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De acordo com as previsões económicas do Outono de 2011 da Comissão Europeia, o défi ce público agregado para a área do euro caiu signifi cativamente, para 4.1% do PIB em 2011, o que compara com 6.2% do PIB em 2010 (ver Quadro 4). A redução do défi ce orçamental fi cou a dever-se às medidas de consolidação (mais especifi camente, cortes no investimento público e nos efectivos do sector público, bem como aumentos dos impostos indirectos) e a alguns desenvolvimentos favoráveis nas receitas resultantes de condições cíclicas mais propícias. Em 2011, a receita pública total e a despesa

pública total situaram-se em 45.3% e 49.4% do PIB, respectivamente, o que compara com 44.7% e 50.9% no ano anterior.

De acordo com as previsões económicas do Outono de 2011 da Comissão Europeia, o rácio médio da dívida pública bruta em relação ao PIB na área do euro aumentou novamente, de 85.6% em 2010 para 88.0% em 2011, em resultado dos défi ces elevados. No fi nal de 2011, os rácios da dívida situavam-se acima do valor de referência de 60% do PIB em 12 dos 17 países da área do euro.

Relativamente a alguns países, as previsões orçamentais do Outono de 2011 da Comissão Europeia provaram ser mais favoráveis do que os planos apresentados nas actualizações de Abril de 2011 dos programas de estabilidade (ver Quadro 4). Porém, na maior parte dos países, os défi ces foram mais elevados do que o esperado, em particular na Grécia, Espanha, Chipre, Países Baixos e Eslováquia. No que respeita aos países abrangidos por um

Quadro 4 Posições orçamentais na área do euro e nos países da área do euro

(em percentagem do PIB)

Excedente (+) / défi ce (-) das administrações públicas Dívida bruta das administrações públicas Previsões da Comissão Europeia Programa de

estabilidade

Previsões da Comissão Europeia Programa de estabilidade 2009 2010 2011 2011 2009 2010 2011 2011 Bélgica -5.8 -4.1 -3.6 -3.6 95.9 96.2 97.2 97.5 Alemanha -3.2 -4.3 -1.3 -2.5 74.4 83.2 81.7 82.0 Estónia -2.0 0.2 0.8 -0.4 7.2 6.7 5.8 6.0 Irlanda -14.2 -31.3 -10.3 -10.6 65.2 94.9 108.1 - Grécia -15.8 -10.6 -8.9 -7.8 129.3 144.9 162.8 - Espanha -11.2 -9.3 -6.6 -6.0 53.8 61.0 69.6 67.3 França -7.5 -7.1 -5.8 -5.7 79.0 82.3 85.4 84.6 Itália -5.4 -4.6 -4.0 -3.9 115.5 118.4 120.5 - Chipre -6.1 -5.3 -6.7 -4.0 58.5 61.5 64.9 61.6 Luxemburgo -0.9 -1.1 -0.6 -1.0 14.8 19.1 19.5 17.5 Malta -3.7 -3.6 -3.0 -2.8 67.8 69.0 69.6 67.8 Países Baixos -5.6 -5.1 -4.3 -3.7 60.8 62.9 64.2 64.5 Áustria -4.1 -4.4 -3.4 -3.9 69.5 71.8 72.2 73.6 Portugal -10.1 -9.8 -5.8 -5.9 83.0 93.3 101.6 101.7 Eslovénia -6.1 -5.8 -5.7 -5.5 35.3 38.8 45.5 43.3 Eslováquia -8.0 -7.7 -5.8 -4.9 35.5 41.0 44.5 44.1 Finlândia -2.5 -2.5 -1.0 -0.9 43.3 48.3 49.1 50.1 Área do euro -6.4 -6.2 -4.1 -4.3 79.8 85.6 88.0 -

Fontes: Previsões económicas do Outono de 2011 da Comissão Europeia, programas de estabilidade actualizados em Abril de 2011 e cálculos do BCE.

Notas: Dados baseados nas defi nições do SEC 95. As previsões económicas do Outono de 2011 da Comissão Europeia foram utilizadas para fi ns de comparabilidade entre países e devido ao facto de os resultados orçamentais para 2011 produzidos pelo Eurostat ainda não estarem disponíveis aquando da redacção do presente relatório. São reportados os objectivos dos programas de assistência fi nanceira da UE/FMI para a Irlanda, Grécia e Portugal, sendo para a Itália reportados os objectivos revistos de Setembro de 2011.

programa de assistência fi nanceira da UE/FMI, a Grécia e a Irlanda enfrentaram desequilíbrios orçamentais particularmente elevados em 2011, enquanto a situação orçamental em Portugal melhorou consideravelmente no mesmo período, refl ectindo em parte uma transacção temporária signifi cativa. A breve análise da evolução orçamental recente apresentada em seguida limita-se aos países abrangidos por um programa de assistência fi nanceira da UE/FMI. PAÍSES SUJEITOS A UM PROGRAMA DA UE/FMI Na Grécia, o cansaço relativamente às reformas estruturais, a instabilidade governamental e as condições económicas piores do que o previsto afectaram negativamente os resultados do programa de assistência fi nanceira da UE/FMI. As previsões económicas do Outono de 2011 da Comissão Europeia apontam para um défi ce de 8.9% do PIB em 2011. O incumprimento já esperado do objectivo para o défi ce em 2011 (7.8% do PIB) fi cou a dever-se à evolução macroeconómica pior do que o previsto, ao atraso na implementação de medidas orçamentais e reformas estruturais, bem como às alterações ao formato acordado das medidas, que diminuíram o seu potencial de redução do défi ce e poderão ter igualmente contribuído para uma nova moderação da procura interna. A sustentabilidade orçamental na Grécia deverá ser restabelecida através de uma conjugação de medidas de consolidação adicionais e do envolvimento voluntário do sector privado na redução dos encargos com a dívida pública. Em Junho e Outubro de 2011, o governo

grego especifi cou medidas de consolidação

adicionais de mais de 14% do PIB até 2015. No lado da receita, estas medidas visaram uma grande variedade de impostos e destinaram-se a alargar as bases fi scais (reduzindo os limiares de isenção fi scal e abolindo isenções fi scais) e a melhorar o cumprimento das obrigações fi scais. No lado da despesa, os maiores contributos tiveram origem numa redução da despesa com os salários dos funcionários públicos, em cortes nas pensões e noutros benefícios sociais bem como no consumo público e nos serviços não salariais. Em 20 de Fevereiro de 2012, o Eurogrupo acordou num pacote de políticas que implica um fi nanciamento adicional pelo sector público,

no montante de €130 mil milhões até ao fi nal de 2014 e, simultaneamente, que as autoridades gregas envidem novos esforços ambiciosos para reduzirem a despesa pública.

Na Irlanda, a implementação do programa de ajustamento económico irlandês em 2011 avançou em linha com os objectivos originais. As previsões económicas do Outono de 2011 da Comissão Europeia apontam para um défi ce de 10.3% do PIB em 2011. Deu-se início a reformas orçamentais estruturais, tendo sido criado o Conselho Consultivo Orçamental irlandês com o mandato de avaliar as previsões ofi ciais e determinar a adequação da orientação orçamental e a coerência dos planos orçamentais com as regras orçamentais. Concluiu-se uma análise abrangente da despesa pública, visando uma redução específi ca da despesa pública e uma maior efi ciência do sector público. O governo irlandês permaneceu empenhado em cumprir os objectivos estabelecidos no programa de estabilidade e o seu documento de estratégia orçamental de médio prazo, de Novembro de 2011, no qual se comprometeu a prosseguir com a consolidação orçamental após a conclusão do programa, no sentido de cumprir o prazo de 2015 para a correcção do défi ce excessivo. Em Portugal, as previsões económicas do Outono de 2011 da Comissão Europeia apontam para um défi ce de 5.8% do PIB em 2011, na via para alcançar o objectivo orçamental estabelecido no programa de assistência fi nanceira da UE/FMI, de 5.9% do PIB. Em resposta às derrapagens orçamentais que surgiram face ao objectivo para 2011, durante a implementação do programa de ajustamento económico o novo governo introduziu medidas compensatórias adicionais, incluindo um imposto extraordinário sobre os subsídios de Natal e um aumento da taxa do IVA sobre a electricidade e o gás. Além disso, em Dezembro de 2011, verifi cou-se uma transferência pontual, no valor de cerca de 3.5% do PIB, de fundos de pensões de bancos privados para o sistema de segurança social. Como consequência, espera-se que o défi ce para 2011 seja de cerca de 4% do PIB, ou seja, muito abaixo do objectivo.

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