• Nenhum resultado encontrado

A escola em que leciona, umas das três escolas secundárias da cidade, está situada numa das zonas mais habitadas da cidade. Esta zona da cidade reflete a existência de realidades sociais, económicas e culturais muito diversas. Por um lado, existem bairros cujos moradores têm um relativo bom nível de vida, quer a nível habitacional, quer a nível socioeconómico. Por outro lado, existem bairros de habitação social, cujos moradores apresentam um conjunto de problemas socioeconómicos que se podem considerar graves, entre eles o desemprego e a marginalidade.

Devido aos problemas detetados, as populações têm sido alvo de várias intervenções de programas e projetos, estatais e locais, que procuram intervir de forma a apoiar as famílias e a minimizar os problemas. Para melhor ilustrar a importância e gravidade de alguns destes problemas, cita-se um breve trecho do Diagnóstico do Instituto da Droga e da Toxicodependência (Ministério da Saúde, 2011, p.71):

O parque habitacional e a tipologia dos equipamentos sociais desta freguesia não são facilitadores de intervenções e relações sociais promotoras em situação de vulnerabilidade económica e social e por crianças e jovens, que passam grande parte do seu tempo expostos a situações de risco (tráfico, consumos, marginalidade).

119

Esta realidade social tem tornado a escola vulnerável, sofrendo transformações que vão desde uma escola de referência até aquela onde o número de alunos tem diminuido mais e o corpo docente sofrido uma redução de 10%, contando atualmente com cerca de 100 professores, 77% dos quais são do Quadro de Nomeação Definitiva. O pessoal não docente engloba cerca de 50 funcionários, entre os quais administrativos, auxiliares de ação educativa, cozinheiros e guarda noturno.

A maioria dos pais/encarregados de educação possui habilitações académicas de baixo nível, 19% apenas o 1.º ciclo, 15% frequentaram o 2.º ciclo, 16% o 3.º ciclo, 14% o ensino secundário e apenas 6% possuem o ensino superior, sendo este um dos motivos apontados pelos professores para justificar o insucesso escolar, aquando da visita da IGE à escola, em 2008 (Relatório da IGE, 2009).

Esta escola acolhe jovens maioritariamente residentes na freguesia circundante, sendo estes alunos o reflexo da realidade envolvente, a qual evidencia, como foi referido, grandes assimetrias culturais e sociais. No ano letivo de 2009/10, a população escolar ultrapassava os 500 alunos, sendo cerca de metade do Ensino Básico e os restantes do Ensino Secundário. Cerca de 22% dos alunos são economicamente carenciados.

Os resultados escolares encontram-se em geral aquém do desejável. Em 2009, no ensino secundário apenas 51% dos alunos transitam de ano, facto que se fica a dever, segundo os professores, sobretudo a motivos imputáveis ao aluno, mais concretamente, à desmotivação, absentismo e falta de expetativas, como se pode ler no último relatório da IGE (Ministério da Educação e Ciência, 2009, p.6):

No ano transato, a Escola apreciou a qualidade dos resultados, entre os anos de 2002 a 2007, calculou as taxas de transição e de retenção, em cada um dos anos, a eficácia interna, para os Ensinos Básico e Secundário, e o valor esperado de sucesso, nos 9.º e 12.º anos, tendo em conta o índice de desenvolvimento social do concelho de Évora. Constatou que, em 100 alunos de cada um dos níveis de ensino, 59 no Básico e 53 no Secundário concluíram o ciclo de estudos, em 3 anos. E, em 2007/08, a taxa de transição, no Ensino Básico, foi de 89,1% e, no Ensino Secundário, de 51,2%.

A escola assinala, como constrangimentos de sucesso, a baixa escolaridade dos pais, a desmotivação e o absentismo dos alunos. Refere, de igual forma, que o crescente insucesso, nos graus de ensino, se deve à

maior exigência do Ensino Secundário e à diminuição das expetativas dos alunos.

Os resultados escolares refletem, segundo o diretor da escola, “problemas socio- económicos”, os quais constituem grande procupação para a escola e para a autarquia. Assim, em colaboração com outras instituições locais, são postos em prática programas e projetos que visam minimizar os seus efeitos. Para realizar todos estes projetos e atividades, a direção conta não só com uma equipa de pessoal interno à comunidade escolar, como também com a cooperação e as parcerias que desenvolve com diversas instituições, nomeadamente: Câmara Municipal de Évora, Centro de Saúde; Associação Chão dos Meninos; Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ); Instituto da Segurança Social (ISS), Instituto da Droga e Toxicodependência (IDT) e Universidade de Évora. Na escola, para melhorar o sucesso e assegurar as respostas dos alunos desenvolvem-se projetos pedagógicos, de entre os quais o diretor destaca o projeto de “Tipologia de Turmas”:

Este projeto é considerado um “instrumento de medida”, que permite, num primeiro momento, diagnosticar as dificuldades/potencialidades do alunos, através de testes realizados nas diversas disciplinas e posteriormente, para consolidar o diagnóstico, são realizados, na presença de um tutor, momentos de trabalho individual, momentos de trabalho a pares e em grupos e momentos de observação e análise de materiais didáticos. Os resultados obtidos nesta avaliação determinam as intervenções de cariz pedagógico, didático, psicológico e social a realizar ao nível dos alunos/turma, do seu número em contexto de sala de aula e do apoio aos mesmos, ao longo do ano letivo, bem como as intervenções ao nível da formação dos docentes.

(Projeto Educativo, 2009, p. 9)

Em função dos resultados aferidos são criados cursos de percursos curriculares alternativos (PCA) ou projetos integrados de educação e formação (PIEF), em que os alunos beneficiam de diversas atividades extracurriculares (grupo de teatro, Tuna e Grupos de Desporto), e sempre que necessário da componente de apoio à família (CAF).

As instalações e equipamentos, de acordo com o relatório da Inspeção Geral da Educação, são no geral adequados às necessidades dos alunos. A escola é formada por cinco pavilhões, com salas de aula, salas específicas de informática, laboratórios,

121

gabinetes de trabalho, bibliotecas e museu de ciências. As aulas de Física e Química desenvolvem-se na sua maioria nos laboratórios e salas anexas, os quais estão equipados com os materiais indispensáveis à realização de toda a componente laboratorial, embora em número insuficiente. Segundo o professor, alguns trabalhos não podem ser realizados por todos os alunos, optando-se nesses casos, por serem realizados apenas em grupo e discutidos no grupo turma, “Na Física, tenho de fazer adaptações. Como o material não chega para todos, vou alternando de maneira que todos percebam o objetivo e a forma de realizar o trabalho” (1ª entrevista).

É ainda de referir que esta escola não sofreu intervenção de melhoria pelo Parque Escolar, sendo este mais um dos motivos, pelo qual os alunos mostram alguma relutância em a frequentar. Segundo o Diretor da escola, nos últimos anos, o número de alunos tem vindo a diminuir consideravelmente: “Esta já foi a escola de elite, todos os alunos tinham orgulho em a frequentar. Agora temos cada vez menos alunos, pois é a única secundária que não sofreu intervenção”. No último ano, foram adoptadas medidas de readequação da rede escolar, para inverter esta tendência, tendo a DEGEST distribuido equitativamente os alunos pelas escolas da cidade.