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Aspectos sociodemográficos e socioeconômicos no perfil dos docentes

Parte II Da condição ampla da profissão de professor

CAPÍTULO 05: DOCÊNCIA E SUAS CONFIGURAÇÕES NAS UNIVERSIDADES

5.1 Aspectos sociodemográficos e socioeconômicos no perfil dos docentes

Com o intuito de conhecer o perfil sociodemográfico e socioeconômico dos docentes estudados nas duas universidades, elegeu-se um conjunto de características que nos permitisse mapear e comparar essas condições. Para tanto, foram consideradas: faixa etária, sexo, estado civil, nacionalidade, paternidade ou maternidade, número de filhos por sujeito, pertencimento de classe e comparação com as condições econômicas de origem. Nesse processo, constatou-se, em relação à faixa etária, uma variação significativa entre eles e uma diferença no fluxo da distribuição de idades por universidade nos grupos estudados, conforme se vê nos gráficos adiante. Há uma diferença entre a faixa de idade dos docentes demonstrando uma tendência diferenciada em cada universidade. Entre os professores da Universidade BR, há maior concentração de docentes na faixa de idade a partir dos 45 anos, e no grupo de docentes da Universidade AR há uma distribuição mais equitativa entre mais jovens e mais velhos.

O comportamento dessas faixas de idades predominantes levou a analisar, com mais cuidado, a distribuição delas entre a população de docentes pesquisados. Assim, foi possível

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verificar que na Universidade AR, a distribuição era mais contínua e na Universidade BR, havia descontinuidade, inclusive com ausência de sujeitos em determinada faixa de idade. Por exemplo, na odontologia, não havia sujeitos de 30 a 34 anos, e na engenharia, 40 a 44 anos de idade.

Essa situação sinalizava que o fluxo de ingresso dos docentes nas universidades estudadas tendia a ser diferente em cada uma, podendo ser a explicação para tal comportamento. Na Universidade AR, havia docentes ali, alunos de graduação; na Universidade BR exigia-se, no mínimo, a graduação completa. Além disso, observou-se maior flexibilidade nas formas de ingresso na Universidade AR devido à possibilidade de contratos temporários e voluntariado ser uma situação comum tal como será apresentado mais adiante. Desse modo, a entrada na docência dos professores brasileiros ocorria mais tarde em relação aos argentinos. O gráfico a seguir visualiza esse quadro:

GRÁFICO 1: Faixa etária dos docentes da Universidade AR Fonte: Dados de pesquisa

GRÁFICO 2: Faixa etária dos docentes da Universidade BR Fonte: Dados de pesquisa

A distribuição dos docentes por sexo mostra que, em ambas as universidades há predominância do sexo masculino (89%) no curso de engenharia.

No curso de odontologia, constatou-se um contraste entre os docentes estudados: a maioria do sexo masculino na Universidade BR, 55% dos docentes, e na Universidade AR, 51% eram do sexo feminino.

Na Educação, verificou-se predominância do sexo feminino 76%, dos docentes da Universidade AR; e, na Universidade BR, predominou o sexo masculino, 56%49. Esses dados encontram-se no gráfico abaixo:

49 Os dados dos docentes da área da educação, no caso da universidade BR, não refletem o comportamento do

universo dos docentes que compõem a Faculdade de Educação na qual predominam docentes do sexo feminino. Tal fato é justificado porque havia poucos docentes do sexo feminino em relação ao masculino dentro da amostra coletada. Considerando os dados cadastrais da instituição da qual esses docentes fazem parte, dentro do universo de docentes dessa faculdade no mês de setembro de 2012, apenas 33% eram do sexo masculino.

GRÁFICO 3: Sexo dos docentes das Universidades BR e AR Fonte: Dados de pesquisa

Em relação ao estado civil, dos docentes, predominou a situação de casados ou em união estável nas duas universidades, com representação de mais de 50% dos docentes, exceto no curso de engenharia da Universidade AR, a distribuição de casados foi de 47%, tendo uma proximidade maior com o grupo de solteiros, 44%.

GRÁFICO 4: Estado civil dos docentes da Universidade BR e da Universidade AR Fonte: Dados de pesquisa

Além de casados, também verificou-se predominância de maternidade ou paternidade entre os docentes das duas universidades. Mais de 50% dos docentes declararam ter filhos, mais de 60% tem no máximo dois filhos, conforme visualizam os gráficos a seguir.

GRÁFICO 5: Declaração de maternidade e paternidade dos docentes da Universidade BR e da Universidade AR

Fonte: Dados de pesquisa

GRÁFICO 6: Número de filhos dos docentes da Universidade BR e da Universidade AR Fonte: Dados de pesquisa

De acordo com a autopercepção dos docentes sobre as condições socioeconômicas, predominou o pertencimento à classe média nas duas universidades, mas com significativa variância nos demais pertencimentos.

GRÁFICO 7: A percepção dos docentes sobre suas condições socioeconômicas Fonte: Dados de pesquisa

Na Universidade BR, os docentes da Odontologia e na Universidade AR, os docentes da área da Educação houve predominância de melhores condições socioeconômicas variando de classe média à classe alta.

Nos demais cursos estudados, há variações em cada universidade. Entre os docentes da Engenharia e Educação, na Universidade BR, foram constatados maiores percentuais de identificação com a classe média alta e alta; na Universidade AR, os docentes da Odontologia e da Engenharia se identificaram como classe média e média baixa.

Em suma, os docentes da Universidade BR tendem a se verem com melhores condições socioeconômicas que os docentes da Universidade AR, particularmente das áreas de Engenharia e Odontologia. Essa situação também verificou-se com em referência à percepção de melhoria de condições econômicas comparando-se com as condições socioeconômicas de origem. Assim, em relação às condições socioeconômicas de seus pais, os docentes da Universidade BR identificam-se em estado de melhores condições: 60% das declarações, conforme registrado no gráfico abaixo:

GRÁFICO 8: Comparação das condições socioeconômicas com a de seus pais Fonte: Dados de pesquisa

Os docentes da Universidade AR tendem a se ver em condições iguais ou piores às de seus pais. Apenas na Educação é que 52% declaram-se em melhores condições. Na Odontologia, o índice é de 44% e na Engenharia, 48%. Observa-se na Odontologia que o maior número de declarantes se considera em piores condições socioeconômicas que a de seus pais.

Em síntese, a análise do perfil sociodemográfico e socioeconômico dos docentes evidenciou diferenças e semelhanças nas duas universidades estudadas, mas não há uma configuração típica em nenhum caso, seja agrupando por universidade ou por curso.

E em ambas universidades apresentaram semelhanças relativas a estado civil e paternidade, distribuição de sexos, distribuição de sexos por área e docentes que possuem filhos.

Os contrastes aparecem na faixa etária, sendo os docentes da Universidade BR os que apresentaram percentual maior na faixa etária acima de 45 anos, contrastando com os da Universidade AR.

Além disso, predominou, entre os docentes da Universidade BR, a percepção de melhores condições socioeconômicas, também compartilhada pelos docentes da área da Educação na Argentina.

5.2 Percursos formativos e o tempo de docência dos professores da Universidade BR e