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A escola em que Sofia leciona nasceu há cerca de 60 anos, como colégio interno e externo. Cerca de vinte anos mais tarde sofreu obras de restauro e ampliação, no sentido de se tornar um espaço educativo mais adaptado às exigências da escola moderna. Em 1976/77, a Escola adotou novo nome, passando a ser designada como escola secundária, altura em que abriu as portas a turmas de 7.º e 8.º anos de escolaridade.

Inserida numa zona da cidade onde se tem verificado, nos últimos anos, uma grande expansão habitacional está localizada numa vasta área verdejante. É constituída pelo edifício central, dividido por três pisos. No rés-do-chão e 1.º piso situam-se algumas salas de aula e os serviços. No 2.º piso, encontram-se os laboratórios e as salas de informática. O pavilhão gimnodesportivo está situado no exterior. Contudo, a falta de espaço interior é, segundo o Diretor, um dos maiores constrangimentos desta instituição, impedindo-a de abrir as portas a todos os alunos que mostram interesse em a frequentar.

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Possui uma oferta educativa que inclui o 3.º ciclo e o ensino secundário, com os cursos científico-humanísticos e os cursos de ação social e profissional.

A maioria dos alunos, desta escola, é de nível socio-económico favorecido. Cerca de 90% não necessitam de ação social escolar e possuem apoio ao estudoem casa ou extra-escolar. No que respeita às habilitações académicas dos encarregados de educação, cerca de 30% possuem Licenciatura, cerca de 10% possuem apenas o 1.º Ciclo e os restantes possuem habilitações intermédias. Os pais exercem profissões muito diversificadas. Sendo de salientar, através dos dados recolhidos junto do Diretor que, cerca de 15%, se encontram afetos à categoria de “Pessoal dos serviços diretos e particulares, de proteção e segurança”, cerca de 10%, à categoria de “Professores do ensino secundário, superior e profissões similares” e cerca de 10%, pertencem à categoria ”Diretores e gerentes de pequenas empresas”.

A maioria dos docentes, cerca de 90%, pertencem ao quadro da Escola e nela exercem funções há largos anos. No que diz respeito aos funcionários, dos 32 que trabalham na escola, apenas dez celebram contrato individual por tempo indeterminado. Segundo o Diretor: “todos se conhecem bem, o que faz com que o ambiente que se vive na escola seja considerado bom”. Sofia partilha desta opinião: “existe uma certa cumplicidade entre todos nós, que nos ajuda a relacionar uns com os outros e com os alunos” (2ª Entrevista). A cumplicidade referida ajuda a estabecer relações de amizades o que favorece a colaboração e a partilha de materiais. Quanto a questões do comportamento, a professora considera que, “as questões de indisciplina não se registam praticamente. O regulamento interno dita as regras que todos devem cumprir” (2ª Entrevista). Note-se que, no ano anterior ao da recolha de dados deste estudo, a IGE atribuiu a classificação de Muito bom nos indicadores do relatório que se relacionam com este aspecto:

A diversificação de estratégias, continuidade pedagógica, trabalho colaborativo de planeamento dos Departamentos Curriculares, partilha e troca de materiais e aos apoios educativos, cresce um clima relacional pautado pela disciplina, pelo rigor e pelo reconhecimento da autoridade e cumprimento da norma, pelo que a indisciplina é inexpressiva.

(IGE, 2009, pag. 9)

A escola tem conhecimento dos seus pontos fortes e fracos, pelo que procurando responder e adequar estratégias que visam o aperfeiçoamento da sua atuação. Os

resultados obtidos determinam as intervenções de cariz pedagógico, didático, psicológico e social a realizar ao nível dos alunos/turma, bem como as intervenções ao nível da formação dos docentes, do seu número em contexto de sala de aula e do apoio aos mesmos, ao longo do ano letivo /ciclo.

Todos estes aspetos contribuem para que esta escola seja uma referência positiva, sendo por isso uma das mais solicitadas pelos alunos da cidade. Na opinião do Diretor, este facto fica a dever-se, “à sua aposta na melhoria dos resultados escolares”, situando-se a classificação interna num nível satisfatório e os resultados dos exames nacionais bem posicionados a nível nacional, superando em algumas disciplinas a média nacional. Este aspeto é também referenciado no relatório da IGE, quando faz a análise dos resultados escolares:

O maior investimento da escola centra-se na valorização dos processos com vista à obtenção de melhores resultados escolares. (…) O empenho, a disponibilidade e a motivação da comunidade escolar traduzem-se em evidentes ganhos na qualidade e eficácia dos resultados escolares o que a torna uma escola de referência, no que concerne à promoção do sucesso escolar e educativo, marcada pelo rigor, pela iniciativa, pela criatividade, pela diversidade, pela procura de meios e parceiros valiosos, sendo progressiva, fazendo jus ao passado que a carateriza e distinguindo-se pela capacidade de estar e ser eficaz no presente.

(IGE, 2009, pag. 3;5)

Contexto letivo

A sala de aula onde ocorreram as aulas observadas está situada no segundo piso, na ala destinada às ciências Físico-Químicas, ao lado das salas de preparação da componente experimental. É uma sala bastante ampla, com muita luminosidade e possui todos os materiais e equipamentos necessários. Por ter sofrido intervenção recentemente, tudo é novo e encontra-se em plenas funções. As bancadas encontram-se junto às paredes laterais e apresentam em baixo armários fechados que contêm materiais

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específicos da disciplina. No centro encontram-se duas filas de mesas de trabalho e no topo da sala está situada a secretária da professora, com um computador e atrás desta temos dois quadros brancos, o magnético e o interativo. As mesas de trabalho dos alunos são individuais e adequadas à sua altura, apresentando-se dispostas de modo a facilitar o desenvolvimento de trabalhos a pares ou em pequeno grupo. Esta disposição também facilita a observação e o acompanhamento do trabalho de cada aluno durante o desenvolvimento das tarefas que vão sendo propostas.

A turma está integrada no curso de Ciências e Tecnologias e é constituída por vinte nove alunos, dezassete rapazes e onze raparigas. Contudo, nas aulas observadas apenas estavam presentes catorze alunos, pelo facto de se encontrarem divididos por turnos. Tal como foi referido, no capítulo da metodologia, de acordo com o Ministério da Educação e Ciência, deve fazer parte do horário dos alunos uma aula com a turma dividida em turnos, onde os alunos trabalham individualmente e/ou em pequeno grupo, orientados pelo professor. As idades dos alunos estão compreendidas entre os 14 e os 18 anos, encontrando-se a média nos 15,3 anos. Entre os alunos mais velhos encontram-se cinco repetentes, inscritos apenas em algumas disciplinas, entre as quais se encontra a Matemática, Física e Química A e Biologia e Geologia.

Cerca de 80% dos alunos pretendem continuar a estudar após o 12.º ano de escolaridade, sendo os cursos mais referidos os que estão relacionados com as áreas de saúde e engenharias. Este facto causa alguma estranheza, pois estes alunos afirmam que revelam dificuldades, essencialmente, nas disciplinas de Matemática e Física e Química. Relativamente às disciplinas preferidas, a maioria dos alunos destacam a Educação Física, o Inglês e a Matemática.

Grande parte dos alunos desta turma provém de outras escolas da cidade e alguns já tinham sido colegas em anos anteriores. À excepção de dois alunos, que vivem fora da cidade, os restantes vivem em bairros das redondezas e demoram poucos minutos a chegar à escola. Nos tempos livres gostam de praticar desportos, jogar no computador, ver televisão e muitos gostam de falar com os amigos. De um modo geral, não gostam de ler e aqueles que o fazem preferem livros de ficção a leituras científicas.

Sofia travou este ano conhecimento com os alunos. Afirma que “são bons rapazes, alguns são bons alunos e outros razoáveis, porque são preguiçosos”, e à semelhança do que aconteceu noutras disciplinas, principalmente na Matemática, tiveram alguma dificuldade em se adaptar ao ritmo de trabalho, pelo que “as notas do primeiro teste

foram razoáveis e sem destaques” (1ª Entrevista). Apesar de apenas estar volvido um período, a professora considera que alguns alunos não apresentam perfil para o curso científico-tecnológico, pois apresentam classificações discrepantes no que respeita às avaliações que obtiveram na componente geral e na componente científica, sendo muito inferiores nesta. Estes resultados resultam da inadequada orientação vocacional, “falta de aptidão de alguns, pois vêm para este curso influenciados pelos amigos ou pelos pais que querem que se tornem médicos ou engenheiros”, refletindo-se na atitude demonstrada em sala de aula. Como já foi referido, os alunos mostram-se pouco participativos.

Durantes as suas aulas, Sofia revela uma relação muito afetuosa com os alunos, que se manifesta constantemente, na forma como se lhes dirige, quer ao nível do tom de voz, quer nas expressões carinhosas que utiliza, tratando-os por “filhos” quando se lhes dirige individualmente e valorizando sempre as suas respostas. Mesmo quando não estão corretas, Sofia elogia a sua intervenção, procurando nas suas palavras indícios positivos da sua participação.

O currículo de Física e Química A

Esta secção visa dar a conhecer o modo como Sofia perceciona e desenvolve o currículo de Física e Química A. Na primeira parte, procura-se conhecer a interpretação que a professora faz acerca do programa da sua disciplina. Quais os aspetos a que dá maior relevância? Quais os aspetos que o destacam do anterior programa (pontos fortes e menos conseguidos)? Que implicação trouxe para a sua prática? Quais e porquê? A segunda parte, centrada nas orientações curriculares, descreve, na voz da professora, as implicações para a sua prática letiva. Através do relato de uma das últimas aulas lecionadas, a professora justifica as escolhas das atividades que seleciona para por em ação este programa. Através de situações concretas da sua prática letiva procuram-se

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relações entre as atividades realizadas e as aprendizagens anteriores e futuras. Que conhecimentos prévios evidenciaram os alunos acerca do tema? Quais os fatores conducentes às principais dificuldades no processo de ensino/aprendizagem e como os tenta superar?

Conhecimento do currículo

Ao longo do seu precurso profissional, Sofia tem lecionado vários currículos. Revelando um sentimento de instabilidade face às sucessivas mudanças que se têm feito sentir, afirma: “têm sido tantas mudanças, desde novos programas até orientações programáticas que se complementam, enfim (…) nem consigo precisar se a atual revisão curricular será melhor ou pior” (1º Entrevista). Quando fala dos aspetos que o destacam do anterior programa, Sofia ressalva a sua extensão agravada pela enorme diversidade e especificidade dos temas que aborda. Refere que estes aspetos são os principais fatores inerentes às dificuldades que sente na sua operacionalização:

O programa de Física e Química A é muito violento pela extensão e diversidade de matérias que toca. No 11º ano toca nos mais variados assuntos (…) é o movimento dos pára-quedistas, composição da água do mar, satélites, GPS, lançamento horizontal, todos os tipos de reações químicas, produção industrial (…)

(1ª Entrevista)

Assim, para garantir a literacia científica, Sofia considera que o seu papel não se pode resumir apenas à transmissão das teorias que estudou. Como se tornou necessário dominar uma grande diversidade de assuntos, que não foram abordados durante os seus estudos, teve necessidade de investir em novos conhecimentos. Confessa que a sua formação de base não é suficiente para responder às exigências que o novo programa lhe impõe, sobretudo no que se refere à necessidade de estabelecer interligações com

outras áreas do saber e estar atenta à imprevisibilidade que as constantes mudanças tecnológicas e sociais lhe impõem:

(…) Quer dizer, temos de ser tipo mulher/homem de sete ofícios, entrar em pormenores das mais variadas áreas, alguns dos quais não tivemos formação para tal. No 10.º ano temos de falar em painéis fotovoltaicos, coletores solares e saber o seu funcionamento, estou a lembrar-me que em comparação com o 12.º ano, grande parte dos conteúdos foram metidos à martelada no programa da Física e Química A e sinto que isto torna o programa extremamente trabalhoso para nós e para os alunos. (1ª Entrevista)

Para justificar a sua opinião, Sofia refere como exemplo, uma situação vivida em sala de aula, no dia anterior. Nas palavras da professora contata-se alguma angústia, causada pela pressão imposta por questões que vão surgindo e às quais Sofia sente dificuldade em responder. Assim, para responder às solicitações impostas pelo programa e satisfazer a curiosidade dos alunos, procurar obter as respostas, que os livros não trazem, junto de colegas que têm formação específica nessas áreas:

Ainda ontem, um aluno do 11.º ano perguntou-me algo sobre fibras ópticas e eu tive de lhe dizer: “Ouve, eu não me sinto especialista em fibras ópticas. Eu não me sinto especialista em coisa nenhuma. Eu aqui vou trabalhando os assuntos para vos encaminhar e preparar o melhor possível para as escolhas que vão fazer, e essas sim, dar-vos-ão mais tarde as respostas a questões específicas”. A nossa cabeça não pára, ainda hoje vou ter de trabalhar com o professor de Geografia, porque surgiram umas dúvidas sobre o campo magnético da Terra que eu tenho de esclarecer. Os livros não esclarecem os assuntos em profundidade e de forma explícita. De maneira que há certas coisas que ficam com umas certas imprecisões e nós na nossa disciplina cabe tudo.

(2ª Entrevista)

As palavras da docente parecem ir ao encontro de estudos realizado por investigadores, acerca das Orientações Curriculares, no qual se evidencia uma amálgama de diretivas e de interpretações que conduzem a dificuldades de implementação, comprovando a “ausência de um corpo uniforme de orientações pedagógicas” (Bidarra et al., 2007, p. 272). Na sua opinião, o programa apresenta contornos ambíguos que lhe acarretam alguns constrangimentos, relacionados com o total domínio do mesmo:

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Há ainda outra coisa, já lecionei o programa vários anos e hoje ainda não domino os seus contornos rigorosos, não consigo ensinar na sala de aula para eles tirarem 20 no exame, o que eu conseguia no antigo programa de Química do 12º ano, aqui não, pois os contornos são ambíguos.

(1ª Entrevista)

Outro aspeto a que se refere, está relacionado com o facto de este programa incluir demasiados conteúdos, alguns dos quais estavam anteriormente nos programas do 12.º ano: “pretendeu-se compactar a Física e a Química do 12.º ano distribuindo pelo 10.º e 11.º ano. O tempo reduziu, mas as matérias em si têm uma complexidade muito idêntica à que existia” (1ª Entrevista). As orientações programáticas propõem ensinar menos em profundidade e melhor o que é fundamental, mas para que isso aconteça “é necessário compreender, o que não implica aprofundar ou complexificar, mas sim ajudar a perceber o porquê”. Segundo Sofia, este é um dos aspetos que poderá estar na base dos resultados pouco satisfatórios que os alunos têm alcançado ao nível dos exames nacionais: “desde a entrada do novo programa que os resultados dos alunos são baixos” (1ª Entrevista).

Implicações das orientações curriculares na prática letiva

Sofia faz questão de dizer que conhece o programa e que segue as orientações curriculares: “As atividades que promovo são as que o programa manda” (1ª Entrevista). Esta afirmação é comprovada durante as aulas a que assisti, as quais mostraram, que Sofia respeita as orientações metodológicas, desenvolvendo atividades e utilizando recursos compatíveis com as sugestões da reforma do ensino das ciências.

Nas suas aulas, a professora introduziu novos conteúdos partindo de tarefas previamente preparadas. Começou por exemplos simples, que constituem casos particulares de conhecimento que quer transmitir e fá-los ancorar em conhecimentos prévios, anteriormente lecionados. Recorre, em geral, a demonstrações com base em modelos ou materiais que utiliza no dia-a-dia, bem como a filmes e a simulações interativas para despertar o interesse, para explorar os conceitos e no final organizar a informação. Para conseguir responder a mudanças de ordem metodológica e satisfazer

essa exigência, Sofia teve de recorrer à introdução de novos instrumentos (sensores, computadores e calculadora gráfica) e a novas técnicas de trabalho, conseguindo mudar algumas práticas, na tentativa de satisfazer o papel ativo e criativo que o aluno deve ter em sala de aula na procura de conhecimentos:

O novo programa obrigou-me a mudanças em termos de prática letiva. Tive de pesquisar e tentar arranjar outras ferramentas de trabalho em determinados assuntos. Por exemplo, tive de construir os Power Point com imagens ilustrativas, procurar simulações, aprender a trabalhar com a calculadora gráfica, enfim (…). Se eu passar apenas o slid, ninguém liga.

(1ª Entrevista)

Sofia confessa que há alunos que não mostram interesse pela informação digital, pelo que sente que o seu esforço não é compensado, já que a importância que o aluno lhe atribui não é suficiente para captar permanentemente a sua atenção: “sinto que os nossos alunos não dão a devida atenção ao nosso esforço. No uso destes instrumentos, poucos lhe dão a devida atenção e captam o essencial” (1ª Entrevista). Considera que, o facto da informação estar praticamente acessível a todos acaba por não valer por si mesma, na medida em que não garante a motivação dos alunos e consequentemente o conhecimento dos conteúdos acaba por ser limitado pela falta de interesse. Este facto confirma a opinião de Perrenoud (2006), quando defende que o computador nem sempre é a melhor forma para a compreensão da matéria por parte do aluno, pois a motivação demonstrada pelos alunos aquando do seu uso pode ser superficial e de pouca duração e, portanto, ilusória. Acrescenta ainda que, a utilidade dos meios audiovisuais depende da metodologia com que são usados, já que não são apenas os meios que contam, mas sim a forma de apropriamento desses meios que permitem criar uma situação educativa:

(…) As novas tecnologias estimulam uns alunos e outros não. Há alunos que nada os estimula, outros ficam curiosos e vão apreender. Se estes meios não forem complementados com outras estratégias e instrumentos os alunos não se interessam, ficando o conhecimento aquém do que se pretende.

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Para contornar esta dificuldade, Sofia opta pelo desenvolvimento de estratégias que requerem o acompanhamento do aluno a fim de lhe captar a atenção permanentemente. Começa por explicar os conteúdos, utilizando estratégias que retêm a atenção e mobilizam a atuação dos alunos e posteriormente, estabelece a sua relação com os fenómenos do mundo que nos rodeia recorrendo à Tecnologia: “Entendo que os alunos já têm de ter percebido os conteúdos antes de lhes mostrar o Power Point, este serve para sistematizar. As novas tecnologias são piores em alguns aspetos (1ª Entrevista).

Quando percebe que a turma domina o assunto, pede-lhe ajuda para registar no quadro, de forma metódica e explícita, construindo esquemas que traduzam o que foi dito. Sempre acompanhada pelos alunos e apoiando-se em aprendizagens anteriores, Sofia vai construindo no quadro os desenhos ou esquemas que os ajudam a reinterpretar conhecimentos prévios e a alargar conhecimentos:

A minha aula resulta melhor “largada” com desenhos e esquemas no quadro, mesmo que mal feitos, eles vão acompanhando melhor, do que propriamente com a aula previamente construida e com a qual eu gastei tanto tempo (…)

(1ª Entrevista)

A construção destes esquemas é para si um momento muito importante das suas aulas, o qual desenvolve com dupla finalidade, “ajuda os alunos quando em casa forem estudar e por outro lado, é um exercício de auto correção, na medida em que se não for perfeito apaga-se e tentamos fazer melhor” (2ª Entrevista).

Para colmatar as dificuldades destes alunos, Sofia tenta encontrar estratégias alternativas, dando especial atenção à sua motivação, o que passa, por dar um contexto da realidade através de histórias vivenciadas, e explorando as situações através de filmes ou simulações. A professora manifesta uma grande preocupação em reter a atenção da turma, manipulando diversos materiais, encorajando-os ao trabalho e pressionando-os para responderem às questões que levanta, uma após a outra, com o propósito de os “espicaçar”.

Outro aspeto a referir é a importância que atribui à reestruturação dos conhecimentos adquiridos informalmente. Sofia sabe que a educação formal pode ajudar a restruturar os conhecimentos adquiridos informalmente e a adquirir outros novos que se aproximem mais dos conhecimentos cientificamente aceites, pelo que, nas

suas aulas tem sempre presente os conhecimentos prévios que os alunos evidenciaram acerca do tema. Da análise que faz a este respeito, Sofia recolhece que os alunos têm diferentes domínios do conhecimento. Nos momentos de diagnóstico que realiza, a professora encontra aprendizagens informais erradas, incompletas ou mal compreendidas e este fato condiciona a sua atuação: