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Irene B DIANIN1;Sílvia VC AREOSA1

1Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da

Universidade de Santa Cruz do Sul- PPGDR/UNISC sareosa@unisc.br

Palavras-chave:Suicídio, Saúde Mental, Saúde Pública

Introdução

Esta pesquisa bibliográfica, desenvolvida de novembro de 2012 até setembro de 2013, é parte dos estudos de Doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Desen- volvimento Regional da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS, Brasil. Foi revista a li- teratura de 2008-2012 dos periódicos indexados em artigos com textos completos, sob o tema do suicídio focado na saúde pública e saúde mental. As causas do suicídio são múltiplas e complexas, atrelam-se ao ambiente de vida da vítima, resultando inclusive de doença terminal, problemas financeiros ou emocionais, transtornos mentais, tristeza e desesperança. O problema não é isolado, preocupa as autoridades mundiais e influencia o desenvolvimento e a qualidade de vida dos povos.

Combater o suicídio é prioridade em nível mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS)1 reconhece o suicídio como uma das 20 principais causas de morte no

mundo, com a faixa global de 16 mortes a cada 100 mil habitantes, sendo constante entre idosos e principal causa de morte entre 15-44 anos, trazendo perdas emo- cionais e financeiras às famílias e a sociedade2. A literatura mundial sobre suicídio

é escassa, resultando em desconhecimento sobre o tema, o que contribui para manter elevada a taxa mundial destas mortes. Por isso, é importante conhecer a questão e contribuir para a diminuição desse agravo.

A influência sociocultural sobre o suicídio é evidente, portanto devem ser averi- guadas as tradições locais e ocorrências anteriores na família. Modificar o ambiente e restringir meios de acesso é estratégia acertada à prevenção, porque durante o ato suicida, este mal dificilmente pode ser evitado3.

Objetivos

O objetivo do estudo foi rever a abordagem da literatura científica em artigos com texto integral dos periódicos indexados, envolvendo saúde pública, saúde mental e sui- cídio, contribuindo para fomentar novas pesquisas e para disseminar o conhecimento.

Metodologia

A investigação abrangeu indexadores nacionais e internacionais, com a finalidade de estabelecer um panorama sobre o objeto da pesquisa na atualidade, revendo artigos completos da literatura brasileira e internacional dos últimos cinco anos (2008-2012),

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nos periódicos indexados pelas bases de dados CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamen- to de Pessoal de Nível Superior); LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde); MEDLINE (Literatura Internacional em Ciências da Saúde); PePSIC (Periódicos Eletrônicos em Psicologia da Biblioteca Virtual em Saúde) e SciELO (Scien- tific Electronic Library Online-Saúde Pública). Neste procedimento foram encontrados 252 artigos, dos quais 194 foram descartados por tratar o suicídio sob temática diversa deste estudo, também por se referirem a um período anterior ao da busca ou ainda por se repetirem nas bases de dados. Restaram 58 artigos, que foram organizados conforme seus eixos temáticos principais, nas seguintes categorias: 1) A organização da saúde pú- blica e mental no Brasil: serviço público versus privatização, políticas públicas, saúde e territorialidade, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); 2) O suicídio como questão de saúde mental: transtornos mentais, taxas e fatores de risco, notificações; 3) As equi- pes multiprofissionais e interdisciplinares na área da saúde: A formação profissional, teoria e prática, redes de apoio, intervenção nas tentativas de suicídio.

Após isto, os artigos selecionados foram revistos e descritos no estudo. Resultados

Nos artigos, evidenciou-se uma visão atualizada e integrada quantitativa e quali- tativamente sobre o suicídio, onde saúde pública e saúde mental foram enfocadas em seus aspectos históricos e de políticas públicas. A abordagem suicidológica ocorreu sob dois aspectos: 1) o evento morte por autoviolência, prendendo-se o conteúdo às taxas e fatores de risco do fenômeno; 2) a tentativa de suicídio, onde os autores trataram da conduta dos profissionais da saúde frente a este agravo, numa abordagem teórica (currí- culo acadêmico, conhecimento sobre o assunto) e prática (atendimento aos tentadores de suicídio). Ficou evidente que a depressão é a doença mais presente nas ocorrências de suicídio, seja tentado ou exitoso. Ficou visível ainda que as políticas públicas de saúde se preocupam com o suicídio, quando tratam da saúde mental. O poder público busca estruturar o sistema público de saúde também para recepcionar o atendimento da saúde mental e nela, prestar os serviços dirigidos a tentadores, às lesões autoprovocadas e às famílias envolvidas.

Países com serviços conjuntos de saúde geral, mental e psiquiátrica oferecem mais bem-estar à população, principalmente se o Estado é o financiador e a cober- tura é universal4, entendida esta como ações preventivas destinadas à população em

geral. Caso contrário, a prevenção seria seletiva (dirigidas a grupos de maior risco) ou indicada (dirigida especificamente aos tentadores de suicídio)5.

A melhor investigação sobre suicídio ocorre dentro das fronteiras de cada país. Os estudos transnacionais não contribuem na diminuição dessas mortes já que cada nação tem tipicidade própria6. Por isso os agentes locais da saúde atuam melhor na

prevenção por estarem próximos da população, conhecendo as questões locais e os fatores de risco7. As taxas de suicídio pouco variam entre países desenvolvidos e em

desenvolvimento, atingindo diversas culturas e sociodemografias, por isso a inter- venção deve abranger famílias, professores e amigos para trabalhar a prevenção8.

O comportamento suicida abrange ideação, tentativa, risco, planificação e exe- cução do ato, sendo que 75% das vítimas procuram os serviços de saúde no ano em que se matam e 45% destas o faz no mês em que se suicidam, portanto faltam ações governamentais de saúde mental e a conscientização dos profissionais e da população em geral9.

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A multideterminação das razões do suicídio não permite traçar o perfil das vítimas porque os motivos que culminam com atos suicidas, se formam durante a vida e inde- pendem de idade, gênero ou posição social10, mas o tratamento deve ser contínuo e

abranger a família, porque as tentativas podem persistir até por uma década. Assim, discutir abertamente a questão aumenta as chances de prevenção11.

Conclusões

Considera-se que a revisão dos artigos selecionados possa contribuir às discussões acadêmicas e possa incentivar os gestores na qualificação dos serviços públicos de saú- de. O suicídio desafia os governos e, onde existe prevenção, as tentativas diminuem. Embora o estigma persista, pela prevenção, o suicídio torna-se evitável12.

Referências

[1] Organização Mundial da Saúde (2000), Suicide Prevention Program (SUPRE). Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/medicosgenera- listas.pdf>. Acesso em 21 set. 2012.

[2] Yip, P. S. F.; Caine, E.M. D.; Yousuf, S.F.; CHANG, S.; Chien-ChanG, K.; Chen, Y. (2012), Means restriction for suicide prevention, The Lancet,379(9834), pp. 2393-2399.

[3] Machin, R.(2009), Nem doente, nem vítima: o atendimento às “lesões autopro- vocadas” nas emergências, Ciência e Saúde Coletiva, 14(5), p.p. 1741-1750. [4] Desviat, M. (2011), Panorama internacional de la reforma psiquiátrica. Ciência

& Saúde Coletiva, 16 (12), p.p. 4615-4622.

[5] Nordentoft, M. (2011), Crucial elements in suicide prevention strategies. Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, 35(1), p.p. 848-853. [6] Shah, A; Bhandarkar, R.; Bhatia, G. (2010), The relationship between general

population suicide rates and mental health funding, service provision and na- tional policy: a cross-national study, International Journal of Social Psychiatry, 56 (4), p.p. 448-453.

[7] Abreu, K. P.; Lima, M. A. D. S.; Kohlrausch, E.; Soares, J. F. (2010), Comporta- mento suicida: fatores de risco e intervenções preventivas, Revista Eletrônica de Enfermagem 12 (1), p.p. 195-200.

[8] Valladolid, M. N. (2011), Suicidio, Revista Peruana de Epidemiología, 15(2), n.p. [9] Kohlrausch, E.; Lima, M. A. D. S.; Abreu, K. P.; Soares J. S.F. (2008), Atendi- mento ao comportamento suicida: concepções de enfermeiras de unidades de saúde, Ciências e Cuidados de Saúde, 7(4), p.p. 468-475.

[10] Dutra, E. (2011), Pensando o suicídio sob a ótica fenomenológica herme- nêutica: algumas considerações, Revista da Abordagem Gestáltica 17(2), p.p. 152-157.

[11] Barbosa, F. de O.; Macedo, P. C. M.; Silveira, R. M.C. (2011), Depressão e o suicídio, Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar, 14(1), p.p. 233-243.

[12] Cane, E. D. (2012), Suicide prevention is a winnable battle, American Journal of Public Health 102 (1), p.p. 1-6.

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Análise do acesso dos pacientes à

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