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Tal como foi referido anteriormente, a aprendizagem significativa requer a participação efetiva dos alunos e o desenvolvimento de abordagens interdisciplinares que propiciem condições para ampliar o conhecimento do mundo. Para que tal se efetive é necessário recorrer à utilização de estratégias e recursos diversificados que favoreçam a percepção, a interpretação crítica e a intervenção fundamentada na transformação da realidade.

As reelaborações conceituais e procedimentais exigem assim, não só a mudança das práticas pedagógicas como ainda dos recursos utilizados (Vieira, 2006). As aulas de ciências requerem a utilização de estratégias diversificadas e uma grande diversidade de materiais, incluindo livros, revistas e jornais, material de laboratório diversificado e o recurso às novas tecnologias, as quais oferecem novas e interessantes opções aos professores e alunos.

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Para a concretização do currículo, os professores necessitam de apoios técnicos para trabalhar mais sem o manual, numa abordagem dinâmica do currículo (Sacristán, 2008). Nos últimos tempos tem-se assistido a um esforço, por parte do Estado, no sentido de garantir a utilização de redes eletrónicas através da Internet, na procura de estratégias que ajudem a encorajar uma participação mais ativa dos alunos na aprendizagem. Verifica-se ainda, o envolvimento local em oficinas de formação, onde as universidades e as instituições locais desempenham um papel ativo no apoio aos professores.

Esta conceção “obriga” o professor a ter um conhecimento pormenorizado das novas tecnologias e técnicas de trabalho para, em seguida, se estabelecerem os objetivos e as estratégias a adoptar. As ligações a micro-computadores abrem uma grande variedade de canais para responder a quase todos os estilos de aprendizagem (Silva, 2009). Este tipo de estratégias e materiais, ao aproximarem-se de situações reais, motivam os alunos para o ensino, não só porque os envolve na aprendizagem como também lhes permite “experienciar” o espaço, o tempo e o movimento em estados controlados e testar ambientes em realidade virtual. Por exemplo, o laboratório baseado em computadores ligados a sensores é usado para monitorização da temperatura, da intensidade da luz, do pH, do movimento, do som e muitas outras grandezas.

As novas tecnologias desempenham um papel ativo no apoio aos alunos e professores. Os materiais hipertexto e multimédia tornam possível a auto aprendizagem para todos e as linhas telefónicas grátis permitem aos professores aceder a materiais partilhados ou testes uniformizados que podem ir desde um simples tópico até grandes bancos de questões e recursos didáticos, muitos dos quais envolverão atividades complexas capazes de conduzir o aluno a níveis elevados de pensamento e consequentemente ao desenvolvimento de trabalhos inovadores. A introdução da tecnologia no currículo científico ajuda a preencher a lacuna que existiu sempre entre a vida fora da escola e o que se aprende na sala de aula. O objetivo da educação científica é ajudar os alunos a identificar-se com o próprio objeto de estudo à medida que se empenham em explorar problemas, processar a informação e formular opções sobre o funcionamento do mundo real, apresentando perspetivas de progresso. A introdução da tecnologia requer que o aluno tenha uma perspetiva de progresso, o que lhe irá fornecer uma integração do tempo e dos acontecimentos em termos de vida presente e futura.

As mesmas preocupações encontram-se plasmadas no programa de Física e Química A, cuja concretização requer a disponibilização de recursos físicos adequados que permitam simular e responder aos grandes temas da sociedade. O Ministério da Educação e Ciência (2003) recomenda o recurso às modernas tecnologias; advoga o uso de sensores ligados a computadores para aceder a dados e tratar a informação, pelo que as aulas laboratoriais deverão decorrer, sempre que possível, no laboratório e as restantes aulas perto deste e com condições adequadas ao trabalho em grupo.

Também o uso de calculadoras gráficas nas atividades de sala de aula, assume um papel fundamental, nomeadamente no traçado e interpretação de gráficos, permitindo mudar a ênfase do ensino dos processos de resolução de exercícios para o significado e análise crítica dos resultados. O professor não deverá, pois, ficar preocupado pela eventual incorporação de expressões na memória das calculadoras dos alunos. Estas constituirão um formulário a que o aluno deve recorrer, privilegiando-se uma avaliação dirigida não para a memorização, mas para a compreensão e o desenvolvimento de diferentes capacidades (MEC, 2003).

Para Gaspar (2003), a tecnologia é vista num sentido moderno como um sistema sociotécnico que permite às pessoas entender as suas capacidades de adaptação tanto qualitativa quanto quantitativamente. O alfabetismo científico e tecnológico como objetivo de ensino traduz-se assim na capacidade do aluno interpretar as realizações e as deficiências da ciência e da tecnologia em termos das forças humanas e sociais que os sustentam.

A este respeito, Perrenoud (2006) afirma que não basta a escola pôr as ferramentas informáticas à disposição dos alunos, mas que “este tem que ser capaz de se servir delas a fim de desenvolver as competências, suscitar projetos, criar situações problema, avaliar de maneira formativa, regular em função dos objetivos claros e realistas” (p. 29) e deste modo deter o conhecimento para fazer face ao mundo complexo e globalizante em que vivemos.

Assim, a par de outros recursos interiores e exteriores à sala de aula, como as visitas de estudo, as atividades de campo e palestras, as novas tecnologias e as projeções tridimensionais de realidade simulada tornam-se ferramentas mais comuns, ajudando os alunos a debater temas relevantes da sociedade moderna, tornando as discussões do grupo e da turma muito mais interessantes e contribuindo para o conhecimento e entendimento de situações significativas do quotidiano e da sociedade. Estes instrumentos ajudam a mudar a ênfase do ensino dos processos de resolução para o

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significado e análise crítica dos resultados, ajudando os alunos a desenvolver um conjunto de competências que lhes permite agir e tomar decisões no dia-a-dia.

Introdução de problemas como mola propulsora da discussão de temas