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FORMAS DE VIOLAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

3 A LIVRE CONCORRÊNCIA NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

4 FORMAS DE VIOLAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

A prática capitalista sedimentou condutas que designam violação à livre concorrência, prejudicando a disputa de mercado pela preferência do consumidor. Contudo, ante a delimitação proposta para pesquisa, far-se-á apenas a explanação acerca das formas que mais interessam ao tema: monopólio, oligopólio, cartel e truste.

143 PRADO, Alice Pereira. Estudo da concentração empresarial em São José dos Campos/SP. Dissertação. Curso de Mestrado

em Gestão e Desenvolvimento Regional do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté. Taubaté – SP – 2006. Disponível em: www.buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id e

http://www.unitau.br/cursos/pos-graduacao. Acesso em: 10 de out. 2007.

4.1 Monopólio

Trata-se de situação de mercado em que apenas um agente se apresenta como ofertante de certo produto ou serviço e, por isso, determina preços e quantidades. O monopolista detém poderes para reduzir a quantidade de produtos à venda no mercado, gerando escassez, podendo, inclusive, fixar um preço tão alto quanto o desejável, vez que não há concorrentes (CARVALHO,1995, p. 55).

A monopolização gera aumento de preços e redução da produção, com transferência indesejada de riqueza dos consumidores para poucos produtores (SALOMÃO FILHO, 1998, p.125). Ademais, os monopolistas não investem na melhoria da qualidade dos produtos que vendem.

4.2 Oligopólio

No regime de oligopólio os operadores são em número restrito e tendem a se agrupar e atuar como uma unidade. Essa modalidade caracteriza um mercado onde poucas empresas são produtoras de determinado bem ou serviço, acarretando coincidência de comportamentos entre eles, como campanhas publicitárias agressivas, produtos copiados, ampliação de garantias e melhor assistência aos clientes (CARVALHO, 1995, p.56-58).

A vigilância recíproca dos competidores é representada pela doutrina na Teoria dos Jogos145, pela qual a estratégia de cada jogador deve ser a melhor resposta para a estratégia do outro, isso na análise de Salomão Filho (1998, p.129 e 130). Ademais, preocupam-se os oligopolistas em dificultar a entrada de novos competidores no mercado. Para tal, utilizam-se de barreiras de acesso, da sofisticação de produtos e estímulo às agências reguladoras do setor de atividade para adotarem medidas obrigatórias de qualidade ou segurança (NUSDEO, 1997, p.268).

145 Trata-se de uma teoria matemática criada para se modelar fenômenos que podem ser observados quando dois ou mais

“agentes de decisão” interagem entre si. Ela fornece a linguagem para a descrição ao de processos de decisão conscientes e objetivos envolvendo mais do que um indivíduo. A teoria dos jogos é usada para se estudar assuntos tais como eleições,

4.3 Cartel

Iniciados na Alemanha no século XIX, os cartéis constituem associação entre empresas do mesmo ramo de produção com objetivo de dominar o mercado e disciplinar a concorrência. As partes entram em acordo sobre o preço e quotas de produção são fixadas para as empresas-membro. Prejudicam a economia por impedir o acesso do consumidor à livre concorrência.146

4.4 Truste

Nessa modalidade de violação da concorrência, surge uma nova empresa com grande poder de influência sobre o mercado. O truste procura obter o controle total da produção, desde as fontes de matérias primas até a distribuição da mercadoria, dispondo assim da oferta e dos preços; muitas vezes, constituem-se mediante suborno ou guerra comercial, forçando a baixa dos preços no mercado até derrotar o concorrente para depois incorporá-lo e fixar os preços à vontade.147

A despeito desses exemplos mais comuns de violação à livre concorrência, no caso brasileiro não se pode olvidar que Estados da federação oferecem incentivos fiscais para atrair investimentos. Não raro, esse fenômeno abre debates com Estados vizinhos, provocando o que se pode denominar de guerra fiscal. Por influírem na formação de preços, os incentivos fiscais têm relação direta com a defesa da concorrência. Os incentivos fiscais são de natureza tributária148. O fato é que a concessão desses incentivos fiscais geram efeitos sobre a livre concorrência e sobre o mercado.149 [grifos nossos]

leilões, balança de poder, evolução genética. V. Uma Introdução a Teoria dos Jogos - Brígida Alexandre Sartini, Gilmar Garbugio, Humberto José Bortolossi, Polyane Alves Santos e Larissa Santana Barreto. Disponível em: < www.mat.puc- rio.br/~hjbortol/bienal/M45 > . Acesso em: 02 jan. 2008.

146EconomiaNet. Teorias e Escolas do Pensamento – o Cartel. Disponível em: < http://

www.economiabr.net/teoria_escolas/cartel > Acesso em: 20 ago. 2007.

147 História via Web. Cartéis, Trustes e Holdings. Disponível em: < http: // www.hystoria.hpg.ig.com.br/capit02 > Acesso

em: 20 ago. 2007.

148 A competência tributária é disciplinada pela Constituição Federal - arts. 145 a 152 - e somente é outorgada às Pessoas

Políticas de Direito Público: União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

149LOSS, Giovani. Aspectos anticoncorrenciais dos incentivos fiscais estaduais: a análise do CADE . Jus Navigandi,

Em atenção aos aspectos anticoncorrenciais dos incentivos, cumpre salientar que a legislação brasileira, amparada no art. 6º do Código de Subsídios e Medidas Compensatórias da Organização Mundial do Comércio (OMC), conceitua subsídios como as várias modalidades de auxílio financeiro, fiscal e comercial oferecido pelos governos a produtores ou exportadores. Tais aspectos são reconhecidos pelo Direito internacional de que são exemplos emblemáticos dois casos favoráveis aos brasileiros: o da Embraer-Bombardier, em fins de 2001, contra os canadenses; e a disputa do algodão, já em 2004, enfrentando os norte- americanos.

Acerca da nocividade à livre concorrência, bem como se a concessão de incentivos configura infração à ordem econômica, o CADE considerou que há infringência ao art. 20, I, da Lei Antitruste. Entretanto, como os incentivos não são atos de concentração, mas, sim possíveis infrações contra a ordem econômica, cabe ao Conselho apenas exercer atuação educativa e repressiva150. Feito esse ligeiro parêntesis sobre formas violadoras da livre concorrência, o passo seguinte chama a atenção para causas motivadoras da concentração de empresas.

Enfim, as causas motivadoras das concentrações empresariais; as formas em que se configuram e a análise de três das espécies em que se consubstanciam - aquisições, fusões e joint ventures -, bem como a intervenção Estatal no mercado para garantir a livre concorrência, constituem assuntos do item seguinte.