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Um Mapeamento pela Teoria-Ator-Rede Ester F GUIMARÃES 1 ; Ricardo T SILVA 1 ; Tadeu F MALHEIROS

1Universidade de São Paulo

feche.guimaraes@gmail.com

Palavras-chave: controvérsias, cosmologia, incertezas, saneamento, universalização

Importância

As Nações Unidas declarou que acesso à água é um direito humano fundamental e constatou que o exercício do direito à água é sistematicamente negado, tanto nos países em desenvolvimento quanto em países desenvolvidos, e destacou que per- sistem contaminação e esgotamento de reservas de água, sendo que sua repartição desigual exacerba a pobreza [1].

A universalização de serviços de água e esgoto em áreas de vulnerabilidade estão previstos no Plano Nacional do Saneamento – Plansab, que integra a Política Nacional do setor de saneamento do Brasil, porém o modelo não conseguiu atender os desafios trazidos pelas controvérsias das disparidades em regiões vulneráveis [2]. Percebe-se que as controvérsias desenvolvidas sobre a rede dos atores atuantes no saneamento permite diagnosticar que atribuir ao setor uma definição de rede sócio-téc- nica é esconder as diversas opiniões éticas sobre decisões sociais, a despeito das externa- lidades sobre a saúde e meio ambiente. Ou seja, é a racionalidade de justificativas cien- tíficas para que universalizem ou não os serviços de saneamento em determinadas áreas.

Os modelos de gestão do setor e a governança adotam mecanismos incapazes de revelar as controvérsias rastreadas na provisão da água e saneamento à áreas de vulnerabilidade por indicadores ou certificados. Os desafios científicos trazidos pela universalização esbarram em conflitos de ordenamento jurídico – direito de pro- priedade versus direitos fundamentais. Sendo que, equacionados não definem um modelo universal. Semelhantemente, no mercado de saneamento, as controvérsias tarifárias sinalizam a incapacidade de valoração das externalidades do setor sobre a vida humana, saúde pública e meio ambiente. É a razão pela qual, a controvérsia em torno da universalização do saneamento se incorpora a discussão da sustentabilidade.

Objetivos e Tópicos de Investigação

Os objetivos são de mapeamento das controvérsias sócio-técnicas a partir da pesquisa de universalização dos serviços de água em áreas de assentamento irre- gular para contribuir às investigações da Saúde e Meio ambiente, quanto a indica-

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GUIMARÃES et al. | Controvérsias da Universalização do Saneamento

dores adotados e em desenvolvimento. Tópicos da investigação: 1.) Identificação de agentes heterogêneos; 2) Mapeamento de Incertezas nos Conceitos; 3) Contro- vérsias Científicas; 4) Cosmologia e 5) Nova Tipologia de Regimes Sócio-técnicos.

Estado da arte

Latour [3] afirma que a melhor solução é rastrear conexões entre as controvér- sias e não tentar decidir como resolve-las, controvérsias de grupos sociais, agru- pamentos, sem grupos (por não pertencer a padrões de vínculos jurídicos) e ele- mentos. Tomando o cuidado de não definir de antemão que grupo ou agrupamento poderia fornecer o contexto de todos os mapas. Assim, o ponto de partida deve ser a primeira fonte de incertezas: as controvérsias acerca dos agrupamentos que alguém pertence. Estando atento a infra-linguagem que permite o deslocamento de um quadro de referência à outro. Deve-se também identificar os mediadores (o que entra neles nunca é o que sai) e os intermediários (transportam significado sem transforma-lo). A segunda fonte de incerteza é a ação, que deve ser encarada como um nó ou ligadura, um conjunto de funções, que podem muitas vezes ocorrer mediante uma força social capaz de impor uma obrigatoriedade dos atores faze- rem coisas que não estão dispostos a fazer. E nesse sentido, qualquer entrevista, narrativa ou comentário enriquecerá o analista, por mais trivial que possa parecer. Sendo fundamental não interpretar ou ocultar e somente relatar. Sendo também fundamental não privilegiar ações concretas em detrimento das abstratas, num papel legislativo que abandona o relativismo.

Metodologia

O artigo está fundamentado na Teoria-Ator-Rede e em metodologia de recursos metodológicos multivariados de coleta de dados: Pesquisa Bibliográfica; Pesquisa Do- cumental da concessionária, e observação de campo adotando Teoria-Ator-Rede ([4], [5], [6], [7]).

Resultados Esperados

Identificou-se as controvérsias do modelo até hoje adotado para atendimento de água à esses cidadãos de baixa renda nas áreas de operação da concessionária. Os cidadãos em vulnerabilidade social, quando em áreas de invasão não são contados entre aqueles que necessitam de provisão de água e saneamento nos planos de sane- amento das municipalidades. Há exclusão das redes sócio-técnicas de infraestrutura ditadando os atos desse modelo. O atual modelo e seus dispositivos foram analisa- dos para contribuir à pesquisa sobre universalização dos serviços de saneamento em áreas de vulnerabilidade sócio-ambiental do Brasil sob a lente da Teoria-Ator-Rede - ANT. A observação dos atos para provisão desses indivíduos e grupos segundo a ANT permite a identificação das controvérsias da urbanização e definição de conceitos. Adotou-se identificar concatenações, mediadores, além de um mapa de atores con- ceituando e contextualizando vulnerabilidade, risco e resiliência das comunidades.

Dupuy & Offner [8] afirmam que para compreender o desenvolvimento de um recurso e dar conteúdo à idéia de equidade sócio-espacial, a universalização é a fase final do desenvolvimento de um serviço como uma figura “teológica” do recur-

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so. A universalização não se justifica pela precisão, tipologia, oposição e aproxima- ção que ela obrigue à execução. Os materiais aptos a estabelecer os fundamentos de uma sólida sócio-economia dos recursos estão postos em índices topológicos, modelos institucionais e dispositivos tarifários. Resta combina-los para estabelecer uma tipologia de regimes sócio-técnicos dos modos de universalização dos recursos sobre interações dos mesmos e dinâmicas espaciais.

Com objetivo de levantar as controvérsias para a universalização do saneamen- to no Brasil identificou-se as cinco grandes fontes de incertezas da Teoria-Ator-Re- de: natureza dos grupos (formas controversas de atribuir identidade aos atores); das ações (em cada curso de ação, agentes deslocam e imiscuem objetivos origi- nais) gerando nó ou ligadura; dos objetos (tipo de agências que participam das inte- rações permanece aberto com inclusão de não humanos e atividade do objeto); dos fatos ( de como são construídos os vínculos das ciências naturais com a sociedade é fonte de controversas); e das ciências sociais (não se pode dizer em que sentido são empíricas e como são escritos os relatos do risco) no Brasil.

Nesse sentido, faz-se necessário o desenvolvimento de um novo modelo com mecanismos que promovam a governança, gestão participativa e a inte gração de atores considerando as controvérsias, externalidades negativas e positivas, falhas de mercado, interdisciplinaridade, perspectivas teórico-espaciais e coações que perpassam o tema.

Agradecimentos

Sou grata às discussões da disciplina de Mapeamento de Controvérsias Sócio- técnicas do Departamento de Antropologia e ao Instituto de Estudos Avançados – IEA da Universidade de São Paulo por permitir a reprodução.

Referências

[1] ONU (2012), O direito humano à água. Disponível em: http://www.un.org/ spanish/waterforlifedecade/human_right_to_water.shtml. Acesso em: 26 de março de 2012.

[2] Ministério das Cidades (2008), Plano Nacional de Saneamento Básico PLANSAB., Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, Brasil.

[3] Latour, B. (2012), Reagregando o Social – Uma Introdução à Teoria Ator-Rede, Salvador: Editora Universidade Federal da Bahia, Bauru, São Paulo.

[4] Bauer, M.W., Gaskell G. (2002), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 3. Editora Petróplis:Vozes, Brasil.

[5] Denzin, N.K. (1970a), Sociological methods: a sourcebook. Chicago: Aldine. [6] Denzin, N.K. (1970b), The research act: a theoretical introduction to

sociological methods. Chicago: Aldine.

[7] Quivy, R., Van Campenhoudt, L. (2003), Manual de investigação em ciências sociais. 3. ed. Lisboa: Gradiva.

[8] Dupuy, G., Offner J.M. (2005), Réseau: bilans et perspectives. Flux n° 62 Octobre - Décembre pp 38-46.

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A Geografia da Saúde numa perspectiva

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