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2 PRINCÍPIOS QUE REGULAM O DIREITO DO TRABALHO

Estudo da família de origem dos assistidos

2 PRINCÍPIOS QUE REGULAM O DIREITO DO TRABALHO

O direito do trabalho é um ramo específico do direito e, assim sendo, tem seus próprios princípios. Sem sombra de dúvida, poder-se-ia dizer que o princípio é onde começa algo. É o início, a origem, o começo e a causa. O princípio vem do latim principium, princípio, com o significado de origem, começo e base. É nesse ponto de partida que começaremos a enxergar que além das leis que regulam o direito do trabalho, existem também os princípios, que são o ponto de partida de como

deverão ser aplicados caso a caso (MARTINS, 2014).

Os princípios também tutelam as relações de trabalho, devendo ser respeitados. Especificamente no direito do trabalho, são muitos os princípios que norteiam a relação de trabalho do professor.

Sustentam também o ordenamento jurídico, dando solidez ao caso concreto, pois, segundo Martins (2014, p.69): “o principio é a bússola que norteia a elaboração da regra, embasando-a de forma para sua interpretação. Os princípios influenciam as regras”.

Nesse sentido, é de clareza hialina o respeito que se deve aos princípios, pois, como as normas, são reguladores e necessitam de observância.

No mesmo entendimento, Rezende (2014, p.65) nos explica: “Princípios são os elementos de sustentação do ordenamento jurídico, elementos estes que lhe dão coerência interna”.

Segundo Correia (2013, p. 42):

Os princípios representam a base do ordenamento jurídico. O direito do trabalho possui princípios específicos, que desempenham funções essenciais para interpretação e aplicação das normas trabalhistas. Esses princípios servem de orientação para os aplicadores do direito (Juízes, procuradores do

trabalho, advogado etc.) e tem, ainda a função de inspirar e orientar os legisladores (deputados e senadores) na elaboração das leis.

Os princípios são utilizados como sustentações do ordenamento jurídico, sendo, portanto, os alicerces do sistema jurídico, não podendo o legislador ou até mesmo juízes ignorá-los, tendo em vista que os princípios orientam, condicionam e iluminam a interpretação das normas jurídicas.

Não existe consenso sobre quantos são os princípios do direito do trabalho, pois variam de doutrinador para doutrinador. Portanto, entrar-nos-emos nos mais importantes princípios aplicados ao direito do trabalho.

2.1 PRINCÍPIO DA INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA

Esse princípio veda as alterações do contrato de trabalho que tragam prejuízo ao empregado, ao contrário, as alterações favoráveis ao empregado são permitidas e inclusive incentivadas pela legislação.

Inspirado no princípio civilista de que os contratos devem ser cumpridos (pacta sunt servanda), o princípio da inalterabilidade contratual lesiva assume contornos específicos a fim de adequar-se ao sistema de proteção justrabalhista. (RESENDE, 2013, p. 32).

O contrato é a união de duas ou mais vontades convergentes. Entretanto, antes da conclusão do contrato há fazes preparatórias, conversas, entendimentos, debates e discussões. O ajuste entre as partes só se opera após o acordo final.

Neste sentido contratual, os arts. 444 e 468 da CLT preveem:

Art. 444 - As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

O contrato, como visto em seu conceito acima, reúne duas ou mais vontades, ou seja, as regras serão estabelecidas diante de duas ou mais pessoas que vão ajustando suas vontades. No entanto, as cláusulas estabelecidas têm de estar de acordo com as regras normativas.

Art. 468 - Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.

Não pode qualquer das partes desfazer uma cláusula prevista no contrato sem o consentimento das demais pessoas participantes na relação contratual, assim, toda e qualquer alteração contratual depende de consentimento de todos que participam da relação

estabelecida, não obstante a observação quanto às alterações que causem prejuízo, sendo estas proibidas.

É importante ressaltar que não cabe no Direito do Trabalho, em regra, a cláusula civilista de revisão dos contratos em razão de fatos supervenientes que tornem sua execução excessivamente onerosa para uma das partes (rebus sic stantibus), tendo em vista que os riscos do empreendimento cabem exclusivamente ao empregador, art. 2º, caput, da CLT.

Percebe-se que, o Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva veio para fortalecer o contrato de trabalho, bem como proteger o empregado de certos prejuízos. Logo, trazendo esse princípio para o assunto tratado aqui, percebe-se que a redução do salário do professor atingiria diretamente o princípio em destaque.

Senão vejamos o entendimento jurisprudencial:

PROFESSOR. REDUÇÃO SALARIAL. ALTERAÇÃO CONTRATUAL LESIVA. PRINCÍPIO DA APTIDÃO PARA A PROVA. A redução do número de horas-aula ministradas por professor configura alteração unilateral do contrato de trabalho, em ofensa aos arts. 7º, VI, da Constituição da República e 468 da Consolidação das Leis do Trabalho. A hipótese vertente não comporta qualquer possibilidade de redução, seja porque a irredutibilidade de remuneração não foi expressamente prevista em norma coletiva de trabalho, seja porque não se desincumbiu a Instituição de Ensino do ônus de comprovar adequadamente a alegada diminuição de alunos, consoante princípio da aptidão para a prova. PROFESSOR. DANO MORAL. DIMINUIÇÃO DE TURMAS SEM JUSTIFICATIVA. [...]. É flagrante o dano moral para um professor que, ao longo do tempo e sem nenhuma justificativa plausível, vê suas turmas sendo-lhe retiradas e transferidas a outros professores. Recurso conhecido e não provido. (BRASIL. TRT-1, 2013).

A redução do número de horas-aula do professor constitui alteração lesiva unilateral do contrato de trabalho, devendo ser afastada, pois a legislação trabalhista proíbe, como já visto acima.

2.2 PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL

Segundo o Princípio da Intangibilidade Salarial, não se admite o impedimento ou restrição à livre disposição do salário pelo empregado, protegida a sua natureza alimentar.

Essa noção de natureza alimentar parte do pressuposto de que a pessoa natural (pessoa física) garante sua subsistência com seu salário, isto é, a pessoa proverá suas necessidades básicas (alimentação, saúde, moradia, educação, transporte, lazer, etc.) se puder dispor de seu salário. (RESENDE, 2013, p. 33).

Cabe salientar que são muitos os dispositivos legais que regulam a disponibilidade do salário do empregado, vejamos alguns: “Art. 462 - Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.” (art. 462 da CLT).

Tal dispositivo é claro no sentido de ser proibido qualquer desconto no salário do empregado, com exceção de adiantamentos, dispositivos legais ou contrato coletivo.

Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: [...]

IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3º deste artigo;

[...] (art. 649, IV, do Código de Processo Civil – CPC).

Depreende-se do Princípio da intangibilidade salarial, que o texto legal assegura ao trabalhador o montante e a disponibilidade do salário dos trabalhadores, dando assim uma proteção maior ao empregado, apenas existindo exceção quando Convenção ou Acordo Coletivo consentir, ainda assim, não poderá prejudicar o empregado, sendo observado também, que o princípio da intangibilidade salarial está vinculado ao princípio da proteção.

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