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6 AS CONCENTRAÇÕES EMPRESARIAIS E O CADE

5 CONCENTRAÇÕES EMPRESARIAIS

6 AS CONCENTRAÇÕES EMPRESARIAIS E O CADE

Com o abandono da política de substituição de importações e com a abertura da economia, e a conseqüente admissão das importações em geral, ensejando maior volume de ingresso de novos investimentos de risco, muitos em associação com empresas nacionais, outros mediante aquisição de controle acionário, em nítido processo concentracionista, sem deixar claro qual o mercado relevante a ser considerado, se o nacional, o comunitário do

172 A AmBev foi criada em 1º de julho de 1999. A fusão da Cia. Cervejaria Brahma com a Cia. Antarctica Paulista foi

aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em 30 de março de 2000. Líder no mercado brasileiro de cervejas, a Empresa está presente em 14 países. Disponível em: www.ambev.com.br - Acesso em: 21 ago. 2007.

173 Na sessão ordinária de julgamento do CADE nº 373, que iniciou em 24/05/2006 e finalizou no dia seguinte, o CADE

concluiu o julgamento dos Atos de Concentração nºs. 53500.002423/2003 e 53500.029160/2004, que une as operadoras de televisão por assinatura Sky e Directv. O CADE aprovou as operações, impondo restrições necessárias para mitigar os prováveis impactos causados na concorrência. Disponível em: www.cade.gov.br. Acesso em: 27 set. 2007.

174 Em 2005, o Grupo adquire a Swift Argentina, tornando-se a primeira multinacional brasileira do setor de carnes. Em julho

de 2007, a JBS adquire 100% da companhia americana Swift Foods & Company (unidades nos EUA e Austrália), tornando-se a maior empresa de carne bovina, maior multinacional brasileira do setor de alimentos. Disponível em:

Mercosul, ou o internacional, a atuação da Autarquia merece destaque diante da possibilidade de disciplinar o processo de concentração de empresas.175

O Brasil registra número crescente de fusões e aquisições de empresas. O processo é apreciado sob os critérios estabelecidos pelo art. 54 da Lei Antitruste e, via de regra, consideradas dentro de padrões aceitáveis, não se tendo registrado, ordinariamente, casos de abuso de poder econômico, mesmo em situações em que se constatou ampliação expressiva da participação das empresas envolvidas em determinado mercado relevante.176

É ao CADE que os agentes econômicos devem submeter à apreciação quaisquer atos negociais ou associações de empresas que realizarem. A aprovação do ato anticoncorrencial dependerá de não se verificar abuso de poder econômico ou outra infração à ordem econômica, como definido em lei.

A orientação do CADE está afinada com a tendência internacional de formação de blocos econômicos e de concentração de empresas. A esse propósito, é oportuno registrar opinião de José Afonso da Silva:

O que cumpre reconhecer é que não existe mais economia de mercado, nem livre concorrência desde que o modo de produção capitalista evoluiu para as formas oligopolistas. Falar hoje em economia descentralizada, como economia de mercado, é tentar encobrir uma realidade palpável, de natureza diversa. A economia está centralizada nas grandes empresas e em seus agrupamentos. Daí por que se torna praticamente ineficaz a legislação tutelar da concorrência.177

As legislações sobre concorrência ganharam impulso nos últimos anos, adaptando-se à nova realidade, constituindo instrumento indispensável para assegurar o livre jogo do mercado, impedindo o abuso do poder econômico, com a conseqüente necessidade de cooperação entre agências estatais dedicadas ao assunto.

De fato, a abertura generalizada das fronteiras nacionais, impostas até pelo sucesso da Rodada Uruguai do GATT, que resultou na criação da Organização Mundial do Comércio

175 MAGALHÃES, José Carlos de; SAMPAIO, Onofre Carlos de Arruda. A concentração de empresas e a competência do

CADE. Revista de Informação Legislativa. Senado Federal. Brasília a. 35, n.140 – out/dez.1998, p. 117

176 Ibidem.

(OMC), em 1995, motivou agrupamentos de empresas para enfrentar, nas esferas nacional e internacional, a concorrência de grupos cada vez mais fortalecidos pela economia de escala conquistada em mercados ampliados. Esse fenômeno, está fazendo com que se admita a flexibilidade à política de fusões e aquisições de empresas, em face da realidade econômica atual no mundo178.

Essa flexibilização constitui adaptação de conceitos a fatos não mais tidos como ilícitos ou violadores dos princípios que norteiam a livre concorrência. É a dinâmica dos negócios e, mais do que isso, da atividade empresarial que aconselha a revisão desses conceitos. Assim, se um ato é legítimo em determinado momento, pode ser considerado ilegal noutro, impondo-se a revisão ante o novo quadro. Registrou-se, também, mudança de orientação na apreciação das associações de empresas, visando adquirir força econômica para competir em determinados mercados, em que os participantes são constituídos, na maioria, por grandes corporações, com poder econômico e tecnológico179.

A Constituição admite intervenção no domínio econômico, entretanto, delimitou-a à fiscalização, no sentido de reprimir abusos do poder econômico e preservar a livre concorrência. Para tanto, criou-se o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, Autarquia federal, responsável por interpretar, aplicar e fiscalizar as disposições da Lei nº 8.884/94, a Lei Antitruste brasileira180.

Enfim, a despeito dos prós e dos contras, a globalização promoveu a aproximação econômica entre os países, influenciou a se repensar a conceituação de soberania e está a forçar contínua mudança das regras de mercado na luta pela vantagem competitiva, sem perder de vista um tratamento mais brando à interpretação dos princípios da ordem econômica, passo seguinte desta pesquisa.

178 MAGALHÃES, José Carlos de; SAMPAIO, Onofre Carlos de Arruda.. Op. Cit., p. 117. 179 MAGALHÃES, José Carlos de; SAMPAIO, Onofre Carlos de Arruda. Op. Cit., p. 118.

180 ALMEIDA, Rafael Alves de. Concentração Empresarial. Biblioteca EMERJ/2000. Disponível em: <

CAPÍTULO III

A ORDEM ECONÔMICA BRASILEIRA