3.5.3. A comparação das médias foi por teste T de Student, e as proporções foram avaliadas, usando o teste Qui quadrado ou teste Exato de Fisher. Foi considerado o valor de 0,05 como limite da significância estatística (p).

Resultados

Dos 716 questionários respondidos, foram considerados válidos todos, mesmo que alguns entrevistados tenham omitido alguma resposta. Dos 688 entrevistados que responderam sobre o sexo, 352 (51,2%) eram masculinos e 336 (48,8%) eram femininos. Para 601 entrevistados, a idade variou de 8 a17 anos, predominando entre idades entre 11 a 13 anos (55,1%) (média = 12 anos ± 1,8).

Dos 707 entrevistados que responderam se já haviam experimentado cigarro, 600 (84,9%) disseram que não e 107(15,1%) disseram que sim. Dos 104 entrevistados que já haviam experimentado cigarro e que identificaram o sexo, 55(52,9%) eram masculino e 49(47,1%) eram feminino (p = 0,07). Segundo a OMS, o número de ado- lescentes que fumam tem aumentado mundialmente, principalmente entre jovens do sexo feminino [2].

Quanto a questão “você tem alguém na família que fuma?”, dos 707 entre- vistados, 529(74,8%) responderam que sim, e 178(25,2%) que não. Ao comparar a diferença da média da idade entre os que já haviam experimentado cigarro, encon- trou-se que entre aqueles que responderam sim idade maior (média =13 anos ± 1,3)

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e os que responderam não menor idade (média = 11 anos ± 1,7) (p = 0,00). Segundo a OMS, no mundo, a grande maioria dos consumidores de tabaco, adquiriu o hábito de fumar na sua adolescência, por volta dos 12 anos [2].

Dos 707 entrevistados que responderam se já haviam experimentado bebida alcoólica, 280(40,9%) disseram que sim. Desses 141(50,4%) eram do sexo feminino e 139(49,6%) eram do sexo masculino (p = 0,55).

Dos 704 entrevistados que responderam “você tem alguém na família que con- some bebida alcoólica?”, 579(82,2%) disseram que sim e 125 (17,8%) disseram que não. Quando responderam “você tem alguém na família com problemas de alcoo- lismo?”, dos 706 entrevistados, 166(23,5%) disseram que sim, 540(76,5%) disseram que não. O consumo abusivo de bebida alcoólica merece atenção, pois o alcoolismo é um problema de saúde pública e afeta não somente o indivíduo, mas também a família e a comunidade [5].

Ao comparar a diferença da média da idade entre os entrevistados, que já haviam experimentado bebida alcoólica, encontrou-se que aqueles que já haviam experimentado apresentam idade maior (média = 12 anos ± 1,7) do que os que não haviam experimentado (média = 11 anos ± 1,6) (p = 0,00).

Dos 703 entrevistados que responderam a questão “se você já experimentou outro tipo de droga?” 32 (4,7%) disseram que sim, desses entrevistados 12 (37,5%) eram do sexo feminino e 20 (62,5%) do sexo masculino (p = 0,2). Ao comparar a diferença da média da idade entre os entrevistados, que já haviam experimentado outro tipo de droga, encontrou-se entre os que já haviam experimentado maior idade (média=13anos ± 1,3) do que os que não haviam experimentado (média = 11 anos ± 1,8) (p=0,00). Em relação à questão “você tem alguém na família que usa droga? Dos 708 entrevistados, 537(75,8%) disseram que não, 171(24,2%) disseram que sim. Este dado é alarmante. A influência às crianças para o uso de drogas pode estar dentro das próprias casas.

Para a pergunta “você já viu alguém fazendo uso de droga na escola?” dos 708 entrevistados que responderam, 513(72,5%) disseram que não e 195(27,5%) disseram que sim. A realidade do uso de drogas está, tanto nas escolas quanto nas famílias. Dos 706 entrevistados que responderam a pergunta “você conhece alguém que vende droga?”, 523(74,1%) disseram que não e 183(25,9%) disseram que sim.

Conclusões

O estudo permitiu conhecer o uso de álcool, tabaco e outras drogas entre os estudantes da Escola Municipal Prof. Eurico Silva. Os resultados do presente estudo demonstram que 40,9% dos entrevistados já experimentaram bebida alcoólica. Cerca de 25% das famílias dos estudantes enfrentam problemas com alcoolismo e uso de outros tipos de drogas, já que já viram alguém usando drogas na escola e conhecem os traficantes de drogas. Esses dados confirmam que os adolescentes estão em conta- to e experimentam álcool e outras substâncias psicoativas, em idades cada vez mais precoces, o que indica a necessidade de se estabelecer estratégias de vigilância, prevenção e promoção da saúde não só dentro da escola, mas principalmente junto às famílias e na vizinhança.

E2 | P O ST ERS Referências

[1] Kračmarova, L. et al. (2011), Tobacco, alcohol and illegal substances: ex- pe¬riences and attitudes among Italian university students. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v.57, n.5, out.

[2] Wold Health Organization (2011), Riesgos para la salud de los jóvenes, agosto de 2011.

[3] Gomes, B. M. R.; Alves, J. G. B.; Nascimento, L.C. (2010), Consumo de álcool entre estudantes de escolas públicas da Região Metropolitana do Recife, Per¬- nambuco, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, 26(4), 706-712.

[4] Senado (2010) VI Levantamento Nacional sobre o Consumo de Drogas Psicotró- picas entre Es¬tudantes do Ensino Fundamental e Médio das Redes Pública e Privada de Ensino nas 27 Capitais Brasileiras.

[5] Campo, J.A.D.B.; Almeida, J.C.; Garcia, P.P.N.S.; Faria, J.B. (2011) Consu¬- mo de álcool entre estudantes do ensino médio do município de Passos – MG. Ciênc. saúde coletiva vol.16.n.12. Rio de Janeiro.

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