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Breve reconstrução do desenvolvimento dos meios de comunicação

PARTE II – O DEBATE PÚBLICO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

6.2 Breve reconstrução do desenvolvimento dos meios de comunicação

O processo de mudanças que atingiu, na Europa do século XVI, a economia (o estabelecimento de uma economia capitalista), a política (a criação dos Estados-nação, com centralização do poder coercitivo, arrecadação de impostos etc.) e o poder simbólico (que gradualmente deixou de ser monopólio da religião e da tradição) foi fundamental para as transformações que ocorreram no mundo e tiveram implicações sobre a comunicação. O advento da imprensa foi fruto dessas transformações e teve um impacto significativo sobre as interações sociais desde então (THOMPSON, 1998: 50-3).

A publicação periódica de notícias começou a aparecer na segunda metade do século XVI, mas apenas a partir do século XVII é que começaram a aparecer os primeiros periódicos regulares e com preocupação mais acentuada com a sua distribuição. As primeiras tipografias já operavam, em sua

grande maioria, como empresas comerciais organizadas em moldes mercantis. Algumas possuíam fundos próprios com os quais adquiriam os meios técnicos, além do papel, para a produção, e selecionavam aquilo que desejavam imprimir assumindo os riscos do comércio destes textos (Ibidem).

O advento da indústria gráfica, de certa forma, foi responsável pelo, ao mesmo tempo em que foi fruto do, aparecimento de novos centros de poder simbólico que não estavam sob o controle direto da Igreja nem do Estado, mas que tanto um quanto outro procuravam controlar, usar em benefício próprio e, por vezes, suprimir132. Embora várias medidas tenham sido tomadas no intuito de controlar a nascente imprensa da época, os editores e livreiros criaram formas de imprimir em outros lugares e contrabandear livros proibidos – a Reforma Protestante não teria se espalhado tão rápido de outra forma. Eram muitas as pequenas empresas de impressão para que o monarca ou a igreja conseguisse ter controle sobre todo o conteúdo impresso nos limites de seu território. Ao mesmo tempo em que a imprensa contribuiu para a difusão do protestantismo ela também teve consequências sobre a cultura europeia da época pela distribuição dos escritos clássicos, um dos responsáveis pelo florescimento do humanismo italiano e pela sua expansão pelo norte da Europa. Além disso, a possibilidade de acumular e difundir dados sobre o mundo natural e social, sobre medidas e valores dos bens, permitiu a padronização dessas informações de modo a facilitar o intercâmbio entre pessoas de diversos lugares (Ibidem: 54-6).

O desenvolvimento da imprensa contribuiu também para o processo de dissolução do monopólio de que desfrutava o sagrado sobre a interpretação dos fenômenos sociais. A combinação de fatores econômicos e técnicos contribuiu de maneira definitiva para a pluralização de valores e interpretações sobre o mundo compartilhado intersubjetivamente. Nas palavras de Anderson,

a convergência do capitalismo, a tecnologia da imprensa e a diversidade de línguas [possibilitada pela imprensa, que, para se popularizar, deixou de publicar apenas em latim] na Europa dos séculos XV e XVI apressaram a erosão da comunidade sagrada da cristandade e a emergência das 'comunidades imaginadas' e que posteriormente se tornaram as bases para a formação da consciência nacional. Ao difundir o uso das línguas vernáculas, impressores e editores criaram campos unificados de comunicação que eram mais diversificados do que o latim e menos do que a multiplicidade dos dialetos falados (2008: 82).

No mesmo sentido, Thompson sustenta a necessidade de se considerar a importância que a batalha pela emergência e a manutenção de uma imprensa independente e capaz de produzir e publicar

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O Estado e a Igreja, por vezes, se valiam, eles mesmos, desse aparato e encomendavam cópias de documentos oficiais e de textos litúrgicos.

discursos sobre o poder público desempenhou no desenvolvimento do estado constitucional moderno. A liberdade de expressão que, através da imprensa, passou a estabelecer também a capacidade de comunicação entre um público cada vez mais amplo e disperso foi salvaguarda fundamental contra o uso despótico do poder do Estado (THOMPSON, 1998: 75).

O contexto histórico em que se deu o desenvolvimento do capitalismo mercantil no século XVI, aliado às transformações institucionais no Estado, possibilitou o surgimento de uma esfera social que não fazia parte nem do Estado, nem das relações privadas dos indivíduos. Modificou-se, assim, o próprio sentido da autoridade pública. O significado deste termo passou a fazer referência apenas às atividades de um sistema estatal com esfera de ação legitimamente restrita. Junto a isso, a sociedade civil emergiu como o locus das relações econômicas privadas sob a égide da autoridade pública. Este domínio privado compreendia, portanto, desde a esfera íntima das relações pessoais, até a esfera das relações econômicas. O que Habermas denominou de esfera pública situava-se entre o domínio da autoridade pública e o domínio das relações sociais e econômicas, e tinha como fundamento a reunião de indivíduos, privadamente, para discutir as normas da sociedade civil e a condução dos negócios do Estado. Fundamental para a emergência dessa esfera pública burguesa foi o surgimento da imprensa periódica, particularmente os jornais críticos e os “semanários morais” que apareceram no final do século XVII e início do século XVIII. Segundo Habermas, o florescimento desse espaço público para o debate acerca de questões políticas e sociais teve um impacto importante sobre as instituições dos estados modernos: ao ser constantemente chamado ao escrutínio público, o Parlamento passou a ser mais aberto às demandas da sociedade, reduzindo, inclusive, a restrição à publicidade de seus procedimentos (HABERMAS, 1989)133.

O jornalismo teve várias funções desde a sua emergência. A partir do final do século XVIII e do início do século XIX, quando os jornais se tornaram centrais na vida política, a political advocacy tornou-se a sua principal atividade. Os jornalistas “publicistas” viam como o seu papel fundamental o de influenciar a opinião pública a favor de ideias ou de partidos políticos responsáveis pela manutenção dos seus veículos. Foi apenas a partir do final do século XIX que surgiu uma outra concepção acerca da atividade jornalística, em que o jornalista passou a ser visto como um árbitro imparcial entre os diversos interesses, produzindo informações e análises que se pretendiam neutras e apartidárias. Esse fenômeno coincide com a expansão da imprensa comercial, cujo objetivo era primordialmente o lucro, e cujos patrocinadores eram os anunciantes, não partidos ou facções políticas (HALLIN; MANCINI, 2004: 26).

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É claro que se tratava, então, de uma porção específica da população, que frequentava os cafés londrinos e os salões parisienses, composta predominantemente por homens, brancos, proprietários e profissionais liberais.

Além disso, uma preocupação com o público sempre esteve presente entre os editores, que buscaram adequar o seu produto ao interesse da audiência pretendida. Assim, enquanto os jornais do século XVII e XVIII tinham como principal público um setor restrito da população, nos séculos XIX e XX passaram a atender a uma massa maior de cidadãos, agora alfabetizada. O desenvolvimento das tecnologias de impressão permitiram que se expandisse a circulação de jornais, que passaram a adotar um estilo mais leve e considerado mais atraente para um público leitor menos específico, de modo a expandir potencialmente o número de compradores. Nesse processo, os jornais tornaram-se importantes meios para a venda de outros bens através da publicidade, fazendo com que os anunciantes se tornassem importantes atores dentro da lógica mercantil que passou a lhes informar. Esse setor comercial passou a necessitar de grandes investimentos iniciais e de sustentação na medida em que surgia um mercado mais competitivo. Os processos de crescimento e consolidação levaram cada vez mais à concentração do mercado em poucas organizações – seja no mercado de jornais impressos, seja na junção, mais recente, entres estes, canais de televisão e rádio, editoras e provedores de acesso e conteúdo (THOMPSON, 1998: 75).

Para Habermas (1989), a comercialização da imprensa representou uma alteração radical de seu caráter: o que fora uma arena importante de debate crítico-racional, tornou-se, com a colonização pelo mercado, somente mais um domínio do consumo, desta feita de bens culturais, o que teria contribuído para o esvaziamento e o declínio da esfera pública burguesa134, que perdeu, com isso, parte de sua capacidade de escrutinar o poder e as relações sociais estabelecidas, em favor de um mundo fictício de imagens. O problema com as formas de sociabilidade mediada, segundo Habermas, se relaciona a uma transformação do próprio diálogo que, mediado e administrado pelos meios de comunicação comerciais, teria deixado de se configurar como um debate efetivo entre cidadãos informados, tendo sido substituído pela apropriação privada de um discurso realizado em nome dos cidadãos, embora sem a sua participação135.

O problema se agrava quando se considera a tendência, nem tão recente, de concentração do sistema em poucas corporações. Bagdikian (1993) vai ao ponto de comparar o controle centralizado

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Interessante que essas mesmas transformações que Habermas tomou como responsáveis pelo declínio da “esfera pública burguesa” foram responsáveis por tornar a esfera pública mais “burguesa” em pelo menos dois sentidos: ela deixou de ser exclusivamente aristocrática e se tornou mais “mercantil” ao permitir maior competição entre versões plurais sobre o bem comum.

135 Uma das principais críticas à teoria habermasiana refere-se à desconsideração de outras formas de discurso e

atividades públicas que não faziam parte da sociabilidade burguesa e que, por vezes, a ela se opunham. Outro problema refere-se ao tipo de publicação que Habermas priorizou ao tratar da esfera pública burguesa. Embora tenham tido importância periódicos como o Review, de Daniel Defoe ou o Examiner, de Swift, estes não foram sem dúvida os veículos únicos ou os mais comuns entre as primeiras formas de material impresso. Subsistiam à época publicações que iam desde livros e panfletos até letreiros e jornais. Além disso, os primeiros jornais tinham um caráter eminentemente comercial, com um conteúdo constantemente inconveniente e sensacionalista (THOMPSON, 1998).

do sistema mediático em poucas corporações privadas, nas sociedades democráticas, à centralização estatal que tipicamente se identifica com as sociedades comunistas. Embora considere improvável que, em uma sociedade complexa social e economicamente, os media acabem sob o controle de um único grupo privado, a tendência que se verifica é de uma redução muito grande no número de corporações e/ou acionistas que controlam vasta gama dos meios de comunicação de massa, incluindo jornais, revistas, canais de rádio e televisão, editoras etc. Uma distribuição inadequada da capacidade de produzir relatos sobre a realidade social, sugere Bagdikian, confere aos veículos mediáticos, principalmente aos grandes conglomerados, a capacidade de influenciar desproporcionalmente a agenda pública e o enquadramento dos eventos.

As consequências de um quadro como este para a comunicação na democracia poderia ser desastroso, na medida em que obstrui o acesso equitativo ao espaço público mediatizado, impedindo, a partir de um mecanismo de publicidade seletiva, a livre comunicação de ideias significativas para parte dos membros da associação democrática. Se, como afirma parte da literatura, a estrutura mercantil torna o sistema mediático um “agente discursivo do neoliberalismo”, transformando-o em um “discurso social hegemônico, propagando valores e modos de vida que transferem para o mercado a regulação das demandas coletivas” (MORAES, 2013: 46), excluem-se da deliberação pública formas de comunicação e conteúdos importantes para alguns indivíduos e grupos sociais, e fundamentais para a reprodução simbólica e prática das funções da comunicação na democracia136.

6.3 Críticas à visão concertada dos meios de comunicação

Essa visão, aceita em inúmeros estudos sobre o comportamento dos media, contudo, simplifica em demasia uma estrutura que é complexa, além de limitar os objetivos com que se comprometem os atores que participam da formulação da linguagem mediada. Se, dados os constrangimentos internos e externos, os meios de comunicação de massa não podem ser considerados uma arena aberta e livre para a circulação de discursos, eles, pelas mesmas razões, tampouco devem ser vistos como atores organizados atuando, em conluio, em um vácuo político e institucional para perpetuar os interesses empresariais e políticos de seus acionistas137.

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Problemas, estes, que teriam se agravado ainda mais com o advento das tecnologias digitais e, principalmente, a crescente convergência entre os meios de comunicação, as telecomunicações e a informática.

137 No Brasil, recentemente, tornou-se hábito de uma certa porção da esquerda denunciar os grandes veículos de

comunicação por formar um “partido”, o Partido da Grande Imprensa, ou, na sigla jocosa, PiG. Tal denominação, embora possa ser útil politicamente, não faz sentido do ponto de vista analítico. A ela escapam até as mais simples contradições e disputas em torno da credibilidade, fundamental em qualquer mercado, e ainda mais no que concerne à

Outra crítica comum ao contexto mercantil se dirige especificamente à expansão global das comunicações a partir da emergência dos novos suportes digitais. Ao permitir a maior circulação das formas simbólicas para além dos limites fronteiriços tradicionais, haveria um enfraquecimento da territorialidade original e das identidades formadas mediante a partilha de crenças e valores, concorrendo para a homogenização cultural e a perda dos laços da tradição (MORAES, 2013: 48). Poderíamos interpretar este processo, no entanto, como uma forma de fortalecimento da autonomia individual e coletiva, uma vez que tornam-se menos apertados os grilhões da “identidade nacional”; o alargamento do acesso a informações, práticas e modos de vida distintos oferece aos indivíduos e grupos sociais uma série mais ampla de opções, que escapa aos limites, decerto mais estreitos, impostos, seja por questões culturais, seja por características adscritícias. Ademais, como foi possível observar em eventos recentes ao redor do mundo, as tecnologias digitais permitiram o espraiamento de valores fundamentais à garantia dos direitos humanos e propiciaram a orquestração de ações coletivas em defesa da igualdade e da soberania popular.

Portanto, não parece adequado condenar de antemão o “mercado” ou a “comercialização” como dispensáveis ou nocivos à comunicação mediada. Não se justifica considerar imprópria, como uma questão de princípio, a constituição de um mercado de comunicação, no qual as empresas operam sob uma lógica capitalista e têm a informação como principal bem de troca. Embora as trocas mercantis não sejam consideradas adequadas de um ponto de vista “fraternal” ou sob a ótica moralmente elevada de uma concepção abrangente que condena esse tipo de relação, elas são instrumentais e bem-vindas na perspectiva das relações rotineiras entre estranhos em sociedades complexas. Sociedades “comerciais” são tipicamente favoráveis à multiplicação das fontes de poder e à atomização das fontes decisórias, evitando, com isso, a concentração e a discricionariedade das decisões. O fato de enfraquecer distinções fixas baseadas em critérios de status e posição social e, portanto, impingir a liberdade de escolha nas relação sociais, é fundamental para o rompimento das estruturas discriminatórias que durante um período perduraram em grande parte das sociedades ocidentais (REIS, 2003). A liberdade de troca e transação é, ela própria, parte das liberdades que uma sociedade democrática deve valorizar. Ainda que se afirme que a avaliação das oportunidades de realizar transações comerciais deva ser voltada aos resultados produzidos dessas transações, deve-se ressaltar que “há uma perda social quando se nega às pessoas o direito de interagir economicamente umas com as outras” (SEN, 1999: 42). Admitindo que a liberdade está diretamente ligada à eliminação de privações que restringem a estrutura de oportunidades que os indivíduos têm para exercer a sua condição de agente autônomo, é possível que uma estrutura de mediação da

comunicação contribua para assegurar o valor equitativo das liberdades comunicativas quando a escolha a respeito do que tem ou não valor – ou o que deve ou não ascender ao espaço público – não esteja vinculada a uma concepção abrangente da boa vida, seja ela qual for. Dentre as condições essenciais à realização da autonomia privada, que consiste na livre elaboração e escolha das filosofias de vida que norteiam a construção de nossa identidade e do nosso posicionamento em relação à realidade social, se encontra necessariamente a possibilidade de receber uma vasta diversidade de informações e opiniões, assim como a oportunidade equitativa de comunicar as nossas próprias ideias ao mundo138.

Há um encadeamento entre as diversas liberdades que é empírico e causal, e não somente constitutivo e compositivo: em geral, por exemplo, as liberdades política e econômica se reforçam mutuamente, não sendo contrárias uma à outra. A liberdade de troca e transação deve ser, ela própria, parte das liberdades de que as pessoas devem desfrutar e de que tem razão para valorizar.

Ser genericamente contra os mercados seria quase tão estapafúrdio quanto ser genericamente contra a conversa entre as pessoas (ainda que certas conversas sejam claramente infames e causem problemas a terceiros – ou até mesmo aos próprios interlocutores) (SEN, 1999: 21 – grifo no original).

Em geral, a literatura tende a separar analiticamente a dimensão da solidariedade e da coletividade da dimensão propriamente identificada com a busca individual por interesses, procurando mostrar a tensão e até a contraposição entre elas139. Cada vertente da teoria política procura enfocar uma das duas dimensões, colocando a outra em segundo plano. Contudo, argumenta-se neste trabalho que ambas são importantes e seria pouco profícuo separá-las. Se a primeira é a dimensão da solidariedade, ela é também a esfera de dependência do cidadão em relação à coletividade e ao Estado. Se a dimensão da busca individual por interesses é a dimensão da autonomia, ela é também a esfera do egoísmo e do particularismo (REIS, 1994: 130-1). Seria, portanto, na tensão entre esses elementos que se daria o jogo político democrático. Ou seja,

em qualquer circunstância, a vida política envolve necessariamente a dialética permanente entre a afirmação instrumental dos interesses (no limite, dos interesses individuais) e a definição de focos de solidariedade e de identidades coletivas em diferentes escalas (de cujo convívio resulta também a definição de interesses coletivos). O grande desafio defrontado no processo político moderno pode ser visto como correspondendo justamente à busca de conciliação ou compatibilização de tais tensões (Ibidem: 133).

138 Condições, estas, que são apenas dois lados de uma mesma moeda e, portanto, mutuamente pressupostas. Sem

oportunidades equitativas e efetivas de expressão e comunicação é, no mínimo, improvável que esteja disponível no espaço público uma diversidade de versões sobre o bem comum. Ao mesmo tempo, sem ter à disposição na arena pública uma pluralidade de pontos de vista, é implausível que se constituam na sociedade concepções distintas sobre a boa vida. É nesse sentido que Habermas fala na mútua pressuposição entre as autonomias pública e privada

(HABERMAS, 1998: 127).

Do ponto de vista normativo da democracia o que se espera não é uma sociedade marcada pela efusão coletiva e pela fusão correspondente ao consenso e à harmonia “a toda prova”, mas uma sociedade na qual as interações sociais abarquem a busca pela afirmação de si e dos interesses diversos e a presença do dissenso correspondente em um clima geral de tolerância com a diferença e em que se reconheça a pluralidade como um aspecto natural da troca de razões no contexto democrático. Analiticamente é a tensão e os equilíbrios diversos entre a afirmação de si e a solidariedade que faz o jogo estratégico da política (REIS, 1994).