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O questionário foi distribuído aos doutorandos em Ciencias da Educação (Programa Doutoral em Ciências da Educação- PDCE) na Universidade Nova de Lisboa, por e-mail (durante duas semanas) e vinte e dois responderam. No questionário, os alunos deveriam concordar, concordar parcialmente, discordar parcialmente e discordar, com declarações positivas ou negativas, relacionadas com a educação doutoral, particularmente ao processo de supervisão. Pretendia-se identificar práticas de supervisão. O questionário e os resultados encontram-se no anexo I.

1.1 Categorias de Análise

A pesquisa centrou-se em sete domínios: tipo de contato; tipo de feedback; ambiente de trabalho; monitorização de supervisão (mecanismo e instrumentos); práticas de supervisão; desenvolvimento da autonomia; percepção dos alunos sobre o supervisor; envolvimento do supervisor no processo de supervisão.

1.2 O Questionário

Para validar as escalas usadas procedeu-se à análise dos itens dos domínios do instrumento de Análise. Quanto à confiabilidade interna das escalas, a fiabilidade dos constructos foi analisada através da consistência interna, avaliando o alfa de Cronbach107 obtido foi de 0,900 (n=65, número de questões), as

correlações item-total (omissão do item) e entre itens, Tabela 46. Pelos resultados é possível verificar que a consistência interna dos item é boa (o coeficiente alfa de Cronbach varia entre 0,88 e 0,90), pelo que não foram retirados itens ao questionário. A média das respostas situa-se na opção concordo parcialmente (3), havendo no entanto itens (2, 3, 5, 8 e 47) em que a concordância é elevada (3.9- 3.8) e o desvio padrão é baixo, mas também há itens em que a discordancia é elevada (12, 28 e 65) e o desvio padrão é baixo. A redação dos itens é a seguinte: Item 2 “ Estou a fazer esta pesquisa doutoral porque gosto do tema.”; Item 3 “ A minha aquisição de novas competências e conhecimentos é essencial para concluir o doutoramento.”;

107O coeficiente alfa de Cronbach permite-nosestimar a confiabilidade de um questionário e determinar o limite inferior da

consistência interna de um grupo de variáveis ou itens. Ele mede a correlação entre respostas em um questionário através da análise das respostas dadas pelos respondentes, apresentando uma correlação média entre as perguntas. este coeficiente é possível. O valor do alpha deve ser positivo, variando entre 0 e 1. Se for superior a 0,9 a consistência do questionário é elevada; se variar entre 0,8 e 0,9 a consistência é boa; se o valor ocorrer entre 0,7 e 0,8 a consitencia é razoável; se variar entre 0,6 e 0,7 o questionário tem uma consistência fraca; se for inferior a 0,6 o questionário não é consistente (Hill & Hill, 2012).

Item 5 “Saber resolver problemas é essencial para concluir o meu doutoramento.”; Item 8 “ Como estudante de doutoramento sinto-me autor de um projeto.”; Item 47 “ O meu coorientador/ orientador encoraja-me a apresentar resultados da pesquisa doutoral em congressos e conferências”; Item 12 “O mais difícil no doutoramento é a gestão correta do tempo.”; Item 28 “A escrita de resumos sobre o meu trabalho de doutoramento é uma das tarefas obrigatórias.”; Item 65 “O meu coorientador/ orientador aconselha-me a escrever artigos com os dados que vou recolhendo e analisando na pesquisa doutoral.”

Tabela 46 Estatística descritiva para os vàrios itens da escala: Valor total, média, desvio padrão e alfa após omissão do item, por

item.

item Valor Total Média Desvio padrão omissão de item alfa após item Valor Total Média Desvio padrão omissão de item alfa após 1 78 3.5 0.8 0.9020 40 73 3.3 1.2 0.8928 2 85 3.9 0.6 0.9011 41 78 3.5 0.9 0.8971 3 85 3.9 0.3 0.9013 42 75 3.6 0.5 0.8974 4 81 3.7 0.6 0.9028 43 55 2.6 0.9 0.8948 5 80 3.8 0.4 0.8989 44 43 2.0 1.0 0.8982 6 81 3.7 0.5 0.9012 45 76 3.5 0.7 0.8972 7 70 3.2 1.3 0.9006 46 76 3.5 0.7 0.9004 8 79 3.8 0.7 0.9013 47 85 3.9 0.3 0.8993 9 37 1.8 0.9 0.8991 48 81 3.7 0.6 0.8984 10 42 2.2 1.1 0.9028 49 78 3.5 0.9 0.8961 11 79 3.6 0.8 0.9016 50 76 3.5 0.7 0.8972 12 32 1.5 0.7 0.9063 51 74 3.4 1.0 0.8940 13 76 3.5 0.6 0.8987 52 73 3.3 0.9 0.8952 14 51 2.3 1.5 0.9035 53 79 3.6 0.9 0.8979 15 67 3.0 0.8 0.9002 54 80 3.6 0.6 0.8973 16 45 2.0 1.1 0.9056 55 82 3.7 0.4 0.8986 17 41 1.9 1.3 0.9036 56 79 3.6 0.8 0.8949 18 74 3.5 0.7 0.9036 57 79 3.6 0.7 0.9002 19 60 2.7 1.1 0.9024 58 55 2.5 1.2 0.9076 20 69 3.3 1.0 0.9039 59 70 3.2 1.2 0.8948 21 57 2.7 1.3 0.9054 60 65 3.0 1.2 0.8945 22 48 2.2 1.1 0.8973 61 65 3.0 1.3 0.8960 23 67 3.0 1.1 0.9040 63 37 1.8 1.0 0.8989 24 64 2.9 0.9 0.9039 64 69 3.3 1.0 0.9000 25 71 3.2 1.0 0.9026 65 34 1.5 0.9 0.8995 26 78 3.7 0.5 0.9030 66 57 2.6 1.3 0.8962 27 55 2.5 1.2 0.9059 média 68 3.1 0.6 - 28 36 1.6 0.8 0.9004 29 76 3.5 1.0 0.8948 30 75 3.4 1.0 0.8942 31 76 3.5 1.0 0.8939 32 75 3.4 1.1 0.8934 33 74 3.4 1.1 0.8931 34 74 3.4 1.2 0.8930 35 74 3.4 1.1 0.8948 36 67 3.0 1.1 0.9066 37 74 3.4 1.0 0.8952 38 71 3.2 1.0 0.8939 39 73 3.3 1.0 0.8947

1.3 Perfil dos doutorandos

O perfil dos estudantes do PDCE é particular uma vez que quase todos eles são professores do ensino bàsico e secundàrio havendo alguns que são professores em Escolas Politécnicas. 50% dos doutorandos estavam a frequentar o doutoramento em tempo integral e 50% estavam a tempo parcial.

Nove por cento dos respondentes estão inscritos no primeiro ano, 18% no segundo ano, 32% no terceiro; 18% estão no quarto ano de frequência do doutoramento e 23% no quinto ou mais anos no do programa de doutoramento.

Os dados mostram, não apenas uma grande diversidade de idade entre os alunos (de 25 a mais de 50 anos), mas uma tendência de estudantes com idade superior a 40 anos (77%) situando-se a média entre 45 e 50 anos de idade.

1.4 Resultados e discussão

Os resultados preliminares sugerem que 73% dos supervisores se encontram regularmente com os doutorandos, mas apenas 45% o fazem individualmente. É interessante notar que apenas 27% dos estudantes de doutoramento referem que, em cada encontro com o supervisor, eles fizeram um registro escrito do que foi tratado. 73% dos supervisores dão feedback regular, mas 18% dos estudantes refere que não é claro. 73% dos estudantes “sentiram” que seu supervisor está envolvido com seu projeto de pesquisa, mas 23% dos estudantes refere que precisam de mais apoio. As práticas de supervisão incluem participação em oficinas (workshoops) (60%), seminàrios (35%) e reuniões com outros estudantes de doutoramento (50%).

É importante notar que, do ponto de vista dos alunos, 59% dos estudantes sentem-se encorajados pelo supervisor a publicar seu trabalho e 55% referem que os supervisores os incentivam a apresentar os seus resultados em congressos ou conferências.

Os alunos não monitorizam o processo de pesquisa doutoral: apenas 5% utilizam um diário, 10% fazem relatórios escritos e 5% utilizam o portfólio.

Nem todos os supervisores promovem a autonomia dos alunos e confiam nos alunos para gerir a pesquisa de doutoramento. Apenas 55% dos estudantes de doutoramento percebem/sentem que seu supervisor os considera competentes e capazes de tomar decisões sobre a pesquisa doutoral. Apenas 23% dos alunos planeiam e orientam o seu projeto de pesquisa doutoral, mas cerca de 50% referem que planeiam o projecto de pesquisa com o supervisor. Considerando que este doutoramento é um doutoramento de três anos, os estudantes que o frequentam em tempo integral -no terceiro (27% da nossa amostra) e os estudantes que o frequentam há quarto ou mais anos - em tempo parcial (9%) deveriam já planear o processo de pesquisa, o que demonstraria o desenvolvimento da sua autonomia o que não acontece. Se apenas 23% dos alunos referem que planeiam e orientem seu processo de pesquisa de doutoramento, 13% ainda não desenvolveram a autonomia e ainda não são capazes de fazer pesquisas independentes. A autonomia é uma dos atributos que um doutorando deve ter para obter o grau de doutoramento, sendo explicitamente referido

em Diário da República (2ª série, N.º 59 de 25 de março de 2010, nos regulamentos dos doutoramentos (n.º 295/2010, Artigo 2 (c)) .

O processo de socialização e o sentido de pertença à academia (que reflete o grau de integração na comunidade académica) não são sentidos por todos os estudantes: apenas 55% dos estudantes referem que o supervisor os encoraja a participar de reuniões com outros estudantes de doutoramento e, 68% referem que o seu supervisor os encoraja a participar de reuniões de trabalho com outros investigadores. Deve destacar-se que 27% dos estudantes consideram que o doutoramento é um processo solitàrio e 55% concordaram parcialmente com essa afirmação. Esses resultados sugerem que algumas mudanças devem ser feitas não só para permitir a socialização e integração na comunidade de pesquisa, mas também para apoiar os alunos na pesquisa.