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2. Modelos de supervisão e de supervisor

2.2 Modelos de supervisão e supervisor

Há vários modelos de supervisão doutoral. Em 1991, Lave & Wenger (1991), apresentam um modelo que tinha subjacente que a aprendizagem ocorre em comunidades de prática51. A aprendizagem ocorre

através da participação em práticas sociais na comunidade. Nesta comunidade o aprendiz tem um estatuto especial sendo legitimado pelo supervisor como potencial membro, tendo acesso à prática sem ser perito. O supervisor permite o acesso aos recursos do grupo, às oportunidades de aprendizagem e de pesquisa, que são essenciais para o supervisado. De referir que conceptualizar comunidades de pesquisa52 como

comunidades de prática reflete toda a sua complexidade nomeadamente no que se refere às relações sociais/ afetivas entre os seus membros e que poderão influênciar o processo de supervisão, mas enfatiza também a necessidade de criar ambientes de aprendizagem produtivos.

O modelo de supervisão britânico one-to-one também referido por modelo do mestre e aprendiz (Yeatman, 1995; Frankland, 1999; Bartlett & Mercer, 2001; Kehm, 2006; Lee & Green, 2009) não é adequado para a população atual de doutoramento (com diferentes idade, género, formação profissional e objetivos). Este modelo baseia-se numa relação hierarquizada em que o supervisor é o detentor de poder

51 No original communities of practice. 52 No original research communities

(através do conhecimento de possui), sendo o seu conhecimento transmitido ao estudante (Bartlett & Mercer, 2001; Johnson, Lee & Green, 2000; Manathunga, 2007; Yeatman, 1995).

Um dos primeiros modelos de supervisão propostos por Delamont, Atkinson e Parry em 1997 refere que o que acontece nos grupos de investigação está relacionado com o que denominam de continuidade pedagógica. Esta é concebida como um processo de enculturação do estudante de doutoramento que aprende “the socialised skills of laboratory work” e através do qual os problemas de pesquisa são transmitidos. Para este processo contribuem ao longo do tempo, todos os membros do grupo de investigação, sendo um processo contínuo no tempo. (Delamont, Atkinson e Parry, 1997).

A relação entre estilo e qualidade na supervisão de pesquisa foi examinada por Kam (1997), que afirma que a qualidade da pesquisa pós-graduada depende do encaixe/adaptação entre supervisor e estudante e está relacionada com a capacidade do supervisor atender às necessidades dos estudantes. O autor conclui que “(…) the extent to which a student relies on her of his supervisor for guidance and motivation on work organization and problem solving, research preparation, and communication exerts a significant effect on the relationship between supervision quality and supervision style” (Kam, 1997).

Já Gurr (2001) ao reflectir sobre o processo doutoral e a supervisão concluiu que o estilo do supervisor é muito importante no processo de supervisão doutoral, referindo que “(…) the importance of a constructive alignment between supervisory style and student development, orientated around the fostering of ‘‘competent autonomy’’ within the student” (Gurr, 2001). Este autor propôs um modelo centrado no estudante, que tem em consideração as mudanças que ocorrem durante o doutoramento na relação entre o supervisor e estudante e o desenvolvimento de uma autonomia competente pelo estudante, ao longo desse processo, Fig. 15. Esta autonomia deveráser uma autonomia crítica, reflexiva e metacognitiva (Gurr, 2001).

Figura 15 Representação do modelo de alinhamento

proposto por Gurr (2001).

O modelo de supervisão proposto por Styles e Radloff (2001) incorpora quatro áreas importantes para uma relação interpessoal de supervisão: a motivação, as crenças, as estratégias de gestão e o afeto. Este modelo denominado Self-regulatory synergistic model of supervision, baseia-se no conceito de autorregulação e também nas quatro áreas previamente identificadas como essenciais para um processo de supervisão bem-

sucedida. A autorregulação para os autores é “(…) the process by which an individual exercises control over the direction, persistence and intensity of thinking, affect and behaviour for the purpose of goal attainment” (…) regulated learners are metacognitive, motivationally and behaviourally active participants in their own learning". (Styles & Radloff, 2001: 98). Assim, durante o doutoramento ambos, estudante e supervisor, estão envolvidos nos processos de autorregulação, em diferentes graus dependendo este envolvimento da etapa do processo. Outros conceitos bàsicos deste modelo são a sinergia (esforço simultâneo na realização de uma tarefa) entre o supervisor e o aluno, a autorregulação durante o processo de supervisão e a liderança do processo de investigação-supervisão. A liderança é partilhada por ambos, em diferentes graus, dependendo estes da etapa do projeto. A autorregulação é revelada na dinâmica de aprendizagem ativa, a nível emocional e comportamental, sendo a metacognição outro conceito chave deste modelo, Fig. 16.

Figura 16 O modelo sinérgico de supervisão autorregulada

(elaboração própria, com base em Styles & Radloff, 2001). Os autores definem metas (goals) como os motivos operacionalizadas para ambos se envolverem no processo de pesquisa e produção de uma tese. Crenças são conceptualizações, atitudes e sentimentos sobre o si mesmo, a tese e o ambiente.

Neste modelo, a metacognição está relacionada com a motivação/metas, as crenças/ conceptualizações, as estratégias e os afetos.

Dysthe (2003) a partir da Análise de entrevistas propôs três modelos de supervisão: ensino,parceria e aprendizagem53. O modelo denominado por teaching é baseado na relação tradicional entre estudante e

professor, a relação de poder é assimétrica, onde o supervisor corrige e controla o trabalho desenvolvido pelo estudante. No modelo de apprenticeship o estudante observa o supervisor e imita/copia as suas acções, assim o estudante aprende a pesquisar por imitação do supervisor. O doutorando poderà adoptar uma posição passiva sendo o feedback recebido de forma acrítica aceitando todas as propostas do supervisor acriticamente. No modelo de supervisão como partnership, a relação de poder é mais simétrica sendo o diàlogo fundamental. Este modelo é semelhante ao proposto por Wang e Li (2011), supervisão por pares54.

O feedback é dado no modelo de mentoring havendo troca de ideias entre ambos.

53 No original “Teaching, partnership e apprenticeship.” 54 No original “peer-to-peer”.

Brew (2001) e Lee (2007) propuseram que, os modelos de supervisão, utilizados por supervisores académicos estão ligados com a sua representação de pesquisa. Num estudo fenomenogràfico, Brew analisou a conceção que os supervisores tem do que “é pesquisa” e encontrou quatro conceções principais: Conceção dominó, conceção por camada, conceção de comércio, e conceção de jornada, Tabela 5.

Tabela 5 Dimensões das conceções de pesquisa. (Retirado de Brew, 2001).

O supervisor com “dominó Conception” está focado na resolução de problemas e em responder a questões através de um processo que envolve a combinação de elementos separados. Se a conceção do supervisor é a “trading variation” está focado no produto e está sempre presente na sua pesquisa o reconhecimento e/ou recompensa da pesquisa em que colabora. Na “layer conception” a atenção é focada na Análise de dados pretendendo-se com a pesquisa perceber o que está por de tràs destes. Já a conceção como “journey” está orientada para dentro do processo de investigação, estando focada em interesses pessoais e “issues of the researcher”. Brew verificou que as conceções de pesquisa não estavam relacionadas com as áreas disciplinares mas eram transversais a todas.

Brew (2001 e 2002) também analisou a conceção Bolsa de estudos55 uma vez que esta também influencia

as práticas de supervisão, tendo encontrado cinco dimensões, Tabela 6.

Uma conclusão retirada deste estudo, e que é importante realçar, foi que pesquisadores que levavam a cabo tipos de pesquisa semelhantes (pesquisa em laboratórios, pesquisa baseada em trabalho colaborativo, investigações individualizadas) não partilhavam necessariamente as mesmas conceções de pesquisa. Tal como a autora refere em 2002 “This has considerable implications for supervision. It means that the

supervisor cannot assume that the student has the same idea as themselves about what they are doing when they are carrying out research”.

Tabela 6 Dimensões das concepções de Bolsa de estudo (Scholarship).

Com base neste estudo, Lee (2007) propôs ligações entre estas conceções de pesquisa e os modelos de supervisão, que encontrou na sua pesquisa, Tabela 7.

Tabela 7 Possíveis ligações entre a conceção/representação da investigação (Brew, 2001; Pearson & Brew, 2002) e os modelos de

supervisão. (Adaptado de Lee, 2007).

Conceçaõ

como Dimensão referencial A pesquisa é interpretada como: Dimensão estrutural O que é o primeiro plano: Ligações possíveis a modelos de supervisão Domínio

Um processo de sintetizar elementos separados para que os problemas sejam resolvidos, perguntas respondidas ou em aberto.

Conjuntos (listas) de coisas atomísticas: técnicas, problemas etc. Estes elementos separados são

vistos como ligados linearmente Funcional

Camada

Um processo de descoberta, descobrindo ou criando significados subjacentes

Dados contendo ideias juntamente com (ligado

ao) significados ocultos. Pensamento crítico

Comércio

Um tipo mercado social, onde a troca de produtos tem lugar.

Produtos, fins, publicações, prémios e redes sociais. Estes estão ligados entre si numa relação

de reconhecimento pessoal e recompensa. Enculturação

Jornada

A jornada pessoal de descoberta, possivelmente levando a transformação.

Questões pessoais existenciais e dilemas. Eles estão ligados através de uma tomada de consciência da carreira do pesquisador e visto como tendo sido explorada por um longo tempo.

Mas, a proposta de Brew excluía alguns conhecidos modelos de supervisão, como o da emancipação (Lee, 2007). Lee identifica então cinco conceitos de supervisão de pesquisa, com base nas práticas, atitudes e abordagem do supervisor em relação ao estudante de doutoramento: o estilo funcional, a enculturação, o pensamento crítico, a emancipação e desenvolvimento de uma relação de qualidade. Com base na revisão da literatura, Lee (2007, 2008) apresentou os cinco modelos de supervisão apreendidos pela observação de supervisores, que se apresentam seguidamente (Tabela 8).

Tabela 8 Modelos propostos de supervisão. Retirado de Lee, 2007.

Concept of research supervision held by supervisor

Most prominent activity

Supervisor´s activity Knowledge and skills needed (supervisor´s knowledge and skills)

Possible student reaction

Functional Rational movement through

tasks Directing, Project management Organised Obedience

Enculturation Gatekeeping Diagnosis of deficiencies to be remedied. Nurturing

Apprenticeship, Role modelling

Critical thinking Evaluation

Challenge Argument (gently Socratic or constructive controversy Constant inquiry/fight or flight

Emancipation Feminism Mentoring Supporting student in constructing knowledge Facilitation

Analysis and reflection

Personal growth Reframing knowledge. Relationship development Qualities Supervising according to experience, developing a relationship Emotional intelligence.

A range of experiences to draw upon Emotional intelligence Personal awareness

No entanto, estes modelos ou estilos de supervisão têm vantagens e desvantagens, como Lee descreveu em 2008, Tabela 9.

Tabela 9 Vantagens e desvantagens de diferentes abordagens conceptuais da supervisão doutoral. Adaptado de Lee (2008).

Conceção de supervisão de pesquisa apresentada pelo supervisor

Vantagens Desvantagens

Funcional Clareza e coerência

O progresso pode ser monitorizado Rigidez quando confrontado com a criação de conhecimento original

Enculturação Incentiva padrões, a participação, a identidade, a

formação de comunidades Baixa tolerância para a diferença interna, sexista, regulação étnica.

Pensamento critico Investigação racional, falàcia exposta. Negação de criatividade pode menosprezar ou despersonalizar o estudante

Emancipação Crescimento pessoal, capacidade de lidar com a

mudança Mentorização tóxica Onde o tutor abusa do poder

Desenvolvimento relacional

Parcerias de trabalho ao longo da vida.

Aumentar a autoestima Potencial de assédio, o abandono ou rejeição

Um supervisor com uma abordagem funcional enfatiza uma prática mais diretiva e gerencial. Os alunos seguem os planos definidos para o projeto de pesquisa de doutoramento, bem como as regras e requisitos do departamento, institucionais e legais. Um supervisor com uma abordagem baseada em enculturação promove o processo de socialização do aluno, uma vez que o aluno é visto como um futuro membro de uma área disciplinar, compartilhando seus valores, cultura e identidade. O supervisor tem o papel de "gatekeeper” e aluno de aprendiz. Existe um compromisso mútuo neste ambiente de socialização. Se o supervisor aborda a supervisão como pensamento crítico, ele ou ela incentiva o aluno a questionar e

analisar seu trabalho, posicionando-se ele/ela mesmo de acordo com várias perspetivas e conceitos, para definir e avaliar adequadamente o argumento, resolver problemas e refletir sobre vàrios aspetos. A relação estabelecida com o aluno é de natureza dialógica e dialética e promove a autonomia dos alunos. Na abordagem da supervisão de doutoramento como emancipação, o supervisor dà orientação e apoio ao aluno, mas também o leva a questionar / refletir e desenvolver progressivamente. Se a supervisão do doutoramento é realizada com base num relacionamento sem conflito, que é estabelecido com base na confiança, no senso comum, mesmo na amizade, o supervisor apresenta uma abordagem de supervisão correspondente a um desenvolvimento de relacionamento; o supervisor apresenta inteligência emocional e pode gerenciar conflitos durante o processo de doutoramento (Lee, 2008).

Mas, a supervisão também depende da natureza da relação académica que se estabelece entre estudante e supervisor e de estilo de supervisão (Hockey, 1996; Gatfield, 2005).

Em 2005, Gatfield propôs um modelo diferente tanto para a relação de supervisão como para estilos de supervisor. Com base na literatura, ele apresentou um modelo teórico para analisar os elementos relacionados com o processo de doutoramento e estilos de supervisão e refletiu sobre a dinâmica e as mudanças de processo. Ele depreendeu que fatores exógenos, estruturais e de apoio estavam relacionados com a conclusão de doutoramento. Usando isso, e após analisar os estilos de supervisão presentes na literatura, ele propôs um modelo conceptual com quatro estilos de supervisão operacional, cujas características se apresentam em baixo, Tabela 10.

Tabela 10 Estilos de supervisão e suas características (Elaboração própria).

Estilo de supervisão Características dos estilos de supervisão Laissez-faire

Pouco estruturado e suporte reduzido;

Candidato tem níveis limitados de motivação e gestão de competências;

Supervisor é não-diretivo e não comprometido com altos níveis de interação pessoal; Supervisor pode parecer indiferente e não envolvido.

Pastoral

Pouco estruturado e suporte elevado;

Candidato tem capacidades de gestão pessoal reduzidas, mas tira proveito de todas as oportunidades de apoio que são oferecidas;

Supervisor fornece cuidados pessoais consideràveis e apoio, mas não necessariamente numa tarefa orientada por capacidade diretiva.

Diretivo

Muito estruturado e apoio reduzido;

Candidato altamente motivado que vê a necessidade de tirar vantagem de se envolver em atividades altamente estruturadas, tais como a fixação de objetivos, completar e enviar o trabalho no tempo por iniciativa própria sem tirar proveito do apoio institucional;

Supervisor tem uma relação interativa estreita e regular com o candidato, mas evita questões não relacionadas com tarefas.

Contractual

Muito estruturada e muito apoiada;

Candidato altamente motivados e capazes de tomar a direção e agir por iniciativa própria; Supervisor capaz de orientar, com boas capacidades de gestão e de relações interpessoais; Mais exigente em termos de tempo de supervisor.

Estes modelos de supervisão doutoral foram testados, utilizando os dados da literatura e, a fiabilidade e a confiabilidade bem como a aplicabilidade foram analisadas. Finalmente, depois de analisados os dados,

Gatfield concluiu que, por vezes, os estilos de supervisão mudam durante o doutoramento e propôs a grelha de gestão de supervisão, onde se enfatizam as ligações / alterações durante esse tempo, Fig. 17.

Figura 17 Grelha de gestão de supervisão e alterações durante o tempo de doutoramento. Retirado de Gatfield (2005).

Nos fatores estruturais Gatfield (2005) coloca o processo organizacional, o desenvolvimento de competências e a “prestação de contas”. Nos fatores de suporte o autor inclui o acompanhamento, os recursos, o financiamento e aspetos técnicos. Gatfield (2005) propôs um modelo conceptual com quatro estilos de supervisão, Laissez-faire, Pastoral, Diretor e Contractual diferenciados por características relacionadas com os dois fatores acima referidos (o fator estrutural e o fator suporte). Neste contexto, o estilo de supervisão que é operacionalizado, depende não só do contexto e das situações de investigação, mas também das atitudes e respostas do estudante e do supervisor e podem ser diferentes ao longo do tempo, entre o mesmo supervisor e cada um dos vàrios estudantes supervisionados por ele. No estilo de Lassez-faire de supervisão, o estudante tem capacidades de gestão e motivação limitadas e o supervisor não está comprometido ou está envolvido na relação de supervisão e na interação do aluno. No estilo pastoral o aluno apresenta um baixo nível de capacidades de gestão, mas aproveita os recursos disponíveis; O supervisor investe no relacionamento com o aluno dando suporte, mas pode não haver metas a serem alcançadas. No estilo diretivo, o aluno apresenta grande motivação e capacidade de iniciativa e precisa definir metas, para completar o trabalho dentro dos prazos prescritos; o supervisor tem uma relação estreita e regular com o aluno, mas evita uma abordagem que não envolve trabalho/tarefas, ou seja tem uma abordagem estritamente profissional. No estilo contratual: o aluno sente-se motivado com a capacidade de tomada de decisão, tomando iniciativa; o supervisor tem capacidade de tomada de decisão, boas capacidades de gestão e planeamento, além de habilidades relacionais / interpessoais.

Em diferentes estudos, realizados por diferentes autores, a relação interpessoal que se estabelece entre aluno e orientador têm nomes diferentes, mas é sempre descrita com base em duas dimensões: a medida (extensão) em que o supervisor está emocionalmente envolvido no projeto a ser desenvolvido ou com o aluno; em que medida e como o supervisor orienta o aluno em atividades relacionadas ao processo de doutoramento (Kleijn, 2012). As relações de trabalho interpessoais entre estudantes e supervisores dependem de vàrios aspetos internos e externos como a confiança, o acolhimento e a colaboração honesta (Blumberg, 1978).

Vilkinas e Cartan apresentaram um modelo de gestão intitulado " Integrated competing values framework " (Vilkinas & Cartan 2006). O modelo revisto por Vilkinas, em 2008, enfatizava o papel que o supervisor tem na conclusão com sucesso do doutoramento, Fig. 18.

Figura 18 Integrated competing values

framework. Retirado de Vilkinas (2008).

Para esta autora o supervisor é um gestor, que desenvolve e propõe atividades, tal como um gestor de uma empresa, que levam o estudante, tal como um funcionàrio, a desempenhar a sua função e a atingir os objetivos da instituição a que pertencem (Universidade), que no caso de um doutoramento será concluir o projeto de investigação, escrever e defender a tese de doutoramento. Na tabela seguinte apresentam-se comparativamente as funções correspondentes ao modelo de gestão e as funções do supervisor, aplicadas ao controlo da pesquisa doutoral, Tabela 11.

O supervisor no papel de observador crítico deve decidir qual papel operacional que deveráusar, dependendo do ambiente envolvente. O aprendiz reflexivo aprenderà com a experiência de vida. Como Vilkinas (2008) destaca “This introspection and self-awareness provide supervisores with opportunities to learn from their previous experiences and to inform future behaviours.” Vilkinas (2008: 307).

Usando esse modelo, Vilkinas (2008), analisou as práticas de supervisão e verificou que a maioria dos supervisores de doutoramento eram focados na tarefa (task-focused) embora apoiassem os seus estudantes. Outra conclusão relacionou-se com a utilidade do modelo ICVF que mostrou ser robusto e útil para identificar como os supervisores operacionalizam o processo de supervisão, além disso, permitiu explicar a

relação entre ao supervisores e as atividades que os estudantes realizaram. No entanto, este modelo de gestão não enfatizava o projeto de pesquisa.

Tabela 11 Descrição das regras do modelo “Integrated competing values framework (ICVF)” aplicadas à supervisão do

trabalho de pesquisa doutoral. Retirado de Vilkinas (2008).

ICVF role

Activities Managerial___________________________

(Activities that a manager working in government or industry would display when delivering a particular role).

Research supervision_______________________ (Activities an academic supervisor would display when

delivering the same role).

Developer Building teams

Using participative decision-making Managing conflict

Understanding others Communicating effectively Developing employees

Building research teams

Involving students in decision-making about their thesis Managing conflict between students or with other faculty Understanding student’s research capability

Communicating effectively to faculty/students and co- supervisors

Developing students and co-supervisors

Deliverer

Monitor

Managing projects (designing and organising work)

Managing across functions

Developing and communicating a vision Setting goals and objectives

Working productively

Fostering a productive work environment Managing time and stress

Managing students’ projects (designing and organising the work that needs to be undertaken by the student)

Managing across the various administrative units in university

Developing and communicating to the student, co- supervisors what the outcomes will be

Setting goals and objectives for the students, co-supervisors Working productively, e.g., through publishing

Fostering a productive academic environment for the student

Managing the time and stress of the student, co-supervisors. Monitoring individual performance

Managing collective performance and processes Analysing information with critical thinking

Monitoring students’ performance with regular reviews Managing collective performance of all the students, co- supervisors

Analysing the performance information critically

Broker Building and maintaining networks Obtaining and providing resources Negotiating agreements and commitment Presenting ideas

Building and maintaining networks with examiners and decision-makers

Obtaining resources, e.g., funding

Negotiating agreements with industry partners, students, and co-supervisors

Presenting ideas to industry partners, faculty, doctoral panels

Integrator Critically observing and interpreting the changing environment

Possessing refined self-diagnostic skills Learning from previous experiences Adopting the most appropriate response

Critically observing and interpreting the changing academic environment, signals from students and other faculty Being able to assess critically own strengths and limitations as a supervisor

Learning from previous supervisor experiences

Adopting the most appropriate response to each situation in supervision process

Innovator Thinking creatively Managing change

Thinking creatively about supervision practices and research projects

Managing change as result of different funding practices

O conceito de sinergia é usado por Trafford e Leshem (2009) para descrever o que implica