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PARTE 1 – DEMOCRACIA E COMUNICAÇÃO

4.5 Democracia e justiça

Essa forma de entender a comunicação em uma democracia, porém, nos leva, mais uma vez, ao problema levantado acima, acerca da compatibilidade de um sistema comunicativo complexo e multifacetado com a garantia do valor equitativo das liberdades políticas. Parte da literatura69 respondeu a essa questão formulando uma concepção minimalista dos critérios suficientes para assegurar a igualdade política, abrindo mão de uma visão mais ambiciosa sobre a natureza do autogoverno. Segundo essa versão da teoria democrática, a complexidade das questões com as quais o Estado tem de lidar nas sociedades contemporâneas impede que os cidadãos formem preferências fundamentadas sobre todas as questões que envolvem a política. Haveria, assim, uma saída plausível para não abrirmos mão de um processo decisório democrático: restringir a participação à escolha de elites governantes ou pacotes de políticas públicas e deixar as questões mais complexas aos políticos profissionais e ao aparato burocrático, tornando a consulta aos cidadãos sobre questões de políticas públicas um requerimento mais ou menos formal porquanto desnecessário. Na medida em que os grupos em competição pelo poder formulam os seus programas e realizam as suas agendas tendo em vista as preferências dos cidadãos – medidas pela regra da maioria –, cujo controle sobre o governo se dá através das eleições periódicas, está garantido o caráter responsivo do Estado e a igual consideração pelo interesse de todos (DOWNS, 1999). Na versão minimalista, a ligação entre as preferências dos cidadãos e a escolha dos representantes é direta – ainda que mediada pelos partidos e os sistemas eleitorais.

Christiano (2012), em uma versão levemente mais ambiciosa desse argumento, sustenta que os sistemas políticos são mais ou menos democráticos na medida em que implementam os objetivos

básicos dos cidadãos70. Segundo esse argumento, os sistemas são democráticos quando os interesses dos cidadãos, formulados e escolhidos a partir de um processo comunicativo complexo, no qual há uma divisão de funções entre cidadãos e especialistas, são determinantes da ação do Estado.

Aceitar a divisão do trabalho comunicativo não exige, todavia, que também seja incorporada uma distinção entre discurso e decisão, especialmente uma que privilegie os meios de se realizar determinados objetivos sobre a definição desses objetivos. A política democrática, da forma como a entendo neste trabalho, não pode ser caracterizada apenas por uma disputa entre os meios mais adequados para se chegar a metas definidas. A discordância envolvida no pluralismo de valores é, sobretudo, acerca de quais devem ser os fins últimos da associação política. Tal distinção parte de uma premissa pouco fundamentada sobre a irracionalidade das massas, contrapondo-a à racionalidade técnica, bem como de uma separação entre meios e fins. Enquanto aos cidadãos em geral seria confiada, quando muito, a discussão sobre os últimos, caberia ao aparato administrativo definir os primeiros. Na abordagem proposta neste capítulo, propõe-se uma mudança no que tange à ideia de “comunicação pública”. Ela deixa de ser apenas uma etapa que antecede e contribui para o processo eleitoral, sem contudo tornar-se o meio essencial e suficiente da legitimidade política. Em um sistema comunicativo democrático, não há necessariamente uma ligação direta entre os pontos de vista majoritários em uma associação democrática e os resultados das decisões coletivas. Se, por um lado, considera-se a importância do conhecimento especializado para algumas tarefas essenciais às organizações política modernas, por outro, há que se considerar diferentes formas de input ao processo discursivo. Para Parkinson,

The great mass of people are going to have bits of argument and bits of experience, many of which will compete with each other. Some participate only minimally, trusting others to do it maximally; some contribute only in the form of aggregate data in opinion surveys; others may have come to conclusions in one corner of the deliberative system that are at odds with the conclusions reached in another. It is the role of decision-makers (elected, randomly selected, or self-appointed) in empowered sites (whether traditional assemblies or democratic innovations, as in Smith 2009) to put the pieces together into a coherent whole, leaving out some pieces and reconfiguring others in order to resolve disagreements (2012: 160).

Ademais, na versão aqui esposada, a democracia não se configura apenas como um sistema no qual as decisões da maioria, mesmo que deliberativamente informadas, devem ser acatadas. Recordemo- nos que a tese da necessidade, enquanto uma noção deliberativa da democracia, não se configura como um arranjo político e social cuja núcleo possa ser reduzido a uma ideia de os interesse de todos devem ter o mesmo peso. Uma interpretação puramente procedimental de tal ideia, que não distingue entre resultados justos ou injustos, abre espaço para que decisões coletivas ponham em

70

“By 'basic aims', I mean all the non-instrumental values and trade-offs between those values” (CHRISTIANO, 2012: 33).

risco tanto os próprios procedimentos políticos, quanto outros direitos não associados diretamente com o processo democrático, mas que compõem o que estou concebendo como um arranjo democrático. A democracia expande até o limite factível as oportunidades de os cidadãos viverem sob leis que eles mesmos escolheram. É o que tipicamente se associa à ideia de autogoverno coletivo. Nesse sentido, torna-se necessário identificar uma forma mediante a qual os membros de uma associação possam participar das decisões que obrigam coletivamente e, ao mesmo tempo, preservem a autonomia individual. Somente um sistema político democrático é capaz de garantir que os indivíduos possam decidir a respeito dos princípios morais e outras questões que são profundamente significativas para eles mediante um processo reflexivo.

Ser moralmente autônomo, segundo parte da literatura, é autogovernar-se no domínio das escolhas moralmente relevantes. Assim, qualquer limite às oportunidades de se viver sob leis que nós mesmos escolhemos limita o alcance da autonomia moral. Talvez a justificativa mais comum para se defender a democracia seja a sua importância para a proteção dos interesses gerais dos cidadãos que estão sujeitos ao poder coletivo da sociedade. Isso inclui desde as liberdades e direitos tradicionais até outros desejos que as pessoas possam considerar importantes em determinada sociedade e contexto histórico. Os cidadãos só são capazes de proteger seus direitos e interesses mediante a oportunidade de influenciar e controlar o governo, de participar da determinação da conduta de seus representantes. Nessa perspectiva, a democracia enquanto autogoverno justifica-se apenas se considerarmos que as pessoas em geral são qualificadas para governar a si mesmas. Assume-se, portanto, que (1) todos os membros possuem uma qualificação mínima para participar das decisões coletivas e (2) que nenhum participante é tão bem qualificado/informado a ponto de devermos lhe confiar para realizar tais decisões. Essa suposição pode ser complementada pela ideia segundo a qual nenhuma pessoa pode ser melhor juiz do que o próprio indivíduo para julgar os seus interesses. Todos somos capazes, portanto, de julgar se determinada política condiz ou não com os nossos interesses. Admitir que o processo democrático está aberto, em muitos casos, a decisões que não satisfazem todas as exigências da justiça substantiva não deve nos levar imediatamente a estabelecer proteções estritas às reivindicações da justiça, impedindo que sejam violadas por decisões democráticas (DAHL, 1989: 91-3).

Essa visão parte de uma premissa poderosa, a de que, seja o que for considerado o bem, o interesse, os valores, é preciso olhar com cautela redobrada para argumentos que nos sugiram o domínio de um conhecimento objetivo sobre o que é mais valioso para um indivíduo por parte de alguém que não o próprio sujeito. De acordo com esse argumento, a comunidade respeita a independência moral de seus membros na medida em que permite a eles reconciliarem o seu pertencimento à associação

com um componente de autorrespeito, entendido como a igual liberdade de escolher e seguir as suas convicções éticas. Mesmo em situações, sobremaneira comuns, nas quais nos deparamos com conflitos irreconciliáveis de valores e escolhas últimas, o julgamento acerca dos trade-offs dependem do acesso privilegiado a particularidades ou singularidades que não estão disponíveis a não ser ao indivíduo responsável pelo julgamento e sobre quem recairão as suas consequências. A experiência humana, afinal, é única e oferece aos indivíduos uma perspectiva singular sobre os seus interesses (Ibidem: 97-9)71.

Decisões vinculantes, em um regime que se quer democrático, devem ser tomadas por aqueles a que as regras se aplicam, aos que estão sujeitos a essas decisões. Essa afirmação baseia-se no princípio rousseauniano da equidade, de acordo com o qual leis não podem ser impostas às pessoas por indivíduos que não estão, eles mesmos, sujeitos a essas leis. Quando decisões coletivas são tomadas, as reivindicações de cada cidadão acerca da desejabilidade das políticas a serem implementadas devem ser válidas e consideradas equitativamente (DAHL, 1989: 107-8). Mesmo Tocqueville, assaz cauteloso quanto ao risco representado pelas maiorias às liberdades fundamentais, reconhecia que a força moral das maiorias reside no princípio de que os interesses do maior número devem ser preferidos àqueles das minorias.

Os críticos à primazia do procedimento democrático tipicamente argumentam pela primazia de certos direitos fundamentais que os cidadãos devem desfrutar para limitar o governo. Nos EUA, por exemplo, isso inclui certos direitos morais tornados constitucionalizados, tais como o direito à liberdade de expressão e de imprensa, e à liberdade de associação. Por vezes, essa teoria é classificada como uma teoria da democracia limitada, em contraste com uma suposta democracia ilimitada.

Dahl (1989) sugere que este seria um falso contraste. Segundo ele, o direito ao autogoverno através do processo democrático é, em si, um dos direitos mais fundamentais de que devemos ser munidos. Qualquer violação ao direito ao autogoverno deve ser necessariamente vista como uma violação de um direito inalienável. Sendo este o caso, os cidadãos devem gozar de todos os direitos necessários para exercer o autogoverno, todos os direitos que são essenciais ao processo democrático. Na ausência de quaisquer desses direitos e liberdades, o próprio processo democrático deixa de existir como tal. Cada um dos direitos mais abstratos, tais como a igualdade de oportunidades e o entendimento esclarecido72, dependem na prática de outros direitos e liberdades mais específicos,

71 Argumento semelhante foi discutido no cap. II. 72

Cf. Dahl, 1989: 110-3. O princípio do entendimento esclarecido exige que cada cidadão disponha de oportunidades iguais e adequadas de descobrir e validar as escolhas sobre a questão a ser decidia que melhor serviria aos seus

como a liberdade de discurso e o direito a julgamentos justos.

Sabe-se que o processo democrático pode causar danos a direitos substantivos importantes ao menos de três maneiras: (1) mediante a aplicação de um processo democrático imperfeito, poderá violar direitos integrais à política democrática, acabando assim com o próprio processo; (2) direitos e interesses externos ao processo democrático, mas importantes a ele, podem não ser plenamente protegidos; e, por fim, (3) o procedimento democrático poderá ser danoso a bens e interesses externos e não necessários ao próprio processo, mas que são exigidos por princípios fundamentais de justiça (DAHL, 1989: 174-6).

Nessa perspectiva seria equivocado descartar o processo democrático apenas porque, em algumas circunstâncias, ele não conduz aos melhores resultados do ponto de vista moral. Assim, a ideia de democracia aparece como uma ideia impositiva, uma exigência soberana para o caráter coletivo das decisões (pois a democracia parece ser a forma obrigatória dessas decisões tendo em vista o valor fundamental de que os indivíduos devem ser tratados como iguais). As liberdades dos modernos, tipicamente identificadas com a liberdade religiosa e as liberdades de consciência e expressão, que não guardam uma relação direta e evidente com o procedimento democrático, aparecem como constrangimentos à democracia. Tais liberdades vinculam-se a valores independentes, cuja relação com o ideal de igualdade política seria, se tanto, contingente. Nessa concepção, embora a restrição das liberdades dos modernos possa ser considerada injusta, ela não seria ilegítima do ponto de vista democrático (Ibidem).

4.5.1 A concepção constitucional da democracia

Esse argumento recebe uma leitura particular em Waldron (1999). Segundo o autor, a democracia não é incompatível com a existência de direitos individuais. Em verdade, não pode haver democracia sem que a todos seja conferido o “direito dos direitos”, ou o direito de participar do processo legislativo democrático. Mais do que isso, há uma relação natural entre democracia e direitos, pois o reconhecimento de um indivíduo como portador de direitos expressa o respeito da sociedade por suas capacidades morais, em especial pela sua capacidade de formar um senso de justiça. Essa crença na competência das pessoas para participar das decisões coletivas a partir de critérios razoáveis é a mesma convicção na qual se assenta a atribuição igual de direitos (WALDRON, 1999: 282).

interesses. Esse critério remete à ideia segundo a qual os cidadãos têm capacidade de se autogovernar e, para tanto, é melhor que eles sejam informados no intuito de tomar decisões que sejam congruentes com os seus interesses.

Contudo, essa relação é uma via de mão dupla: ao mesmo tempo em que ela é incongruente com uma visão dos cidadãos como indivíduos meramente egoístas e irresponsáveis, ela não pode admitir uma percepção estritamente procedimental que vê com indiferença a sorte dos direitos individuais em um sistema majoritário de decisão coletiva. Muitos direitos, incluindo aqueles não relacionados diretamente ao processo democrático, são baseados no respeito à agência moral individual, que é inerente à democracia (Ibidem: 283).

Waldron considera dois tipos de direitos: (a) direitos que são constitutivos dos procedimentos democráticos, e (b) direitos que não são formalmente constitutivos desses procedimentos, mas são condições necessárias à sua legitimidade. Embora não haja consenso acerca do procedimento ideal – ou mesmo se a democracia seria tão somente um procedimento ideal –, a literatura tende a concordar que a democracia exige que, nas decisões vinculantes, sejam oferecidos a todos direitos iguais de participação. Não importa qual seja o arranjo escolhido, o objetivo principal é a participação dos cidadãos em condições equitativas.

No caso de (b), considera-se que a relação entre a democracia e a regra da maioria só faz sentido, do ponto de vista moral, dadas certas condições. Dentre estas, a mais óbvia é a garantia dos direitos “liberais” à liberdade de expressão e de associação, necessários ao estabelecimento de um contexto comunicativo para a tomada de decisões políticas formais. Além destas, outras liberdades menos claramente procedimentais podem estar associadas ao pertencimento na qualidade de membro igual da comunidade política. Tal reconhecimento pressupõe o reconhecimento de todos como membros livres e iguais da sociedade política, sem o qual a democracia dificilmente seria, ela própria, um ideal a ser almejado.

Portanto, Waldron considera que o exercício legítimo dos direitos que recaem em (a) pressupõe a existência dos direitos que pertencem à rubrica (b), i.e. este último conjunto de direitos é condição necessária à realização legítima dos primeiros73. A questão da legitimidade torna-se central na medida em que os direitos de participação não são inócuos e, assim, não podem ser apenas uma questão de liberdade individual. O exercício dessas liberdades é capaz de alterar o próprio status legal dos demais membros da sociedade, por vezes em sua desvantagem, em certos casos contra a sua vontade. Nesse sentido, “ter esse impacto sobre o outro é permissível apenas sob certas condições, e tais condições podem ser representadas como direitos assegurados a qualquer um que

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“It is a bit like saying that the right to sell an object presupposes that the seller owns the object” (WALDRON, 1999: 283).

possa estar sujeito a este impacto” (Ibidem: 284)74. Isto é, tem validade um princípio liberal de autoridade, segundo o qual não pode haver autoridade política legítima a menos que ela possa, em princípio, ser justificada a cada um dos membros da associação sob seu governo.

Parece-me que, até aqui, não haveria um ponto importante de discórdia entre as versões mais favoráveis ao procedimentalismo e as perspectivas substantivistas da democracia. Em ambos os casos, considera-se essencial a garantia das condições políticas e sociais ao exercício do autogoverno, condições, estas, que extrapolam o âmbito da regra da maioria. A exceção seria, talvez, certo populismo moral que sustenta que os valores a que a maioria adere devem ser obrigatórios uma vez que não há outra forma de conceber um contexto moral compartilhado que seja compatível com a igualdade entre os cidadãos75.

Contudo, persiste não havendo consenso sobre a maneira mais adequada de compatibilizar a proteção aos direitos ao exercício do poder político pelos cidadãos. De um lado, se situa a posição favorável à revisão judicial por cortes constitucionais formadas por juízes, cujo notório saber jurídico e a impermeabilidade às disputas político-eleitorais asseguraria a imparcialidade e a justiça das decisões; de outro, estão os autores que defendem que a última palavra deve ser conferida a instituições representativas da diversidade de pontos de vista da sociedade, uma vez que tal imparcialidade seria ilusória e, eventualmente, indesejável, além de restringir o exercício do autogoverno, essência da democracia (MENDES, 2008).

Para a primeira posição, a combinação de legislação democrática, direitos constitucionais e revisão judicial seria a melhor maneira de assegurar a manutenção e a realização contínua dos direitos associados de alguma forma ao autogoverno coletivo. Nessa perspectiva, um sistema que relega a proteção dos direitos individuais ao sabor de maiorias cambiantes não pode ser considerado realmente democrático, pois não respeita o princípio de igual consideração e respeito por todos (DWORKIN, 2010). A norma de igual consideração e respeito, fundamental à democracia nessa visão, pressupõe direitos e liberdades que não estão incorporados às regras da competição política. Segundo Dworkin, eles a precedem pois estão inscritos na moralidade da democracia. Mesmo admitindo o possível trade-off entre democracia e outros valores, como justiça e tolerância – necessariamente presentes na introdução de arranjos contra-majoritários –, essa posição sustenta

74

No original: “having this impact on other is permissible only under certain conditions, and those conditions may be represented as rights held by anyone who is liable to be subject to such impact”.

75 Segundo essa perspectiva, seria permissível ao Estado e/ou à sociedade lançar mão de seu poder coletivo, seja através

da justiça penal, seja por meio de sanções sociais, para forçar os seus membros a viver de acordo com o que, à luz da opinião da maioria, corresponda normas morais compartilhadas pela comunidade. Para uma crítica ao “populismo moral”, cf. Cohen, 1998.

que haveria um ganho, ao se adotar um arranjo de revisão constitucional, em termos da participação dos cidadãos como membros iguais da sociedade na moldagem e na constituição da opinião pública e da vontade democrática.

Contra uma visão tipicamente esposada pelo republicanismo cívico76, que olha com desconfiança para as decisões judiciais que removem certas questões dos fóruns de participação mais direta da cidadania, argumenta-se que as cortes constitucionais melhoram a qualidade do debate público. Quando um tema é considerado por essas instâncias, sugere Dworkin, a argumentação perpassa questões de moralidade política que dificilmente emergiriam nos debates promovidos pelos parlamentos e outras instituições representativas, que estão mais envolvidos em questões de policy e com a articulação de interesses do que com questões de princípio. Ademais, a notoriedade que assume a partir de então promove tais debates a um patamar de destaque na comunicação pública, tornando-se temas de intensa discussão nas diversas arenas da comunicação mediada, nas universidades e nos diálogos interpessoais, como sói acontecer nos regimes políticos democráticos. Nesse sentido, quando às cortes constitucionais é submetida a última palavra – embora provisória e sujeita a reconstruções –, o debate público torna-se mais congruente com a própria ideia de democracia77. Não importa, portanto, que as cortes não sejam responsivas ou que não devam prestar contas à comunidade, desde que tomem decisões baseadas em bons argumentos no que diz respeito