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AO FUNCIONAMENTO DO COMITÉ EUROPEU DO RISCO SISTÉMICO

APOIO ESTATÍSTICO

No seguimento dos trabalhos preparatórios realizados em 2010, o BCE, coadjuvado pelos BCN, prestou apoio estatístico ao CERS, colaborando estreitamente com as AES sempre que necessário.

Um contributo crucial para fazer face às necessidades em termos de dados estatísticos do CERS adveio de um grupo conjunto composto por representantes do Secretariado do CERS, do BCE e das AES entre Outubro de 2010 e Junho de 2011. O relatório fi nal deste grupo conjunto refl ectiu-se, em parte, na Decisão do CERS relativa ao fornecimento e à recolha de informação agregada para a supervisão macroprudencial do sistema fi nanceiro na União (CERS/2011/6) 16. Esta Decisão abrange, em

particular, a identifi cação da informação

agregada regular necessária a curto prazo para a actividade do CERS (ou seja, até ao início de 2013). A Decisão estabelece que o BCE e as AES devem prestar regularmente informação agregada e aborda os dados que são já recolhidos. Além do mais, abrange a defi nição dos procedimentos a aplicar caso sejam necessários, para apoiar as atribuições do CERS, dados agregados adicionais e ad hoc não incluídos nos dados fornecidos regularmente.

O grupo conjunto discutiu igualmente os requisitos de longo prazo relativos aos dados de supervisão e divulgação pública, com base sobretudo em requisitos de reporte actualmente a ser concebidos pelas AES e pela Comissão Europeia. Estes requisitos contribuirão directamente para o trabalho estatístico do SEBC, evitarão a duplicação em termos de prestação de informação e assegurarão a coerência dos dados nas análises económica e de estabilidade fi nanceira e no trabalho de investigação associado. Além disso, o BCE participou igualmente em vários fl uxos de

trabalho para o desenvolvimento de estatísticas (por exemplo, dados bancários consolidados e estatísticas relativas à detenção de títulos) que poderiam também apoiar o CERS (ver Secção 4 do Capítulo 2).

O BCE contribui signifi cativamente para o trabalho do CERS no domínio da supervisão do risco e da análise de riscos através de uma análise macroprudencial trimestral que apresenta informação estatística (sob a forma de quadros e gráfi cos) e indicadores desagregados por categoria de risco, nomeadamente risco macroeconómico, risco de crédito, risco de mercado, risco de liquidez e fi nanciamento, interligações e desequilíbrios, rendibilidade e solvência. Esta análise trimestral tem por base dados provenientes de diferentes fontes, incluindo o SEBC, as AES e fornecedores comerciais de dados. Além do mais, o Regulamento do CERS (alínea g) do artigo 3.o)

estabelece que o CERS deve “em colaboração com as AES, desenvolver um conjunto comum de indicadores quantitativos e qualitativos (painel de riscos), para identifi cação e medição do risco sistémico”. Neste sentido, o trabalho para desenvolver esse painel de riscos encontra- -se dividido nas mesmas categorias de risco.

JO C 302, 13.10.2011, p. 1. 16

Os principais resultados da rede são documentos de estudo, encontros de trabalho e conferências (foi planeada uma segunda conferência para 2012), incluindo interacções com investigadores fora do âmbito do SEBC. A rede fará o relatório dos seus resultados após dois anos de actividade na segunda metade de 2012.

3 REGULAMENTAÇÃO E SUPERVISÃO FINANCEIRAS

3.1 SECTOR BANCÁRIO

O Comité de Basileia de Supervisão Bancária (CBSB) publicou as suas novas normas de capital e liquidez (Basileia III) em Dezembro de 2010. O BCE participou activamente no desenvolvimento do novo quadro de Basileia III, tendo contribuído substancialmente para as diversas avaliações de impacto destinadas a quantifi car os possíveis efeitos do pacote regulamentar sobre os mercados fi nanceiros e a economia real. Em linha com o compromisso assumido pelos líderes do G20 em Novembro de 2010, os esforços nacionais e internacionais neste domínio centram-se agora na implementação atempada e coerente das normas de Basileia III. O BCE continua a participar no trabalho de seguimento actualmente realizado em diversos fl uxos de trabalho do Comité de Basileia, incluindo a revisão e fi nalização de determinados elementos do pacote de reformas nos próximos anos. O BCE contribui igualmente para a implementação das normas de Basileia na Europa. Neste contexto, o BCE acolhe com agrado as propostas da Comissão Europeia apresentadas em 20 de Julho de 2011 relativas a uma directiva e a um regulamento que irão transpor o quadro de Basileia III para a legislação europeia. Estas propostas representam um importante passo no sentido do reforço da regulamentação do sector bancário e das empresas de investimento e da criação de um sistema fi nanceiro mais sólido e seguro na Europa.

Em 27 de Janeiro de 2012, o BCE publicou o seu parecer sobre as propostas de directiva e regulamento 17. No parecer, o BCE acolhe com

agrado o forte empenho da UE para implementar as normas e acordos internacionais no domínio da regulamentação fi nanceira, embora tomando em consideração, quando relevantes, determinadas características específi cas do sistema fi nanceiro e jurídico da UE. Os principais elementos do parecer são os seguintes:

Primeiro, relativamente à proposta de regulamento, que será directamente aplicável nos Estados-Membros, o BCE apoia fortemente a abordagem “conjunto único de regras”, a qual

garantirá que as instituições fi nanceiras que

prestam serviços fi nanceiros no Mercado

Único cumprem um conjunto de regras prudenciais. Esta abordagem deverá, entre outros aspectos, aprofundar a integração

fi nanceira na Europa. Neste contexto, o

BCE apoia totalmente o objectivo de tratar determinadas posições em risco relativamente a, entre outros, certos sectores, regiões ou Estados-Membros através de actos delegados que habilitam a Comissão a impor requisitos prudenciais mais rigorosos, quando exista a necessidade de tratar alterações na intensidade de riscos microprudenciais e macroprudenciais que decorram de evoluções no mercado. Contudo, o BCE considera importante que a proposta de regulamento permita aos Estados- -Membros aplicar requisitos prudenciais mais rigorosos onde surjam riscos sistémicos para a estabilidade fi nanceira. Este quadro apenas deveria permitir ajustamentos de sentido ascendente nas calibrações, mantendo-se as defi nições, o que respeitaria o princípio de um conjunto de regras a nível da UE. Além disso, o referido quadro deveria ser sujeito a salvaguardas rigorosas, sob a coordenação do CERS, a fi m de fazer face a possíveis consequências não intencionais, efeitos de repercussão e utilizações abusivas. Segundo, é fundamental que se considere que os bancos da UE mantêm o mesmo nível de resistência e capacidade para absorver as perdas no que diz respeito ao capital regulamentar que os seus pares internacionais. Neste contexto, deve-se garantir que os critérios de elegibilidade a nível da UE para o common equity Tier 1 para sociedades por acções, e, consequentemente, a defi nição de common equity Tier 1, são equivalentes à norma internacional de Basileia. Terceiro, o BCE é um fi rme apologista da introdução de um elemento contracíclico explícito na regulamentação fi nanceira, considerado pelo BCE como um elemento fundamental de um conjunto de instrumentos macroprudenciais mais vasto. Por último, o BCE apoia fortemente a introdução de requisitos de risco de liquidez e de um rácio de alavancagem no quadro regulamentar

CON/2012/5. 17

da UE, sujeitos a uma apreciação e calibração adequadas. Os requisitos de liquidez incluem a introdução de um rácio de cobertura de liquidez de curto prazo, que se destina a garantir que os bancos detêm activos líquidos de elevada qualidade sufi cientes para fazer face a um cenário de crise grave com a duração de um mês, e um rácio de fi nanciamento estável líquido a mais longo prazo, que aumenta os incentivos para que os bancos se fi nanciem através de fontes mais estáveis numa base estrutural. Embora se espere que as novas normas de liquidez se traduzam em benefícios micro e macroprudenciais substanciais, devem ser avaliadas possíveis consequências não intencionais resultantes das novas normas. Neste contexto, o SEBC está a realizar trabalhos para analisar a interacção da nova regulamentação da liquidez com operações de política monetária, através de um grupo de trabalho estabelecido em Maio de 2011, que reúne peritos em estabilidade fi nanceira e política monetária.

Em linha com o mandato do G20, o Conselho de Estabilidade Financeira centrou os seus esforços em 2011 no desenvolvimento de medidas cruciais para fazer face aos riscos associados a instituições fi nanceiras de importância sistémica. O quadro internacional desenvolvido pelo Conselho de Estabilidade Financeira compreende os seguintes elementos de base: i) normas e requisitos internacionais para uma resolução efi caz, ii) uma supervisão mais intensiva e efi caz, e iii) requisitos adicionais para aumentar a absorção de perdas. Em particular, os esforços conjuntos do CBSB e do Conselho de Estabilidade Financeira resultaram numa exigência suplementar de capital, para além dos requisitos de Basileia III, aplicável aos bancos de importância sistémica para a economia mundial (global systemically

important banks – G-SIB)18. Em termos

quantitativos, os G-SIB serão sujeitos a uma exigência suplementar de capital progressiva, que se situa entre 1% e 2.5% dos activos ponderados pelo risco19, consoante a importância sistémica

do banco 20. A referida exigência suplementar

deve ser integralmente satisfeita através de capital social. Em Novembro de 2011, o CBSB e o

Conselho de Estabilidade Financeira identifi caram um grupo inicial de 29 bancos considerados G-SIB. Os requisitos adicionais de absorção de perdas aplicar-se-ão inicialmente aos bancos

identifi cados como G-SIB em Novembro

de 2014. A exigência suplementar de capital será introduzida a partir de Janeiro de 2016 e aplicada integralmente até Janeiro de 2019. Prevê-se que este prazo seja sufi ciente para dotar os bancos do tempo necessário para se ajustarem às novas regras, minimizando, simultaneamente, perturbações de curto prazo nas estratégias, modelos de negócio e planeamento de capital dos bancos. O BCE acolhe com agrado e tem apoiado activamente o trabalho do CBSB e do Conselho de Estabilidade Financeira neste importante domínio. O BCE apoia plenamente estas novas normas internacionais, especifi camente concebidas para fazer face às externalidades negativas e ao risco moral causados pelos G-SIB, e que constituem um passo necessário para a redução da probabilidade e gravidade da instabilidade fi nanceira e dos planos de resgate desencadeados pela falência de instituições fi nanceiras de importância sistémica para a economia mundial. Para que o quadro produza os efeitos esperados, é crucial que estas medidas sejam implementadas de forma atempada e coordenada a nível internacional.

3.2 VALORES MOBILIÁRIOS

Em 2011, intensifi cou-se uma reforma

abrangente do quadro para a regulamentação de valores mobiliários na UE, na qual o BCE esteve directamente envolvido.

Em Dezembro de 2010, a Comissão Europeia iniciou uma revisão da Directiva relativa aos mercados de instrumentos fi nanceiros (DMIF), um fundamento da regulamentação

Ver

18 Global systemically important banks: Assessment methodology and the additional loss absorbency requirement,

Comité de Basileia de Supervisão Bancária, Novembro de 2011. Um escalão de risco superior vazio de 3.5% destina-se a 19

proporcionar aos bancos incentivos para evitar aumentar ainda mais a sua importância sistémica ao longo do tempo.

A importância sistémica é medida de acordo com uma 20

da UE relativa aos mercados fi nanceiros. O objectivo fundamental da revisão é adaptar o quadro regulamentar da UE aos mais recentes avanços tecnológicos e fi nanceiros, abordando igualmente os pedidos do G20 21 para que as

autoridades nacionais lidem com partes menos regulamentadas e mais opacas do sistema fi nanceiro. Em 20 de Outubro de 2011, a Comissão Europeia divulgou a sua proposta de revisão da DMIF e propôs alterações à Directiva relativa ao Abuso de Mercado.

Além disso, a Comissão Europeia apresentou uma proposta de directiva que altera a Directiva 2004/109/CE relativa à harmonização dos requisitos de transparência no que se refere às informações respeitantes aos emitentes cujos valores mobiliários estão admitidos à negociação num mercado regulamentado (a Directiva Transparência).

No domínio das vendas a descoberto, o BCE emitiu um parecer 22 sobre uma proposta de

regulamento da Comissão Europeia em 3 de Março de 2011. O BCE fez notar que o regulamento proposto incorporava muitas das recomendações constantes da contribuição do Eurosistema de 2010 para a consulta pública da Comissão sobre vendas a descoberto. Prevê-se que o regulamento entre em vigor em Novembro de 2012.

A Comissão Europeia apresentou igualmente uma proposta de regulamento e directiva relativos às agências de notação de risco de crédito em 15 de Novembro de 2011. A proposta tem como objectivo contribuir para a redução dos riscos para a estabilidade fi nanceira e restaurar a confi ança dos investidores e dos demais agentes nos mercados fi nanceiros e na qualidade das notações. O BCE está actualmente a preparar um parecer sobre a referida proposta.

O BCE também acompanhou de perto e apoiou fortemente o trabalho iniciado pelo Conselho de Estabilidade Financeira e por outros organismos internacionais no seguimento do pedido dos líderes do G20 em Novembro de 2010 no sentido de elaborar recomendações para

fortalecer a regulamentação e superintendência do sistema bancário paralelo. Uma análise geral do sistema bancário paralelo na área do euro foi preparada pelo BCE e distribuída pelos membros do Conselho de Estabilidade Financeira.

3.3 CONTABILIDADE

Em Março de 2011, o Eurosistema elaborou comentários dirigidos ao International Accounting Standards Board – IASB (Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade) referentes à proposta sobre a contabilidade de cobertura deste organismo de normalização. Na sua carta ao IASB, o Eurosistema mostrou- -se, em geral, favorável ao modelo baseado em princípios proposto, orientado no sentido de uma melhor harmonização do reporte de informações fi nanceiras e das actividades de gestão de risco das empresas. No entanto, o Eurosistema fez notar que actividades de cobertura de risco importantes, como a macrocobertura, não estavam abrangidas pela referida proposta. Além disso, o Eurosistema sublinhou a interligação entre a cobertura de risco e outras partes do projecto relativo aos instrumentos fi nanceiros, tais como a classifi cação e medição, e os potenciais benefícios da realização de uma avaliação de impacto abrangente – tomando em consideração as interacções entre todas estas partes do projecto relativo aos instrumentos fi nanceiros – e de um programa de sensibilização junto das partes interessadas.

Ao longo do ano, o IASB e o Financial Accounting Standards Board – FASB (Conselho de Normas de Contabilidade Financeira) continuaram os trabalhos de convergência relativamente à harmonização dos respectivos normativos contabilísticos. Apesar dos progressos alcançados em 2011, continuam a existir diferenças signifi cativas em domínios contabilísticos cruciais, como a contabilidade de instrumentos fi nanceiros (classifi cação e compensação).

Ver as declarações do G20 emitidas na cimeira de Pittsburgh (em 21

Setembro de 2009) e na cimeira de Seul (em Novembro de 2010). CON/2011/17.

4 INTEGRAÇÃO FINANCEIRA

O Eurosistema e o SEBC contribuem para a melhoria da integração fi nanceira europeia, ao: i) aumentar a consciencialização e o acompanhamento da integração fi nanceira, ii) actuar como catalisador de actividades do sector privado ao facilitar acções colectivas, iii) aconselhar sobre o quadro legislativo e regulamentar para o sistema fi nanceiro e estabelecer regras directamente, e iv) prestar serviços de banca central que promovam a integração fi nanceira.

AUMENTAR A CONSCIENCIALIZAÇÃO E O

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