• Nenhum resultado encontrado

Análise de factores que afectam o tempo de conclusão de doutoramentos: o género e a área

2. Tempo médio de conclusão e retenção no terceiro ciclo

2.2 Análise de factores que afectam o tempo de conclusão de doutoramentos: o género e a área

Alguns factores têm mostrado ser importantes na conclusão do grau de doutor no tempo estipulado para o mesmo pela instituição: o género e a área disciplinar onde a investigação se desenrola. Seguidamente iremos apresentar alguns dados retirados do RAIDES e dos relatórios da Universidade Nova de Lisboa, para perceber como se enquadra a população da UNL.

2.2.1 O género

Neste trabalho de investigação sobre o terceiro ciclo, analisou-se o género da população de estudantes que completou o doutoramento. Para obter os dados recorreu-se ao banco de dados RAIDES. Esta Análise permitiu duas conclusões: a primeira é que há mais mulheres que homens que completaram o doutoramento durante o período entre 2010/2011 e 2014/2015; a segunda é que apenas em economia no Nova SBE e no ISEGI / Nova IMS o número de mulheres que completaram o doutoramento é inferior ao dos homens, Fig. 27. Não foi possível saber se o número de mulheres inscritas em doutoramentos é maior do que o de homens.

Considerando todos os doutoramentos, deve-se destacar que em cinco anos (de 2010 a 2015) mais mulheres concluíram o doutoramento. Em 2010/2011, 58% dos estudantes que completaram seu doutoramento eram mulheres. Em 2011/2012, a porcentagem diminui para 54% e em 2012/2013 para 53%. Observou-se um aumento em 2013/2014 com uma percentagem de mulheres que concluíram o doutoramentode 60% e em 2014/2015 foi de 56%. Se analisarmos as diferenças entre as escolas UNL, concluímos que somente no ISEGI / NOVA IMS e Nova SBE o número de homens que completaram o doutoramento é superior ao número de mulheres. Mesmo em áreas científicas (Ciência e Engenharia), o número de mulheres é maior do que o de homens, como podemos concluir ao considerar a percentagem em FCT, IHMT, ITQB e ENSP (Fig. 27).

Figura 27 Percentagem de doutorandos que completaram o grau de doutor nas escolas da Universidade Nova de Lisboa entre

2010/2011 e 2014/2015. Género masculino (azul), género feminino (laranja) e representatividade das população da escolar na UNL (cinzento).

Seguidamente apresenta-se a percentagem de doutorandos tendo em conta o género, e o número de anos que necessitaram para concluir o grau de doutor em cada escola, no ano lectivo 2010/2011, Tabela 36 e Tabela 37.

Tabela 36 Percentagem de diplomados com grau de doutor,em 2010/2011, do sexo masculino, nas diferentes unidades Orgânicas

da Universidade Nova de Lisboa. (Fontes: “A Nova em 2011-2012: oferta curricular, docentes, estudantes, diplomados e empregabilidade”, dados retirados de http://www.unl.pt/data/qualidade/NOVA_em_2011-2012_ graficos_PT.pdf. e acedido a 1

/9 / 2017 e RAIDES 2016 acedido a 1/9/2017 ) Período de tempo

necessários para completar o grau de

doutor (anos)

Percentagem de diplomados com grau de doutor do género masculino, em 2010/2011, nas Escolas da Universidade Nova de Lisboa

FCT FCSH Nova SBE NMS FD IHMT NOVA IMS ITQB ENSP

Normal 32 5 56 0 0 21 100 9 0

Normal +1 ano 7 7 19 33 0 8 0 10 45

Normal +2 anos 6 13 0 0 0 0 0 8 0

Normal >+2 anos 4 15 0 0 0 0 0 2 30

% total 50 40 75 33 0 29 100 29 75

O número de doutorandos na FCT do género feminino e do género masculino são iguais, o que mostra que a tendência de se prolongar no tempo, o doutoramento, não está nesta escola relacionada com o género.

Tabela 37 Percentagem de diplomados com grau de doutor,em 2010/2011, do sexo feminimo, nas diferentes unidades Orgânicas

da Universidade Nova de Lisboa. . (Fontes: “A Nova em 2011-2012: oferta curricular, docentes, estudantes, diplomados e empregabilidade”, dados retirados de http://www.unl.pt/data/qualidade/NOVA_em_2011-2012_ graficos_PT.pdf. e acedido

a 1 /9 / 2017 e RAIDES 2016 acedido a 1/9/2017 ) Período de tempo

necessários para completar o grau de

doutor (anos)

Percentagem de diplomados com grau de doutor do género feminimo, em 2010/2011, nas Escolas da Universidade Nova de Lisboa

FCT FCSH Nova SBE NMS FD IHMT NOVA IMS ITQB ENSP

Normal 32 7 19 0 0 51 0 22 0

Normal +1 ano 7 11 6 67 0 20 0 25 15

Normal +2 anos 6 19 0 0 0 0 0 19 0

Normal >+2 anos 4 22 0 0 0 0 0 5 10

% total 50 60 25 67 0 71 0 71 25

Se por um lado estes resultados são consistentes com a literatura: as mulheres têm maior probabilidade de completar o grau (Latone e Browne, 2001), por outro não o são, uma vez que na situação analisada, as mulheres não demoraram mais do que os homens a completar o grau (com a excepção das doutoradas da FCSH). Há evidências na literatura de que a relação estabelecida entre estudante e o supervisor está relacionada com o género e que esta apresenta vantagens psicológicas para os homens e desvantagens para as mulheres estudantes, o que poderà explicar a excepção encontrada na FCSH (Schroeder e Mynatt, 1999).

Deve-se ainda ressaltar que, se o género é um dos fatores associados à conclusão do doutoramento, esses resultados parecem indicar que, na UNL, está associado à conclusão atempada. Reforça-se novamente o facto de com estes dados, não ser possível perceber se há mais mulheres ou homens matriculados em doutoramentos, o que também poderia explicar as tendências identificadas (não há dados oficiais).

É importante notar que não há dados relacionados à idade nos documentos utilizados mas deveria ser interessante analisar a distribuição da idade das mulheres e dos homens neste ano e as atividades profissionais dos mesmos, tal como a prevalência de estudantes maduros por áreas de doutoramento.

Em conclusão, esta análise preliminar teve como objetivo caracterizar a população de doutorandos em todas as escolas da Universidade de Nova Lisboa em relação ao número de estudantes matriculados e que completaram o grau de doutoramento, mas também considerando género. Foi possível observar nesta universidade neste ano lectivo, (2010/2011) não se verificam as mesmas tendências que em outros estudos já reportados na literatura, em relação ao tempo de conclusão e ao género.

2.2.2 A área de estudo

Alguns investigadores, analisaram as áreas de estudo em que se desenvolviam os projectos de doutoramento e relacionaram-nas com o tempo que os mesmo demoravam a concluir. Neste estudo foi também analisada a taxa de retenção dos estudantes de doutoramento.

A taxa de retenção foi obtida considerando o número de alunos que concluíram o curso (estudantes graduados), o número de alunos matriculados no doutoramento(estudantes matriculados em

doutoramentos) e a média tempo para completar o curso (em todas as escolas foi utilizado 4 anos exceto FCT e FCSH103):

𝑟𝑒𝑡𝑒𝑛𝑡𝑖𝑜𝑛 𝑟𝑎𝑡𝑒 =[(graduated students × time to complete) − students enrolled in PhD]

𝑠𝑡𝑢𝑑𝑒𝑛𝑡𝑠 𝑒𝑛𝑟𝑜𝑙𝑙𝑒𝑑 𝑖𝑛 𝑃ℎ𝐷 × 100

Tendo em conta esta definição de taxa de retenção, foi possível comparar nas diferentes escolas, tendo-se obtido os resultados da Tabela 35. Analisando as taxas de retenção é possível notar que o ITQB é a escola da UNL com menor taxa de retenção (uma média de 36%), seguida pela FCT (uma média de 50%) e pela Nova SBE (uma média de 59%). As outras escolas têm taxa de retenção média superior a 60%. Verifica-se que a percentagem média de alunos retidos nas diferentes escolas tem variado ao longo dos anos, Tabela 38.

Tabela 38 Taxa de retenção de estudantes nas diferentes escolas da UNL entre 2008 e 2016.

Período de tempo (Anos)

Taxa de retenção de estudantes de doutoramento nas Escolas da Universidade Nova de Lisboa FCT FCSH Nova SBE FCM FD IHMT NOVA IMS ITQB ENSP Total

2008 59 78 82 48 100 - 100 - 100 81 2009 70 77 67 73 80 - 100 47 74 74 2010 69 75 33 82 96 - 65 44 46 64 2011 59 70 52 87 100 10 76 29 71 61 2012 61 72 52 78 92 94 79 30 79 71 2013 40 64 57 68 87 68 76 38 91 66 2014 41 43 66 59 73 72 95 52 71 64 2015 32 54 49 70 87 75 78 35 81 62 2016 18 31 71 40 87 69 79 17 82 55 % média 50 63 59 67 89 65 83 36 77 66

Tal como foi referido anteriormente verificou-se um melhoramento significativo na FCT desde 2012, mas nas outras escolas este não é tão expressivo ou não se verifica. Note-se que, desde 2012, a FCT mostrou uma melhoraia nas taxas de sucesso, que foi de 82% em 2016, tal como o ITQB (taxa de sucesso de 83%). As taxas de sucesso nas escolas na área das ciências médicas e da saúde apresentam taxas de sucesso abaixo dos 50%, tal como as escolas na área das ciências económicas. Nas área das Ciências Sociais e Humanas, a FCSH apresentou melhorias significativas quanto à sua taxa de sucesso que, em 2016, foi de 69%.

Estes dados podem estar relacionados com a monitorização da supervisão de pesquisa de doutoramento pelas comissões de acompanhamento de tese, com a mudança nas práticas de supervisão ou com as mudanças no financiamento no ensino superior (maior número de bolsas atribuídas). O requísito de ter artigos com avaliações de pares, para ter bolsa de doutoramento ou bolsa pós-doutoramento da Fundação para uma Ciência e Tecnologia, poderà também ser uma força motriz para que os estudantes de

103 Na FCT há 15 cursos doutorais que necessitam de somente 3 anos para serem concluidos e 20 cursos doutorais que necessitam

de 4 anos, então o factor médio para o tempo utilizado para completar o grau foi de 3.6 anos (média ponderada). Na FCSH há 7 cursos doutorais que necessitam de 3 anos para serem concluidos e 14 que necessitam de 4 anos, tendo-se utilizado como factor

mestrado e doutoramento façam pesquisas de qualidade mas também para concluirem o grau. Outra hipótese poderà ser a ocorrência de alterações nos processos de supervisão que, trazendo novas propostas para a educação doutoral, promove uma melhoria no sucesso e conclusão de doutoramentos. Esta hipótese será analisada no Capítulo|5. Na literatura é reconhecido que a conclusão bem-sucedida de um doutoramento é influênciada por vàrios fatores, mas todos concordaram que, a qualidade da supervisão e o relacionamento estabelecido entre supervisor e aluno são fatores importantes (Kam, 1997; Styles & Radloff; Jones, 2013; Orellana et al, 2016; Beck, 2016), sendo alguns dos aspectos a investigar neste trabalho (Capítulo| 5).

Analisando as taxas de retenção por áreas científicas, Tabela 39, verifica-se que as áreas com melhor desempenho são as que estão relacionadas com as ciências naturais e engenharias. As escolas das áreas das ciências sociais e humanas e das áreas económicas apresentam desempenhos menos bons no que se refere às taxas de retenção.

Tabela 39 Taxa de retenção de estudantes nas diferentes escolas da UNL por áreas entre 2008 e 2016.

Período de tempo (Anos)

Taxa de retenção nas Escolas da UNL por áreas disciplinares

Ciências Naturais e engenharia Ciencias médicas e da saúde Ciências sociais e Humanas Ciências económicas

FCT ITQB média IHMT ENSP NMS/FCM média FD FCSH média Nova SBE NOVA IMS média

2008 59 59 - 100 48 74 100 78 89 82 100 91 2009 70 47 58 - 74 73 73 80 77 78 67 100 83 2010 69 44 56 - 46 82 64 96 75 85 33 65 49 2011 59 29 44 10 71 87 56 100 70 85 52 76 64 2012 61 30 45 94 79 78 84 92 72 82 52 79 66 2013 40 38 39 68 91 68 76 87 64 75 57 76 67 2014 41 52 46 72 71 59 67 73 43 58 66 95 80 2015 32 35 33 75 81 70 75 87 54 71 49 78 63 2016 18 17 17 69 82 40 64 87 31 59 71 79 75 média 50 36 - 65 77 67 - 89 63 - 59 79 -

Estes resultados deverão ser interpretados à luz das políticas de cada escola e das condições que os doutorandos encontram no mercado de trabalho. Por exemplo a Faculdade de Direito forma em mais tempo (os doutoramentos demoram mais tempo a serem concluídos) porque os doutorandos conseguem empregos bem remunerados muito precocemente, dedicando-se em simultâneo ao doutoramento mas também à carreira profissional. Um dos objectivos deste trabalho de investigação foi perceber se as práticas de supervisão vivenciadas pelos doutorandos justificavam de algum modo estas diferenças (Capítulo 5).

Em conclusão, foram analisados documentos públicos desde 2008 a 2015, como os “Relatórios de actividades” (http://www.unl.pt/nova/relatorio-de-atividades), bem como regulamentos do terceiro ciclo, e foram recolhidos dados da base de dados RAIDES. Os resultados preliminares obtidos da análise dos regulamentos do terceiro ciclo mostram que a taxa de sucesso é baixa em quase todas as escolas e a média da taxa de retenção, entre 2008 e 2015, é superior a 50% em oito das nove escolas UNL. Embora o número

de alunos matriculados em doutoramento esteja a diminuir na FCT desde 2012, a taxa de sucesso está a melhorar. Não há ainda informações suficientes para compreendê-lo. No entanto, os resultados indicam a necessidade de entender porque ocorreu a mudança na taxa de retenção nos doutoramentos em algumas escolas e por que permanece inalterado em outras escolas.

O processo de monitorização de supervisão que é possível reconhecer nos documentos analisados está relacionado com a existência de comissões de acompanhamento e à sua operacionalização. Geralmente, essas comissões devem monitorizar a evolução do projeto de pesquisa, sugerir mudanças, se necessário, e produzir um relatório regularmente. A partir das análises das regulamentações escolares, não foi possível identificar outro procedimento de monitorização ou avaliação da supervisão, nem as práticas de supervisão. É ainda possível verificar pela análise dos dados obtidos do documento “A Nova em 2011-2012: oferta curricular, docentes, estudantes, diplomados e empregabilidade”, que durante este período, não foi encontrada qualquer relação entre a percentagem de doutoramentos concluída no tempo requerido e o rácio entre o total de doutoramentos ETI/total de docentes ETI, Fig. 28.

Figura 28 Percentagem de doutoramentos concluída no tempo requerido e o rácio entre o total de doutoramentos ETI/total de docentes ETI em 2012 (Fonte: “A Nova em 2011-2012: oferta curricular, docentes, estudantes, diplomados e empregabilidade”).

(Retirado de http://www.unl.pt/data/qualidade/NOVA_em_2011-2012_ graficos_PT.pdf. e acedido a 1/9/2017). A unidade orgânica (escola) designada por ISEGI é actualmente a NOVA IMS.

Podendo ser colocada a hipótese da percentagem de doutoramentos concluída no tempo requerido estar relacionada com as práticas de supervisão utilizadas em cada unidade orgânica da UNL e com o número de alunos orientados pelos supervisores.

3. Percepção dos doutorados sobre as competências após a

aquisição do grau e da sua utilidade (dados de 2014)

Neste trabalho é também importante perceber em que medida os doutorandos, percecionam os cursos doutorais que completaram. A representatividade de cada escola (estudo publicado e apresentado na página http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_-_sintese_2008-2014_-_unl_15.2.pdf) da UNL, apresenta-se seguidamente, Fig. 29.

Tal como já se tinha referido a FCT, é a escola em que mais doutorandos completam o doutoramento (40%), seguindo-se a FCSH (35%), relativamente ao universo de escolas da UNL. Destaca-se o número de doutorados que responderam ao estudo relativamente aos doutorados da escola, na FCT, (53%), na FCSH (59%) na FD (63%) e na ENSP (43%). Na Nova IMS esse valor é de 100 % uma vez que somente se doutorou um estudante em 2014, tendo esse respondido ao questionário.

Figura 29 Percentagem de doutorados respondentes relativamente ao universo da UNL (212 doutorandos- representados com cor

azul) e relativamente a cada escola da UNL (cor cinzenta). O Universo foi 212 doutorados e a amostra foi de 100 doutoados. Dados retirados do documento intitulado “Percurso de inserção professional Licenciados, mestres e doutorados da UNL”,

http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_-_sintese_2008-2014_-_unl_15.2.pdf). Acedido em março de 2018.

A situação perante a actividade dos doutorandos em 2014, 1 ano após a obtenção do grau e, em 2009/2010, após 5 anos após a obtenção do grau apresenta-se na Fig. 30 e Fig. 31.

Figura 30 Situação perante a actividade dos doutorandos (2014-1 ano após o grau). Dados retirados em março de 2018 do

“Relatório de atividades de 2016” acedido pelo link: http://www.unl.pt/nova/relatorio-de-atividades.

Figura 31 Adequação entre emprego e nível de formação dos diplomados (2009/ 2010 – 5 anos após o grau e 2014- 1 ano após o

grau). Dados retirados em março de 2018 do “Relatório de atividades de 2016” acedido pelo link:http://www.unl.pt/nova/relatorio-de-

atividades.

Um ano após concluírem o doutoramento 88% dos doutorados está empregado. Cinco anos após a obtenção do grau, em 2009/2010, 100% dos doutorados consideram que estavam num emprego adequado ao seu nível de formação; Já em 2014 esse valor desceu ligeiramente para 97,1%. Estes dados permitem concluir que os doutorados percecionam o grau de doutor como uma mais valia.

Relativamente à avaliação dos doutorados face às competências formativas estruturantes do curso, esta revela que existem algumas lacunas relativamente à formação doutoral. Do relatório síntese 2008-2014 intitulado “Percurso de inserção professional Licenciados, mestres e doutorados da UNL”, retirado da página da UNL, http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_-_sintese_2008-2014_-unl_15.2.pdf), é possível constatar ainda que 58,6% dos doutorados está satisfeito com as competências profissionais adquiridas, embora se verifique que 47,5% estão muito satisfeitos relativamente à adequação dos cursos doutorais às exigências do mercado de trabalho, Fig. 32. Por outro lado os doutorandos revelam que em termos de conhecimentos teóricos o grau de satisfação aumenta (65,7% estão muito satisfeitos).

Figura 32 Avaliação das componentes formativas do curso – Doutorados. (Fig. 45, página 33, retirada do documento intitulado

“Percurso de inserção professional Licenciados, mestres e doutorados da UNL”, http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_-_sintese_2008-2014_-_unl_15.2.pdf).

Neste relatório é possível ainda perceber as competências mais valorizadas pelos doutorados da UNL, em relação à preparação que os cursos de doutoramento da instituição oferecem para a sua vida activa/profissional, Fig. 33.

Figura 33 Valorização das competências pelos doutorandos. (Gràfico 50, página 36, retirada do documento intitulado “Percurso de

inserção professional Licenciados, mestres e doutorados da UNL”, http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_- _sintese_2008-2014_-_unl_15.2.pdf).

Os doutorados percecionam o conhecimento aprofundado na sua área como um benefício para a sua profissão, a capacidade de resolver problemas, interrogar-se, reflectir e procurar soluções como uma mais valia para si. No entanto o facto de não terem desenvolvido competências relacionais como o saber trabalhar em equipa/gerir conflitos/ trabalhar cooperativamente e colaborativo é percecionado como uma “falha” na sua preparação doutoral, Fig. 34.

Figura 34 Diferencial de preparação dos doutorandos face à exigência do mercado. (Gràfico 51, página 36, retirado do documento

intitulado “Percurso de inserção professional Licenciados, mestres e doutorados da UNL”, http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_-_sintese_2008-2014_-_unl_15.2.pdf).

O trabalho em equipa exige que os colaboradores tenham competências relacionais, saibam interagir, tomar decisões, trabalhar sobre pressão, assumam responsabilidades e produzam e isto é o oposto ao que o doutorado fez no doutoramento em que muitas das vezes trabalha sozinho, não desenvolvendo estas competências.

Conclusões semelhantes foram encontradas no trabalho de investigação desenvolvido no âmbito do doutoramento em Ciências da Educação na UNL, onde se refere que o trabalho em equipa e as competências interpessoais são pouco desenvolvidas (segundo a perceção dos doutorandos). Para as autoras desta investigação urge olhar para estes dados para colmatar ou minimizar esta lacuna (Alves, Neves, Azevedo & Gonçalves, 2012). Os doutorandos percecionam ainda como pontos fracos deste doutoramento, o desenvolvimento das capacidades/competências de liderança (Alves & Azevedo, 2010). Tendo em conta os dados deste trabalho de investigação e os dados do documento Percurso de inserção professional Licenciados,

mestres e doutorados da UNL esta lacuna poderá ser transversal a vários doutoramentos. De referir que

geralmente o percurso doutoral é um percurso individual e por vezes solitário, podendo, caso o supervisor não crie momentos de interação em grupo levar ao isolamento e ao não desenvolvimento de competências relativas ao trabalho colaborativo e cooperativo.

A gestão do tempo e de projectos é outro dos factores onde os doutorados sentem que tem deficit na sua formação face às exigência da sua actividade profissional, Fig. 34. Este poderà estar relacionado com a falta de mecanismos de monitorização, verificação e planeamento do projecto doutoral, durante o percurso doutoral.

Neste contexto a esmagadora maioria dos doutorados escolheria o mesmo curso, e a mesma instituição de ensino superior, o que mostra o elevado grau de satisfação dos mesmos, Fig. 35-A e B.

A

B

Figura 35 Percentagem de doutorados que escolheriam o mesmo curso doutoral (A) e a UNL (B). (Gràficos 33 e 36

repectivamente, página 26 e 27, retirados do documento intitulado “Percurso de inserção professional Licenciados, mestres e doutorados da UNL”, http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_-_sintese_2008-2014-unl_15.2.pdf).

Entre 2008 e 2014, dos sectores de actividades onde os doutorados da UNL encontram emprego destaca-se a Educação, Fig. 36. De notar uma acentuada quebra nessa mesma área entre 2012/13 e o ano de 2014. Verifica-se que a percentagem de doutorados que encontram emprego nas indústrias transformadoras é muito reduzido (1,4 %). Este último ponto deve ser destacado, tendo em conta o documento da Associação Europeia de Universidades (EUA, European University Association) publicado em 2015, que refere que em relação à ligação entre o ensino e a pesquisa, 86 % dos respondentes portugueses indicam que “the development of courses is tied to new research” “to some extent”, verificando-se que 79 % dos inquiridos refere que “research plays a more important role than teaching in the career development of young academics” (Sursock, 2015: 80 e 81). Estas respostas embora não corroborem os dados da Fig. 36, onde se verifica que a educação é o sector de actividade que mais acolhe doutorados, pode ser explicado pelo facto de no ensino superior os estudantes de pós-doutoramento, estarem a realizar investigação em universidades (área de educação superior), mas não estarem a leccionar (pelo menos esse não será a sua principal função). De referir ainda que, a indústria em Portugal não valoriza os doutorados, sendo estes considerados mão-de-obra cara, por ser especializada.

Figura 36 Sector da actividade da entidade empregadora dos doutorados da UNL. (Gràfico 27, página 23, retirado do documento

intitulado “Percurso de inserção professional Licenciados, mestres e doutorados da UNL”, http://www.unl.pt/sites/default/files/coorte_anual_-_sintese_2008-2014-unl_15.2.pdf).

Será importante analisar os dados da presente investigação, relativos às expectativas dos doutorandos actuais na UNL, face a esta realidade.

4. Evolução do número total de docentes nas várias escolas