• Nenhum resultado encontrado

A Formação de Blocos Econômicos

A DIALÉTICA DA GLOBALIZAÇÃO: UM PROCESSO DE MUDANÇAS

3 A GLOBALIZAÇÃO ECONÔMICA

3.2 Integração Política e Econômica

3.2.3 A Formação de Blocos Econômicos

Após a II Guerra, iniciou-se um período caracterizado pela bipolarização mundial. De um lado, os países capitalistas, liderados pelos EUA; de outro, os países comunistas, liderados pela então União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O efeito na bipolarização ajuda a ver com melhor nitidez o passo que deu a sociedade mundial: o incremento na formação de blocos econômicos, iniciada nos anos 50. Com a derrocada do regime comunista, a partir dos anos 80 - o marco emblemático foi a queda do muro de Berlim em 1989 -, houve redistribuição das influencias econômicas e os blocos deram outra fisionomia à realidade econômica mundial.82

Com a globalização, surgem as regionalizações, cada uma com traços peculiares, mas apresentando como ponto comum o bloco econômico (NOGUEIRA, 2000, p. 37). A nova ordem mundial impulsionou o processo de integração dos Estados nacionais. Atualmente, a otimização da participação no comércio internacional é o objetivo, por excelência, dos movimentos de integração (IANNI, 1996, p. 11). Para Philippe Moreau Defarges, citado por Alberto Nogueira (2000, p. 40), tal como a mundialização, a regionalização se constitui em um dos traços-chave do fim do século XX.

Esse processo de mundialização econômica exigirá a interpenetração dos respectivos direitos internos e levará à criação gradual do ordenamento jurídico gerado a partir dos acordos, o que dará aos blocos caráter de unidade, podendo alcançar elevado nível de harmonização jurídica, política e econômica, como uma união semi-federativa de Estados, constituindo tipos distintos de integração83.

82 MAZO, Miriam Stolses; TEIXEIRA, Márcia Cristina e HERNANDES, Cláudio Aurélio. Op.Cit. Disponível em:

http://www.esaf.fazenda.gov.br/parcerias/ue/cedoc-ue/leituras-complementares/a3-organismos-internacionais.html; http://www.ead.fea.usp.br/Semead/7semead/paginas/artigos >Acesso em: 16 ago. 2007.

83 BATISTA JÚNIOR, Paulo Nogueira. Estratégias Comerciais do Brasil: Alca, União Européia, OMC e Negociações Sul-

3.2.3.1 Alusões sobre Regionalização: UE, Nafta, Mercosul e Apec

a) A União Européia

Os principais esforços no sentido da integração Européia começaram com o Tratado de Dunquerque, de 1947, assinado entre a França e o Reino Unido, que incluía promessa de cooperação no interesse geral da prosperidade e da segurança econômica dos dois países. Em 1951, pelo Tratado de Paris, foi instituída a Comunidade Européia do Carvão e do Aço (CECA), compreendendo Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e Países Baixos. Em março de 1957, os Estados-membros firmaram o Tratado de Roma, para a criação de uma Comunidade Econômica Européia e o estabelecimento gradual de um Mercado Único Europeu, com o eventual livre trânsito de mercadorias, pessoas e serviços. 84 Atualmente, é o

principal bloco econômico do mundo.

A União Européia consolida-se com base na redefinição do papel do Estado na sociedade, através da delegação de soberania por parte dos Estados-membros e da constituição de um sistema institucional supranacional. O complexo processo de unificação veio desenrolando-se e acelerou-se com a implantação do Tratado de Maastricht,85 em 1992. Na atualidade, é a primeira potência econômica e comercial do mundo.86

b) O Nafta

Em 1994, os Estados Unidos consolidaram a criação do bloco, integrando as economias dos EUA, do Canadá e do México. O Acordo estabelece vantagens no acesso aos

84 VITAGLIANO, José Arnaldo; BIASI, Clóvis Guido de. Op. Cit. Disponível em: < http://www1.jus.com.br/doutrina/texto

>. Acesso em: 10 dez. 2006.

85 O tratado da União Européia (TUE), o Tratado de Maastricht, é um elo fundamental para a criação de uma Europa

unificada. Altera o Tratado de Paris, os Tratados de Roma e o Acto Único Europeu, e estabelece de maneira oficial o nome de União Européia em substituição de Comunidade Européia. Este tratado, assinado em 1992 na cidade holandesa que lhe o nome, e que entrou em vigor em 1 de novembro de 1993, deu uma nova dimensão ao processo de integração européia.

86 VITAGLIANO, José Arnaldo; BIASI, Clóvis Guido de. Op.Cit. Disponível em: < http://www1.jus.com.br/doutrina/texto >

mercados, regras de comércio e serviços, mas não estabelece uma zona de livre comércio entre os três países.87

c) O Mercosul

Com a assinatura do Tratado de Assunção, em 1991, nasce o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL)88, tendo como principal objetivo a coordenação de políticas macroeconômicas entre os Estados-partes, melhorando a capacidade competitiva frente ao mundo.89 A origem do bloco está nos acordos comerciais entre Brasil e Argentina elaborados em meados dos anos 80.90 Pelo Protocolo de Las Leñas, assinado em 1992, os Estados-membros comprometeram- se "a prestar assistência mútua e ampla cooperação internacional em matéria civil, comercial, trabalhista e administrativa". Garantiu-se igualdade de tratamento processual, de modo que "os cidadãos e os residentes permanentes desses Estados gozarão, nas mesmas condições, do livre acesso à jurisdição para a defesa de seus direitos e interesses". Tais procedimentos, já se encontram integrados à legislação brasileira e receberam aval de legitimidade do Supremo Tribunal Federal.91 A sedimentação do bloco é lenta.92

d) A Apec

Por sua vez, a Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (APEC), formada em 1989 como um fórum de conversações informais, assume contornos de bloco econômico, a partir 1993. A Cooperação econômica reúne EUA, Japão, China, Formosa (Taiwan), Coréia do Sul, Hong Kong, Cingapura, Malásia, Tailândia, Indonésia, Brunei, Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Canadá, México e Chile. O objetivo de consolidar o bloco até 2020 é aprovado no encontro de cúpula de Bogor (Indonésia), em novembro de 1994. Os

87 MAZO, Miriam Stolses; TEIXEIRA, Márcia Cristina e HERNANDES, Cláudio Aurélio. Op.Cit. Disponível em:

http://www.esaf.fazenda.gov.br/parcerias/ue/cedoc-ue/leituras-complementares/a3-organismos-internacionais.html; http://www.ead.fea.usp.br/Semead/7semead/paginas/artigos >Acesso em: 16 ago. 2007.

88 BASSO, Maristela. MERCOSUL – seus efeitos jurídicos, econômicos e políticos nos Estados-membros. Porto Alegre:

Livr. Do Advogado Ed. 1997. p. 114.

89 SANTOS, Onélio Luis S. Op.Cit. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina>. Acesso em: 21 ago. 2007.

90 MAZO, Miriam Stolses; TEIXEIRA, Márcia Cristina e HERNANDES, Cláudio Aurélio. Op.Cit. Disponível em:

http://www.esaf.fazenda.gov.br/parcerias/ue/cedoc-ue/leituras-complementares/a3-organismos-internacionais.html; http://www.ead.fea.usp.br/Semead/7semead/paginas/artigos >Acesso em: 16 ago. 2007.

Estados Unidos, a Austrália e a Nova Zelândia devem ter comércio liberalizado já em 2010. A partir da consolidação, será o maior bloco econômico do mundo.93

A globalização promove a hegemonia do capitalismo, consagra novos moldes de soberania e dita um Direito diferente (GODOY, 2004, p. 11). Os novos rumos da ordem jurídica internacional levaram os Estados a uma crise de legitimidade. Agora, o Direito deve ir além de definir as dimensões estruturais e funcionais dos sistemas; deve generalizar as auto- regulações existentes, preenchendo-lhes também as lacunas.94