• Nenhum resultado encontrado

POLÍTICAS DE ATENDIMENTO NA MODALIDADE DE ACOLHIMENTO EM ABRIGOS INFANTO-JUVENIS

Dando continuidade à pesquisa, foi feita a catalogação dos abrigos de Maceió, para realização de visitas para coleta de dados a respeito do tema proposto, por meio de levantamento de documentos que auxiliaram na análise feita, comprovando ou não a atuação dos órgãos públicos nesses locais.

Após a leitura bibliográfica e a pesquisa de campo, foi feita uma análise fundamentada nos dados coletados nas duas primeiras fases do estudo, para se buscar respostas para a problemática levantada no projeto inicial e tentar sugerir, aos órgãos competentes, ações que provavelmente complementarão no sentido de assegurar o cumprimento dos direitos infanto- juvenis, ao trazer uma reflexão acerca dos elementos que subsidiam as práticas participativas e políticas de educação de crianças e adolescentes.

O projeto não foi submetido ao Comitê de Ética, haja vista que foi adotada a metodologia de compilação, em que foram analisados diversos textos que se posicionam sobre a questão do menor, especificamente sobre a convivência familiar e comunitária e a política utilizada nos abrigos de Maceió. Quanto aos documentos que foram consultados na coleta de dados in loco, são referentes a informações já publicadas, visando ao esclarecimento de diversos pontos que se correlacionam, de forma direta, com os questionamentos suscitados nesta pesquisa. Além disso, não houve necessidade de entrevistas ou de análise de qualquer documento que contém dados relativos à identificação de pessoas, nem da aplicação de questionários.

POLÍTICAS DE ATENDIMENTO NA MODALIDADE DE ACOLHIMENTO EM ABRIGOS INFANTO-JUVENIS

Os estabelecimentos denominados “Orfanatos ou Casas de Abrigos” buscam oferecer amparo social a crianças e adolescentes que vivem nessas instituições. Desse modo, contextualizando a situação de crianças e adolescentes que necessitam de abrigamento, pode- se citar “Órfãos de pais vivos” (JORNAL CORREIO BRAZILIENSE, 2002), que comunica as ações de um grupo de pessoas que se propôs a encontrar caminhos para amenizar a situação. O que resultou na criação da Caravana da Cidadania; da formação do Comitê de Abrigos em setembro de 2002; formação de uma Comissão Intersetorial (de 10/2004 a 04/2005); Consulta Pública (06 e 07 de 2006); primeira Assembleia Conjunta entre o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e o Conselho

Nacional da Assistência Social (CNAS) em 13 de dezembro de 2006, momento de aprovação do PNCFC; Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente de 2007, quando o Plano fez parte dos temas de debates e das resoluções, conforme Losacco (2012).

A problemática do atendimento na modalidade de acolhimento institucional abrigo é antiga e inúmeras são as dificuldades nessa seara. A Carta das Nações Unidas já instituía a criança e adolescente como pessoas de Direito. O ordenamento jurídico brasileiro, diante do descaso com esta parte da população, geriu um artigo na Constituição Federal, Art. 227, estabelecendo uma nova sistemática, no que concerne ao público infanto-juvenil. (BRASIL, 2011).

Abraçando como exemplo a assistência integral, em 1990, o ECA tem como principal conquista a concepção de uma serie de dispositivos legais de proteção infanto-juvenil, tentando reequilibrar as responsabilidades com a sociedade civil (criação de conselhos tutelares) e com o Poder Judiciário (criação de varas da infância e juventude). Visando tais conquistas, em 2004 já existia a necessidade de uma política de Estado para complementar a assistência dos direitos referidos, assim, foi instituído o PNCFC.

Existem inúmeros princípios norteadores referentes ao atendimento na modalidade de acolhimento institucional abrigo, ancorados no Artigo 92 do ECA, reforçado pelo PNCFC, entre eles, a preservação dos vínculos familiares e a integração em família substituta.

Quanto ao PNCFC, ele é resultado de um processo participativo de preparação conjunta, envolvendo representantes de todos os poderes e esferas de governo, da sociedade civil organizada e de organismos internacionais que compuseram a Comissão Intersetorial que preparou os subsídios expostos ao Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes - CONANDA e ao Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS. É um conjunto de diretrizes socializadas fundamentadas por instrumentos legais e definições conceituais.

Assim, tem como alicerce o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários basilares, com ações pautadas no investimento de políticas públicas de atenção à família, devendo voltar-se para a proteção de crianças e adolescentes e para a prevenção do abandono e ao combate a agressões. As diretrizes que formam o conjunto de ações recomendadas para serem desenvolvidas no período de 2007-2015 pelo PNCFC foram: “Centralidade da família nas políticas públicas; Primazia da responsabilidade do Estado no fomento de políticas integradas de apoio à família; Reconhecimento das competências da família na sua organização interna e na superação de dificuldades.” (BRASIL, 2006).

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram listados os abrigos de Maceió e realizados contatos no local para coleta de dados e, a partir dos resultados alcançados, foram analisadas as políticas públicas desses abrigos, verificando o que determina a legislação brasileira e a realidade vivenciada nessas instituições, além de apontar o desempenho do Estado no estabelecimento de normas e diretrizes para a implantação de medidas de amparo a crianças e adolescentes socialmente vulneráveis, como proposto no projeto inicial. Eis os resultados:

a) Abrigos que contam ou não com o apoio do Estado

Nesta pesquisa, constatou-se a existência de nove abrigos em Maceió e que apenas dois dos abrigos são instituições governamentais, ou seja, sete não possuem vínculo com o Estado, como se pode perceber no gráfico abaixo:

Fonte: dados da pesquisa.

A Assistência aos abrigados, como política de proteção social, deve ter atendimento às crianças e aos adolescentes que, por diferentes motivos, não contam mais com o amparo e o cuidado de suas famílias, ficando os vínculos, muitas vezes, ameaçados (PEREIRA, 2004), que se utiliza de estratégia quanto às organizações não governamentais, ao abarcá-las nas políticas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente. “A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.” (BRASIL, 2005).

22,22%

77,77%

O que se observa é que crianças e adolescentes têm o direito à convivência com sua família. Assim, resguardar e fortalecer os vínculos familiares torna-se um desafio do Estado e da sociedade brasileira, perante o panorama atual de desigualdades sociais, que interferem nas relações sociais e que se alastram na forma de riscos no cotidiano da relação entre pais e filhos.

b) Abrigos que contam ou não com apoio do Poder Judiciário

Apesar de apenas dois abrigos governamentais, a maioria conta com o apoio do Poder Judiciário, como se constatou na pesquisa:

 Dois abrigos não foram pesquisados, haja vista que a direção não permitiu o acesso dos pesquisadores ao local;

 Seis abrigos contam com o apoio do Judiciário;

 Um não conta com o apoio do Judiciário.

Fonte: dados da pesquisa.

O ECA regularizou a atuação do Poder Judiciário na defesa dos direitos da criança e do adolescente, bem como do Ministério Público e dos Conselhos Tutelares na promoção e fiscalização desses direitos e aos conselhos nacional, estaduais e municipais a autoridade para

66,66% 11,11%

22,22%

Outline

Documentos relacionados