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A ATUAÇÃO DO ESTADO NA EFETIVIDADE DAS POLÍTICAS

PÚBLICAS DE PROGRAMAS DE ABRIGOS INFANTO-JUVENIS EM ALAGOAS35

Profa Ma. Sônia Maria Albuquerque Soares Professora de Metodologia da Pesquisa Jurídica no Curso de Direito do Centro Universitário Cesmac; Assessora Acadêmica da Coordenação do Curso de Direito do Cesmac; Coordenadora do Centro Judiciário de Cidadania e Solução de Conflitos do Cesmac; Coordenadora do Projeto Piloto de Mediação Escolar em Escolas Públicas de Alagoas.

Elis Cristina Liberato; Cristian Kelly Ferreira Menezes; Débora Ewellyn Guimarães Pontes; Katia Torres de Castro (pesquisadoras do Programa Semente de Iniciação Científica do Cesmac).

RESUMO: Este artigo enfoca as políticas públicas de abrigos de crianças e adolescentes em Maceió, fazendo uma comparação entre o que está regido na legislação e o que se apresenta na realidade dessas instituições, levando em consideração a importância da atuação do Poder Judiciário alagoano no estabelecimento de normas e diretrizes de amparo a crianças e adolescentes socialmente vulneráveis. Para tanto, foi feita uma pesquisa bibliográfica e foram discutidos os princípios constitucionais que tratam das internações infanto-juvenis, os dispositivos do Estatuto da Criança e Adolescente e as orientações normativas de documentos oficiais, como o Plano Nacional de Prevenção, Proteção e Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária, além da pesquisa de campo, concluindo-se que há necessidade de se fomentar uma cultura de acolhimento, pelo reordenamento das políticas de proteção social, que permita assegurar o direito à convivência familiar.

PALAVRAS-CHAVE: abrigos infanto-juvenis, políticas públicas.

ABSTRACT: This article focuses on public policy shelters children and adolescents in Maceió, making a comparison between what It is governed by law and what is presented in the reality of these institutions, taking into account the importance of the performance of Judicial of Alagoas power in setting standards and guide lines support to children and socially vulnerable adolescents. For in such a way, a literature search was made and the principles were discussed Constitutional dealing with children and youth admissions, the Statute of the devices of Children and Adolescents and the guidelines normative official documents such as the National Prevention Plan, Protection and Defense of the Rights of Children and Adolescents to Coexistence Family and Community, in addition to field research, concluding that there is need to foster a culture of welcome, the reordering of social protection policies, that it allows will assure the right the connivance relative.

KEYWORDS: Children and Youth Shelters, Public Policts.

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Este artigo é o resultado de uma pesquisa científica desenvolvida pelo Programa Semente de Iniciação Científica do Centro Universitário Cesmac, em 2014-2015, sob a orientação da Profa. Ma. Sônia Maria Albuquerque Soares.

INTRODUÇÃO

Em suas pesquisas, Irene Rizzini e Irma Rizzini (2014) demonstram que, ao longo dos séculos, as crianças nascidas em famílias com dificuldade de criá-las tinham um destino quase certo quando se buscava o apoio do Estado: o encaminhamento para instituições como se fossem órfãs ou abandonadas. Eram os orfanatos que funcionavam nos moldes de asilos.

Andrade da Silva (2003) aponta as inúmeras experiências de atendimento a crianças e adolescentes de rua que influenciaram no questionamento das políticas públicas de proteção baseadas na internação. Assinala que o tratamento diferenciado, em razão da forma como foram concebidas, de sua origem social ou composição familiar, viria a transformar-se em uma “máquina de discriminação social.” E vários são os posicionamentos doutrinários acerca da matéria, entre eles, os de Carreirão (2003) e Oliveira (2007).

Nesse contexto histórico e social, inúmeras são as dificuldades encontradas para proteção de crianças e adolescentes socialmente vulneráveis. E muitas conquistas só foram alcançadas com a Constituição Federal do Brasil de 1988, em seu Art. 227, que estabeleceu uma nova sistemática, no que concerne ao público infanto-juvenil, dispondo sobre o direito à prioridade absoluta por meio da família, da sociedade e do Estado. (BRASIL, 2011). E como não poderia deixar de acontecer, muitas mobilizações de pessoas preocupadas com as condições e os direitos desse público ocorreram. O que resultou na entrada em vigor do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, que se transformou em um instrumento de transformação social. (BRASIL, 2005).

Diante de tais conquistas, levando em consideração a necessidade de uma política de Estado para assistência dos direitos do referido público, em 2004, foi instituído o Plano Nacional de Prevenção, Proteção e Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente à Convivência Familiar e Comunitária (PNCFC), propondo um conjunto de ações para serem desenvolvidas de 2007-2015, sob a responsabilidade dos governos federal, estaduais, municipais e Distrito Federal. (BRASIL, 2006).

No plano mencionado, adotou-se o termo Acolhimento Institucional para designar os programas de abrigo, definidos no Art. 90, Inciso IV, do ECA, como aqueles que recebem crianças e adolescentes que se encontram sob medidas protetivas, aplicadas nas situações dispostas no art. 98: “I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta.” (BRASIL, 2005).

O ECA demonstra a preocupação do legislador no sentido de proteção e cuidados a crianças e adolescentes privados da convivência familiar. Segundo o Art. 101, Parágrafo

Único, o abrigo é medida provisória e excepcional, não implicando privação de liberdade. O Art. 92, § 1o preconiza que o “[...] dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito.” No item Entidades de Atendimento, o Estatuto apresenta os princípios que os abrigos devem adotar para acolher o público em evidência.

A partir do que assegura o ECA sobre a proteção do público infanto-juvenil, ao considerar que as entidades que desenvolvem programas de abrigo devem prestar plena assistência a esse público, ofertando-lhes acolhida, cuidado e espaço para socialização e desenvolvimento, questiona-se: Qual a atuação do Estado na efetividade das Políticas Públicas de abrigamento de crianças e adolescentes em Alagoas? Qual a situação desses abrigos? Os direitos assegurados pela legislação brasileira estão sendo respeitados? As ações propostas pelo PNCFC foram ou estão sendo desenvolvidas?

A pesquisa justifica-se diante da necessidade de estudos que auxiliem a compreensão da realidade que envolve os abrigos infanto-juvenis em Maceió, visto que existe carência de pesquisas acadêmicas a este respeito, especificamente na área de Direito. Tudo isso porque, apesar da ampla bibliografia que existe no Brasil sobre crianças e adolescentes, essas instituições são pouco conhecidas, apesar de desempenhar papel fundamental para a sociedade.

Nessa perspectiva, a pesquisa tem como objetivo analisar as políticas públicas de abrigos de crianças e adolescentes em Maceió, com a comparação entre o que está regido na legislação e o que de fato se apresenta na realidade dessas instituições, levando em consideração a relevância do desempenho do Estado no estabelecimento de normas e diretrizes para o ordenamento e o reordenamento de medidas de proteção a crianças e adolescentes socialmente vulneráveis em Alagoas.

Como procedimento técnico, inicialmente foi feito um levantamento bibliográfico sobre publicações em revistas especializadas e jornais acerca das políticas públicas de abrigamento de crianças e adolescentes no Brasil. Além disso, foram discutidos os princípios constitucionais que tratam das internações infanto-juvenis, os dispositivos do ECA e as orientações normativas de documentos oficiais, como o PNCFC, além de textos de teóricos da área e artigos disponíveis em sites da internet.

Foi identificada a conjuntura histórica e política, contextualizando a situação atual de abrigamento no Brasil e, especialmente, em Alagoas. Para tanto, foi realizada uma comparação entre o que determina a legislação e o que se apresenta na realidade dessas instituições, efetuando um levantamento a respeito dos principais problemas atinentes às

internações, para, finalmente, chegar a algum resultado acerca da política pública desses

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