• Nenhum resultado encontrado

Para Bogdan e Biklen (1994, p. 205) a análise de dados é “o processo de busca e de organização sistemática de transcrições, notas de campo e de outros materiais que foram sendo acumulados, com o objetivo de aumentar a sua compreensão”. Esta análise pressupõe diversas atividades, como organizar e subdividir os dados, sintetizar, procurar padrões que sejam relevantes de forma a estabelecer relações e interpretações. Na opinião dos referidos autores a recolha e análise de dados desenvolvem-se em simultâneo, ocorrendo num primeiro momento a análise que decorre da seleção e condensação de dados com posterior organização e sintetização da informação que por sua vez determina as conclusões. Mas estas podem levar a nova recolha de dados, retomando-se o ciclo ou apenas fazendo os ajustes necessários a uma boa análise.

Segundo Bardin (2004), a análise documental, enquanto tratamento de informação tem como objetivo dar forma conveniente e representar de outro modo a informação contida em documentos, através de procedimentos de transformação. Na perspetiva deste autor, o objetivo da análise documental é a “representação condensada

105

de informação, para consulta e armazenamento” (idem, p. 46), para captação de ideias e significados de comunicação.

Após a recolha de dados serão desenvolvidas categorias cuja análise conduz aos conceitos. Estes conceitos não são estáticos, mas sim dinamicamente comparados, analisados e categorizados (Schreiber & Asner-Self, 2011). Na investigação desenvolvida adotou-se o processo analítico que se inicia com o modelo interativo, em que a recolha se faz sequencialmente, de acordo com a informação que cada instrumento fornece ao outro. Este é um processo complexo na medida em que pressupõe diversos tipos de ações do investigador, com vista à sua interpretação e tratamento de modo a decidir acerca da recolha de mais dados e assim testar a validade das primeiras interpretações.

Deste modo perspetivada, a análise de conteúdo assenta em regras de homogeneidade, exaustividade, exclusividade, objetividade, adequação e pertinência (Goetz & Le Compte, 1984). Os dados estão constantemente e continuamente a ser analisados até se atingir a compreensão e perceção dos mesmos, com posterior comparação com os dados da literatura. Assim, a par da recolha de dados foi feita uma primeira análise de toda a informação documental existente, tendo em vista fazer uma aproximação à questão central deste trabalho e às questões de investigação formuladas inicialmente, passando à segunda fase de ordenação, sintetização e de organização de toda a informação recolhida.

Neste estudo, partindo da análise da entrevista, realizada em primeiro lugar, procedeu-se à organização e registo da informação obtida através da sua aplicação, seguiu-se a redação dos respetivos protocolos, com a passagem a escrito, na integra, dos registos áudio, com posterior tratamento dos dados obtidos, baseado na técnica de análise de conteúdo, a qual, se traduz, de acordo com Bardin (2004, p. 31), “num conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por procedimentos, sistemáticos e objetivos da descrição do conteúdo das mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis inferidas) dessas mensagens”.

As entrevistas e aulas observadas, depois de transcritas, foram sujeitas à realização de leituras sucessivas (Bardin, 2004) que, utilizando o método de questionamento e comparação constantes (Strauss & Corbin, 1998), levaram ao

surgimento da teoria implícita nos dados e resultaram num conjunto final de categorias. Assim, os dados recolhidos foram organizados e categorizados em função dos quatro campos de análise seguintes:

- conhecimento e implementação do currículo de Física e Química A; - identificação das conceções de avaliação, das práticas avaliativas e instrumentos de avaliação;

-utilização da avaliação externa na monitorização do trabalho desenvolvido.

Para cada um dos campos de análise emergiram as categorias que se apresentam no Quadro 2.

Quadro 2 - Campos e Categorias de Análise

Campo de Análise Categorias de Análise

Conhecimento e implementação do currículo

Orientações curriculares

Conhecimento profissional para o desenvolvimento do currículo

Implicação para a prática letiva

Dificuldades no processo de ensino aprendizagem Identificação das conceções de

avaliação, das práticas avaliativas e instrumentos de avaliação;

Conceito de avaliação Modalidades de avaliação Práticas avaliativas

Relação entre as atividades desenvolvidas e as práticas de avaliação

Inibidores das práticas avaliativas Utilização da avaliação externa

na monitorização do trabalho desenvolvido.

Importância da avaliação externa

O papel da avaliação externa na prática de ensino Condicionalismo da avaliação externa

107

À medida que os dados foram recolhidos, foram estabelecidas relações entre as variáveis estudadas. Na primeira etapa, a análise incidiu sobre os dados recolhidos junto de cada professor e levou à construção do caso Miguel e só depois do processo ter terminado se deu início ao caso Sofia. Numa segunda fase, foi feita a análise dos dois casos para se formularem as considerações finais, tendo como orientação o referencial teórico.

Para Yin (1994, p. 111), “é através da interação entre conceitos que estes vão clareando e uma nova explicação plausível ou provável vai tomando forma”. No ponto de vista do investigador, torna-se importante seguir os seguintes passos interativos:

· Realizar uma afirmação ou proposição teórica inicial sobre o comportamento; · Comparar os dados de um caso inicial com essa afirmação ou proposição; · Rever a afirmação ou proposição;

· Comparar outros detalhes do caso com a revisão; · Rever novamente a afirmação ou proposição; · Comparar a revisão com os dados do caso posterior; · Repetir este proceso tantas vezes quanto seja necessário.

Esta investigação tem por base toda a interação desenvolvida, bem como a reflexão sobre os dados recolhidos através de diversos instrumentos e fontes. No caso do presente estudo, serão referidos na subsecção seguinte, de acordo com o esquema do quadro 3 que a seguir se apresenta.

Quadro 3 Esquema geral da investigação Tema Problema Objectivos Questões de investigação Análise dos dados recolhidos na entrevista Análise qualitativa Sessões presenciais Sessões não presenciais

De que modo os instrumentos de avaliação externa, exames e testes intermédios, são utilizados como indicadores de desempenho e auto- reguladores das aprendizagens? Que relação existe entre as atividades de aprendizagem e a avaliação aplicada na sala de aula? Que entendimento do currículo revelam os professores de Física e Química A e de que forma o relacionam com as suas práticas? Que conceções e práticas avaliativas revelam os professores de Física e Química A? Observação de aulas/Recolha documental

109

Capítulo IV